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quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

Simonal

Assisti Simonal (2019) de Leonardo Domingues no TelecinePlay. Queria muito ver esse filme, conhecia muito pouco a vida do Simonal. O Brasil se especializou em filmes sobre os nossos músicos e acho que temos muitas histórias ainda pra contar.

Simonal surgiu na década de 60, tinha um grupo e teve a proposta do Carlos Imperial (Leandro Hassum) pra trabalhar com ele e cantar de vez em quando. Simonal vai fazendo a sua própria carreira, é convidado por Miele (João Velho) pra cantar em um bar badalado, depois para ter um programa de televisão. Eu fiquei muito emocionada com as músicas, porque várias não sabia que era ele que cantava. Minha mãe cantava várias e fiquei muito emocionada com a lembrança. São muitos números musicais. Fabrício Boliveira é dublado com a voz de Simonal. Gostei também que em alguns momentos colocavam trechos de vídeo com o próprio Simonal, fotos.

Era o início da televisão. Alegre, comunicativo, com músicas divertidas e com muito swing, caiu no gosto popular. Fabricio Boliveira está maravilhoso! Como amo esse ator. Simonal tinha personalidade forte, intempestivo, acabava se atrapalhando em administrar a sua carreira. Tinha uma equipe, mas era muito independente. Vendo o dinheiro entrar de modo abundante, gastava sem cerimônias. Uma sucessão de atos impensados o coloca em uma situação insustentável e a classe artística é impiedosa com os desatinos graves que o músico provoca.
Entendo a dificuldade de perdoar o músico na época depois de tantos desatinos. Um tempo depois talvez ele conseguisse retomar, mas como acontece na música popular, os ídolos e estilos são outros. Muitos músicos dessa época de Simonal tiveram dificuldade de continuar suas carreiras quando outros ritmos ganharam o público. Muitos continuaram cantando os hits que fizeram sucesso, outros tentaram se adaptar ao gênero novo, mas mesmo assim, passaram a ter muita dificuldade pra conseguir shows, ganhar um pouco e estar em evidência. Acho que na hora que Simonal poderia ter retomado a carreira de modo mais tímido, o público já estava em outras paradas. Tanto que o filme cita Sergio Mendes e mostrou Jorge Benjor, os dois vivem fora do Brasil
O elenco todo é muito bom. Isis Valverde interpreta a esposa Tereza Pugliesi. Alguns outros do elenco são Fabricio Santiago, Caco Ciocler, Mariana Lima, Silvio Guindane, Dani Ornellas, Bruce Gomlesvky e Letícia Isnard



Beijos,
Pedrita

segunda-feira, 11 de novembro de 2019

O Banquete

Assisti O Banquete (2018) de Daniela Thomas no Canal Brasil. Eu tinha ouvido elogios a esse filme, mas não tinha ideia que é tão bom.

Já começa instigante nos minutos iniciais. O personagem do Chay Suede é um garçom, ele vê uma marca de batom em um copo, molha o dedo na boca, tira a marca com o dedo molhado, passa o pano e põe o copo na mesa. Quem gosta de receber, mesa posta, gastronomia, vai adorar. 

O Banquete tem muitas vertentes, é profundo instigante e absolutamente surpreendente. Nada é o que realmente parece ser. O elenco também é maravilhoso. Só grandes atores! A personagem da Drica Moraes é a anfitriã. Ela vai se arrumar e o seu marido, Caco Ciocler, chega bêbado. O garçom informa que o jantar é em comemoração ao aniversário de casamento, o marido não sabe. Depois ficamos sabendo que não é o casamento desse casal, mas sim de outro, que completa 10 anos de casamento.
O casal que ganha o Banquete ainda não chegou porque a esposa, Mariana Lima, é atriz, e está em uma peça ali perto. O marido, Rodrigo Bolzan, ficou de buscá-la ao final do espetáculo, só que ele esquece e vai direto ao jantar. Tudo no filme é milimétrico! Tudo é tenso, todos parecem se odiar, ou se amar, se envolver, todos parecem ter relações abusivas uns com os outros. Alguns outros convidados são interpretados por Fabiana Guglielmetti, Gustavo Machado, Bruna Linzmeyer e Georgette Fadel. Belíssima a sala da casa que serve de cenário, o único cenário, é de uma casa de arquitetura moderna, vou tentar descobrir de quem.

