sábado, 13 de janeiro de 2018

A Grande Muralha

Assisti A Grande Muralha (2016) de Zhang Yimou no TelecinePlay. Eu não estava muito animada em ver esse filme, mas vi porque amo esse diretor e só escrevi aqui pelo mesmo motivo. Sim, é lindo visualmente, muito bem realizado tecnicamente, no cinema foi 3D e deve ter sido muito bonito de ver. Mas o roteiro é muito, mas muito chato!!!

Começa mostrando a Muralha da China e dizendo que há muitas histórias e lendas sobre ela e que o filme se baseia em uma de suas lendas. Fiquei pensando se há tantas histórias e lendas porque escolheram exatamente essa tão chata e fantasiosa?O texto conta ainda que a Muralha da China levou 1700 anos para ser construída, gostaria muito de ver ao vivo. deve ser impressionante.
A lenda é sobre uns monstros verdes pavorosos que surgiram após um meteoro atingir a terra. A cada 60 anos esses monstros ressurgem e atacam os chineses. 

Patético o início. O personagem do Matt Damon consegue se salvar do ataque de um, surreal só um atacá-lo se são milhares. Bem mal feito. E mais mal feito ainda ele virar um herói frente a um exército chinês tão bem treinado. Essa superioridade branca é patética. 

Pelo menos nos filmes de hoje as mulheres são também heroínas. Há várias guerreiras mulheres. Elas são alçadas pela muralha para atacar com arpões os monstros. Pelo menos a principal interpretada pela linda Tian Jin ajuda o "herói branco" a matar a rainha dos monstros, terminando imediatamente com todos. Os monstros só existem pela vida da rainha. Mas o filme é cansativo, lutas e mais lutas. Visualmente lindo, mas em 10 minutos já queria que acabasse. Os chineses tem pólvora, algo raro, que os brancos querem. William Dafoe interpreta um branco que está na muralha há décadas, ele vê nos brancos que chegam a possibilidade de conseguir fugir da muralha levando a pólvora, que personagem chato. 
Alguns outros do elenco são: Andy Lau, Hanyu Zhang, Pedro Pascal, Han Lu, Kenny Lin e Eddie Peng.
Beijos,
Pedrita

quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

O Compositor Delirante

Assisti a peça O Compositor Delirante no Espaço Parlapatões. É escrito e interpretado por Daniel Kronenberg. A preparação vocal e corporal é de Gabriel Bodstein. Genial! O texto fala de Ludwig Van Beethoven e suas inquietações.

É impressionante ver um ator criando os delírios de um compositor. Beethoven está no fim da vida, surdo, compondo sua obra prima. Enérgico, intenso, foi muito impactante ver a catarse de um gênio como Beethoven. Montagem inteligente, instigante. Para ter diálogos, Kronenberg criou um telefone onde gênios compositores mortos e musas falam com ele. O ator fala do processo de criação caótico, anárquico. Demais ver alguém falar da genialidade, não falar de lugares limpos e vazios, que só funcionamos na organização. Muito bom ver o contraponto a tudo o que nos impõe ao ser criativo, a aqueles que se sentem bem entre os seus projetos, livros, música e pensamentos, mesmo que caótico a outros olhos. Amei! O Compositor Delirante fica em cartaz até 15 de fevereiro.

Beijos,
Pedrita

quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

Imperium

Assisti Imperium (2016) de Daniel Ragussis no TelecinePlay. Nunca tinha ouvido falar desse filme, soube que foi feito mais para ser visto na televisão. É um filme muito, mas muito desconfortável sobre neonazismo, preconceito, violência e inspirado em fatos reais.

Daniel Radcliffe faz esse policial da FBI que é escolhido para se infiltrar em um grupo neonazista para tentar descobrir onde está o césio que foi roubado e será usado em ataques. Ele é um policial que sofre bullying, todo certinho e precisa se caracterizar para parecer que é um ex-soldado que lutou no Iraque.  Achei muito estranho ele ficar tão seguro de repente. Inicialmente ele se infiltra entre jovens e vai aos poucos mudando de grupos organizados para investigar. O primeiro grupo é daqueles que atacam pessoas em ruas, batem em negros nas ruas, são violentos, depredam. É insuportável ver o rapaz tendo que fingir, indo a passeatas, sendo hostilizado nas ruas, nós sabendo que aquilo o incomoda também, mas tendo que se passar por neonazista também.

