sábado, 23 de fevereiro de 2008

Lost Zweig

Assisti Lost Zweig (2004) de Sylvio Back no Canal Brasil. Vocês não imaginam o quanto ansiava por ver esse filme que já impressionava nos festivais mas tinha problemas de recursos para o lançamento. Imagino que muitos filmes brasileiros passem pelo mesmo problema. Recentemente li que ia estrear nos cinemas e qual não é minha frustração de ver que estreou em uma única sala em São Paulo e eu não consegui ver. Pelo menos o Canal Brasil resolveu essa questão não só colocando na programação esse filme, mas colocando também o documentário anterior feito pelo diretor sobre esse casal.

É sobre um período histórico brasileiro que mal aprendemos nas escolas, não sei se hoje mudou, mas aprendi que Getúlio Vargas foi um grande presidente, só depois no cursinho que aprendi que no seu segundo mandato se tornou um ditador ferrenho. Também soube por amigos que ele deportava do próprio porto judeus que vinham se refugiar no país e vimos isso também no filme Olga como ele era implacável com judeus. Lotte e Stefan Zweig eram judeus e vieram se refugiar no Brasil. Ele era um escritor que já tinha estado no país e se maravilhado. Como ele era importante e Getúlio Vargas desejava mostrar que não era antipático com os judeus, não só autorizou o casal de ficar no país como tiveram uma relação próxima. Mas começaram então as exigências políticas e solicitações de livros elogiando o Brasil. Até que todos se surpreendem com a notícia do suicídio do casal.

O Canal Brasil me proporcionou outra preciosidade, logo após a exibição do filme, passaram o documentário que Sylvio Back tinha realizado anteriormente. O filme é baseado em um livro do Alberto Dines e no documentário Dines fala sobre o casal e suas pesquisas, muito interessante.

O casal que interpretada os Zweig é excelente. Sylvio Back optou por fazer o filme em inglês com legendas, o que gerou infelizmente muita polêmica, mas acho que normal, já que muitos brasileiros só sabem criticar o nosso cinema por qualquer alfinete e elogiar filmes estrangeiros por qualquer bobagem. Os incríveis atores que interpretado os Zweig são: Rüdiger Vogler e Ruth Rieser, além de excelente é muito bonita. Outra bela mulher que atua muito bem no filme é Ana Carbatti. Quem interpreta Getúlio Vargas é Renato Borghi. Há vários bons atores conhecidos no elenco: Ney Piacentini, Cláudia Neto, Daniel Dantas, Kiko Mascarenhas, Kátia Bronstein, Denise Weinberg, Juan Alba, Odilon Wagner, Michel Bercovitch, Felipe Wagner, Carina Cooper e Sílvia Chamecki .

Lost Zweig ganhou três prêmios no Festival de Brasília: Melhor Atriz (Ruth Rieser), Melhor Roteiro e Melhor Direção de Arte. Cinco prêmios no Cine Ceará: Melhor Filme, Melhor Direção, Melhor Fotografia, Melhor Roteiro e Melhor Trilha Sonora e prêmio de Melhor Fotografia, no Festival de Cuiabá. A fotografia de Antônio Luís Mendes é realmente belíssima!
Música do post e que estava no filme: Marchinhas de Carnaval - Abre Alas - Chiquinha Gonzaga
Beijos,

Pedrita

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Sangue Negro

Assisti no cinema ao filme Sangue Negro (2007) de Paul Thomas Anderson. Eu adoro esse diretor e esse filme é um dos fortes concorrentes ao Oscar. Também adoro o protagonista, Daniel Day-Lewis, que já ganhou o Globo de Ouro e Bafta de Melhor Ator por sua atuação em Sangue Negro e espero que ganhe o Oscar. O filme de Paul Thomas Anderson, Magnólia é um marco na minha vida, como uma divisória de águas, então quis muito ver Sangue Negro que é completamente diferente. Igualmente contundente, mas é baseado livremente no livro Oil!, escrito em 1927 por Upton Sinclair (1878-1968), que relata um pouco da início da exploração do petróleo nos Estados Unidos.

Um período em que muitos fazendeiros não sabiam das perfurações e em terras pouco produtivas vendiam suas fazendas por um preço muito baixo, sem saber que vendiam para exploradores de petróleo que ficavam milionários com as perfurações. O personagem do Daniel Day-Lewis é um grande explorador de petróleo e compra inúmeras fazendas. Ele é egoísta, cruel e um grande empreendedor. No início mostra bem a precariedade dos poços de perfuração, a quantidade elevada de acidentes de trabalho, a forma insalubre como trabalhavam.

Aos poucos as torres vão se profissionalizando, ficando mais produtivas e funcionais. A reconstituição de época das perfurações é surpreendente. Li nos créditos finais inúmeras exploradoras de petróleo que auxiliaram a confecção do filme.

