sábado, 16 de janeiro de 2016

Além do Tempo - 2ª Fase

Assisti a segunda fase da novela Além do Tempo de Elizabeth Jhin na TV Globo. Direção geral de Pedro Vasconcelos. Essa novela foi tão marcante que a primeira fase eu comentei aqui. Na segunda fase os mesmos personagens apareciam nos dias de hoje, em outra funções com a vertente espiritualista de que alguns voltavam para resolver e evoluir. Não sou religiosa e nem sempre creio nessa visão espiritualista, mas a novela não carregou nessa filosofia. Aos poucos os discursos espiritualistas foram se diluindo, desaparecendo, e a novela abordou como foco a filosofia do amor, do perdão, de amar não só os que estão em sintonia conosco, mas de conseguirmos perdoar e nos perdoar, e amar e respeitar até aqueles que são diferentes de nós. Essa lição de tolerância e afeto foi muito emocionante, em um mundo tão cheio de ódios, desigualdades e intolerâncias. Esse diálogo da imagem foi no capítulo final.

E os personagens voltavam em novas funções e novos figurinos. E que figurinos. Amava todos, mas em especial os da Melissa com coletes de teares manuais, incrível utilizarem artesanato brasileiro para a confecção de roupas e objetos. Havia uma confecção na novela, da família da Zilda, interpretada pela Nívea Maria que nessa versão vinha repleta de filhos, com uma família feliz. Ela era mãe do Felipe, Afonso e Severa, que igualmente vem com uns figurinos lindos. Paola Oliveira arrasou de novo com a sua personagem. Júlia Lemmertz continua sua mãe, mais solar nessa versão. Ainda um pouco interesseira, mas é ela que ajuda e não abandona a filha em momento algum. Sempre orientando, mas amando. Linda demais a relação das duas.

Outro trunfo da segunda fase foi a novela ter ainda muitos segredos e dificílimo de serem descobertos. Nós nos surpreendíamos profundamente com os segredos. Logo descobríamos a raiva da filha pela mãe. Vitória e Emília vieram como mãe e filha. A mãe não reconhece a filha porque elas passaram décadas separadas, Nós achamos que a mãe abandonou a filha e por isso a filha a odeia tanto. Mas aí descobrimos as falcatruas do ex-marido da Vitória para se vingar do abandono da ex-mulher. Além do Tempo debateu muito rancor, vingança, posse, ciúmes. Sim, a mãe abandonou a filha pequena para ir viver com outro homem. É doloroso! Mas ela volta para ver a filha um pouco depois e o ex, em seu ódio, diz que a menina morreu de pneumonia porque não suportou o abandono da mãe. Que ele movido pelo ódio tenha feito essa barbaridade, é horrível, mas se ele tivesse um tempo pequeno depois, ou mesmo no dia seguinte pedido perdão e contado a verdade. Mas não, ele alimenta o seu ódio e ainda o transfere a sua filha por décadas, é cruel e monstruoso demais. Irene Ravache arrasa como Vitória, que interpretações. O Albieri é interpretado pelo Juca de Oliveira. A Emília por Ana Beatriz Nogueira e a Lívia, novamente neta de Vitória, por Alinne Moraes.

Como a maioria das novelas das seis, as mulheres são profissionais bem sucedidas. Em Além do Tempo várias são empresárias bem sucedidas, como Emília dona da Beraldine, uma empresa de vinhos filiada no Rio de Janeiro que compra uma vinícola em Bela Rosa para expandir os negócios, como Rosa dona da L´Osteria da Rosa o mais importante restaurante de Bela Rosa. Ela inclusive é uma chefe de cozinha invejada na cidade e é interpretada por uma atriz que adoro, Carolina Kasting, sua filha é interpretada pela linda Klara Castanho. Zilda dona de uma confecção de peças em teares, vendia roupas e peças para hotéis, uma grande confecção. 

