Mostrando postagens com marcador José Saramago. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador José Saramago. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 27 de abril de 2015

O Homem Duplicado

Assisti O Homem Duplicado (2013) de Dennis Villeneuve no Telecine Play. Eu olhava pelo controle remoto os filmes disponíveis no TelecinePlay, fiquei curiosa por esse. É absolutamente genial! Mas surreal! Um belo suspense impossível, sem respostas. Incrível. O diretor é canadense. O nome original do filme é Enemy, é uma co-produção entre Canadá e Espanha e é baseado no livro de José Saramago que quero ler.

Nosso protagonista é um pacato professor de história universitário. Logo no início o texto da aula fala das ditaduras que mantém a educação baixa para poder manipular. Em um almoço na sala dos professores, um colega fala de um filme. Ele vai na locadora e assiste. Ele tem também uma relação pacata. Um namoro morno com uma bela moça. Ela vai a casa dele, eles se beijam, ela faz a janta, e eles transam, sempre tranquilamente. Dormindo ele lembra de uma cena do filme e resolve procurar. E lá está um personagem em um pequeno papel em um hotel e tem a cara dele. Muito bem feito ele procurando o nome do ator, como eu mesma faço quando não são protagonistas. Pegamos o nome do ator e vamos vendo as fotos para ver quem é. Até que ele acha e sim, é igual a ele.

Ele fica então obcecado pela vida do outro, depois essa obsessão se inverte. Muito interessante também as locações, em prédios, vários iguais, com apartamentos iguais. Bonitos, espaçosos, mas totalmente iguais. Enemy é bastante lento, inteligente, mas o tempo do suspense é genial. Quase desisti no início, lembrava o outro filme surreal que vi, mas por sorte depois fica mais normal. Gostei demais! Jake Gylenhaal faz O Homem Duplicado, eu gosto muito desse ator. As duas mulheres são interpretadas por Mélanie Laurent, atriz que adoro e Sarah Gadon. Isabella Rossellini é a mãe de um deles. O Homem Duplicado ganhou muitos prêmios, principalmente em festival de críticos.

Beijos,
Pedrita

sábado, 15 de agosto de 2009

Ensaio Sobre a Cegueira

Assisti Ensaio Sobre a Cegueira (2008) de Fernando Meirelles no Telecine Premium. Vocês não imaginam o quanto aguardei esse filme. Eu tinha ficado muito impactada com o livro do José Saramago, tinha tido uma dificuldade enorme de continuar a leitura tanto que me revirou por dentro, que imaginava como poderia ser o filme. E imaginava que Fernando Meirelles era uma das decisões mais acertadas para a sua adaptação. E não me enganei. É absolutamente impressionante! Eu acompanhei desde a primeira notícia da adaptação, vi entrevistas no Canal Brasil. Como aguardava esse filme. Mas mais um daqueles que estreia quando não tenho tempo pra nada. Até quando tive tinha saído do cinema que conseguiria dar uma corrida pra ver. Fiquei estupefata quando soube que ia estrear no Telecine Premium. Achei que seria na Super Estreia, mas só recentemente que soube que seria nessa sexta-feira.

Fernando Meirelles está entre meus diretores preferidos, ele é absoluta-mente genial. Eu imaginava a dificuldade que seria para adaptar essa obra tão indigesta, mas esse diretor foi brilhante em tudo. Lembro de uma entrevista em que ele insistiu que seria a Julianne Moore a ser a única que enxergava. Mas ela é perfeita, que atriz. A fotografia de César Charlone busca o branco, exatamente como imaginava no livro. É uma cegueira branca. Então tudo é muito branco, a luz é muito branca. Como todos vão ficando cegos, há a perda da dignidade, e me horrorizou no livro enxergar nós humanos tão sórdidos e nojentos no momento em que não temos como viver dignamente. Lembro que o Fernando Meirelles disse que fez várias edições. Que a primeira teve um índice altíssimo de rejeição. O livro me causou muita rejeição e foi muito difícil prosseguí-lo. Imagino que o Fernando Meirelles precisou atenuar muito a sua obra para que ficasse suportável, porque é absolutamente insuportável esse texto.


Ensaio Sobre a Cegueira é uma co-produção entre Brasil, Canadá e Japão. Li que o Saramago queria que o filme não parecesse que fosse realizado em algum país específico. E o Fernando Meirelles conseguiu exatamente isso. Eu sei algumas locações porque vi algumas matérias, mas a edição traz vários lugares, cenários e montagens. Outro aspecto interessante é que os atores são de vários países. Imagino que a exigência tenha sido que todos fossem bons em inglês. O elenco é excelente. Gosto demais da Alice Braga, Mark Rufallo é muito bom. Gael García Bernal faz um dos piores personagens do filme. Ele está excelente no papel do homem sem escrúpulos e insuportável. Como muitas pessoas diferentes vão ficando cegas, há muitos atores no elenco. Alguns que continuam nos papéis principais são: Danny Glover, Yusuke Iseya, Yoshino Kimura, Don McKellar, Maury Chaykin e Susan Coyne. Depois a lista de participações é imensa: Douglas Silva, Fernando Macário, Eduardo Semerjian, Sandra Oh, Susan Coyne, Billy Otis, Joe Pingue, Otávio Martins, João Velho, Oscar Hsu, entre muitos outros.Ensaio Sobre a Cegueira ganhou troféus Oscarito no Grande Prêmio Cinema Brasil de Melhor Maquiagem, Melhor Fotografia, Melhor Direção de Arte e Melhores Efeitos Especiais.

