sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

O Presente

Assisti O Presente (2015) de Joel Edgerton no HBO on Demand. Nunca tinha ouvido falar nesse filme, queria um para distrair. Acabou sendo um filme complexo, com um tema para se pensar bastante.
Sim, tem muito suspense, vários segredos, mas o tema é bem psicológico e muito bem feito por sinal.
Um casal feliz está comprando uma linda casa. Logo já fiquei incomodada, com janelas demais que dá pra ver tudo de fora. Eu jamais moraria em uma casa tão devassada. Logo ficamos sabendo que o marido recebeu uma promoção, tiveram que mudar de cidade. Ela também é bem sucedida, mas deixa o escritório para acompanhar o marido.

Eles vão comprar uns objetos pra casa, um homem fica olhando, se aproxima e era um amigo de infância do marido. Esse homem começa a aparecer na casa sempre que o marido não está. O marido diz a esposa que nunca foram muito amigos. Também percebemos que a esposa já teve um filho, mas algo saiu errado.

Vou falar detalhes do filme: A esposa começa a perceber que há um grande segredo entre esses conhecidos de infância. Aos poucos vamos descobrindo que são muitos segredos. O filme me surpreendeu bastante. Há muitas questões ocultas. Gostei de abordar a questão do buylling. Que muitas vezes as pessoas levam o estilo perseguidor para a vida adulta. E  que no mercado competitivo, esse comportamento é muito valorizado. Que muitas pessoas não-éticas e que passam por cima dos outros costumam ganhar muito dinheiro, promoções e reconhecimento. E que muito provavelmente uma pessoa com comportamento persecutório, fará isso em outras esferas. Manipulará a família, os cônjuges,  será agressivo com os filhos. Que esse comportamento autoritário atinge muito quem convive com pessoas assim. Também mostra que ações na infância podem prejudicar uma pessoa pra sempre. A pessoa pode superar, mas às vezes as consequências não permitem reparação.

O próprio diretor Joel Edgerton está no elenco e escreveu o roteiro. Ele é australiano. Fiquei bem impressionada como ele abordou o tema, com tanta profundidade. Parecia entender bem de como essas relações se processam. E pareceu ter ajuda de profissionais de tão bem feitos os perfis psicológicos dos três personagens. Gosto dos outros dois atores: Rebecca Hall e Jason Bateman

Beijos,
Pedrita

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

Hotel

Assisti Hotel (2013) de Lisa Langseth no Max. Eu coloquei pra gravar porque vi que é com a maravilhosa Alicia Vikander. A diretora é sueca. É um filme dificílimo, indigesto, lembra muito Os Idiotas de Lars Von Trier.

Começa com um casal exultante, preparando a casa para o nascimento do primeiro filho. O casal está muito, mas muito feliz, só que semanas antes da cesárea ela passa mal e tem que fazer parto normal. A mudança de planos angustia muito o casal ainda mais ela com as dores. Quando ela acorda ela descobre que o filho nasceu com muitos problemas porque o coração estava fraco. Ela vê o bebê cheio de tubos. Mostra a frieza com que o hospital lida com o caso. É só mais um bebê com problema, nenhum médico para conversar com ela que entra em estado de choque. O filme aborda tantas questões, vou ficar anos pensando nos temas.

A catarse dela é muito perceptível, ela fica horas olhando o berço, dormindo encolhida, não quer ver o filho. Então ela é enviada para um grupo de apoio. Mostra bem como a sociedade é com quem demonstra dificuldade de lidar com uma questão. Mas esquecem completamente do marido que parece que está reagindo melhor, mas não está. A raiva da vida não programada faz ele ser muito agressivo verbalmente com a mulher, ele não entende o comportamento da mulher e constantemente a condena duramente. Se ele não entende, ele deveria se afastar, não agredir verbalmente a mulher. E estranho ninguém perceber e fazer ele também ir procurar tratamento.
O grupo que a protagonista segue lembra os alcoólicos anônimos onde cada um conta o que quiser. Com pouca interferência dos mediadores. Os encontros são espaçados demais, a cada 15 dias, Achei muito pouco para essa mãe tão em crise. Ela deveria ter acompanhamento psiquiátrico, psicológico e esse quinzenal complementar. 2 ou 3 vezes por semana e ainda terapia de casal. Realmente parece que o grupo não anda, tão espaçados os encontros. Até que a protagonista lembra algo que leu, sobre ir a hotéis para serem outras pessoas. 5 gostam da ideia. Muito interessante como tudo passa a modificar. Continua um filme difícil, até porque os 5 somem e nenhum terapeuta tenta encontrá-los e ajudá-los no processo.
É muito interessante como realmente eles começam a mudar. A menina que vivia encolhida e com roupas largas, coloca uma blusa justa e passa a andar erguida. Eles resolvem ajudar ao outro. Cada vez um quer viver a sua loucura e todos ajudam. É muito lindo o acolhimento deles sem julgamento as pirações do outro. Ela encontra acolhimento algo que nem o hospital nem a família tinha feito. Só a acusavam da dificuldade de lidar com os seus dramas. Eu acredito muito em terapias não convencionais. Não precisam ser malucas demais, como muitas vezes o filme mostra, mas às vezes ajudam bem mais do que o paciente só falar sem ninguém auxiliar como alguns tratamentos antiquados. Sem falar nos excessos de remédios de muitos tratamentos, como uma forma de jogar ao medicamento a responsabilidade do tratamento, esquecendo de ouvir o outro. 

O filme é muito angustiante. Todos estão excelentes: David Dencik, Anna Bjekerud, Henrik Norlén, Mira Eklund e Simon J. Berger
Beijos,
Pedrita

domingo, 5 de fevereiro de 2017

Em Nome da Lei

Assisti Em Nome da Lei (2015) de Sergio Rezende no TelecinePlay. Gostei muito! É inspirada em fatos reais, na vida do juiz Odilon de Oliveira que atua na fronteira. Começa com um novo juiz chegando em uma cidade de fronteira. A procuradora e um investigador estão tentando provas contra o chefe da cidade, do tráfico e de todos os crimes na região.

Logo de início ele percebe que há um processo já julgado e faz o mandato de prisão. O rapaz a ser preso é o braço direito do dono do tráfico na cidade. O investigador acha que ele tem que ir mais devagar, que pode comprometer a investigação, mas o juiz não quer, e continua atuando. O elenco é incrível, com muitos atores que adoro: Mateus Solano, Paolla Oliveira e Eduardo Galvão.

Chico Diaz é o chefe do tráfico. Emílio Dantas seu filho bastardo. Mas são muitos outros que gosto: Silvio Guindane, Sacha Bali, Gustavo Nader, Roney Vilela, Dedina Bernadelli, Juliana Lohmann, Osvaldo Mil, Carol Chalita, Roberto Birindelli, Romulo Estrela e Paulo Reis

O filme mostra as teias que circundam negócios tão rentáveis, que enriquecem tantas pessoas. O juiz consegue um vídeo que mostra um desembargador recebendo dinheiro do advogado do traficante. Leva a um jornalista de São Paulo que vai publicar, mas não consegue, a direção do jornal não aceita porque tem muito político envolvido. Mesmo em São Paulo não há interesse em mostrar uma falcatrua porque fere políticos em Brasília e outros poderosos. Em Nome da Lei mostra que o tráfico da fronteira tem muito mais gente envolvida no Brasil. Como o juiz que o filme se inspirou, nossa protagonista tem que andar escoltado. O filme foi realizado em Dourados, cidade que sempre quis conhecer.
Beijos,
Pedrita