Beijos,
Pedrita

quarta-feira, 27 de setembro de 2017

Novo Mundo

Assisti Novo Mundo (2017) de Thereza Falcão e Alessandro Marson na TV Globo. Direção geral de Vinícius Coimbra. Que novela!!! Além de falar de um importante período histórico brasileiro, ainda teve discursos incríveis sobre escravidão, índios, política, condição feminina. Foi tão impressionante e inesquecível que já estou com muita saudade.

Sim, fizeram algumas licenças poéticas, mas não tanto quanto o que falavam. Mostraram sim os inúmeros envolvimentos de Dom Pedro (Caio Castro). A novela começou com a vinda da Leopoldina (Letícia Colin) ao Brasil para casar com Dom Pedro. Eu tinha comprado antes da novela começar A Biografia  Íntima da Leopoldina de Marsillo Cassotti que comentei aqui. Só depois que soube da novela e aí resolvi ler. Logo que Leopoldina está vindo ao Brasil, Dom Pedro estava se envolvendo com uma dançarina (Luísa Micheletti). Eu acho que ele amou a Leopoldina. Pessoas sedutoras gostam de fazer os outros caírem de amores. Dom Pedro era tão sedutor quanto Domitila (Agatha Moreira), os dois eram muito parecidos. Cheguei a achar que o envolvimento do Pedro com a esposa (Joana Solnado) de Avilez (Paulo Rocha) fosse licença poética, mas não foi. Tinham rumores que ele teria se envolvido com a esposa do oficial realmente.
Foi emocionante demais o Dia da Independência. A novela mostrou ainda o Dia do Fico. Muitos falavam se iam mostrar Pedro passando mal com diarreia, não deixaram claro se era diarreia, mas ele passou muito mal caminhando. Ele tentava voltar ao Rio de Janeiro e passou mal no caminho. 

Logo que a novela começou passaram a dizer que Leopoldina era gordinha. Há um grande equívoco nessa informação. Leopoldina chegou no Brasil com 20 anos, casou e logo engravidou. Morreu com 29 anos e nesses 9 anos esteve grávida 7 vezes, sendo que cada vez são 9 meses e a mulher leva um pouco para desinchar após dar a luz. Algumas vezes, muito provavelmente antes mesmo de terminar a amamentação e desinchar ela estava grávida de novo. Gostei que Novo Mundo mostrou a importância política de Leopoldina. No livro vi que o pai dela era um grande diplomata austríaco. Ela aprendeu com ele a gerenciar conflitos e era ela que auxiliava muito Dom Pedro a resolver os inúmeros problemas que tiveram nesse período conturbado. Leopoldina foi determinante, bem como Bonifácio (Felipe Camargo).

As pessoas ficaram indignadas com a novela ter insinuado que Bonifácio teria se apaixonado por Leopoldina. Quem garante que não? Em tudo o que se lê sobre os dois sempre vem a frase que Leopoldina e Bonifácio estavam sempre juntos, que eles se identificavam muito porque os dois eram muito cultos. Que tinham altas conversas. Não podemos esquecer que princesas e rainhas sempre eram protegidas, quase imaculadas com raras exceções. Leopoldina era amada pelo povo, jamais deixariam qualquer insinuação manchar a sua imagem até por uma estratégia real. Mas quem garante que eles não tivessem nutrido algum sentimento? Sim, Leopoldina era católica demais, jamais aceitaria um envolvimento fora do casamento como se posicionou na novela. Mas achar que Leopoldina não seria uma mulher pulsante, é machismo.

Eram muitos personagens incríveis. Gostei demais de terem criado uma taberna suja, com poucos móveis. Essa reconstituição de época foi incrível. Era muito difícil ter móveis na época, roupas, os personagens repetiam muito as roupas, mesmo os do palácio. E banho não era algo comum. Era raro. Os personagens eram sujados. Licurgo (Guilherme Piva) e Germana (Viviane Pasmanter) foram inacreditavelmente incríveis. Licurgo criava pratos, inventou a feijoada, o frango a passarinho que ele enganava e era de pombo na verdade, pipoca e muitos outros pratos. Mas ele cozinhava muito, mas muito mal. E adoravam ter escravos brancos. Sempre davam um jeito de contratar funcionários sem pagar, explorando mesmo.

