sábado, 3 de outubro de 2015

Eu e Você

Assisti Eu e Você (2012) de Bernardo Bertolucci no Telecine Cult. Sabia que esse diretor tinha lançado filmes recentemente, mas não gosto de ler nada antes de ver. Gostei muito. Esse diretor está entre os meus preferidos e adoro quando ele entra no universo particular de poucas pessoas. Eu e Você é baseado no livro de Nicolò Ammaniti.

Nosso protagonista é um garoto solitário. Ele pouco interage na escola. Vemos ele conversando com um senhor, depois ficamos sabendo que é um psiquiatra. A mãe está radiante porque o filho aceitou ir em um passeio na escola para uma estação de esqui. Claro, o filho enrola a mãe, não dá o dinheiro para o passeio e engana ela que vai. A mãe não repara questões importantes. O filho visita frequentemente a avó por vontade própria, jogam baralho e conversam muito. Adora a avó. Ele só é mais retraído na escola. Eu odiaria que me obrigassem a ir em viagens com a turma toda da escola. Gostava de viajar com amigas da escola desde que fosse uma só e a família dela. Se fossem várias famílias eu não ia querer. O fato de alguém ser mais reservado não significa que tenha problemas de relacionamento. Timidez não é doença. Interessante o diretor falar dessa questão que hoje anda uma neurose, com pais obrigando os filhos a interagem como se fossem extrovertidos e populares. 

O garoto vai em um mercado, conta 7 de vários produtos e no dia da viagem desce onde estará o ônibus, mas volta pra casa e vai passar a semana no porão. Uma graça como ele se organiza. Não vai faltar nada. Está tudo bagunçado, mas ele organiza tudo. Compra até produto de limpeza e limpa o banheiro assim que chega. Só que ele não imagina que a irmã que está afastada aparece. Ela é usuária de drogas, quer ficar no porão com ele para ficar limpa e poder ir para uma fazenda com um namorado. Ela tem crises de abstinência, é muito lindo como o garoto cuida dela, como respeita as dificuldades dela, mesmo eles sendo tão diferentes. O pai casou de novo, ele mora com a mãe, a irmã mora com o pai. Ele fica então conhecendo partes da história que nunca soube. O filme é lindo demais. A relação dos dois é muito bonita. O menino é interpretado por Jacopo Olmo Antinori. A irmã por Tea Falco. A mãe aparece pouco e é interpretada por Sonia Bergamasco. A trilha sonora é incrível, começa com The Cure, tem David Bowie, Arcade Fire, Muse e Red Hot Chili Peppers.

Beijos,
Pedrita

quinta-feira, 1 de outubro de 2015

CD Osvaldo Lacerda Música de Câmara

Ouvi o CD Osvaldo Lacerda Música de Câmara com a soprano Lenice Priolli e a pianista Maria José Carrasqueira. Belíssimo CD. Há participações de outros grandes músicos Toninho Carrasqueira na flauta, Carlos Tarcha e Elizabeth Del Grande na percussão. Lindas obras! A primeira parte é de canto e piano. A segunda flauta e piano. Depois xilofone e piano e por último com o grupo de percussão Ágora tendo como solista Elizabeth Del Grande no Xilofone. O CD traz 11 canções, 6 músicas para flauta e piano, a Suíte para Xilofone e Piano e os Três Estudos para Percussão, todas obras do excelente compositor Osvaldo Lacerda. Eu adoro flauta e xilofone.

Obras do CD:

01 - Ausência (Osvaldo Lacerda - R. Lacerda)

02 - Outra voz outra paisagem (Osvaldo Lacerda - P. Bomfim)

03 - Bilhete àquela que ainda está por nascer (Osvaldo Lacerda - P. Bomfim)

04 - Cantiga de viúvo (Osvaldo Lacerda - C. D. de Andrade)

05 - ''Trovas'' Eu quero bem (Osvaldo Lacerda) Chamaste-me tua vida (Osvaldo Lacerda) Se tu fosses pé de pau (Osvaldo Lacerda) À noite quando me deito (Osvaldo Lacerda) Fui no livro do destino (Osvaldo Lacerda)

06 - O menino doente (Osvaldo Lacerda - M. Bandeira)

07 - Ponto de Oxalá (Osvaldo Lacerda)

