Terminei de ler Palomar (1983) de Italo Calvino. Eu adoro esse escritor e vi que o Renato Prelorentzou tinha escrito um artigo sobre o livro no blog Paisagens da Crítica do Júlio Pimentel Pinto. Fui checar os livros do Italo Calvino que tinha comprado em um sebo e lá estava ele. Foi uma grata surpresa, já que é o último livro publicado pelo autor e é recente, e sebos trazem sempre livros mais antigos. Comprei por R$ 14,00, já que se trata de um livro recente, então os custos são um pouco mais altos que normalmente são nos sebos. Agora consegui descobrir essa brilhante obra. Não está entre os meus preferidos do autor, mas Italo Calvino é sempre surpreendentemente genial.
Obra de Remo Brindisi
Nosso protagonista está sempre analisando tudo o que vê. Até mesmo nas férias tem processos que precisam terminar e ele analisa as ondas. Quando ele fala dos pássaros é muito emocionante, já que ele diz que, se quem ouve, não teve na infância alguém que dissesse que pássaro é aquele, esse alguém irá desconhecer seus nomes e cantos e meu pai sempre dizia com o canto dos pássaros, quais eram e contava suas histórias. São vários capítulos sobre a arte de observação da vida, dos animais, é muito divertido quando ele fala do andar das girafas, ou das pantufas desparelhadas, ele diz que de alguma forma estará eternamente ligado a pessoa que levou a outra pantufa desparelhada.
A última análise de Palomar é sobre a morte, e ele resolve pensar como se estivesse morto, porque assim os processos não mudarão mais. Através de questões cotidianas e análises filosóficas profundas, o livro se desenrola em uma narrativa brilhante!
Obra de Renato Guttuso
Trechos de Palomar de Italo Calvino:
“O mar está levemente encrespado e pequenas ondas quebram na praia arenosa. O senhor Palomar está de pé na areia e observa uma onda. Não que esteja absorto na contemplação das ondas. Não está absorto, porque sabe bem o que faz: quer observar uma onda e a observa. Não está contemplando, porque para a contemplação, nenhuma daquelas três condições todavia, se verifica para ele. Em suma, não são “as ondas” que ele pretende observar, mas uma simples onda e pronto: no intuito de evitar as sensações vagas, ele predetermina para cada um de seus atos um objetivo limitado e preciso.”
“O senhor Palomar, a quem os pingüins causam angústia, a segue a contragosto, e se pergunta o porquê de seu interesse pelas girafas. Talvez porque o mundo à sua volta se mova de modo desarmônico e Palomar espere sempre descobrir nele um desígnio, uma constante.”
“Se o modelo não consegue transformar a realidade, a realidade deveria conseguir transformar o modelo.”
“O mar está levemente encrespado e pequenas ondas quebram na praia arenosa. O senhor Palomar está de pé na areia e observa uma onda. Não que esteja absorto na contemplação das ondas. Não está absorto, porque sabe bem o que faz: quer observar uma onda e a observa. Não está contemplando, porque para a contemplação, nenhuma daquelas três condições todavia, se verifica para ele. Em suma, não são “as ondas” que ele pretende observar, mas uma simples onda e pronto: no intuito de evitar as sensações vagas, ele predetermina para cada um de seus atos um objetivo limitado e preciso.”
“O senhor Palomar, a quem os pingüins causam angústia, a segue a contragosto, e se pergunta o porquê de seu interesse pelas girafas. Talvez porque o mundo à sua volta se mova de modo desarmônico e Palomar espere sempre descobrir nele um desígnio, uma constante.”
“Se o modelo não consegue transformar a realidade, a realidade deveria conseguir transformar o modelo.”
Pedrita