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quarta-feira, 27 de outubro de 2021

O Dia de um Escrutinador de Italo Calvino

Terminei de ler O Dia de um Escrutinador (1963) de Italo Calvino da Companhia das Letras. Você sabe o que é um escrutinador? Eu também não sabia, no dicionário diz que é aquele que vigia os votos. Comprei esse livro em um sebo, adoro essa edição da Companhia das Letras desse autor, tenho alguns, outros li de uma biblioteca.

O marcador de livros são ilustrações de Pablo Picasso que uma amiga trouxe da França.

O vaso de porcelana foi minha mãe que pintou.

A Torre Vermelha (1913) de Giorgio de Chirico

Como o livro é o dia de um escrutinador em uma votação na Itália, achei que a obra não ia me agradar, mas Calvino é sempre surpreendente. O escrutinador vai trabalhar em um convento. Ele é comunista e mostra como os conservadores conseguiam mais votos com doentes e religiosos, muitos incapazes de votar e sendo conduzidos pelo acompanhante. Muito engraçado as freiras que se incomodam com o papel do voto. O escrutinador explica que o papel era barato e de má qualidade, então era imperfeito, e que era comum a freira sair da cabine se recusando a votar porque o papel não era totalmente perfeito.
Natureza Morta (1950) de Mario Bardi

No meio do dia, o escrutinador tem um tempo para descanso e lanche e vai para casa. Lá ele tem por telefone um desentendimento com sua namorada. É muito interessante como o autor coloca esse relacionamento, como o protagonista muda de ideia, mas com o telefone ocupado repetidas vezes volta ao estado anterior. Que autor inteligente!

Beijos,
Pedrita

terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

Livros e filmes

A Luli do Café com leitura na rede fez a postagem Oscar 2018 - Adaptações Literárias. Eu fiquei com vontade então de fazer uma postagem que falassem de filmes, séries e teatro adaptados em livros que amei. Eu adoro todas as artes, cada uma com sua linguagem, uma com a palavra, a outra com imagens e uma ao vivo. Um livro às vezes precisa páginas para compreendermos um sentimento, enquanto às vezes um único olhar em silêncio resume todas essas páginas. Cada um com seu estilo de diálogo. Vou começar com o filme Desejo e Reparação que eu simplesmente amei, entre meus filmes preferidos, e foi esse filme que me apresentou para Ian McEwan autor de minha preferência atualmente. Amo os dois, o livro Reparação, e o filme.

A Mulher do Tenente Francês. Mais um que primeiro vi o filme e depois li o livro. Os dois são fascinantes e muito diferentes. O livro é a história da Mulher do Tenente Francês. O filme, outra obra de arte, é uma equipe de cinema que vai a uma cidade filmar a Mulher do Tenente Francês. Há vários trechos de ópera, o filme é uma obra de arte. Simplesmente maravilhoso!

Eu amei o livro O Visconde Partido ao Meio de Italo Calvino. Quando soube que o Grupo Galpão tinha adaptado o livro, organizei uma viagem a Belo Horizonte que encaixasse na temporada. Inesquecível! Muito interessante, porque o visconde aparece no livro pela metade, a metade boa, e depois a metade ruim aparece. Na montagem do Galpão todos eram metades, absurdamente genial, Na frente uma pessoa e atrás outra. Nunca me esqueço da moça que era um ganso atrás. Fantástico!

Eu tinha amado Orlando de Virgínia Woolf. Li dessa edição que peguei emprestado de uma biblioteca e enlouqueci quando soube que tinha uma montagem no teatro. A montagem de Bia Lessa está entre os melhores espetáculos que já vi na vida. A diretora e a autora estão entre as minhas preferidas.

Primeiro eu li o livro Desonra do Coetzee, autor contundente, livro indigesto, fiquei bastante surpresa quando soube do filme.

Fiquei imaginando como o diretor faria aquelas cenas indigestas. E um grande filme igualmente surgiu.

Primeiro eu vi a série O Tempo e o Vento. Majestosa! Depois comecei a ler um a um dos volumes dessa saga maravilhosa de Érico Veríssimo. É impressionante como Tarcísio Meira incorporou Capitão Rodrigo, eu não conseguia visualizar o meu Capitão Rodrigo que já estava imaginado pela série. 