Eram tantos casais que eu amava. Wolfgang (Jonas Bloch) e Diara (Sheron Menezes) era um deles. Ela era escrava, ele a comprou e a alforriou. É linda a transformação dela. Inicialmente ela queria ser uma dama, com roupas exageradas cheias de babados. Ela sempre foi escrava de dentro. Quando descobre a violência dos escravos das plantações, resolve se vestir conforme suas origens. As mensagens subliminares de Novo Mundo eram muito impressionantes e inteligentes. Eu tenho curiosidade para saber se Ferdinando (Ricardo Pereira) ficaria com Diara em um primeiro momento. Gostaria de saber se mudaram, porque a rejeição a separação do casal Wolfgang e Diara foi imediata, eu queria o tempo todo os dois juntos e não queria que Wolfgang morresse. E gostei do final que deram ao Ferdinando, muito coerente.

Adorava também o casal Amália (Vanessa Gerbelli) e Peter (Caco Ciocler). Ele era médico e como homem das ciências era cético. Era ainda republicano. Muito interessante os textos dele que não acreditava em nada, tinha divergências com Dom Pedro, Bonifácio. O tempo todo eles falavam em respeitar a opinião do outro, de tolerância. Novo Mundo fez várias pontes com o momento político atual, estimulando a temperança, o diálogo. Até a abertura era muito inteligente, mostrando o caminho do ouro.
Outro casal que adorava era Cecília (Isabella Dragão) e Libério (Felipe Silcler). Ele um importante jornalista dono de um jornal, ela uma mulher a frente do seu tempo, como a maioria da novela, as mulheres em Novo Mundo eram muito fortes e determinadas. Cecília escrevia artigos contundentes sob pseudônimo contra a escravidão, sobre os direitos das mulheres. Mesmo sendo filha de um rico comerciante que enriqueceu com o tráfico de escravos, inclusive ilegal. Apesar de ser uma novela na escravidão, os textos falavam muito de igualdade. Os escravos não era submissos. Eram guerreiros, queriam sempre se juntar a grupos para libertar os irmãos e levá-los a quilombos. 

Boa parte dos empregados eram brancos. Raros eram os negros escravos ou em funções de menor remuneração. Libério era escritor e jornalista, Diara esposa de um rico fazendeiro. Alguns piratas em cargos altos, eram os ricos e davam ordens. Os escravos de ganho, raramente mencionados na ficção, tinham função determinante na trama. Eles ajudavam sempre os bons a levarem e trazerem informações. Amava o trio de empregados do palácio, Dalva (Mariana Consoli), Lurdes (Bia Guedes) e Patrício (André Dias), esse de caráter totalmente duvidoso que odiava Leopoldina, idolatrava Carlota Joaquina (Débora Olivieri) e Domitila. No final juntou-se a esse grupo Nívea (Viétia Zangrandi). Adorei o final que deram as esses personagens.

Adorava os piratas, desde o começo da trama eles se misturavam nas histórias, saqueando, criando aventuras. Fred Sem Alma (Leopoldo Pacheco), Hassan (Thiago Tomé), Jacinto (Babu Santana) e a bela Miss Liu (Luana Tanaka) que nos proporcionou maravilhosas lutas.

Inclusive com a guerreira Jacira (Giulia Buscaccio), que episódio. Jacira é índia, se apaixona por Piatã (Rodrigo Simas), mas ela quer ser guerreira, ele ia ser pajé e não queria saber de caçar. Piatã foi dado ao pai de Ana e viveu em Londres ou viajando com o pai.

Eu gostei bastante também do núcleo dos índios. Os textos foram muito atuais sobre a matança em massa que os portugueses fizeram aos índios na colonização, mas também das violências sofridas nos dias de hoje. Interessante como as tramas se misturavam. Com elenco enxuto, volte e meia alguma trama se encontrava. No início os índios encontram Joaquim quase morto e o tratam. Ele passa a ajudar os índios e se torna Tinga. 

Inclusive o botânico Ferdinando, após perder a sua amada (Maria João Bastos), passa a viver na mata e fazer pesquisas. Ele também vai a aldeia. E fica um tempo por lá.

Joaquim (Chay Suede) e e Anna (Isabelle Drummond) eram o casal ficcional. Eles tem um filho e acabam criando o Quinzinho (Theo de Almeida). Que ator fofo. No início Quinzinho era mudo, depois ficou muito tagarela, grande filho, grande ator. Fofo demais. Adorei que no final o texto brincou com a pieguice do casal. Mas mesmo Anna sendo a mocinha, ela lutava com espada, era heroína também. 