As relações são muito complexas, lembram muito a forma do diretor abordar a complexidade de sentimentos. Amamos e odiamos nosso protagonista que tem uma relação muito forte e conturbada com o filho que ele ama muito, mas que dada a dureza até mesmo da época, tem sérias complicações afetivas. Sangue Negro é muito difícil de assistir, denso, complexo, forte, fiquei bastante chocada com toda a condução da trama, reflexiva, assustada. Excelente fotografia de Robert Elswit, maravilhosa direção e interpretação!

Em paralelo mostra a vida de outro explorador, um homem que se diz religioso e com o dinheiro da exploração do petróleo monta a sua igreja e enriquece explorando os fiéis.
O elenco está maravilhoso. Amei o menino que interpreta o filho do nosso protagonista, o Dillon Freasier, é emocionante o seu desempenho. É a estréia dele no cinema. O pastor é interpretado por Paul Dano. Ele também interpreta seu irmão gêmeo, só que eu só descobri que eram dois quando fui ler as matérias depois. Outros do elenco são: Ciaran Hinds, Mary Elizabeth Barrett, Sydney McCallister e David Willis.

Novamente a trilha sonora de um filme de Paul Thomas Anderson é um personagem, é angustiante e claustrofóbica como o filme. A composição é de Jonny Greenwood. Incrível!


Música do post: Original Music By Jonny Greenwood - Eat Him By His Own Light


Beijos, Pedrita

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Lua de Fel

Assisti Lua de Fel (1992) de Roman Polanski no Telecine Cult. O filme é baseado no livro de Pascal Bruckner. É sobre um casal com considerável diferença de idade que começa a se relacionar. Eles entram naquela moda da época de experimentar tudo. De que uma relação de muito tempo só sobrevive com orgias sexuais e muito sadismo. No início do filme, começa com eles em viagem de barco para a Índia, onde conhecem um casal que faz uma viagem para comemorar os seus 7 anos de casados, mas eles estão em crise, a relação já mostra alguns sinais de cansaço. De uma forma doentia e manipuladora, o casal, que gosta de experimentar novidades, começa a aproximar o marido recatado para ouvir confidências.

Não ficam claras se as confidências são reais ou acrescidas de mais aspectos. O próprio narrador questiona sua veracidade. É uma história cheia detalhes sórdidos, relações corrompidas. De pessoas que preferem ficar junto em constantes agressões a terem vidas indepentendes. Mas o outro casal também não está feliz como aparenta.


Antes da apresentação do filme há uma abertura do Marcelo Janot, onde ele conta um pouco da vida do Roman Polanski e relata que a bela jovem do filme, Emmanuelle Seigner, era sua esposa na época. A outra mulher é interpretada pela belíssima Kristin Scott Thomas. Os dois homens que completam os casais são interpretados por Peter Coyote e Hugh Grant. A ótima trilha sonora é do Vangelis. Há ainda a música Kátia Flávia de Fausto Fawcett. O 007 disse que tem o vídeo que ele comprou de uma coleção nas bancas.
Música do post: Monastery Of La Rabida - Vangelis


Beijos, Pedrita

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Todos os Nomes

Terminei de ler Todos os Nomes (1997) de José Saramago da Companhia das Letras. Peguei esse livro emprestado da minha irmã, eu adoro esse autor e gostei demais de Todos os Nomes. Me lembrou bastante O Processo e O Castelo de Kafka. Minha irmã igualmente se surpreendeu com a genialidade de José Saramago, de onde tiraria tanta imaginação e criatividade. O livro que li não é o dessa capa, é da primeira, cinza, e que gosto muito.

Obra de Abreu Pessegueiro

Nosso protagonista trabalha na Conservatória Geral do Registro Civil. É um funcionário exemplar dentro daquele ambiente burocrático e repetitivo. Lida eternamente com os nomes, faz os verbetes, tudo impessoal e distante. Ele é solitário e mora em um quartinho na própria Conservatória. Um dia fica curioso pela pessoa do verbete, quem será? Começa então uma peregrinação para saber o paradeiro daquele mulher, colocando em detrimento o seu honrado serviço, criando suspeitas. Toda essa busca e a Conservatória é muito surreal, mas tão próxima da burocracia dos dias de hoje, onde somos verbetes e números. O texto é complexo e incrível!

Obra de Eduardo Nery

Eu bebi cada gota do maravilhoso texto de José Saramago. Todos os Nomes é incrível em cada momento único. Me surpreendi com a reunião do supervisor da Conservatória sobre os vivos e os mortos. É muito surreal! Apesar dele falar da colocação dos verbetes dos vivos e dos mortos, é um texto magnífico e muito surreal sobre a morte. A cena no cemitério também é incrível. Absolutamente surpreendente os textos sobre vida e morte e toda a subjetividade e surrealidade.

Obra O Bejio de Maria Helena Pais de Abreu

Anotei alguns trechos de Todos os Nomes de José Saramago, mas é uma obra pra ser ler na totalidade, linha por linha, todos os seus raciocínios ou ausências deles:

“Por cima da moldura da porta há uma chapa metálica comprida e estreita, revestida de esmalte.”