Youtube: Blindness Trailer



Beijos,

Pedrita

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Os Livros da Minha Infância

A Ematejoca me convidou a participar da blogagem sobre Os Livros da Minha Infância. Como estava com posts tristes na seqüência, achei esse ideal para ser o post de Natal do Mata Hari e 007. Nada melhor para comemorar o Natal com livros. E que todos dêem e ganhem muitos livros nesse Natal. E caso estejam com pouca verba, lembrem-se que há muitas bibliotecas gratuitas que podem fazer a felicidade e a magia de cada um. Ou encontrem parentes e amigos generosos em emprestar livros e desfrute-os, cuide e devolva-os intactos num breve espaço de tempo.

Obra Le Chemin de Fer (1872-73) de Edouard Manet

Mas vamos ao post: Minha mãe comprava bastante livros infantis. Nós viajávamos às vezes e em dias de chuva íamos comprar livros para passar o tempo. Eu sempre amei duas histórias e me emociono até hoje com elas: O Patinho Feio e Heidi. Tínhamos uma coleção que era vendida em bancas, com capa dura colorida, uma foto bonita e Heidi era minha paixão. A escola foi a que mais atrapalhou esse processo. Aos 10 anos uma professora insana obrigou a classe a ler Luzia Homem. Não imaginam o quando fiquei chocada com aquela história. Isso porque era um momento tão moralista, as pessoas tão cheias de pudores. Às vezes acho que ela nem sabia do que se tratava. Nesse período os livros para moças da minha avó fizeram bem mais efeito no meu imaginário com as lindas obras Mulherzinhas e O Sheik.

Mas foi Agatha Christie a grande responsável pela minha paixão por livros. Minha mãe lia mais ou menos, não eram obras clássicas, mas assim que ela viu que devorávamos os livros da Agatha Christie das prateleiras começou a nos presentear com vários nos aniversários e no Natal. Nessa época li ainda Pássaros Feridos, Dom Casmurro, Corações de Vidro e algumas obras de Richard Bach. E a biblioteca do colégio foi outra grande companheira. Foi um professor de matemática que indicou uma obra do Lin Yutang. Aí surgiu uma vizinha, as encantadoras vizinhas, que sócia do Clube do Livro era "obrigada" a comprar um livro por mês. Ela não era uma devoradora deles, nem entendia muito deles. Lia lá as propagandas da revista do Círculo do Livro, que romanceava quase todas as sinopses e os comprava. Ela então deixou que eu pegasse livros ainda no celofane, que ela nunca veio ler depois de abertos e foi aí que as obras começaram a ficar mais clássicas. Dela que li Ilusões Perdidas do Balzac. Nessa época que uma dessas coleções de banca enviou um catálogo com muitos livros a preço de banana. Como se fossem de R$ 1,00 a R$ 5,00 de hoje. E pedi inúmeros, sem nem saber o que pedia, escolhi no escuro. Vieram então: Relações Perigosas do Choderlos de Laclos, Vermelho e Negro de Stendhal. Foi nessa época também que minha mãe me presenteou com As Brumas de Avalon que devorei.


Passada a adolescência, fiquei muito tempo sem poder comprar livros, que dirá na velocidade que precisava lê-los e foram as bibliotecas os lugares mais mágicos para liberar minhas fantasias. Era sócia de 6 bibliotecas na época. A que gostava mais era a do Sesi no prédio da Fiesp na Avenida Paulista, porque era a que tinha livros mais recentes. Bibliotecas muitas vezes trazem livros mais antigos e daqueles que todo mundo já leu. Essa não era assim. Li que hoje não está mais lá. Bastava levar uma conta de luz, era possível ligar para atrasar a data da devolução, desde que não fossem livros com lista de espera. Então eu evitava livros indicados para vestibulares e conseguia esticar se necessário o tempo de leitura. Foi lá que descobri Italo Calvino, que li a biografia do Freud por Peter Gay, que li muito Saramago. Toda essa peregrinação fez eu achar um livro um dos melhores presentes para dar e ganhar em qualquer data. Foi nessa época que comecei a anotar listas e listas de livros que precisamos ler na vida, inclusive uma extensa do Paulo Francis e comecei a nortear melhor minhas leituras.
Hoje consigo comprar livros com mais regularidade. Com minha irmã também, fazemos um bom intercâmbio de leituras. O Submarino foi um bom companheiro e o Sebo Alternativa no centro de São Paulo. Não chega a ser um dos sebos mais bem equipados, mas tem colaborado muito nas minhas aquisições. Recentemente somei ao Submarino a Fnac que traz às vezes preços incríveis. Minhas listas de livros que me aconselham a ler aumentaram consideravelmente. Eu e minha irmã passamos a ler os autores que ganharam no Nobel e o Paisagens da Crítica me traz inúmeras sugestões de Literatura Contemporânea.