Eram muitos personagens fortes. Sebastião (Roberto Cordovani) estava em todas as conspirações contra Dom Pedro. Queria enviar Dom Pedro de volta a Portugal, permanecendo o Brasil Colônia e sob ordens das cortes portuguesas. Excelente personagem. Sua escrava (Dhu Moraes) tinha sido abusada por ele quando jovem e tinha um filho bastardo, Matias (Renan Monteiro). Ela era praticamente a única negra conformada ao seu destino. A única que acreditava que não deviam irritar o patrão, que tinham até uma vida boa como escrava de dentro. Todos os outros escravos eram contrários a sua condição. Bela negra que casou depois com Matias, a Luana (Jeniffer Dias). Muito bonito que Novo Mundo teve casamentos católicos, indígenas e afros. Várias vezes tinham festas e danças afros.
Eram muitos personagens que adorava. Chalaça (Romulo Estrela), Thomas (Gabriel Braga Nunes), Padre Olinto (Daniel Dantas), Elvira Matamouros (Ingrid Guimarães), Greta (Julia Lemmertz), (César Cardadeiro), Tibiriçá (Roney Villela), Felício (Bruce Gomlevsky), Jurema (Jurema Reis), Dom João (Léo Jaime) e Comandante Millman (Ney Latorraca). Gostei muito de terem intercalado atores que adoramos com outros pouco ou quase desconhecidos em papéis de destaque como Ubirajara (Allan Souza Lima), Francisco (Alex Morenno), Rosa (Aline Morena), Shultz (Ruben Gabira) e Maria Benedita (Larissa Bracher). Novo Mundo foi uma novela que não subestimou o público, sempre indo além do que podia para fazer pensar, questionar, apaziguar e informar.

Beijos,
Pedrita

domingo, 17 de setembro de 2017

Elis

Assisti Elis (2015) de Hugo Prata no TelecinePlay. Tinha um certo pé atrás de ver esse filme. É muito difícil ver obras de pessoas que somos muito fãs e tinha lido umas críticas que diziam que o filme era suave com Elis, mas não concordo. O filme é incrível, mostrou o temperamento difícil, sim, o uso de cocaína foi bem sutil, mas mostrou ela tomando pílulas, usando drogas e bebendo muito, mas muito whisky, combinação explosiva que a levou a morte. Andreia Horta está impressionante como Elis, mereceu todos os prêmios: Festival de Gramado, Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, Festival de Cinema Luso-Brasileiro e Troféu APCA. Gostei da solução do filme de dublar a atriz nas músicas. Causa um certo desconforto, mas a voz de Elis era única, difícil representá-la vocalmente.

O filme Elis é muito bonito, muito bem editado, lindos figurinos. É muito difícil fazer uma filme de uma pessoa com uma vida tão intensa, tantas viagens, tantas turnês. Souberam pontuar bem. Eu conhecia muito pouco da vida de Elis, principalmente do começo. O filme começa com Elis chegando com o pai no Rio de Janeiro. Ela vinha fazendo muito sucesso no Rio Grande do Sul, seu estado natal, e tinham oferecido gravar um disco dela. Mas eles demoram a vir, uns meses, entra o golpe de 64 e a gravadora pede que eles esperem. A situação da família dela é precária, então Elis resolve aproveitar alguns poucos dias para conseguir trabalho. Vai em uma audição para uma peça de Vinícius de Moraes e Tom Jobim, mas é escorraçada. Ela então descobre um bar onde só cantam feras liderado por Miele e Ronaldo Bôscoli. Ela consegue um teste, depois cantar lá e é o início de tudo. O estilo de se apresentar dela veio de Lenni Dale, dançarino e coreógrafo que é orientado a ajudar Elis no palco que era muito contida. Sempre achei estranho aqueles braços, não tinha ideia que vinham de um coreógrafo. É impressionante como esse bar tenta explorá-la, só queriam pagar cachê depois, não diziam quanto iam pagar. O machismo no filme é bem evidente. O filme Elis mostrou bem a exploração que as mulheres sofriam. Eram musas, mas tentavam ao máximo podar as asas delas. Ter o controle sobre elas.
Elis recebe uma proposta de um empresário, começa a se apresentar em São Paulo até que ganha o programa de TV com Jair Rodrigues. Ela se reaproxima de Miele e Ronaldo Bôscoli. É nesse momento que Bôscoli fala dos cabelos curtinhos, ela corta e muda seu estilo de roupa. Os dois se casam. Logo vem a turnê internacional. Gostei que editaram bem, mostrando os lugares famosos que Elis cantou, com quem dividia o mesmo palco. Não sabia que na Europa Elis tinha criticado duramente o regime militar e chamado os militares de gorilas. Ela foi chamada a depor no Brasil, ameaçada e coagida a cantar para os militares. Henfil fez uma charge de Elis cantando no túmulo para Hitler, passou a ser hostilizada e vaiada em suas apresentações. Tempos escuros. Difícil julgar. 

