sexta-feira, 23 de novembro de 2018

Cárceres da Consciência

Assisti a peça Cárceres da Consciência da Faz Centro de Criação no Espaço Satyros Um. Eu adoro ficção científica, mas vejo mais filmes. É muito interessante ler obras, mas é igualmente eletrizante ver ao vivo no teatro. Nesse caso senti medo, muito peculiar sentir medo no espaço, com atores ao seu lado, uma experiência única. Logo já fiquei incomodada, uma sensação de claustrofobia que só piorou. Um coronel e uma cobaia, esses são os personagens. Muito angustiante ver um coronel, no pico do poder, humilhar, falar e esbravejar por um mundo melhor segundo a sua ótica e violência. Mas é sensação, não há violência na peça. Incrível essa arte de transformar um espetáculo teatral em algo aterrorizante sem violência aparente.
Gostei demais dos vidrinhos verdes no cenário. Tudo dava muito a cara de um laboratório sinistro, fiquei muito curiosa pra saber qual o "truque".

Guttervil Guttervil interpreta a cobaia e Fernanda Kawani Custodio o Coronel. Os dois estão ótimos, muito angustiante. A direção foi de Samira Lotcher. O texto foi inspirado na ideia original de Thadeu e Thiago Vivas, com coordenação de criação de Beto Bellini. Cárceres da Consciência fica em cartaz até o dia 16 de dezembro.

Fotos de Laysa Alencar

Beijos,
Pedrita

terça-feira, 20 de novembro de 2018

Valerie

Assisti Valerie (1957) de Gerd Oswald no Telecine Cult. Faz tempo que gravei esse filme. Anita Ekberg mais linda que nunca. Começa com um homem entrando em uma casa, ouvimos tiros, ele sai, a câmera entra na casa e todos estão mortos.

Começa então o julgamento desse homem. A cidade, inclusive as crianças, acham que Valerie teve o que mereceu, uma mulher perdida. Primeiro o Reverendo conta o pouco que presenciou já que chegou a pouco na cidade. Ficamos sabendo então que a mulher não foi morta. Depois o marido conta a sua versão machista, é nojento a forma como ele coloca na mulher toda a culpa dos assassinatos. Relata uma mulher adúltera, insinua que o casamento não foi consumado. Tudo muito assustador. A história dele é incorporada pela cidade ávida por tramas tórridas. Ela, uma mulher deslumbrante, imigrante, só podia ser uma devassa. Ele um homem rico, de família respeitável. O marido é interpretado por Sterling Hayden. O reverendo por Anthony Steel. O irmão do marido por Peter Walker.

Finalmente ela pode falar, mesmo acamada, e a trama medonha se descortina. Valerie acaba sendo profundamente atual. Um marido que manipula uma cidade inteira para atender aos seus caprichos. Uma cidade que condena uma mulher bonita e absorve qualquer história já que mulher é assim mesmo. E mesmo que ele dissesse a verdade, monstruoso uma cidade achar que ele pode entrar na casa da família da mulher e matar todo mundo.
Beijos,
Pedrita