Primeiro eu li o maravilhoso Memorial de Maria Moura de um clube de um livro. Depois vi a minissérie incrível!

Primeiro eu vi as obras adaptadas desse livro incrível A Outra Volta do Parafuso. Inacreditável como essa obra é adaptada, já vi filmes e ópera. 


Mas o filme com a Nicole Kidman Os Outros, é de longe o melhor, infinitamente melhor do que os que vi.

Bom essa postagem não acabaria nunca, tem muito livro e expressão artística que vi de obras majestosas que amei! Essas são uma parcela delas.




Beijos,
Pedrita

sábado, 28 de maio de 2011

Desafio Literário


A Camélia de Pedra me indicou esse Desafio Literário e por ser relativo a minha vida cultural, aceitei participar.


1 - Existe um livro que você leria e releria várias vezes?

Eu tenho problema com releituras, leria novamente quase todos os livros que li, mas sempre acho que estou perdendo a oportunidade de ler outros que ainda não conheço. E como sei que não vou conseguir ler tudo o que desejaria, ainda não me preparei para as releituras, quem sabe um dia.

2 - Existe um livro que você começou a ler, parou, recomeçou, tentou e tentou, mas nunca conseguiu ler até o final?

Eu acabei lendo até o final, mas foram vários recomeços. Tentei ler antes da hora, antes de estar preparada, não pela idade, mas pela imaturidade literária. O livro é a Montanha Mágica de Thomas Mann. Surpreendemente hoje é um dos meus livros preferidos. Quando estive pronta li sem pestanejar inteirinho e descobri sua perfeição.



3 - Se você escolhesse um livro para ler para o resto da sua vida, qual seria ele?

Eu escolheria uma biblioteca inteira.

4 - Que livro você gostaria de ter lido, mas que, por algum motivo, nunca leu?

São inúmeros os livros que estão na lista a ler. Um que estou demorando muito pra criar coragem de desvendá-lo é Dom Quixote do Cervantes. Outro que sonho em ler, mas tenho medo de não ter competência para fazê-lo é o Ulisses do James Joyce.

5 - Qual livro que você leu cuja "cena final" você jamais conseguiu esquecer?

O Castelo dos Destinos Cruzados do Italo Calvino. Na verdade todos os do Italo Calvino me dão essa sensação.

6 - Você tinha o hábito de ler quando criança? Se lia, qual tipo de leitura?


Eu li na infância, não sei se muito ou pouco, mas gostava de me esconder nos livros. Amei Soprinho de Fernanda Lopes de Almeida, Coração de Vidro de José Mauro de Vasconcelos. Depois fiquei fascinada por Agatha Christie que eu atribuo o meu prazer por leitura. Foram os seus livros que me fizeram vasculhar a pequena biblioteca da minha mãe, que me levaram a biblioteca da escola e a da vizinha.

7 - Qual o livro que você achou chato, mas ainda assim o leu até o final?

Eu não me identifiquei com Os Trabalhadores do Mar do Victor Hugo. As aventuras no mar não me atraíram. 


8 - Indique alguns dos seus livros favoritos
São inúmeros, vou lembrar alguns:


A Obra em Negro de Marguerite Yourcenar
Rumo ao Farol de Virgínia Woolf
O Sol Se Põe em São Paulo de Bernardo Carvalho
A Peste de Camus
A Ilha Sob o Mar de Isabel Allende
Dois Irmãos de Milton Hatoum
A Misteriosa Chama da Rainha Loana de Umberto Eco
O Amor nos Tempos do Cólera de Gabriel García Marquez
Desonra do Coetzee
Baú de Ossos do Pedro Nava
Memorial do Convento de José Saramago
O Crime do Padre Amaro de Eça de Queiroz
Deserto dos Tártaros de Dino Buzzati
A Longa Viagem da Biblioteca dos Reis de Lilia Schwartz
Em Busca do Tempo Perdido de Marcel Proust
Ilusões Perdidas de Honoré de Balzac
Tocaia Grande de Jorge Amado
Mauá de Jorge Caldeira
Tom Jones de Henry Fielding
Memorial de Maria Moura de Rachel de Queiroz


Alguns preferidos eu já tinha mencionado nos tópicos anteriores.