“Além do seu nome próprio de José, o Sr. José também tem apelidos, dos mais correntes, sem extravagâncias onomásticas, um do lado do pai, outro do lado da mãe, segundo o normal, legitimamente transmitidos, como poderíamos comprovar no registro de nascimento existente na Conservatória se a substância do caso justificasse o interesse e o resultado da averiguação pagasse o trabalho de confirmar o que já se sabe.”

“Em primeiro lugar, é uma absurdidade do ponto de vista arquivístico, considerando que a maneira mais fácil de encontrar os mortos seria poder procurá-los onde se encontrassem os vivos, posto que a estes, por vivos serem, os temos permanentemente diante dos olhos, mas, em segundo lugar, é também uma absurdidade do ponto de vista memorístico, porque se os mortos não estiverem no meio dos vivos acabarão mais tarde ou mais cedo por ser esquecidos, e depois, com perdão da vulgaridade de expressão, é o cabo dos trabalhos para conseguir descobri-los quando precisamos deles, como também mais tarde ou mais cedo sempre vem acontecer.”

“Diga lá, Se for certo, como é minha convicção, que as pessoas se suicidam porque não querem ser encontradas, estas aqui, graças ao que chamou a malícia do pastor de ovelhas, ficaram definitivamente livres de importunações, na verdade, nem eu próprio, mesmo que o quisesse, seria capaz de lembrar-me dos sítios certos, a única coisa que sei é o que penso quando passo diante de um desses mármores com o nome completo e as competentes datas de nascimento e morte.”

Todas as telas são de pintores portugueses.

Música do post: Acordai de Fernando Lopes-Graça (É preciso apertar o play)

Beijos, Pedrita

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

O Guia Mochileiro das Galáxias

Assisti O Guia Mochileiro das Galáxias (2005) de Garth Jennings no Cinemax. Uma co-produção do Reino Unido e Estados Unidos. Eu queria muito ver esse filme e realmente é uma piração total. O Guia Mochileiro das Galáxias é baseado no livro de Douglas Adams e deseja fazer paródias com os filmes de ficção científica que tanto adoro. Tem momentos deliciosos.
Nosso protagonista tenta impedir que sua casa seja demolida. A casa atrapalha uma importante via para liberar o fluxo do tráfego na Terra. Nesse mesmo momento um grupo de alienígenas vai destruir a terra porque ela atrapalha o curso do tráfego hiperespacial. Ele é salvo por uma amigo. Ele não sabe que esse amigo é um alienígena, começam então as aventuras espaciais. É muito divertido!


Eu não me conformei que nosso protagonista passa o filme inteiro de pijama. Tem horas que dá uma agonia, só um maluco mesmo para ter uma idéia dessa. Também é muito engraçado a idéia de que para se defender dos alienígenas é preciso de uma toalha. Eles estão sempre com uma toalha. Outro personagem que amei é o robô deprimido. Descobriram como colocar sentimentos no robôs e o nosso fofo é um eterno deprimido, amei o robôzinho, lindo demais.

Os quatro atrapalhados são: Martin Freeman, Mos Def, Zooey Deschanel e Sam Rockwell.

Há várias participações especiais como a ótima do John Malkovich, o personagem dele é ótimo. Alguns outros são: Helen Mirren, que faz a voz do Pensador Profundo, Bill Nighy e Kelly Macdonald.
Vou deixar o trailer pra vocês se divertirem que ganhou o prêmio Golden Trailer.




Música do post: THE EAGLES - JOURNEY TO THE SORCERER (Hitchhikers Guide to the Galaxy Soundtrack) (É preciso apertar o play)

Beijos,
Pedrita

domingo, 17 de fevereiro de 2008

Double Life

Assisti A Double Life (1947) de George Cukor no Telecine Cult. Fui ver depois se tinha no livro que minha irmã empresto, O Outro Lado da Noite: Filme Noir, mas não tem. A Double Life é bem fraquinho. No Brasil colocaram o título de Fatalidade, que não tem nada a ver. Double Life é perfeito. Um ator costuma confundir personagens e realidade. Quando ele interpreta uma comédia, fica alegre e divertido, quando faz dramas, fica denso e trágico. Ele termina uma temporada de uma peça cômica e recebe a proposta de encenar Otelo. Fica empolgado e aceita. Sua ex-mulher sempre contracena com ela e faz a Desdêmona em Otelo.

Há várias cenas de Otelo, já que a peça fica dois anos em cartaz. Ronald Colman até que convence um pouco, mas a atriz que faz a sua ex-mulher, a Signe Hasso, é péssima, muito canastrona como Desdêmona. A bela Shelley Winters faz uma participação pequena, ela está bem em seu personagem. Outro do elenco é Edmond O'Brien. A sensação que tive é que todos têm ainda o estilo de representação do filme mudo, exageros de olhares, gestos.
A Double Life ganhou Oscar e Globo de Ouro de Melhor Ator para Ronald Colman e Oscar de Melhor Canção para Miklós Rózsa.
Som do post: Trecho de uma declamação de uma das peças de Shakespeare (É preciso apertar o play para ouvir)

Beijos,
Pedrita