sexta-feira, 19 de novembro de 2021

I May Destroy You

Assisti a série I May Destroy You (2020) de Michaela Coel na HBO Go. Micaela foi a primeira negra a ganhar Emmy de Melhor Roteiro e no discurso de premiação pediu por mais séries desconfortáveis. E é isso, essa série é desconfortável. E urgente, já que fala sobre traumas diferente dos estereótipos, de modo realista.
 

A protagonista é uma escritora de sucesso. Ela acaba de voltar da Itália onde estava com o namorado (Marouane Zotti) e vai comemorar com os amigos em um bar. Ela acorda no dia seguinte sem lembrar o que aconteceu. Em flashes, vai lembrando que foi dopada e estuprada. Ela tem pouca lembrança. Então começa o tratamento com polociais especializados em estupro e mulheres, psicólogos, grupos de ajuda. O roteiro é inspirado na própria Micaela que sofreu abuso.

Importante mostrar várias formas dos traumas agirem nas pessoas. Bella passa por vários momentos. Logo, e muito compreensível, passa a ter bloqueio criativo e claro que seus empresários e editores não entendem e a pressionam. Em um determinado momento ela acha que precisa expor o que passou, e de modo agressivo e compulsivo, passa a postar e falar com pessoas que passaram traumas semelhantes. Imagino o quando os editores devem tê-la julgado, já que ela vivia em bares, festas, mas nós, os amigos e a psicóloga, percebemos que ela não está bem que ela continua mal. Que esse comportamento é do trauma, que ela não está se divertindo e feliz, que ela continua sofrendo.
Ela julga e maltrata inclusive o seu amigo (Paapa Essiedu) que também sofre violência sexual. Ela duvida da dor dele. Ele também não tem um comportamento que a sociedade espera de um sofredor, ele compulsivamente passa a sair com vários homens que mal conversa por aplicativos ou lugares que passa. Outras amigas são interpretadas por Weruche Opia e Harriet Webb.

O fim é muito inteligente. Começamos a achar que tudo se esclareceu, mas aí percebemos que a roteirista deu várias possibilidades e que talvez nenhuma possa ter acontecido. Pode ser que Bella nunca descobriu quem a dopou. Lindo quando ela se despede do seu trauma, me emocionei. Ela consegue publicar o livro que fala da sua experiência, mas no modo independente, porque quem ganhou muito dinheiro com o primeiro livro dela, virou às costas quando ela precisou de ajuda e acolhimento. Que série profunda!
Tem merecido todos os elogios e os inúmeros prêmios que vem recebendo.

Beijos,
Pedrita

8 comentários:

  1. Comecei a ver mas já tinha passado o primeiro episódio. Decidi assistir do começo. Vamos ver se consigo, caso entre em algum serviço de streaming ao qual eu tenho acesso.

    ResponderExcluir
  2. Acredito que seja uma série com detalhes interessantíssimos de ver..
    .
    Cordiais saudações … feliz fim-de-semana
    .
    Pensamentos e Devaneios Poéticos
    .

    ResponderExcluir
  3. Boa tarde. Infelizmente isso acontece com muitas mulheres. Obrigado pela dica. Bom final de semana.

    ResponderExcluir
  4. Excelente a série!
    Fiquei emocionada com o final
    Tbm achei muito triste o fato do amigo não ter tido acolhimento necessário pelo simples fato de acharem que não se tratava de violência
    Importante trazerem os fatos para discussão e as tintas da realidade deram o tom preciso

    Bjs Luli

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. luli, complexa e incrível. sim, a protagonista estava com raiva dos homens, então julgou mal o amigo. muito triste. sim. exatamente.

      Excluir

Cultura é vida!