sábado, 24 de outubro de 2020

Coisa Mais Linda

Assisti a primeira temporada da série Coisa Mais Linda (2019) de Giuliano Cedrone e Heather Roth na Netflix. Eu queria muito ver essa série e vi a conta gotas, finalmente consegui terminar. Gostei demais! É a história de quatro mulheres no final da década de 50. Eu adoro essas atrizes: Maria Casadevall, Pathy de Jesus, Fernanda Vasconcellos e Mel Lisboa. Arrasam!

Começa com Malu chegando no Rio de Janeiro. Ela é da alta sociedade paulistana e combinou com o marido que iriam ter uma casa noturna no Rio de Janeiro. Ela envia todo o dinheiro pra ele e quando chega no Rio ele sumiu e com o dinheiro dela. Arrasada, revoltada, recebe a ajuda de Adélia. E resolve seguir com o sonho de montar uma casa noturna, só que agora em sociedade com Adélia e sofre todo o tipo de preconceito. 
Lígia ama cantar e faz escondido do marido violento. Ela é apaixonadíssima pelo marido, mas ele é um verdadeiro monstro. A série tem muita música, jazz, bossa nova, a ótima trilha sonora está no Spotify.
Sua cunhada é a quarta protagonista feminina da série. Jornalista, ela é muito bem casada. Eles tem um relacionamento aberto. A série debate tantos, mas tantos temas, incrível. Fala de emancipação da mulher, dificuldade de entrar no mercado de trabalho designado a homens, relacionamentos com pessoas do mesmo sexo, racismo, machismo e aborto. As quatro tem uma dificuldade enorme de serem respeitadas como profissionais talentosas, são o tempo todo questionadas ou até mesmo podadas pelos homens da trama, sejam pais, chefes, críticos, profissionais ou maridos.
O elenco todo é muito talentoso: Ícaro Silva, Leandro Lima, Gustavo Machado, Thaila Ayala, Alexandre Cioletti, Gustavo Vaz, Ondina Clais, João Bourbonnais, Esthér Goes, Paulo Tiefenthaler e Nilton Bicudo

A série termina na passagem de ano para a década de 60. O final é catártico deixando inúmeros ganchos pra segunda temporada que vou demorar pra ver.



Beijos,
Pedrita

quinta-feira, 22 de outubro de 2020

O Homem de Gelo

Assisti O Homem de Gelo (2012) de Ariel Vroman na ClaroTV. Não conhecia esse filme, é sobre um matador profissional Richard Kuklinski (1935-2006). No final falam que ele matou mais de 100 pessoas e aí eu lembrei do matador de aluguel brasileiro, Júlio Santana, que até a estreia do filme O Nome da Morte tinha matado 492 pessoas, já que ele anotava tudo. O brasileiro vive livre no Centro Oeste e o Kuklinski teve pena de prisão perpétua.
 

O filme tem uma certa dificuldade de entender o marido e pai amoroso do frio assassino de aluguel, mas parece compreender muito bem os homens que mandam matar, esses não são chamados de homens de gelo. O protagonista era um homem fechado, com moral bastante rígida, quando era confrontado, ou ofendiam alguém que amava fazia "justiça" com as próprias mãos.

Michael Shannon está impressionante. O filme é ele e para ele. Que ator! Uma graça ver ele com a Winona Rider que faz a sua esposa. Ela é miúda e ele enorme. Lindo o casal. O filme vai desde ele solteiro e o casamento. Até as suas filhas adolescentes quando é preso. Ele ascende no crime, vai comprando carros, casas grandes e confortáveis, mudando radicalmente seu status social. Na vida pessoal, sempre um homem íntegro de princípios. Alguns outros do elenco são: Ray Liotta, Chris Evans e James Franco.

Beijos,
Pedrita

quarta-feira, 21 de outubro de 2020

Atrás da Sombra

Assisti a estreia de Atrás da Sombra (2019) de Thiago Camargo no Canal Brasil. Eu adoro o ator Bukassa Kabengele, e ele avisou no instagram que esse filme iria estrear no domingo. Avisei a Luli do Café com Leitura na Rede, nós vimos e amamos, que filme tenso!

 

O protagonista do filme está em apuros. Ele é detetive particular e recebe o pedido de um cliente de uma outra cidade. Precisando desaparecer, aceita. Segue para uma cidade muito pequena que já teve hotel e não tem mais, que não tem posto de combustível.

Logo que ele chega é hostilizado por dois policiais interpretados por ZéCarlos Machado e Érico Brás. Elencaço. A cidade toda hostiliza o visitante. Ele diz que é de uma empresa de seguros pra poder investigar a empresa que vem tendo seus funcionários mortos. Stepan Nercessian é profissional da empresa.

Uma boa alma resolve oferecer hospedagem ao protagonista. O rapaz fica com pena, fala com a avó que aceita hospedá-lo. Eu fique apavorada porque essa avó vive dando chá pra ele. Ela é a incrível Elisa Lucinda, gostei muito também do ator que faz o filho dela, Allan Jacinto.
Eu e a Luli ficamos impressionadas com o talento e a beleza da Bruna Britto. Personagem dificílima!

Beijos,
Pedrita

terça-feira, 20 de outubro de 2020

Lovecraft Country

Assisti Lovecraft Country (2020) de Misha Green e Jordan Peele na HBO e HBO Go. Que série! É baseada em um livro fantástico de quadrinhos de Matt Duff. Fiquei muito impactada e impressionada. Mistura tudo, ficção científica, ação, romance, mas debate com profundidade sem discursos: o racismo, segregação, política, machismo, variações de sexualidade, preconceito, guerra, padrões estéticos, enfim, é riquíssima!

