domingo, 21 de outubro de 2012

Sefarad

Terminei de ler Sefarad (2001) de Antonio Muñoz Molina da Companhia das Letras. Comprei esse livro em um sebo, sem ter ideia do autor e sua obra, comprei no escuro, mas como confio nessa editora e gosto da qualidade dos autores, resolvi adquirir. Gostei demais! São várias histórias entrecortadas, fragmentadas como suas vidas. Todas tem algo em comum, a solidão, o exílio, a tristeza de um destino que não se escolheu, que foi imposto. O trecho da capa diz: "Sefarad é o nome bíblico da terra ibérica onde, por mil anos, viveram os judeus sefaraditas, até serem expulsos, na primavera de 1492. A palavra tornou-se símbolo do exílio, que não foram poucos num século XX pródigo em totalitarismo, ditaduras e guerras, com milhões de pessoas deslocadas, perseguidas e desarraigadas."

Obra Femmes Lisant (1934) de Pablo Picasso

Muitas das histórias entrecortadas foram dilaceradas pela guerra. Judeus que foram apartados de seus familiares que seguiram para campos de concentração, sem saber o que aconteceu com eles. Judeus que fugiram e se afastaram dos seus parentes.  Separações por prisões nas ditaduras. Mas Sefarad também traz histórias de separações dos dias atuais, ou por morte de quem amamos, ou porque alguém que amamos resolveu ir para outro país. São muitas separações e dores. Os personagens estão sempre muito envolvidos em dor, arrependimento, culpa e desilusão. Há inclusive um soldado alemão que tem vergonha de suas lembranças da guerra, porque preferia fingir que não sabia o que iam fazer com os judeus, sabia pouco, mas será que sabia pouco porque queria fingir que não sabia? Um alemão consumido pela culpa. Gostei demais do estilo do autor, fiquei muito tocada com a obra, envolvente, mas triste.

Obra Terras e Paredes (1964) de Godofredo Ortega Muñoz

Anotei alguns trechos de Sefarad de Antonio Muñoz Molina:

“Fizemos a vida longe de nossa cidade pequena, mas não nos acostumamos com sua ausência, e gostamos de cultivar sua nostalgia quando já estamos há algum tempo sem voltar, e às vezes de exagerar o sotaque, quando falamos entre nós, e usar as palavras e expressões vernáculas que fomos amealhando com os anos, e que nosso filhos, tendo-as escutado tanto, mal compreendem.”

“A gente sempre quer que as histórias terminem, bem ou mal, que tenham um fim tão claro como seu princípio, uma aparência de sentido e simetria. Mas na verdade, pouquíssimas coisas se concluem de vez, a não ser pelo acaso ou pela morte, e outras não chegam a acontecer, ou se interrompem quando estavam começando, e delas nada resta, nem na memória distraída ou desleal de quem as viveu.”

Tantos os pintores bem como o compositor são espanhóis.



Beijos,
Pedrita

7 comentários:

  1. Não conhecia, mas já gostei e vou querer ler.

    Que lindas as imagens que você escolheu para o post!

    ResponderExcluir
  2. Hey, Pedrita, tudo bem?

    Eu não conhecia esse livro, mas pelo seu post ele me parece ser bom mesmo. No entanto, acho que não é recomendado pra mim. Confesso que sou meio depressiva e livros assim acabam me deixando pra baixo muito fácil... rs. Lembro de que quando eu li "As Horas", de Virginia Wolf, levei semanas pra ficar bem, porque o livro acabou comigo... rs. #GenteLouca

    Beijocas e boa semana pra vc!

    ResponderExcluir
  3. Gostou do final da novela?? Beijos

    ResponderExcluir
  4. bruxa, acho q vai gostar. eu escolhi pintores espanhóis como o autor.

    sandra, eu adoro virgínia woolf, mas não gostei nada de as horas. achei q o autor esteriotipou a escritora. esse livro é muito bom.

    ana, na verdade odiei a carminha virar santa. tecnicamente e psicologicamente impossível. não segui a novela, acompanhei pouco, pq não me atraiu embora ache o autor muito genial e o texto ser muito bom.

    ResponderExcluir
  5. Amei esse livro. Olha só, quem diria que vc estava comprando um livro tão bom, né? Adoro fazer isso também e acabo comprando coisas boas também. Vou procurar para comprar. Boa dica
    Beijos
    Adriana

    ResponderExcluir
  6. adriana, tb gosto de experimentar. eu adorei esse livro.

    ResponderExcluir
  7. Parece ser um livro muito interessante.

    Gostei das pinturas...

    Bjos

    ResponderExcluir

Cultura é vida!