sábado, 14 de novembro de 2020

Legalidade

Assisti Legalidade (2019) de Zeca Brito no Telecine Cult. Faz tempo que coloquei pra gravar. Estava zapeando, vi esse ator, o grande Leonardo Machado no elenco, e coloquei pra gravar. 

Ele está majestoso como Leonel Brizola. O filme fala desse movimento no Rio Grande do Sul, Legalidade. Jânio tinha renunciado, e Brizola une a população para que o vice Jango, seu cunhado, subisse ao poder, assim que fica sabendo de conspirações para que ele não assuma o cargo. Brizola quer a Legalidade que está na constituição, que na falta do presidente assume o vice. Excelente a parte verídica e política do filme, intercalada com imagens históricas do movimento, da praça lotada de gente. Infelizmente Leonardo Machado não viu o resultado de seu trabalho e faleceu de câncer antes da estreia.
O filme tem um triângulo amoroso mais falso que nota de... Bom, não sei qual era a moeda da época. Cleo, Fernando Alves Pinto e José Henrique Ligabue fazem personagens ficcionais. Cleo é uma jornalista brasileira do Washington Post, os outros dois são irmãos, um jornalista do Última Hora e outro um antropólogo. Letícia Sabatella aparece nos dias de hoje tentando saber histórias da sua mãe desaparecida. O pai do diretor (Sapiran Brito) interpreta Brizola no final. Paulo César Pereio faz um locutor do rádio.
Beijos,
Pedrita

sexta-feira, 13 de novembro de 2020

Vivarium

Assisti Vivarium (2019) de Lorcan Finnegan no TelecinePlay. Fiquei curiosa assim que estreou no Now, mas não é esse cartaz e é um bem menos atrativo. Logo enlouqueci! Amo filme surreal! E adoro o casal protagonista! Esse cartaz é incrível e resume muito, mas muito bem.

Um jovem casal olha despretensiosamente casas. O corretor sugere que eles vejam a casa presencialmente e é bem persuasivo. Acabam pensando: Por que não? Imogen Poots e Jesse Eisenberg arrasam. Há um elenco minúsculo, alguns outros personagens são interpretados por Senan Jennings, Eanna Hardwicke e Jonathan Eris.
Logo o cartaz já assusta, mas não tanto quanto as inúmeras casas exatamente iguais. Eles entram na casa 9 escolhida pelo corretor que some. Eles tentam sair do condomínio, não conseguem e sempre acabam de novo em frente a casa 9. Eles passam dias tentando sair do lugar e não conseguem. 
Um bebê aparece com um bilhete que se cuidarem dele poderão sair depois. Que criança insuportável. Eles que não querem filhos, tem que aguentar. Que filme angustiante! E como fala de tantas questões. Casamento, vidas iguais, falta de identidade, personalidade, obrigatoriedade de filhos, prisões da vida moderna. Enfim, é um filme riquíssimo! E muito, mas muito angustiante!

Beijos,
Pedrita

quarta-feira, 11 de novembro de 2020

O Irlandês

Assisti O Irlandês (2019) de Martin Scorsese na Netflix. Eu tenho uma certa preguiça com filmes de gângsters. 007 também. A preguiça aumentou muito quando vi que o filme tem 3h30 de duração. Só quis ver porque o diretor é excelente e pelos elogios que o Robert De Niro teve. Sim, o filme é ele e para ele. Está magistral, embora as excessivas intervenções digitais para rejuvenescimento e envelhecimento dos personagens me incomodem um pouco até demais. O 007 acha que o filme também é para Al Pacino brilhar, sim, está incrível, mas o filme é a história do Irlandês, um matador a serviço da máfia italiana nos Estados Unidos.

Como disse o 007, filmes de gangsters são sempre quem traiu e como será vingado. As mulheres são sempre objeto de decoração, parecem figurantes, raramente tem falas, já que eram sumariamente ignoradas nesse universo. O filme entrecorta no tempo e confesso que me perdia às vezes. O irlandês inicialmente fazia carregamento de carnes e desviava, quer dizer, roubava sempre uma parte para ganhar por fora. Ganhar por fora é bondade, pra vender o produto roubado. Ele conhece então um chefão da máfia e passa a trabalhar pra ele. Esse chefão é interpretado por Joe Pesci. O irlandês prospera, constitui família. Uma filha dele desde pequena não gosta dos amigos do pai e desconfia dos trabalhos do pai. A menina é uma graça interpretada por Lucy Gallina. Adulta é interpretada por Anna Paquin.

Depois o irlandês conhece Jimmy Hoffa, líder sindical, que desapareceu e seu corpo nunca foi encontrado. A filha que sempre desconfiou do pai tinha adoração por Hoffa, incrível achar que Hoffa era muito diferente dos outros homens. Após a morte de Hoffa, vários integrantes dessa máfia são presos por motivos diversos. Depois que sai da prisão, O Irlandês acaba em uma casa de repouso. Suas filhas não o visitavam. Até entendo, mas como disse, todos os amigos do pai cometiam crimes. Alguns outros do elenco são Harvey Keitel, Bobby Cannavale e Ray Romano. O elenco é enorme, são inúmeros atores. A trilha sonora é ótima e tem no Spotify.
Beijos,
Pedrita

terça-feira, 10 de novembro de 2020

Wenceslau Braz e Delfim Moreira

Terminei de ler o livro Wenceslau Braz e Delfim Moreira (2019) de Fernando Figueiredo Mello da Coleção Folha A República Brasileira. Dois presidentes, confesso que o segundo mal conhecia. Tem vezes que eu pergunto se eu fugi da aula naquele dia. Os dois alternavam a política café com leite, onde ora era escolhido um presidente de Minas Gerais, ora de São Paulo. Militares na maioria, mas alternavam com cafeicultores, produtores de gado.

