quinta-feira, 19 de outubro de 2017

Silêncio

Assisti Silêncio (2016) de Martin Scorsese no TelecinePlay. Nunca tinha ouvido falar nesse filme, é dificílimo de assistir, além de muito longo, quase 3 horas de duração, passa quase o tempo todo em torturas contra pessoas. Quando estava assistindo aos pedaços, porque era muito difícil e eu parava, li uma crítica que dizia não entender porque o diretor quis falar sobre a perseguição japonesa contra os cristãos no Japão em 1600, já que nesse período os cristãos na Inquisição queimavam as pessoas vivas em fogueiras na Europa. Bom, eu não acho que um fato histórico anule o outro. Os dois são monstruosos. Eu particularmente nunca soube da perseguição japonesa aos cristãos no seu país. E achei abominável tudo o que fizeram.

Dois padres vão ao Japão procurar o mestre deles que está desaparecido. O mestre foi ser missionário no Japão para catequizá-los e desapareceu. Eu acho um absurdo pessoas determinarem que sua fé é melhor que as outras e que as pessoas precisam de salvação da alma e que só a sua fé é a salvadora. E que essas pessoas sigam para outros países para impor a sua fé. Acho um desrespeito com as culturas locais, com tribos indígenas, africanas como se os costumes desses povos não tivessem valor. Mas isso não dá o direito a outras pessoas de torturar e matar os missionários e cristãos japoneses por divergências de credos. O filme é baseado no livro homônimo do japonês cristão Shûsaku Endô que quero muito ler. Eu fiquei assustada em constatar o que já sei faz tempo, de quanto a humanidade mata em nome da fé. Dizem o tempo todo em suas celebrações religiosas sobre amor, compaixão, perdão, mas matam, torturam, queimam e fazem atentados a quem pensa diferente ou tem outra fé. E o quanto essa violência a pessoas de outra fé ainda acontece quase que mensalmente em inúmeros países, inclusive no Brasil.
Andrew Garfield está impressionante como o padre que vai procurar o seu mentor. O ator ganhou merecidamente prêmio de Melhor Ator na London Film Critics Circle. O filme é praticamente ele que a cada momento encontra pessoas diferentes até ser preso e ficar sistematicamente vendo japoneses cristãos sendo torturados para que ele viesse a abjurar. O padre que segue inicialmente com ele é interpretado por Adam Driver.

As cenas são dificílimas de serem realizadas e muito impressionantes. É um filme muito difícil de assistir. Mas pela importância histórica achei que tinha que conhecer essas barbaridades em nome da fé e do Budismo. E o quanto precisamos conhecer a história.

Issei Ogata está impressionante também. Ele é o Inquisidor. Isso mesmo, o Japão também tinha um Inquisidor tirano. O sadismo dos japoneses nas torturas, o deboche, é insuportável. Tinham um prazer macabro de fazer os outros sofrer para que se curvassem a sua vontade e a sua fé, o Budismo. Liam Neeson faz uma pequena participação, aparece uns 10 minutos somente. Alguns outros do elenco são: Yôsuke Kubozuka, Tadanobu Asano, Shin´ya Tsukamoto e Yoshi Oida.

Beijos,
Pedrita

17 comentários:

  1. Pedrita,
    Não aguento ver um filme assim
    big beijos

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. lulu, eu mesma parei e pensei se devia voltar a ver. pesado demais.

      Excluir
  2. Tenho curiosidade em assistir, porém as críticas citando o ritmo lento e as três horas de duração me deixam com um pé atrás.

    Bjos

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. hugo, eu vi pelo now que é possível parar e ver quantas vezes quiser. e vi que tinha quase 3 horas e estava muito pesado. pensei muitas vezes se devia voltar a ver ou não. mas eu queria saber o que tinha acontecido com o missionário que levou os padres lá. e voltei a ver. vale o esforço. é difícil, longo, mas achei historicamente imprescindível.

      Excluir
  3. Não conhecia e também não sabia sobre essa perseguição. Já assisti a muitos filmes difíceis pelo seu valor histórico.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. bruxa, exatamente, a importância desse filme é a histórica.