Depois ele segue para um grupo armado até os dentes que se prepara para ataques em massa. Um palestrante riquíssimo e escritor de livros racistas muito bem sucedido, que se diz somente simpatizante dos grupos e não atuante na violência. Inclusive ele diz que não é proibido nos Estados Unidos fazer discursos de ódio. E por último, o policial se identifica com uma família racista, mas mais tranquila. O pai não raspa o cabelo, eles tem dois filhos lindos sendo criados como racistas, mas são informados, gostam de música clássica, vivem confortáveis, são afetivos. Aparentemente mais pacatos que os outros. Gostei do filme mostrar que nem sempre é o que parece. Imediatamente identificamos os neonazistas jovens que ele se une, mas embora violentos e perigosos no cotidiano, há outros grupos bem mais disfarçados, que planejam grandes ataques.
No elenco estão Toni Collette, Tracy Letts, Sam Trammel, Nestor Carbonell e Chris Sullivan. Eu particularmente não gostei do discurso final da policial que rotula o agente que se infiltrou. Muito simplista! Interessante que o filme não é simplista, mostra os vários lados dos personagens.

Beijos,
Pedrita

segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

A República dos Sonhos

Terminei de ler A República dos Sonhos (1984) de Nélida Piñon da Francisco Alves. Eu quis ler esse livro depois que a autora em uma entrevista disse que é o livro dela mais traduzido e lido no mundo. E senti uma culpa enorme de eu não ter lido. E também que é uma saga da família Madruga inspirada na família dela que também é de origem galega como o protagonista. Eu adoro livros grandes, sagas, histórias ricas de detalhes. Eu achei esse livro em um sebo por R$ 20,00, bem razoável para 761 páginas de letras pequenas. Agora há uma edição em capa dura da Record com custo bem salgado. O português Carlos Faria do Geocrusoe também leu e comentou aqui.

Obra Casal (2004) de Cristina Canale

Nélida Piñon conta a saga de Madruga, sem ordem cronológica como são as lembranças e os pensamentos, vem fora de hora, no meio da narrativa, pula para outras datas, muito interessante. Gostei demais de A República dos Sonhos. Começa com Eulália, a matriarca, na verdade a família é patriarcal. Madruga é o líder, duro e autoritário. Eulália era dona de casa. Ela está morrendo. O livro passa então em idas e vindas na história da família até sua morte.

Obra Poucos Trabalham - Muitos se Divertem (1987) de Lia Mittarakis

Os filhos são bem diferentes. Alguns morreram. Muitos segredos. Bento é ambicioso. Antônia também casa com um ambicioso. Tobias é revolucionário, bem como a neta Breta. Todos ricos em camadas, sentimentos. Outro fascinante é Venâncio. Ele veio no mesmo navio que Madruga e tornam-se melhores amigos, mas são muito diferentes. Os dois amam Eulália. Madruga é machista e tem casos extra conjugais que ofendem Venâncio que acha que Eulália devia ser respeitada e muito amada.Venâncio é sem ambições, mais tranquilo profissionalmente, muito reservado, pouco se sabe se sua história antes do Brasil. 
Obra Outra Primavera Maravilhosa (2013) de Cybèle Varella

Gostei muito porque em um determinado momento aparece um diário do Venâncio. Ele pede para Eulália cuidar e não ler, por muito tempo ela obedece até que passa a ler. Nós lemos alguns fragmentos, ora lidos pela Eulália, ora por Breta. É incrível porque passamos a ver a família por outra perspectiva por outro olhar. Isso acontece sempre porque alguém dessa família olha e pensa sobre um integrante e sempre por perspectivas diferentes. A República dos Sonhos é fascinante. E muito incrível por manter alguns segredos sem serem revelados. Obra de arte!

As artistas plásticas são do Rio de Janeiro como a autora.



Beijos,
Pedrita