Assisti em DVD a minissérie
A Muralha (2000) da
TV Globo. Eu queria muito ver essa minissérie, minha mãe que me emprestou os DVDs. Eu tinha gostado muito do livro homônimo que foi inspirado de
Dinah Silveira de Queirós que li há vários anos. A adaptação foi da
Maria Adelaide Amaral. Nas entrevistas a diretora
Denise Saraceni falou que esse projeto era para a comemoração dos 500 anos do descobrimento.
A Muralha relata um período da história que preferimos esquecer. Bem diferente da história dos Bandeirantes que nos contam no colégio,
A Muralha mostra que dá vergonha a forma como os portugueses tratavam os reais donos da terra, os índios. Corajosa a ideia da
TV Globo de fazer essa minissérie tão sem glamour, com tanta violência e sem herois.
Antes da extração do ouro, os Bandeirantes viviam da captura e venda dos índios para o trabalho. Raramente chamavam os índios de índios, usavam bem mais outros termos: peça, negro e bugre. A Muralha também mostra a pretensão dos jesuítas em catequizar os índios ignorando e desrespeitando a cultura deles. A reconstituição de época é primorosa e vários índios ajudaram nesse trabalho. Na ficha técnica há uma extensa lista de fundações e tribos que ajudaram na constituição da minissérie. Nos bastidores contaram que não só atuaram como fizeram os cenários e figurinos de suas cenas.
O elenco é incrível. Leandra Leal está primorosa como a jovem que vem da corte para o matrimônio do seu noivo desconhecido. Os brancos pediam muito que viessem mulheres de Portugal para que parassem as misturas de raça. Não aceitavam os filhos com os bugres que sempre eram tratados a margem das famílias. Essa personagem chega com mais duas, uma judia interpretada por outra ótima atriz, a Letícia Sabatella e uma meretriz que vinha atrás de casamento, interpretada pela Cláudia Ohana. A Muralha é uma trama de mulheres fortes, guerreiras, que viviam todo o tipo de adversidades, já que os bandeirantes passavam a maior parte do tempo longe de suas famílias e elas precisavam sobreviver a aquele ambiente hostil.
Tarcísio Meira faz o religioso Jerônimo, hipócrita, sádico e ainda amigo do inquisidor da corte de Portugal. Os padres são interpretados pelo Paulo José, Matheus Nachtergaele e Cacá Carvalho. Da família de Don Braz outros ótimos atores: Marcelo Mendonça, Alessandra Negrini, Maria Luísa Mendonça, Vera Holtz, Regiane Alves, Deborah Evelyn, Leonardo Medeiros, Enrique Diaz, Leonardo Brício e Celso Frateschi. Além dos índios, alguns atores se caracterizaram como índios, Maria Maya, André Gonçalvez, Patrick de Oliveira e Stênio Garcia. Na cidade estavam: Pedro Paulo Rangel, Caco Ciocler, Edwin Luisi, Sergio Mamberti e Emiliano Queiroz. Outra família é formada por Carlos Eduardo Dolabella e Ângelo Paes Leme. São muitas participações: José Wilker, Elias Andreato e Beto Bellini. Os figurinos são impecáveis. As mulheres que vem da corte tem as roupas mais bem talhadas, enquanto os da terra, pela dificuldade de tecidos e confecção. tinham panos superpostos, praticamente sem cortes. Eu gostei muito da minissérie, pena que no terceiro DVD se arraste um pouco. A história já estava finalizando e esticaram para manter um prazo e ficou um pouco inverídica. Era muito fácil fugir e não ser achado, quase nada era desbravado. Estranho a facilidade com que achavam fugitivos. Depois no último DVD retoma o ritmo e finaliza bem.
Beijos,
Pedrita