O relacionamento com Bôscoli é bem conturbado, mulherengo, ele não queria ter uma vida em família. Elis mãe, com criança pequena, ele fazia o que podia para se esquivar de ficar em casa. Eles se separam.

Elis começa então a se apresentar com César Camargo Mariano, até que se casam, vão viver em uma casa no campo e tem mais dois filhos. Toda a carreira da Elis é incrível, mas é essa fase musical que mais gosto. O relacionamento só começa a ficar instável porque Elis começa a ficar mais intempestiva, muito provavelmente pela influência da cocaína. Seu temperamento já era forte, acentuou e com as substâncias deve ter beirado o insuportável e eles se separam. Ronaldo Bôscoli é interpretado por Gustavo Machado, César Camargo Mariano por Caco Ciocler, o empresário por César 
Troncoso, Miele por Lúcio Mauro Filho, Lenni Dale por um irreconhecível Júlio Andrade, Nelson Motta por Rodrigo Pandolfo, o pai por ZéCarlos Machado, Henfil por Bruce Gomlevsky, Jair Rodrigues por Ícaro Silva e Nara Leão por Isabel Wilker.
Foto de Elis Regina e Ronaldo Bôscoli na década de 70.

Elis Regina morreu de overdose com 36 anos.


Beijos,
Pedrita

terça-feira, 25 de outubro de 2016

A Comédia Latino-Americana

Assisti a peça A Comédia Latino-Americana de Felipe Hirsch no SESC Vila Mariana. Esse espetáculo é a continuação de A Tragédia Latino-Americana que infelizmente não vi. Um grupo pesquisa textos e escolhem alguns para a encenação. O elenco é incrível: Caco Ciocler, Caio Blat, Camila Mardila, Georgette Fadel, Javier Drolas, Júlia Lemmertz, Magali Biff, Manuela Martelli e Rodrigo Bolzan.

Incrível o espetáculo, excelentes os textos. Há um inédito de  Reinaldo Moraes sobre Hans Staden. Interpretações de Catatau de Paulo Leminski. Poemas do chileno Nicanor Parra e o texto do argentino Martin Caparrós sobre militante anarquista Soledad Rosas. Em um momento todos os atores se unem para contar a história de Rosa Egipcíaca, uma negra escrava, que chegou bebê em um navio negreiro, com uma história enorme. Quando foi para Minas Gerais foi entregue a negros que utilizavam o seu corpo. Foi o Padre Xota que a abrigou. Ele e ela foram acusados pela Inquisição. Foi a primeira negra a ler e escrever no Brasil. Há vários relatos, livros, um ficcional.
As fotos são de Patrícia Cividanes

Incrível a execução do texto Dupla e Única Mulher do equatoriano Pablo Palacio. Duas mulheres juntas, parecem grudadas, falam um texto sincopado, coordenado. Os isopores fazem um efeito incrível mudando completamente o cenário que tem a direção de arte de Daniela Thomas e Felipe Tassara. A iluminação de Beto Bruel é crucial para dar todo o tom da peça. Amei os figurinos de Veronica Julian. Gostei que os atores usam microfones, fica bem mais confortável para nós e eles. E no fato de ter legendas, já que são textos complexos, a legenda tornou-se fundamental. Há música ao vivo criada por Arthur de Faria que fica ao piano, acordeom e sintetizadores, ainda Adolfo Almeida Jr. no Fagote e Efeitos, Mariá Portugal na bateria, percussão e tímpanos. Gustavo Breier no Processamento Eletrônico, Georgette Fadel no trompete e Pedro Sodré nas guitarras e overdrives. A Comédia Latino-Americana muda a cada espetáculo. Os textos mudam ou a ordem porque o grupo está sempre experimentando. Eu vi um peça de 2h30 de duração. Antes era mais de 3 horas com um intervalo, eu vi sem intervalo. A Comédia Latino-Americana fica em cartaz até 13 de novembro.
Vou colocar uma entrevista da primeira montagem, não dessa que vi que foi a continuação dessa.