E Gema, dona da agência de turismo de Bela Rosa, interpretada pela Louise Cardoso. Ela dividia sociedade com o marido que reencarnou do Faraó na vida passada, interpretado pelo ZéCarlos Machado. Ele era um faraó bom e volta muito mal nessa vida. É a Gema que é excelente profissional, ela promove passeios turísticos em Bela Rosa, sabe liderar bem em equipe. Ele é um encostão, preconceituoso e péssimo pai. O filho é interpretado pelo neto da Irene Ravache, Cadu Libonati que só aparece nessa fase. Ele é sensitivo, gostei que esse aspecto se diluiu na novela e ele vê que foi o fofo filho da Rosa na fase anterior. Raul é um internacional fotógrafo, muito premiado. Ele vai a Bela Rosa com um escritor famoso, de livros sobre vinhos. Raul é interpretado pelo Val Perré e o escritor por Felipe Cardoso, atores que adoro. Chico é o filho da empregada, a mãe morreu e a Gema promete a mãe que vai cuidar dele, e cuida dele como filho. Chico é interpretado por João Gabriel D´Aleluia.


Adorava as crianças, já não tão crianças assim. Essa foto é da confraternização final. Kadu Schons arrasou em cenas fortes e dramáticas. Felipe vem casado com a Melissa e os dois são pais do Alex. Nesse casal há um segredo também, Melissa não sabe de quem é seu filho. Alex sofre na separação com alienação parental que foi muito bem retratada na trama. Adorei que Felícia e a irmã só aparecem depois. Massimo, interpretado por Luís Melo, é um solteirão, teve um romance com Rosa mas não queria compromisso. A irmã de Massimo vai para Bali e envia as duas meninas para ele cuidar. É muito engraçado ele achar que são duas crianças e chegam duas mocinhas. Felícia agora ama moda, ao contrário de sua personagem anterior, é bem fresquinha. Flora Diegues que interpretou a Bianca precisou se afastar da trama. Com fortes dores de cabeça descobriu um coágulo no cérebro, foi submetida a uma cirurgia, passa bem, mas não voltou a trama. Ela tinha um romance engraçado com o personagem do Wagner Santisteban. Foi uma trama de muitas baixas. Alinne Moraes teve infecção urinária, passou o início da segunda fase atuando sentada. E Nívea Maria teve inflamação na garganta e foi afastada, conseguiu voltar no final.

Amava os figurinos da Carola interpretada pela Ana Flávia Cavalcanti. Ela volta manipulável na segunda fase como na primeira, mas consegue se libertar e se tornar uma pessoa melhor. Vários personagens ficaram sozinhos na segunda fase. 

Uma pena que a alegre Rita não tenha tido um par romântico, adoro essa atriz interpretada pela Daniele Fontan. Ela era uma funcionária bem sucedida na empresa turística. Ela cria uma aula de dança com as crianças. Severa, interpretada por Dani Barros também ficou sozinha. Lindíssimos também os figurinos dela.

Anita, depois de ter vivido um lindo casamento na primeira fase, volta mais amargurada na segunda. Gostei de não ser tão esquemática a trama. Ela viu os pais brigarem muito, acha que amor se desgasta, resolve ter friamente um filho com um pai escolhido. Se apaixona por Afonso, mas acha melhor se afastar e ter um filho sem envolvimento afetivo com um homem que também deseja ser pai da mesma forma. Gostei muito da novela abordar de forma madura essas escolhas. Se os dois pais quisessem o mesmo. Mas o Roberto esconde que aceita ser pai sem envolvimento porque acredita poder conquistá-la depois. Adoro a Letícia Persiles. Afonso é interpretado pelo Caio Paduan e Roberto por Romulo Estrela.

Roberto veio como um bem sucedido médico, irmã de uma bem sucedida pediatra. Depois de desistir de ter o filho com Anita, ele recebe resposta que foi aceito no Médico sem Fronteiras, emocionante ver ele com a camiseta da instituição cuidando de um doente. A irmã pediatra também tinha um trabalho social, ela cuidava das crianças do orfanato. Demorei um tempo para lembrar que ela estava na primeira fase, como a primeira esposa do Felipe, adoro essa atriz, a Elisa Brites.

