sexta-feira, 21 de abril de 2023

Pinóquio

Assisti Pinóquio (2022) de Guillermo Del Toro na Netflix. Como  eu queria ver essa animação, Del Toro está entre meus diretores preferidos. Eu fico sempre em estado de choque com seus filmes, quanta profundidade. E em Pinóquio não é diferente!

Pinóquio é extremamente sombrio e triste. A história original é triste, mas eu só conhecia a animação fofinha, mesmo sendo um pouco pesada. Essa é dilacerante. O pobre Gepeto perde seu filho, o boneco que fez ganha vida por uma feiticeira. Que filme triste! Quase se terror. E tem números musicais, não exagerados, não alegres, em geral muito doloridos.

Del Toro procura sempre falar da infância, da intolerância e de guerra. A animação é ambientada na Segunda Guerra Mundial, crianças sendo recrutadas, Mussolini, é profundamente indigesto e triste. É muito personagem fazendo a saudação nazista. Tanta maldade com as crianças. A cidade que hostiliza Pinóquio, é triste demais! Pinóquio ganhou inúmeros prêmios como Melhor Animação no Oscar, Bafta e Globo de Ouro.

Beijos,
Pedrita

quarta-feira, 19 de abril de 2023

O Rapto do Serralho

Assisti a ópera O Rapto do Serralho de Mozart no Theatro São Pedro. Que montagem impecável! Que espetáculo completo, bonito, bem tocado, bem cantado, cenários lindos e funcionais, figurinos elegantes. A direção musical foi de Claudio Cruz a frente da Orquestra do Theatro São Pedro. A divertida direção cênica foi de Jorge Takla. Os lindíssimos cenários são do Nicolas Boni. Os figurinos são de Fábio Namatame. Ótimos cantores, Jean William, Raquel Paulin, Ludmila Bauerfeld e Daniel Umbelino. A música é maravilhosa!

Fotos de Heloisa Bortz

Junta-se ao time de excelentes cantores o baixo Luiz-Ottavio Faria. Todos tem árias enormes, complexas, é uma ópera de fôlego, pra grandes intérpretes como os que essa montagem mostrou. O engraçado libreto é de Johann Gottlieb Stephanie Der Jüngere. Ótimo texto de apresentação de Camila Fresca. É engraçado não só porque é uma comédia, mas porque tem umas partes tão inverossímeis em qualquer tempo, que não há como não se divertir.

O Paxá é o principal, tudo acontece por ele, por causa dele, pelas ações dele, mas apesar de ser uma ópera, ele não canta e foi interpretado por Fred Silveira. Hoje nós diríamos só novela mesmo e na época deveriam dizer, só ópera mesmo, o paxá respeitar a raptada e só consumará o ato quando ela o amar. Imagine, um homem de um harém, que raptou pessoas ser bonzinho assim. Bem surreal. O final então é mais engraçado ainda porque ele perdoa tudo, não mata ninguém, não obriga ninguém e ainda deixa ir. 

Beijos,
Pedrita

segunda-feira, 17 de abril de 2023

Os Anos de Virgínia Woolf

Terminei de ler Os Anos (1937) de Virgínia Woolf da Editora Nova Fronteira. Comprei esse livro faz um tempinho no sebo aqui perto de casa que fechou. Fechou essa unidade, as filiais ainda resistem.

O marcador de livro é russo e ganhei de presente de uma amiga. Não dá pra entender o idioma no verso e nas buscas por foto pelo google eu não consegui saber que obra é.

O camafeu de porcelana foi pintado por Peggy-Lou.

Obra Dolce Far Niente (1904) de John William Godward

Eu adoro essa autora, li várias obras dela. Incrível como apesar dela ter um estilo mais predominante, volte e meia alguma de suas obras são completamente diferentes. É o caso dessa. A obra fala da passagem do tempo, começa em 1880 e termina em 1918. É muito interessante porque a família Pargiter aparece no livro, mas de várias formas. Ou como protagonistas do trecho, ou de passagem na história de alguém. É sempre uma surpresa como vão aparecer na trama e se vão continuar na seguinte. São pinceladas, com tons ácidos, sempre falando do tempo.
Obra L´Angelus (1859) Alphonse Legros

O livro começa com a esposa acamada. Sutilmente a autora mostra que tanto uma filha bem como o pai estava cansados daquela situação, dos cheiros e sentem um certo alívio quando ela parte. A autora coloca muito delicadamente que não era por piedade, por achar que seria o melhor, mas simplesmente porque a situação incomodava e se arrastava por anos. O tempo vai aparecendo nos momentos seguintes, o tempo que passou pra casar, o alívio por não ter casado. Os pensamentos nada honrosos da mudança do tempo nas pessoas. Que autora! Virgínia Woolf é sempre tão ousada que sempre me esqueço que ela viveu entre 1882 e 1941.
Obra Relaxation (1908) de Thomas Benjamin Kennington

Eu fiquei muito impactada com o livro que acabei anotando alguns trechos.

Trechos de Os Anos de Virgínia Woolf 

“Abriu o livro. Vai dizer exatamente o que estou pensando. Livros abertos ao acaso sempre fazem isso.”

“North ficou contente de escapar. Mas para onde iria? Era um corpo estranho, pensou, olhando em volta. Todas aquelas pessoas conheciam-se umas às outras. Chamavam-se uns aos outros – ele estrava na orla de um pequeno grupo de rapazes e moças – pelos prenomes e apelidos. Cada um fazia parte de uma roda, sentiu, escutando-lhes a conversa e mantendo-se à parte, queria saber o que diziam, para situar-se; mas não queria envolver-se. Fez- todo ouvidos. Discutiam. Política e dinheiro, disse consigo, dinheiro e política. A frase vinha em cheio. Mas não podia compreender o motivo da discussão, a essa altura já acalorada. Nunca se sentira tão sozinho, pensou. O velho lugar-comum sobre solidão na massa era bem verdadeiro. Pois se colinas e árvores aceitam qualquer um, seres humanos o rejeitam.”

Beijos,
Pedrita

domingo, 16 de abril de 2023

Feito no Telhado

Assisti Feito no Telhado (2020) de Joo Khang-soo Kim no TelecinePlay. Tem tempo que vi esse filme na grade de programação, é uma graça. No Brasil está como No Topo do Mundo. O roteiro é de Yeom Moon-kyeong. Que filme bonito e delicado!

Começa com um rapaz do lado de fora do apartamento. Ele está de chinelo, mas o companheiro não abre a porta nem atende ao telefone. Um amigo o resgata. Daqueles amigos que todos nós queremos ter, acolhedor e parceiro. Ele é influencer e ganha muito dinheiro com isso. Gasta praticamente tudo automaticamente. Ele é daqueles que compra tudo o que vê na internet então tudo o que acontece na casa aparece sempre um artefato esquisito qualquer pra resolver aquela questão, é muito engraçado. Ele aluga um apartamento que tem um lindo terraço no telhado.
Outra inquilina cuida do telhado também. Os personagens são carismáticos, simpáticos, há dilemas fortes, mas tratados com uma certa leveza, é  um filme muito bonito. No elenco estão: Hong-nae Lee, Jeong Hui, Min-gyoo Kwak, Jung-woo Kang, Jeong-eun Lee e Moon-keung Yeum. Os atores são muito, mas muito bonitos.

Beijos,
Pedrita