Terminei de ler
O Castelo Branco (1985) de
Orhan Pamuk pela
Companhia das Letras. É o primeiro livro que esse autor publicou. Eu tinha lido
Neve (2002) e gostado muito, havia comprado em uma promoção no
Submarino. Aí esse apareceu em promoção no mesmo site, resolvi comprar e ler também. Muito bom! Me lembrou bastante
A Obra em Negro da
Marguerite Yourcenar.
O Castelo Branco é ambientado no século XVI, mesmo período que é abordado o livro da
Yourcenar. Enquanto o personagem da
Yourcenar tenta desvendar os mistérios da medicina, o protagonista de
O Castelo Branco concentra seus estudos na astronomia. Mas como todos na época, há várias reflexões sobre diversas áreas medicina, filosofia, astronomia, geografia. Então os personagens acabam se parecendo.
Orhan Pamuk é ganhador do
Prêmio Nobel de Literatura em 2006. Neve é bem diferente de
O Castelo Branco. Gostei muito de
O Castelo Branco, mas ainda sou mais fascinada por
Neve, maravilhoso!
Obra
The Academy of Baccio Bandinelli (1550) de
Enea VicoNosso protagonista é italiano, ele é preso em um barco e vai parar na prisão de Istambul. Pelos seus poucos conhecimentos médicos e um bocado de sorte torna-se protegido de um Paxá. Depois um sósia turco consegue tê-lo como seu escravo e pede que ele lhe ensine tudo o que sabe. Começam então debates e debates sobre o pouquíssimo conhecimento que os dois têm. E uma complexa teia de questionamentos astronômicos e sobre a nossa existência. Como nessa época sabia-se muito pouco de ciência e há muito obscurantismo, Pamuk consegue ir a fundo em questões milenares que eternamente nos perguntamos, quem somos, fé, religiões. É um texto intenso e complexo. Gostei muito! Acabamos nós mesmos nos questionando como é possível dois homens nascerem absolutamente iguais em continentes tão diferentes. Além dessas questões existenciais o autor ainda debate religião, ciência, medicina, poder e vários outros temas nas discussões dos dois personagens principais.
Obra
Pearl Fishers (1570-71) de
Alessandro Allori Trechos de O Castelo Branco de Orhan Pamuk:
“Navegávamos de Veneza para Nápoles quando e esquadra turca apareceu.”
“Era o tédio. Não respondi nada, porque ele estava muito agitado, mas, para falar com franqueza, foi o que pensei: eu sabia, com base não só na minha própria experiência mas também na dos meus irmãos e das minhas irmãs, que o tédio, observado sobretudo nas pessoas egoístas, pode levar a resultados muito produtivos quando não se redunda apenas em coisas sem sentido.”
Música do post: Dufay - La belle se siet au pied de la tour Procurei pintores e músicos do período que se passa a ação do livro. Alessandro Allori (1535-1607) e Enea Vico (1523-1567) foram pintores italianos. A música do post é do compositor belga Guillaume Dufay que viveu entre 1397 e 1474.
Beijos,
Pedrita