08 - Poemeto (Osvaldo Lacerda)

09 - Cantilena (Osvaldo Lacerda)

10 - Toccatina (Osvaldo Lacerda)

11 - Momento Lírico (Osvaldo Lacerda)

12 - Improviso (Osvaldo Lacerda)

13 - Romântica (Osvaldo Lacerda)


Suíte para Xilofone e Piano

Três Estudos para Percussão
Beijos,
Pedrita

quarta-feira, 30 de setembro de 2015

A Pedra da Paciência

Assisti A Pedra da Paciência (2012) de Atiq Rahimi no TelecinePlay. Quando fui a Reserva Cultural ver Um Belo Domingo que comentei aqui, esse filme estava em cartaz. A maioria escolhia esse para ver, eu escolhi o outro. Agora quis ver. Atiq Rahimi é afegão e refugiado na França, um imigrante. Ele é escritor e cineasta, ganhou muitos prêmios com suas obras. O livro que deu origem a esse filme ganhou Prêmio Goncourt. O filme A Pedra da Paciência é muito importante nesse momento para mostrar a precariedade de vida que as pessoas vivem nesses lugares de conflitos e intolerância religiosa.

Uma mulher tem que cuidar do seu marido vegetativo em meio a uma cidade que está sendo bombardeada. E ainda tem que cuidar de suas duas filhas pequenas. O entregador de água não tem aparecido, a farmácia não fornece soro sem ela pagar o que deve, ela faz então soro caseiro com a pouca água que sobra. A família do marido foi embora. A esposa está revoltada. O marido tem vários irmãos que o idolatravam, a mãe do marido tinha adoração pelo filho, mas não pensam duas vezes em largar essa mulher e o marido vegetativo a própria sorte, sem comida, água e dinheiro.
Com muita dificuldade, dias procurando, ela consegue localizar a tia que vive de dormir com homens em troca de pagamento. Ela deixa suas duas filhas com a tia e diariamente vai cuidar do marido na casa já parcialmente destruída. É desesperador quando um tanque aponta para ela e atira na casa. A veracidade dos conflitos no filme é aterrador, muito bem realizado.

Enquanto passa horas com o marido em coma, ela conta a sua história que é igualmente aterradora. Como o pretendente estava na guerra, a cerimônia de casamento é feita com ela e a adaga do futuro marido. Só muito tempo depois é que ela conhece o marido que casou. Para que a pureza dela fosse preservada ela dorme na cama da sogra até o marido que ela só conhece em foto chegue. A condição da mulher nessas sociedades é monstruosa. Ela anda nas ruas de burca. O religioso só vai na casa dela para exigir que ela continue rezando, mas não leva nenhuma ajuda. Ele deve até acreditar, mas de forma leviana diz que se ela rezar incessantemente por 15 dias, o marido acordará depois desse período. Ela acredita e praticamente larga as filhas para rezar direto ao lado desse homem. E claro que ele não acorda. Com o abandono ela começa a questionar e se irritar com esse religioso. Ela não diz isso a ele, mas fala nas conversas com o marido em coma. Essa mulher questiona também a guerra e matar em nome de Alá. Com os relatos dela vemos o quanto eles negam, mas agem escondidos, desrespeitam as mulheres, tudo é pecado, mas agem e pensam com muito pecado. Todos fingem que não percebem e acabam sendo cúmplices das maiores atrocidades cometidas contra as mulheres. A atriz lindíssima é iraniana Golshifteh Farahani. O marido é interpretado por Hamid Djavadan. A tia por Hassina Burgan. O jovem soldado por Massi Mrowat.

Beijos,
Pedrita

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Questão de Família - 1ª Temporada

Assisti Questão de Família - 1ª Temporada de Sérgio Rezende na GNT. Localizei essa série no Now, em séries. Tinha uma certa curiosidade porque as propagandas na época em que foi exibida eram interessantes. Gostei bastante. A cada episódio um processo judicial acontece. Eduardo Moscovis interpreta um juiz da vara da família. Sem ser didático, acabamos aprendendo um pouco as instâncias. No departamento dele, as pessoas lutam por reconhecimento de paternidade, tentam conseguir a guarda de filhos, resolver inadimplência de pensões. O juiz deixa claro em alguns momentos que essa vara não resolve questões financeiras de herança. Caso algum filho consiga o reconhecimento de paternidade e quiser a herança, terá que iniciar outro processo que será julgado em outro departamento.