Desejo a todos vocês um Natal com uma árvore recheada de livros ou ao menos de sonhos. Não esqueçam que as bibliotecas gratuitas podem rechear esses sonhos com muita imaginação.
Ah, esqueci, preciso indicar pessoas pra participar. Fiquem a vontade se desejarem declinar o convite:
Os Incansáveis - já respondeu
Paisagens da Crítica
Marion
Pensieri
Saia Justa
O Tempo Redescoberto
Letras com Chocolate - já respondeu
Por entre letras - ele está de férias, deverá demorar para escrever, mas acho que vai gostar da brincadeira. - já respondeu
Beijos,


Pedrita

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Todos os Nomes

Terminei de ler Todos os Nomes (1997) de José Saramago da Companhia das Letras. Peguei esse livro emprestado da minha irmã, eu adoro esse autor e gostei demais de Todos os Nomes. Me lembrou bastante O Processo e O Castelo de Kafka. Minha irmã igualmente se surpreendeu com a genialidade de José Saramago, de onde tiraria tanta imaginação e criatividade. O livro que li não é o dessa capa, é da primeira, cinza, e que gosto muito.

Obra de Abreu Pessegueiro

Nosso protagonista trabalha na Conservatória Geral do Registro Civil. É um funcionário exemplar dentro daquele ambiente burocrático e repetitivo. Lida eternamente com os nomes, faz os verbetes, tudo impessoal e distante. Ele é solitário e mora em um quartinho na própria Conservatória. Um dia fica curioso pela pessoa do verbete, quem será? Começa então uma peregrinação para saber o paradeiro daquele mulher, colocando em detrimento o seu honrado serviço, criando suspeitas. Toda essa busca e a Conservatória é muito surreal, mas tão próxima da burocracia dos dias de hoje, onde somos verbetes e números. O texto é complexo e incrível!

Obra de Eduardo Nery

Eu bebi cada gota do maravilhoso texto de José Saramago. Todos os Nomes é incrível em cada momento único. Me surpreendi com a reunião do supervisor da Conservatória sobre os vivos e os mortos. É muito surreal! Apesar dele falar da colocação dos verbetes dos vivos e dos mortos, é um texto magnífico e muito surreal sobre a morte. A cena no cemitério também é incrível. Absolutamente surpreendente os textos sobre vida e morte e toda a subjetividade e surrealidade.

Obra O Bejio de Maria Helena Pais de Abreu

Anotei alguns trechos de Todos os Nomes de José Saramago, mas é uma obra pra ser ler na totalidade, linha por linha, todos os seus raciocínios ou ausências deles:

“Por cima da moldura da porta há uma chapa metálica comprida e estreita, revestida de esmalte.”

“Além do seu nome próprio de José, o Sr. José também tem apelidos, dos mais correntes, sem extravagâncias onomásticas, um do lado do pai, outro do lado da mãe, segundo o normal, legitimamente transmitidos, como poderíamos comprovar no registro de nascimento existente na Conservatória se a substância do caso justificasse o interesse e o resultado da averiguação pagasse o trabalho de confirmar o que já se sabe.”

“Em primeiro lugar, é uma absurdidade do ponto de vista arquivístico, considerando que a maneira mais fácil de encontrar os mortos seria poder procurá-los onde se encontrassem os vivos, posto que a estes, por vivos serem, os temos permanentemente diante dos olhos, mas, em segundo lugar, é também uma absurdidade do ponto de vista memorístico, porque se os mortos não estiverem no meio dos vivos acabarão mais tarde ou mais cedo por ser esquecidos, e depois, com perdão da vulgaridade de expressão, é o cabo dos trabalhos para conseguir descobri-los quando precisamos deles, como também mais tarde ou mais cedo sempre vem acontecer.”

“Diga lá, Se for certo, como é minha convicção, que as pessoas se suicidam porque não querem ser encontradas, estas aqui, graças ao que chamou a malícia do pastor de ovelhas, ficaram definitivamente livres de importunações, na verdade, nem eu próprio, mesmo que o quisesse, seria capaz de lembrar-me dos sítios certos, a única coisa que sei é o que penso quando passo diante de um desses mármores com o nome completo e as competentes datas de nascimento e morte.”

Todas as telas são de pintores portugueses.

Música do post: Acordai de Fernando Lopes-Graça (É preciso apertar o play)

Beijos, Pedrita