Beijos,
Pedrita

sábado, 7 de março de 2015

Boogie Oggie

Assisti a novela Boogie Oogie (2014-2015) na TV Globo. Escrita por Rui Vilhena e dirigida por Ricardo Waddington. Já estou com saudades. Amei a novela ambientada nos anos 70. Cheia de suspense, romance, comédia, ágil, bem editada, excelente texto. Genial! Quando pensávamos que um mistério tinha sido revelado aparecia outro desdobramento. A trama principal era das filhas trocadas na maternidade. Uma amante largada, cheia de ódio, paga uma enfermeira sem escrúpulos para trocar os bebês. A novela começa quando essas jovens já são moças e a ex-amante volta para se vingar para localizar as moças e desestabilizar o ex-amante.

Bianca Bin arrasou com uma das filhas trocadas. Uma é filha de um amoroso mas austero militar de classe média. A outra mora em uma mansão de um pai amoroso que a mima de tudo quando é jeito e uma mãe cruel e indiferente. Tanto que a mãe fica feliz de saber que é a filha não é a filha, mas odeia a outra também.

A outra foi interpretada pela Isis Valverde, adoro as duas atrizes e elas eram fortes e determinadas. O namorado da outra se apaixona pela outra irmã trocada sem saber, ele é interpretado pelo Marco Pigossi. Os pais são: Fernando (Marco Ricca) e Carlota (Giulia Gam) e Elísio (Daniel Dantas) e Beatriz (Heloísa Perissé). Em um momento das novelas elas ficam sabendo da troca, elas se odeiam. Mas o segredo da paternidade continua. A oprimida Beatriz teve um caso na adolescência e a filha pode ser filha do vizinho.

 Como todas as novelas das 6, há muitos avanços comportamentais. Três homens tinham várias cenas na cozinha Tadeu (Fabrício Boliveira), advogado que estudava pra ser diplomata, Mário (Guilherme Fontes) corretor e Homero (Osvaldo Mil) esse o único que morava sozinho e era bandido. Sem alardes, sem texto de preconceito, a família chegava, ficava na sala e o marido de avental avisava que o prato preferido da família estava pronto. Tadeu, Rafael, e muitos outros volte e meia estavam arrumando a cozinha, lavando a louça. Dos romances da novela amei o de Tadeu e Inês (Deborah Secco). Tadeu era o meu personagem preferido. Pena que a atriz precisou sair antes porque vai estar em outra novela. Mas o autor não se apertou, criou uma trama tão linda pra ela. Um agente que vive nos Estados Unidos sugeriu a ela fazer vídeos de ginástica, como tinham na época. Lindo no último capítulo o Tadeu recebendo o enorme vídeo cassete e a fita pra assistir.

Outra dinâmica que ajudou muito foi as trocas de casas. O autor ultrapassou inúmeros limites com sacadas muito inteligentes nas trocas de personagens nas casas. Era um tal de Vitória para a casa dos pais biológicos e Sandra para a mansão. Mas as trocas iam além. Até normal o apartamento que moravam jovens ter sempre hóspedes novos. Inicialmente Tadeu e Ísis moravam lá, mas a tresloucada Susana com a excelente Alessandra Negrini em um de seus grandes papéis passou por lá. As cenas no banheiro eram geniais. A Susana inclusive foi uma das que mais peregrinou. Expulsa constantemente, morou no apartamento do Homero na casa da Cristina (Fabiula Nascimento) e inusitadamente no apartamento da Célia (Thaís de Campos) e de Artur (Gustavo Trestini).. Amei que a Susana ficou com o Fernando, eles eram muito parecidos. Ele colecionava amantes. Inusitadíssimo ele se envolver no final com a Cristina, muito inteligente o roteiro. Outra casa que mudou completamente a dinâmica com a separação da Cristina e do Mário. Acabaram se mudando pra lá a Susana e o Fernando, mas o Fernando como amante da Cristina e ex-amante da Susana, imaginem a confusão. Adorava o novo casal, Mário e Gilda (Letícia Spiller). 

Essa troca gerava uma dinâmica deliciosa. A pobre da Augusta  (Sandra Corveloni) precisa ir morar com o vizinho ranzinza Vicente (Francisco Cuoco). Bastava a trama começar a ficar repetitiva, alguma troca acontecia. Logo no começo se juntam a mansão a família do Ricardo (Bruno Garcia) em um excelente papel.