Adorei manterem o segredo da identidade da austera Matilde. Era uma mulher reservada. O prefeito interpretado brilhantemente pelo Carlos Vereza falava o tempo todo se sua austera mulher. Que não podia saber isso, que não podia saber aquilo. No final aparece a maravilhosa Norma Blum, que tinha sido uma freira megera na primeira fase, pelo jeito não melhorou nada. O prefeito também só piorou. Manipulador, interesseiro e pior, não aparecia assim para os outros. Tudo o que fazia era na surdina. Ele promove muitas maldades só porque queria se dar bem. Personagem abominável. Outro personagem que não se regenerou, só foi ficando pior, foi o Pedro do incrível Emílio Dantas que eu já admirava na TV Record. Os tiques nervosos que ele criou para o personagem eram impressionantes.

Fiquei triste que Rosa ficou com o Bento, queria ela com o Massimo. Mas a regeneração do Bento foi muito emocionante interpretado magistralmente pelo Luiz Carlos Vasconcelos. Ele se sentia culpado pela morte da mãe e continua um homem amargurado, rancoroso e ruim. Pelo amor da filha e por amar Rosa, ele acaba tendo ajuda e consegue descobrir que não era culpado da morte da mãe e começa a sua trajetória para ser um homem melhor.

Continuei adorando a personagem da Doroteia. Mais leve nessa fase, ela continua interesseira e mãezona. Ela se torna a principal conselheira da filha. Apesar dos absurdos que a filha faz, ela aconselha, mas nunca a abandona. Um exemplo primoroso de mãe dedicada, que breca a filha quando precisa, mas que a ama incondicionalmente. Também continuou com seus textos impagáveis.

É muito emocionante quando Melissa segura na mão de Lívia para salvá-los. Diferente da primeira fase que Pedro mata Felipe, mesmo que isso mate sua amada. O texto continua incrível quando Melissa conversa com a mãe que diz que ela vai se tratar no Rio de Janeiro. E Melissa diz "o que eu faço para não sentir o que eu sinto". Lindo já que dizem na psicologia que o primeiro passo para mudar é perceber que se precisa de ajuda e ter a percepção que há algum problema. A maturidade do texto de Além do Tempo foi sempre impressionante. Adorei nessa fase que vinham frases dessa ou da outra frase fechando os capítulos. Emocionante o texto de Irene Ravache, que já tinha sido interpretado na novela e terminando com Feliz Natal. Gostei que o texto final foi na voz de Chico Xavier e gostei muito que o texto não era espiritualista e sim sobre o amor:
«Então, é possível, que tenhamos raiva ou que tenhamos ódio, é possível, sem termos direito para isso. 

Porque o ódio que sentirmos ou a cólera que alimentemos recai sempre sobre nós, no sentido da doença, de abatimento, de aflição e só pode nos causar mal, já que deixamos, há muito tempo, a faixa da animalidade para entrarmos na faixa da razão. 

Somos criaturas humanas e por isso devíamos sentir a verdadeira fraternidade de uns para com os outros, sem possibilidade de nos odiarmos, porque os irmãos verdadeiros nunca se enraivecem, uns contra os outros.»





Beijos,
Pedrita

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

O Amuleto

Assisti O Amuleto (2015) de Jeferson De no TelecinePlay. Adorei! Mas convenhamos, o final é bem confuso. O filme é muito bem realizado, tenso, incrível, e no final é só dúvida, deu para ter uma ideia, mas no twitter não entenderam nada também, então o problema não fui eu. O Amuleto é filmado em Florianópolis. No filme poderia ser qualquer cidade. Lindíssimas as locações, belíssima a casa da mãe da protagonista. Adoro esse diretor, adoro esse gênero de filme e esse é muito bom e gosto de histórias de bruxas.

O Amuleto começa com duas bruxas sendo queimadas em uma época antiga. Quem as queima é o personagem do Michel Melamed. Depois no tempo atual uma moça é achada machucada na mata, ela é interpretada pela ótima Bruna Linzmeyer. Começa então duas tramas, o dia do acontecimento e o dia das investigações. Os adolescentes filmaram o passeio, as conversas, muitas provas estão em vídeo nos celulares. Muito interessante! É tenso, inteligente, muito bom. A mãe da protagonista é a maravilhosa Maria Fernanda Cândido. Alguns outros do elenco são: Régius Brandão,  Margarida Baird, Gustavo Saulle, Tiago Mendes, Isadora Damiani, Clara Ferrari e Nathalia Nunes. Daniel Filho faz uma pequena participação.