Melhor ir parando por aqui senão não paro mais.

9 - Qual livro você está lendo no momento?



Um Amor Anarquista de Miguel Sanches Neto


Sempre coloco a foto do que eu estou lendo aí ao lado no meu blog.


10- Indique outros blogues e blogueiros para participar desse desafio:


O Desafio Literário pode ser indicado a alguns blogueiros. Fiquem à vontade para aceitar ou declinar o convite. Só vou sugerir a quem acho que realmente pode gostar de participar ou que eu tenho curiosidade de saber as respostas. Alguns não indiquei porque achei que por seus blogs não serem do tema poderiam não se interessar, mas quem quiser participar, fique á vontade:


Os Incansáveis
Marion e Sua Vida
Paisagens da Crítica
Rodrigo Gurgel
Herdando uma Biblioteca
Pensieri
La Socière
Sonhos e Melodias
Andanças
Abrkdbra Coisas da Vida


Beijos,
Pedrita

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Os Livros da Minha Infância

A Ematejoca me convidou a participar da blogagem sobre Os Livros da Minha Infância. Como estava com posts tristes na seqüência, achei esse ideal para ser o post de Natal do Mata Hari e 007. Nada melhor para comemorar o Natal com livros. E que todos dêem e ganhem muitos livros nesse Natal. E caso estejam com pouca verba, lembrem-se que há muitas bibliotecas gratuitas que podem fazer a felicidade e a magia de cada um. Ou encontrem parentes e amigos generosos em emprestar livros e desfrute-os, cuide e devolva-os intactos num breve espaço de tempo.

Obra Le Chemin de Fer (1872-73) de Edouard Manet

Mas vamos ao post: Minha mãe comprava bastante livros infantis. Nós viajávamos às vezes e em dias de chuva íamos comprar livros para passar o tempo. Eu sempre amei duas histórias e me emociono até hoje com elas: O Patinho Feio e Heidi. Tínhamos uma coleção que era vendida em bancas, com capa dura colorida, uma foto bonita e Heidi era minha paixão. A escola foi a que mais atrapalhou esse processo. Aos 10 anos uma professora insana obrigou a classe a ler Luzia Homem. Não imaginam o quando fiquei chocada com aquela história. Isso porque era um momento tão moralista, as pessoas tão cheias de pudores. Às vezes acho que ela nem sabia do que se tratava. Nesse período os livros para moças da minha avó fizeram bem mais efeito no meu imaginário com as lindas obras Mulherzinhas e O Sheik.

Mas foi Agatha Christie a grande responsável pela minha paixão por livros. Minha mãe lia mais ou menos, não eram obras clássicas, mas assim que ela viu que devorávamos os livros da Agatha Christie das prateleiras começou a nos presentear com vários nos aniversários e no Natal. Nessa época li ainda Pássaros Feridos, Dom Casmurro, Corações de Vidro e algumas obras de Richard Bach. E a biblioteca do colégio foi outra grande companheira. Foi um professor de matemática que indicou uma obra do Lin Yutang. Aí surgiu uma vizinha, as encantadoras vizinhas, que sócia do Clube do Livro era "obrigada" a comprar um livro por mês. Ela não era uma devoradora deles, nem entendia muito deles. Lia lá as propagandas da revista do Círculo do Livro, que romanceava quase todas as sinopses e os comprava. Ela então deixou que eu pegasse livros ainda no celofane, que ela nunca veio ler depois de abertos e foi aí que as obras começaram a ficar mais clássicas. Dela que li Ilusões Perdidas do Balzac. Nessa época que uma dessas coleções de banca enviou um catálogo com muitos livros a preço de banana. Como se fossem de R$ 1,00 a R$ 5,00 de hoje. E pedi inúmeros, sem nem saber o que pedia, escolhi no escuro. Vieram então: Relações Perigosas do Choderlos de Laclos, Vermelho e Negro de Stendhal. Foi nessa época também que minha mãe me presenteou com As Brumas de Avalon que devorei.