      Excluir
  4. A Pedrita aqui denunciou algumas lacunas de conhecimento que estranhei.
    É normal pouco ter ouvido falar do filme, apesar de ter sido um dos principais candidatos a Óscar de melhor filme e e realizador do ano, cá na europa falava-se em todos os canais, mas aí no Brasil de facto pode ter sido diferente.
    Agora desconhecer esta perseguição já é uma lacuna grave para um falante de Português, primeiro porque ela envolve os missionários Portugueses que fundaram Nagasaki e expandiram o cristianismo no sul do Japão e depois o litígio entre lusitanos e ingleses protestantes levaram a que o Japão reagisse perseguindo todos e como consequência o país fechou-se ao ocidente até ao final do século XIX, motivo porque o Japão quando se abriu aos estrangeiros foi por ameaça de invasão americana que levou a uma revolução interna ao fim da sociedade retrógada dos samurais e à modernização do Japão que se tornou numa potência que novamente claudicou em II guerra com a destruição de Nagasaki novamente e mesmo assim os nipónicos recuperaram e são o que ainda são hoje e a recetividade a Portugal e ao Brasil deles tem estas raízes fortes.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. carlos, o brasil é muito deficiente na difusão histórica. em geral focam nos fatos da europa. estudei bastante sobre a inquisição na europa e pouco de outros países. tanto a deficiência é valorizada q um crítico não entendia pq um diretor tinha filmado sobre a perseguição católica no japão se na mesma época padres na europa estavam na inquisição. como se um fato histórico excluísse o outro. triste país que quer sempre menos informação, ou até mesmo direcionar a informação para atender os seus valores. e eu não sou católica. mas os católicos aqui falam pouco de história tb. e realmente é muito bom que as artes auxiliem em minimizar as lacunas históricas.

      Excluir
  5. Ainda bem que comprou "a caixa negra" que ainda não li, mas Oz costuma dar excelentes lições de história do médio oriente e pistas para a compreensão dos conflitos que se passam naquela zona. Felizmente a literatura pode colmatar com bons livros muitas das lacunas do ensino e por isso também nos apaixonam os livros.

    ResponderExcluir
  6. Olá, tudo bem? Infelizmente, enfrento esse problema nos comentários. Fico triste com isso.... Farei meu balanço sobre a novela A Força do Querer. Bjs, Fabio www.tvfabio.zip.net

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. fabio, o uol sempre foi precário. é impactante a diferença tecnológica do blogspot.

      Excluir
  7. Vi chamada desse filme mas só lembro dessa imagem de homens presos na cruz, dentro do mar.
    Não tenho interesse em conhecer essa história.

    ResponderExcluir
  8. Olá Pedrita
    Então guria Adam Drive "Star Wars, novíssima geração" e o amadinho homem-aranha "Garfield" lacraram!
    Esse livro atualmente é do selo Tusquets Editores.
    O autor é católico e utilizou na obra seus estudos e viagens pelo mundo para aprender sobre a história do catolicismo.
    Scorcese tb é católico, mas não é dogmático e embora lide com clichês tem abordagem múltipla.
    O centro do filme era a apostasia e termina como declaração de amor à fé. Os diálogos são bons e o plot twist de alguns personagens evidencia por trás da violência das culturas, a influencia num conceito intelectual que é aqui a verdadeira batalha que travam.
    Fé é uma coisa, religião outra, e religiosidade uma terceira, então devemos respeitar, não catequizar, até porque quem é catequizado não se converte de verdade e pensar em tudo de maneira filosófica porque religião também é política em outros termos, convicções e considerações, mas que "infiltrar dogmas e preceitos em culturas nativas pelo mundo solidifica o alcance do poder e influencia, o que por si só é uma violência".
    Voltando ao filme, Sebastião Rodrigues é baseado na história do italiano Giuseppe Chiara e o padre Cristóvão Ferreira é o mais famoso dos padres "caídos", foram os últimos jesuítas no Japão.
    Aqui eles são mostrados como humanos falhos que colocados à prova tem reações e questionam as convicções.
    O silencio é também um personagem importante já que é usado como recurso narrativo.
    O filme levou 25 anos para ficar pronto, depois da ideia inicial, o diretor queria para o papel do Garfield, Daniel Day Lewis, e só no começo do ano levou a cabo a obra.
    Acho como vc disse importante do ponto de vista histórico.
    Excelente sua resenha.
    Bjs Luli
    Café com Leitura na Rede

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. luli, que bom que gostou. sim,, o silêncio é talvez o personagem mais importante. gosto dos questionamentos do protagonista que inclusive não acha mal na frente dos inquisidores negarem a fé, pisarem em símbolos para salvarem os seus. o outro padre acha um absurdo. gosto desses questionamentos. tb tem o japonês qeu questiona a fé cristã nos japoneses para o padre. q os japoneses não compreenderiam. são tempos de muita violência, altos impostos, fome, tudo o q não for japonês atrai. obrigada.

      Excluir
  9. É um filme pesado, difícil de ser acompanhado, mas valoroso por sua retratação histórica. Gostei, embora não recomenda a qualquer espectador.

    bjus

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. marcelo, é incrível mesmo, mas não é fácil. eu mesma parava e depois me perguntava se devia continuar a ver.

      Excluir

Cultura é vida!