Esses casos solucionados a cada capítulo tem um olhar bem otimista. Uma avó não aceitava o pedido de guarda da criança pela esposa não-oficial de sua filha que morreu. Era bem intolerante, dificulta o trabalho da justiça, mas ao perder a guardar e sair do fórum, abraça a esposa da filha, fica amiga. Achei bem artificial. Essa avó é interpretada pela Suely Franco. Bonito a forma como o tema foi tratado, mas um pouco forçado o desfecho amigável. São bem diversificados os temas, mostrando as novas formações familiares.

Ao contrário dos casos resolvidos a cada capítulo, a história do juiz é bem mais sombria. De uma família desajustada, o juiz tem seu pai em coma no hospital assassinado. Começa então a investigação. Esse caso passa a primeira temporada inteira. O juiz é separado, lindas as meninas que fazem as suas filhas. Está com um romance superficial com duas mulheres, mas realmente gosta da juíza que teve algum desentendimento. Seu irmão está em tratamento em uma clínica de drogas totalmente ineficiente. Em flashback vemos os dois irmãos na infância assistindo os conflitos dos pais. A mãe linda, volte e meia tem casos extraconjugais, o pai fica então violento. O juiz tem uma verdadeira adoração pelo pai e via a mãe com outros homens. O irmão mais novo tem verdadeira adoração pela mãe e não suportava o pai violento.

O elenco é muito bom. A ex-mulher é interpretada pela Georgiana Góes. A juíza pela Malu Galli. A advogada por Luiza Mariana. A vizinha por Bellatrix. O pai por Eduardo Galvão. A mãe por Juliana Martins. O irmão por Iano Salomão. O promotor por Pablo Sanábio. O detetive por Pedro Brício. As duas meninas são Giovannas, uma Estefanio e outra Maluf. Roberto Brindelli faz o advogado da família do juiz.

A cada episódio atores participam para as cenas de julgamentos da vara da família. Infelizmente Questão de Família comete os mesmos erros ainda da TV Globo. Negros fazem sempre pobres, filhos de empregada, jogadores de futebol, moradores de comunidade. Até há advogados negros, mas eles só defendem os negros. Há uma negra que senta com o juiz, mas não há o nome nem foto da atriz no site da série nem em outro lugar. Negros em papéis de negros. Sérgio Malheiros está em um desses personagens e faz o filho da empregada. Na TV Record ele teve papéis fora desse esteriótipo. Vanessa Lóes atua grávida e interpreta uma advogada participando de dois episódios. Alguns atores convidados foram Rita Guedes, Letícia Colin, Dedina Bernadelli, Peter Brandão, Rodrigo dos Santos, Paulo Reis, Márcia Cabrita, Ernani Moraes e Bernardo Marinho.



Beijos,
Pedrita

domingo, 27 de setembro de 2015

A Travessia

Assisti A Travessia (2011) de Jérôme Cornuau no Max. Na verdade tinha gravado esse filme há um tempinho. Gostei, é um bom filme que é uma co-produção entre França, Luxemburgo e Bélgica. A mãe e a filha viajam para uma bela praia. A filha quer gravar tudo para mostrar ao pai. A mãe é violoncelista, está ensaiando na praia e a filha está gravando o lindo lugar e contando ao pai. E ela desaparece.

O pai é um homem preconceituoso, mimado e arrogante. Dois anos se passam e ele interrompe o concerto de sua ex-mulher para acusá-la de ser insensível e continuar vivendo a vida dela. Ela é violoncelista, é o trabalho dela, precisa sobreviver, um absurdo ele achar que é errado ela continuar se sustentando com o que faz e julgar que ela não sofra o desaparecimento da filha. Ele é interpretado por Michaël Youn. A mãe por Émilie Dequenne. Uma associação entra em contato e diz que a menina apareceu. A mãe não vai com o pai buscar a criança, interpretada por Pauline Haugness.

Voltando com a filha ele se depara com uma cantora pop interpretada pela Fanny Valette. O filme fica bem fantasioso a partir desse momento. Ficamos na dúvida se realmente o pai achou a menina, ou é delírio dele. 



Beijos,
Pedrita