sábado, 18 de fevereiro de 2017

Linda de Morrer

Assisti Linda de Morrer (2015) de Cris D´Amato no TelecinePlay. Eu tinha um pré-conceito em relação a esse filme. Foi no Natal, na casa da família da Patry do Marion e sua Vida, que eles estavam vendo e elogiando muito. Vi alguns pedaços, fazia um esforço para não ver porque gosto de ver o filme todo, mas eles sempre, olha isso, agora aquilo, que fiquei com vontade de ver.

É bem engraçado. Não sabia que a personagem da Glória Pires morre e quando comecei a ver, muito menos logo no começo. Confesso ter estranhado o discurso de uma protagonista sobre a beleza de cada um, sendo ela de uma família que gosta bastante de interferências estéticas, soou meio falso. 

Eu adoro vários atores do elenco. Gosto demais do trabalho do Emílio Dantas, acompanho desde a TV Record. Me divirto com a Priscila Marinho, ela e Alexandre Rosa Moreno foram ignorados no Adoro Cinema. Ela está demais, rouba a cena. Viviane Pasmanter também está no elenco, como a paciente desequilibrada do protagonista que é psicólogo.

Eu adoro o Ângelo Paes Leme, também acompanho o trabalho dele. Ele é o mau caráter da trama. A personagem da Glória Pires é médica e descobriu uma fórmula que acaba com a celulite, são só alguns pílulas, até idosas ficam com pernas jovens. Só que os efeitos colaterais as enlouquecem. É aí que ela morre. As cenas tecnológicas são muito bem feitas. A médica passa o filme como espírito.

Emílio Dantas é médium, neto de uma mãe de santo interpretada por Suzana Vieira. A avó morre no mesmo dia da protagonista e diz que é o filho que vai ajudá-la. São muito bons atores no elenco: Pablo Sanábio, Cora Zobaran, Carol Macedo, Stella Miranda e George Sauma. Gostei que Linda de Morrer é um filme ágil, bem editado e curtinho. Uma delícia de ver. E gostei de falar desse culto exagerado a beleza, mesmo que não convença muito no tema. Acho que principalmente no Brasil as mulheres estão muito escravizadas em padrões estéticos da moda, que mudam a cada estação. Muitas mulheres se libertaram no passado pra se escravizarem em procedimentos estéticos, às vezes exageradamente.

Beijos,
Pedrita

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

O Lagosta

Assisti O Lagosta (2015) de Yorgos Lanthimos no Max. Em uma chamada vi que é com um elenco que adoro. Uns dias depois, não lembrando mais do que se tratava, vi e coloquei pra gravar. E avisei a Liliane do Paulamar. Me perdoe amiga, é um filme surreal, e você prefere histórias mais lógicas. O diretor é grego.

É simplesmente genial, mas profundamente indigesto, difícil mesmo de assistir. Nosso protagonista interpretado por Colin Farrell chega em um hotel. Ele e outras pessoas ficam só de roupas de baixo. Ele se separou da mulher. Os solteiros tem alguns dias para escolher algumas das mulheres que estão no hotel. Caso não localizem ninguém em alguns dias, eles são transformados em animais que definiram quando chegaram. Eles sempre vão caçar e atiram tranquilizantes entre eles. A cada humano abatido com tranquilizante eles ganham mais dias para tentar tornar-se casal. Nosso protagonista será uma lagosta, porque vive muito. Eu adoro os atores que ficam amigos: John C. Reilly e Ben Whishaw. Todos atuam sérios, ninguém é feliz, raramente sorriem. Toda aquela loucura e eles sérios, sem mexer um músculo do rosto. Os atores estão incríveis.

Eles vão a um quarto de solteiros, todos vestem-se iguais. As pessoas precisam se escolher por afinidades. A que sangra o nariz tem que encontrar alguém que sangre também. Todo metafórico fala muito da impossibilidade de ficar sozinho em uma sociedade. Há bailes cafonas, treinamentos. Se acham alguém semelhante, vão para um quarto de casal, se tudo dá certo, seguem para um iate onde passam dias, se continua dando certo voltam a cidade. O Lagosta acaba escolhendo uma mulher fria e ele finge ser frio para conseguir ficar com ela. Só que ela para testá-lo mata cruelmente seu cachorro que é na verdade o seu irmão. Ele a transforma em um animal e foge para a mata.
Ele se une a um grupo no bosque. Tudo melhorou? Não, tudo continua insuportável. Regras igualmente horríveis para controlar as pessoas. A líder é outra atriz que adoro, Léa Seydoux. Lá ele encontra a personagem da Rachel Weisz, finalmente ela apareceu. Ela é míope como ele, então os dois chegam a conclusão que podem ficar juntos, mas nesse grupo isso é proibido.  Como as pessoas se tornam animais porque não conseguiram um par compatível, há muitos animais na floresta entre eles. Tudo é muito trágico. O quanto todos são manipulados e obedientes a regras odiosas. Será que não passamos por isso também? Será que nossa sociedade também nos impõe regras odiosas? Será que estamos tão acostumados que nem percebemos tanta perversidade? Será que só nos incomoda porque é muito diferente de nossas regras, mas será que nossas regras não são perversas também? O Lagosta é simplesmente genial.

Beijos,
Pedrita

domingo, 12 de fevereiro de 2017

Domitila

Assisti a ópera Domitila de João Guilherme Ripper no Theatro São Pedro. Eu gosto muito das obras desse compositor. Soube dessa ópera quando assisti uma montagem de Anjo Negro desse mesmo compositor. Quando vi que o Theatro São Pedro ia apresentar essa obra, corri pra ver. A direção foi de Paulo Abrão Ésper.

Gostei demais da cantora que interpretou a Domitila, a italiana Maria Sole Gallevi. Gostei muito de todos os músicos. É uma bela obra de 50 minutos com piano, Alexsander Ribeiro de Lara, clarinete, Daniel Oliveira e violoncelo, Boaz de Oliveira. A ópera de câmara foi gratuita e ainda terá uma apresentação hoje.

Marquesa de Santos de Miguel Geraldo Santos Jr.

Vocês sabem como eu gosto de conhecer um pouco da nossa história. Essa ópera é baseada nas cartas trocadas entre a Marquesa de Santos e Dom Pedro I. Ele a chamava de Titília e assinava Demonão. As cartas falam de amor, de saudade. E claro, as últimas do término do relacionamento.
Chegando em casa fui procurar mais detalhes sobre ela.
Domitilia de Castro Canto e Melo era uma nobre. Acho que por isso foi tão cobiçada. Tinham poucas mulheres no Brasil, e menos ainda mulheres de linhagem sem misturas. Os portugueses estavam muito incomodados com as misturas raciais que aconteciam no Brasil.
E os homens não pareciam tão machistas como hoje. Ela foi casada com um homem que a espancava. Ela se divorciou. Teve três filhos com ele, sendo que um morreu pequeno. 
Foi depois que tornou-se amante do Imperador por 7 anos, com quem teve 5 filhos. Só dois cresceram. 
Mesmo depois dessa história, mesmo já tendo tantos filhos, ela casou-se muito bem com um brigadeiro e teve seis filhos. Parece que a história dela não incomodava o brigadeiro.
Era raro, alguns anos depois, mulheres com relacionamentos anteriores e filhos conseguirem fazer um bom casamento. Que dirá sendo oficialmente amante de um homem por anos.

Vou colocar um vídeo de outra montagem dessa obra feita em Niterói, com outros músicos.

Beijos,
Pedrita