Terminei de ler
Todos os Nomes (1997) de
José Saramago da
Companhia das Letras. Peguei esse livro emprestado da minha irmã, eu adoro esse autor e gostei demais de
Todos os Nomes. Me lembrou bastante
O Processo e
O Castelo de
Kafka. Minha irmã igualmente se surpreendeu com a genialidade de
José Saramago, de onde tiraria tanta imaginação e criatividade. O livro que li não é o dessa capa, é da primeira, cinza, e que gosto muito.
Obra de Abreu Pessegueiro Nosso protagonista trabalha na Conservatória Geral do Registro Civil. É um funcionário exemplar dentro daquele ambiente burocrático e repetitivo. Lida eternamente com os nomes, faz os verbetes, tudo impessoal e distante. Ele é solitário e mora em um quartinho na própria Conservatória. Um dia fica curioso pela pessoa do verbete, quem será? Começa então uma peregrinação para saber o paradeiro daquele mulher, colocando em detrimento o seu honrado serviço, criando suspeitas. Toda essa busca e a Conservatória é muito surreal, mas tão próxima da burocracia dos dias de hoje, onde somos verbetes e números. O texto é complexo e incrível!
Obra de Eduardo Nery
Eu bebi cada gota do maravilhoso texto de José Saramago. Todos os Nomes é incrível em cada momento único. Me surpreendi com a reunião do supervisor da Conservatória sobre os vivos e os mortos. É muito surreal! Apesar dele falar da colocação dos verbetes dos vivos e dos mortos, é um texto magnífico e muito surreal sobre a morte. A cena no cemitério também é incrível. Absolutamente surpreendente os textos sobre vida e morte e toda a subjetividade e surrealidade.
Obra
O Bejio de
Maria Helena Pais de AbreuAnotei alguns trechos de Todos os Nomes de José Saramago, mas é uma obra pra ser ler na totalidade, linha por linha, todos os seus raciocínios ou ausências deles:
“Por cima da moldura da porta há uma chapa metálica comprida e estreita, revestida de esmalte.”
“Além do seu nome próprio de José, o Sr. José também tem apelidos, dos mais correntes, sem extravagâncias onomásticas, um do lado do pai, outro do lado da mãe, segundo o normal, legitimamente transmitidos, como poderíamos comprovar no registro de nascimento existente na Conservatória se a substância do caso justificasse o interesse e o resultado da averiguação pagasse o trabalho de confirmar o que já se sabe.”
“Em primeiro lugar, é uma absurdidade do ponto de vista arquivístico, considerando que a maneira mais fácil de encontrar os mortos seria poder procurá-los onde se encontrassem os vivos, posto que a estes, por vivos serem, os temos permanentemente diante dos olhos, mas, em segundo lugar, é também uma absurdidade do ponto de vista memorístico, porque se os mortos não estiverem no meio dos vivos acabarão mais tarde ou mais cedo por ser esquecidos, e depois, com perdão da vulgaridade de expressão, é o cabo dos trabalhos para conseguir descobri-los quando precisamos deles, como também mais tarde ou mais cedo sempre vem acontecer.”
“Diga lá, Se for certo, como é minha convicção, que as pessoas se suicidam porque não querem ser encontradas, estas aqui, graças ao que chamou a malícia do pastor de ovelhas, ficaram definitivamente livres de importunações, na verdade, nem eu próprio, mesmo que o quisesse, seria capaz de lembrar-me dos sítios certos, a única coisa que sei é o que penso quando passo diante de um desses mármores com o nome completo e as competentes datas de nascimento e morte.”
Todas as telas são de pintores portugueses.
Música do post: Acordai de Fernando Lopes-Graça (É preciso apertar o play)
Beijos,
Pedrita