No começo eu estranhei. O protagonista volta da guerra porque seu pai desapareceu. Ele segue então em uma viagem ao sul para procurá-lo com uma amiga e seu tio. Começou a ficar muito fantasioso e eu demorei pra embarcar. Mas no segundo episódio me entreguei de uma tal forma que não queria ver outra coisa. Foi quando comecei a ver também na hora que passava ao vivo na HBO, antes via somente na HBO Go. Lindos e talentosos demais os protagonistas Jurnee Smollett e Jonathan Majors. O pai é interpretado por Michael Kenneth Williams.
Quando eles chegam na mansão e tudo começa a ficar muito, mas muito mágico, me encantei demais. São muitos personagens complexos. O protagonista é filho de uma escrava com um branco, então tem o sangue necessário para um ritual da eternidade. Os brancos (Abbey Lee e Jordan Patrick Smith)  querem a vida eterna. Há duas mansões cheias de portas secretas, lugares mágicos, objetos mágicos, fascinante!
São muitos personagens complexos. O tio do protagonista (Coutney B. Vance) editava o Guia para Negros. Sua esposa (Aunjanue Ellis), dona de casa, sempre queria viajar com ele, mas não conseguia pelos filhos. A libertação feminina dessa personagem é emocionante. Sua filha (Jada Harris) também tem destaque em um episódio, tadinha, como sofre, e que atriz. Todo o elenco é incrível.
A irmã da protagonista, outra atriz (Wunmi Mosaku) lindíssima e talentosa, em um personagem riquíssimo! Ela é um das que que canta também. Com ela, a série debate uma gama de questões que costumamos não prestar atenção porque não vivenciamos, eu pelo menos. Ela ganha uma poção para se tornar branca e acaba aceitando a chantagem porque quer ter a sensação de poder entrar em qualquer lugar, de ser paquerada, de poder comer em qualquer lugar. De não ser abordada por um policial e expulsa de um lugar, de arrumar um emprego em uma loja de alto padrão.

A série fala inclusive da Guerra do Vietnã. Mexe em vários feridas históricas americanas que não são admiráveis. Riquíssima também a personagem vietnamita interpretada por outra atriz lindíssima e talentosa Jamie Chung. Esse núcleo fala muito do livre arbítrio.

A trilha sonora é demais, duas personagens cantam. Dá pra ouvir a trilha no Spotify.

Eu acabei "assistindo" com a Luli do Café com Leitura na Rede. Foi bem bacana poder falar dos mistérios, das experiências, com quem já sabia dos spoilers.


Beijos,
Pedrita 

segunda-feira, 19 de outubro de 2020

Uma canta, a outra não

Assisti Uma canta, a outra não (1977) de Agnes Varda no Telecine Cult. Desde que essa grande diretora faleceu começaram a programar os filmes dela. Uma pena que não tenham programado antes, queria muito ter conhecido a obra dela enquanto ela era viva. Tem muito filme e diretor que quero ver, espero que programem mais. Que diretora! Que filme!

Uma jovem de 17 anos se encanta com o trabalho de um fotógrafo, com isso conhece a companheira dele. Ele não se divorciou porque não tem condições financeiras. Ela tem 22 anos, dois filhos e conta para a jovem que está grávida de mais um. A adolescente resolve ajudar, mente ao pai para conseguir um dinheiro e orienta a jovem a ir para a Suíça, lá o aborto é permitido e se ela contar sua história, poderá conseguir gratuitamente. Seu pai fica possesso com a mentira da filha. Ele adora dar tapas na cara da menina por qualquer motivo, um verdadeiro monstro. Eu teria orgulho de uma filha que abrisse mão de um dinheiro para ajudar uma amiga. Se eu não concordasse com o motivo, conversaria com ela. As duas estão excelentes: Valérie Mairesse e Thérèse Liotard.

O fotógrafo se suicida. Um horror no enterro. Todos ignoram aquela jovem e seus dois filhos, mesmo sabendo que o filho era do fotógrafo e portanto parente deles. Desamparada, ela vai morar no interior com os pais dela. A adolescente já tinha saído de casa e vive de teatro e música. E a amizade das duas continua. 

O filme debate temas muito profundos. Com o tempo a que canta também precisa abortar. Em uma sala, com várias mulheres que aguardam o triste momento. O filme mostra a tristeza de todas elas, não desespero, mas tristeza. A jovem faz inclusive compõe uma canção para falar sobre o aborto. Quanta profundidade e clareza na letra. Ela agenda para o grupo um passeio de um barco, mas elas não estão felizes. É lá que a jovem conhece quem vai amar, um iraniano (Ali Rafie), ele é igualmente iraniano, diretor e ator de filmes. Ela acaba seguindo com ele para o Irã, mas não se acostuma, já que lá não pode cantar, nem trabalhar com arte, torna-se dona de casa. A outra amiga passa a trabalhar em um centro de acolhimento de mulheres. Elas orientam as mulheres a tomar pílulas e se irrita com uma que, mesmo sabendo de tudo o que tem que ser feito, mesmo ganhando as pílulas, não as toma. Uma outra profissional do lugar orienta a jovem a não julgar as dificuldades dos outros. Que filme profundo.
O filme também fala muito sobre maternidade. A que canta volta para o seu país e lá tem o seu filho. O marido quer muito o filho  e ir com ele de volta ao Irã, então ela combina que ele fique mais um pouco e faça outro filho nela. Assim ele leva um, e ela fica com o outro. Fiquei muito surpresa com o avanço do filme na abordagem dos temas. Fico pensando onde nos perdemos nas narrativas.


Beijos,
Pedrita