domingo, 27 de novembro de 2011

Cruz e Sousa - O Poeta do Desterro

Assisti Cruz e Sousa - O Poeta do Desterro (1998) de Sylvio Back no Canal Brasil. Vocês não imaginam como sonhava ver esse filme, achava inclusive que era mais antigo. Soube dele há uns anos e perdi uma vez que passou nesse canal. Todo o texto são os poemas de Cruz e Sousa. Esse filme é uma obra de arte, de beleza, interpretação, direção, fotografia, originalidade. Que beleza! Foi uma noite especial dedicada a Cruz e Sousa e a essa obra. Passou primeiro o filme e depois o making of. Logo no início passam escrito na tela um resumo da obra de Cruz e Sousa, todo o restante é relatado pelos poemas. Começa com Cruz e Sousa morto, em um vagão de carga no trem sendo trazido para ser velado no Rio de Janeiro. Cruz e Sousa estava vivendo, na verdade tentando sobreviver a uma tuberculose em Minas Gerais, mas não resistiu. É sua mulher que está com ele em todos os momentos.

Cruz e Sousa era filho de escravos alforriados. Foram os patrões dos pais que deram a ele todo o estudo e a formação que ele teve. O quanto é importante investir em formação e estudo para que as pessoas sem recursos possam prosperar ou mesmo se tornarem um gênio como esse poeta. Eu sempre amei os poemas de Cruz e Sousa. O poeta é interpretado brilhantemente por  Kadu Karneiro e sua esposa pela incrível Maria Ceiça. Obviamente que Cruz e Sousa sofreu muito preconceito, viveu praticamente na miséria.

O elenco todo é muito bom. Léa Garcia interpreta a mãe de Cruz e Sousa. Guilherme Weber é um dos amigos do poeta. Danielle Ornellas uma de suas musas, belíssima, inclusive é o primeiro filme que ela atua. Outros do elenco são: Carol Xavier, Jaqueline Valdívia, Luigi Cutolo, Marcelo Perna, Ricardo Bussy, Cora Araujo Ostroem,  Julie Phillipe dos Santos e João Pinheiro. Desse diretor eu vi outro incrível filme, outra biografia, a de Lost Zweig que comentei aqui. Também vi o maravilhoso Aleluia Gretchen, mas esse ficou nos blogs antigos.


FLOR DO MAR
Cruz e Sousa

És da origem do mar, vens do secreto, 

do estranho mar espumaroso e frio 
que põe rede de sonhos ao navio 
e o deixa balouçar, na vaga, inquieto. 
Possuis do mar o deslumbrante afeto, 
as dormências nervosas e o sombrio 
e torvo aspecto aterrador, bravio 
das ondas no atro e proceloso aspecto. 
Num fundo ideal de púrpuras e rosas 
surges das águas mucilaginosas 
como a lua entre a névoa dos espaços... 
Trazes na carne o eflorescer das vinhas, 
auroras, virgens músicas marinhas, 
acres aromas de algas e sargaços...

Há outros poemas nesse trecho do filme no vídeo.



Beijos,
Pedrita

4 comentários:

  1. Pouco a pouco a obra imensa e inexplorada de artistas e escritores de origem escrava vai sendo resgatada e tendo seu lugr merecido em nossa história. Isso eu vejo como muito positivo para a formação da identidade real da nação brasileira. Abraço Pedrita e ótima semana.

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  2. Que achaaaado, Pedrita.

    Já estive aqui hoje cedo e fiquei lendo os posts que nao li semana passada.

    Nao conheco, mas pelo video é do jeito que eu gosto, rs.

    Adoro estes tipos de filmes ou séries.

    Bjao e uma linda semana pra vc

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  3. Pedrita querida,

    Desconhecia a existência desse filme. Já vou procurar. Obrigada por partilhar com uma apresentação rica e linda.
    Girassóis nos seus dias. Beijos.

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  4. cacá, eu gosto muito que façamos filmes sobre fatos e momentos brasileiros.

    georgia, acho q vai gostar.

    celina, esse filme foi lançado em uma época que os filmes saíam praticamente desconhecidos. a distribuição ainda é difícil, mas já melhorou um pouco, auxiliada pela replicação na internet. filmes independentes tem mais "sorte" hj. e o canal brasil ajuda muito nesse esquecimento.

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