Wenceslau Braz (1868-1966) era de uma família de cafeicultores, mas com a queda da Bolsa em 29, os preços do café despencaram. Mas isso não fala no livro não. Falam mais do trabalho deles como presidentes. Por uma coincidência macabra os dois foram presidentes na época da Gripe Espanhola. Interessante que há um texto nesse livro falando um pouco da Gripe Espanhola, que foi escrito antes da pandemia, e o autor diz que morreu muita gente no mundo, mas que o evento tinha sido antes da penicilina. Dando a entender que se tivesse a penicilina na época dessa gripe morreria menos gente. Acho que se o autor tivesse escrito o livro agora, em plena pandemia, quando temos inúmeros avanços da medicina, medicamentos, vacinas e a penicilina, e que tem morrido tanta gente no mundo do coronavírus, ele talvez mudasse o seu texto.
Wenceslau Braz era um presidente muito conciliador. Pegou um período complicadíssimo pra governar, Primeira Guerra Mundial, que o livro lembra que chamava Grande Guerra, a Gripe Espanhola. Inclusive o livro fala que porque aumentaram as exportações de alimentos, escassearam no Brasil e ficaram mais caros, igual como aconteceu agora. Wenceslau Braz teve inúmeros desafios. Ele conseguiu resolver muitas questões e deixou o país muito melhor quando saiu. O livro é bem resumido, bonito, com belas fotos, no final tem uma lista de livros a ler para se aprofundar no assunto.

Delfim Moreira (1868-1920) é mais um vice na história desse país que assume, são muitos. Eu não sabia que ele era primo de Wenceslau Braz, os dois inclusive nasceram no mesmo ano. Quem foi escolhido foi Rodrigues Alves que morreu de Gripe Espanhola. Foi aí que eu acho que eu fugi da aula. Mas é fato que eu tive um péssimo professor de história na escola. Não é muito correto criticar professor, mas esse não tinha como defender. Ele lia a aula toda em voz baixa e acho que se fixava em história da Europa, mas pode ser impressão minha. Não lembro praticamente nada do que ele ensinava. Passei a estudar melhor história no cursinho e foi a partir dali que resolvi preencher minhas lacunas no tema, inclusive revisitar a história que me foi contada lendo livros e biografias recentes dos personagens da história, com foco no Brasil e outros países mais ignorados na época que estudei. Delfim Moreira não ficou um ano no cargo.



Beijos,
Pedrita 

domingo, 8 de novembro de 2020

O Homem Invisível

Assisti O Homem Invisível (2020) de Liegh Whanell no TelecinePlay. Que filme! Eu queria muito ver porque amo a Elisabeth Moss, que atriz.

Começa com a personagem dela fugindo de uma mansão deslumbrante no meio do nada com vista para o mar. Ela planejou cada segundo, inclusive dar remédio para o marido dormir. Logo entendemos que ela é vítima de violência doméstica. Quem vai buscá-la parece não entender nada de violência, em vez de sair logo com o carro, fica fazendo um monte de perguntas. O marido chega ao carro, quebra o vidro e tenta machucar a esposa. Mesmo assim todos os personagens do filme desacreditam dessa mulher, acham que está louca, delirando. Há tanto indício, mas sempre duvidam dela. Pode parecer surreal, mas cada vez mais vemos casos de pessoas que duvidam da intuição da mulher, do medo da mulher. Ela viveu muito tempo controlada por ele, ela sabe muito bem como ele age, se tivessem dificuldade de acreditar, deviam ao menos dar o poder da dúvida. Investigar e questionar. Mas nunca acreditam nela. Vai ver que acham mais cômodo. Incomoda tentar entender o que a mulher diz.
Um amigo policial que mora com a filha a acolhe. O marido da protagonista se suicida. A esposa duvida, diz o tempo todo que não é o perfil do marido se matar, mas claro, todos duvidam dela. Até no testamento o marido morto coloca cláusulas de controle. Ninguém parece perceber o óbvio, que o marido é ou era muito doente, então absolutamente compreensível o medo dela que não passa. Vou dar spoiler: o olhar dela é muito irônico quando o policial no final duvida do suicídio do marido, e ela diz, ora, você viu ele se matando pelas câmeras. Ela faz exatamente o que fizeram com ela o tempo todo, duvidando dela. No final ela é irônica o tempo todo, já que não acreditaram, ela para de ser sincera. Muito triste a mulher ter que resolver sozinha a violência que sofre. Sempre acolham as mulheres. O elenco todo é muito bom, o policial é interpretado por Aldis Hodge.

Insuportável a personagem filha do policial interpretada por Storm Reid. O invisível está matando o pai dela e ela só fica gritando, é incapaz de tentar atrapalhar, jogar o spray que ganhou, jogar alguma coisa, só grita. Menina mimada. Mas acho que em chatice perde para a irmã da protagonista (Harriet Dyer), que personagem insuportável. Alguns outros do elenco são: Michael Dorman e Oliver Jackson-Cohen. Pelo jeito ninguém no filme tem experiência com violência doméstica e com controle exercido pelo marido. Nem o policial conhece a forma de maridos controladores isolarem suas esposas. Sim, o filme tem alguns furos. O homem invisível fica boa parte do tempo fechado no quarto com a esposa no sanatório. Ora, então não comia, não ia ao banheiro? Mas no geral o filme é muito bom. Excelente a tensão, logo a gente sabe que o homem invisível está atrás dela, mas a gente fica com medo o tempo todo. Acho que o que mais gostei no filme é a coragem dessa mulher, inspirador.


Beijos,

Pedrita