As festas eram lindas. Amei o casamento Rastafari de Danielle (Alice Wegmann) e Rodrigo (Brenno Leone). Ele foi escolhido em testes no Vídeo Show. Amava as imagens do Rio de Janeiro da época. A trilha sonora. E as inúmeras festas na Boogie Oggie sempre com confusão muito além do esperado.


Achei uma foto com algumas das crianças. Adorava a personagem da Claudia (Giovanna Rispoli), ela era uma pestinha. Com um pai exageradamente austero, ela fica rebelde e nos divertiu a trama toda. A atriz também cresceu muito durante a novela, ficou uma mocinha. E adorei ela ganhar uma viagem de volta ao mundo. Mas todos estavam ótimos Otávio (José Victor Pires), Felipe (Caio Manhente), Alessandra (Julia Dalavia) e Serginho (João Vithor Oliveira). Eles viviam no Fliperama, pena que não achei uma foto todos juntos.

O autor resolveu homenagear grandes atores. Além de Betty Faria e Francisco Cuoco em papéis importantes. trouxe atores consagrados para deliciosas participações. Francisco Cuoco chamava Madalena de Leninha, divertido perguntarem porque e ele dizer porque sim, na verdade porque eles fizeram par romântico em Pecado Capital e ela se chamava Leninha nessa novela. Para relembrar o embate de Tieta, surgiu Joanna Fonn na mansão como tia da Carlota. Uma personagem mandona que de hóspede passou a mandar na casa e nos empregados. O corvo era uma "Corva" como dizia Vitória interpretada por Pepita Rodrigues. Luiz Carlos Miele um informante. E Neusa Borges como uma cartomante.

Adorava os empregados. A medrosa Ivete (Aline Xavier) que sempre queria arrumar um namorado. A engraçada Leda (Marizabel Pacheco), o motorista Adriano (Eduardo Gaspar) e a cozinheira (Dja Marthins). Eles sofriam com os mandos e desmandos contraditórios dos patrões. Zezé Motta também interpretou uma empregada da Leonor (Rita Êlmor). 

Inclusive as participações na Boogie Oggie eram geniais. Zezé Motta cantou lá, Betty Faria e Francisco Cuoco participaram de um concurso de dança. Adorei também a breve participação de uma golpista fingindo de grávida, Jussara (Thati Lopes) pena que ela foi embora. E os dançarinos Lyv Ziese, Renata Ricci e Luis Navarro na Boogie Oggie. Eles também participaram da dança da mudança de casa. Acabam parando na casa da Augusta. Inusitado e hilário, mas com lógica. A Augusta passa a ter dificuldades de pagar as contas e o filho convida os três para ajudar no orçamento.

O elenco todo foi incrível, Uma pena não conseguir colocar foto de todo mundo. Adorei a Luisa (Alexandra Ritcher), as mulheres tinham características fortes, inteligentes. E imperfeita, ela escondeu que os pais eram porteiros, outros atores que adoro: Cacá Amaral e Ana Rosa. Ela participou da dança das cadeiras, infernizava a Carlota, mas depois vai trabalhar na VIP para investigar o Beto (Rodrigo Simas) em ótimo personagem também. Eu torcia muito para ele ficar com a irmã que não é irmã, a Vitória, fiquei feliz que ficaram juntos, mesmo que tenha sido sutil a aproximação. Gostava do casal intepretado por Caco Ciocler e pela portuguesa Maria João. Estava com saudades dessa atriz. O arqui vilão era interpretado por José Loreto. Amei que a Carlota deu a volta em todo mundo e se deu bem. Tinha lido outra possibilidade, mas gostei muito mais desse final. Ela era muito ardilosa, ficaria perfeitinho demais ela se dar mal.  Fizeram participações: Christiana Guinle, Junno Andrade, Laura Cardoso e Priscila Fantim.

Por ser uma novela cheia de aventura, as cenas de ação eram impecáveis. Lindíssima e triste a cena do acidente do noivo de Sandra. Muito bem feitas as cenas de atropelamento, as de tiro. Eu amei tudo nessa novela, figurinos, reconstituição de época, textos, personagens. Gostei de mostrar produtos da época, as latas de sorvete, crush, leite de rosas. Pode reprisar quanto quiser.

Beijos,
Pedrita