Beijos,
Pedrita

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Grandes Olhos

Assisti Grandes Olhos (2014) de Tim Burton no TelecinePlay. Não sabia da existência desse filme e muito menos conhecia a triste história da artista plástica Margaret Kane. O filme é muito complexo, a história muito complexa, gostei da condução da trama, incrível. Começa com a pintora saindo de casa com a sua filha. Ela se separa do marido, vai para outra cidade. Consegue um emprego para pintar desenhos infantis em móveis e aos fins de semana vai a uma praça vender seus quadros em geral de crianças com grandes olhos. Ela é interpretada por Amy Adams.

Vou falar detalhes do filme: Na praça ela conhece outro pintor, muito falante, galanteador. Ele é interpretado brilhantemente pelo Christoph Waltz. E é ele que leva os trabalhos dela e dele para frente. A questão é que ele passa a dizer que ele que os pintou. Foram dez anos dele dizendo que ele era o pintor, em entrevistas, matérias na televisão e nos jornais.

É muito interessante quando ela vai a julgamento para tentar a autenticidade das obras, ela diz que só conseguiu o sucesso e a visibilidade graças ao marketing que o marido proporcionava, ele era um homem muito inteligente, muito, mas muito mentiroso, mas muito inteligente. Ele manipulava a mídia com sensacionalismo barato, levava as pessoas as lágrimas e as pessoas queriam os cartazes, não pagar pelos quadros, ele então passa a fazer pôsteres dos quadros e vender muito. Ele e a mulher enriquecem muito. Eu concordo com ela que se fosse por ela, ela venderia um ou outro quadro aqui e ali, na praça, mas a visibilidade, o sucesso, se deveu muito mais as jogadas de marketing, nem sempre éticas, do seu marido. Ela se casa rápido também, porque o marido que ela abandonou ia pedir a guarda da filha. Ela divorciada provavelmente ia perder, na década de 50 mulheres divorciadas tinham pouquíssimos direitos e muito preconceito.
Outra questão muito importante para mulheres que são dominadas e manipuladas pelos maridos é abordada no filme. Ele é muito inteligente e vai devagar afastando todos de sua mulher. É típico de homens que querem abusar da mulher, usar o dinheiro dela, é afastar de todos, afastá-la do convívio social. Assim ela fica frágil, acaba achando normal, que ele faz para o bem, que mulheres não vendem quadros, e isso não é totalmente uma mentira. É muito interessante que são Testemunhas de Jeová que batem a porta, depois que ela separou, que a ajudam a ter força para assumir a assinaturas das obras. Sempre sozinha, ela não tinha coragem. É esse grupo religioso que a apoia, que a ajuda a ter forças. Ela tinha fugido com a filha para o Havaí. E é lá mesmo que ela processa o marido. Mas vemos o tempo todo esse grupo perto dela, esperando ela sair do julgamento, na casa dela, apoiando. O quanto mulheres isoladas perdem a força e o quanto precisam de ajuda de grupos, não importa se com religião ou não, de amigos, ou de familiares, ou grupos de ajuda, para enfrentar e se fortalecer. É uma história e tanto. Ainda no elenco: Terence Stamp, Danny Huston, Krysten Ritter, Jon Pollito, Delaney Raye, Jason Schwartzman e Madeleine Artur. Amy Adams ganhou Globo de Ouro por sua interpretação.

Fiquei muito emocionada no final, quando aparece a Margareth Kane e vi que ela já tinha aparecido em uma cena. Tim Burton é brilhante. O filme é colorido, solar. Muito lindo!

Obra de Margareth Kane

Muita coincidência que os dois últimos filmes vistos tenham olhos no nome e falam de direitos autorais.

Beijos,

Pedrita