Passada a adolescência, fiquei muito tempo sem poder comprar livros, que dirá na velocidade que precisava lê-los e foram as bibliotecas os lugares mais mágicos para liberar minhas fantasias. Era sócia de 6 bibliotecas na época. A que gostava mais era a do Sesi no prédio da Fiesp na Avenida Paulista, porque era a que tinha livros mais recentes. Bibliotecas muitas vezes trazem livros mais antigos e daqueles que todo mundo já leu. Essa não era assim. Li que hoje não está mais lá. Bastava levar uma conta de luz, era possível ligar para atrasar a data da devolução, desde que não fossem livros com lista de espera. Então eu evitava livros indicados para vestibulares e conseguia esticar se necessário o tempo de leitura. Foi lá que descobri Italo Calvino, que li a biografia do Freud por Peter Gay, que li muito Saramago. Toda essa peregrinação fez eu achar um livro um dos melhores presentes para dar e ganhar em qualquer data. Foi nessa época que comecei a anotar listas e listas de livros que precisamos ler na vida, inclusive uma extensa do Paulo Francis e comecei a nortear melhor minhas leituras.
Hoje consigo comprar livros com mais regularidade. Com minha irmã também, fazemos um bom intercâmbio de leituras. O Submarino foi um bom companheiro e o Sebo Alternativa no centro de São Paulo. Não chega a ser um dos sebos mais bem equipados, mas tem colaborado muito nas minhas aquisições. Recentemente somei ao Submarino a Fnac que traz às vezes preços incríveis. Minhas listas de livros que me aconselham a ler aumentaram consideravelmente. Eu e minha irmã passamos a ler os autores que ganharam no Nobel e o Paisagens da Crítica me traz inúmeras sugestões de Literatura Contemporânea.

Desejo a todos vocês um Natal com uma árvore recheada de livros ou ao menos de sonhos. Não esqueçam que as bibliotecas gratuitas podem rechear esses sonhos com muita imaginação.
Ah, esqueci, preciso indicar pessoas pra participar. Fiquem a vontade se desejarem declinar o convite:
Os Incansáveis - já respondeu
Paisagens da Crítica
Marion
Pensieri
Saia Justa
O Tempo Redescoberto
Letras com Chocolate - já respondeu
Por entre letras - ele está de férias, deverá demorar para escrever, mas acho que vai gostar da brincadeira. - já respondeu
Beijos,


Pedrita

sábado, 15 de setembro de 2007

Palomar

Terminei de ler Palomar (1983) de Italo Calvino. Eu adoro esse escritor e vi que o Renato Prelorentzou tinha escrito um artigo sobre o livro no blog Paisagens da Crítica do Júlio Pimentel Pinto. Fui checar os livros do Italo Calvino que tinha comprado em um sebo e lá estava ele. Foi uma grata surpresa, já que é o último livro publicado pelo autor e é recente, e sebos trazem sempre livros mais antigos. Comprei por R$ 14,00, já que se trata de um livro recente, então os custos são um pouco mais altos que normalmente são nos sebos. Agora consegui descobrir essa brilhante obra. Não está entre os meus preferidos do autor, mas Italo Calvino é sempre surpreendentemente genial.
Obra de Remo Brindisi
Nosso protagonista está sempre analisando tudo o que vê. Até mesmo nas férias tem processos que precisam terminar e ele analisa as ondas. Quando ele fala dos pássaros é muito emocionante, já que ele diz que, se quem ouve, não teve na infância alguém que dissesse que pássaro é aquele, esse alguém irá desconhecer seus nomes e cantos e meu pai sempre dizia com o canto dos pássaros, quais eram e contava suas histórias. São vários capítulos sobre a arte de observação da vida, dos animais, é muito divertido quando ele fala do andar das girafas, ou das pantufas desparelhadas, ele diz que de alguma forma estará eternamente ligado a pessoa que levou a outra pantufa desparelhada.

A última análise de Palomar é sobre a morte, e ele resolve pensar como se estivesse morto, porque assim os processos não mudarão mais. Através de questões cotidianas e análises filosóficas profundas, o livro se desenrola em uma narrativa brilhante!

Obra de Renato Guttuso
Trechos de Palomar de Italo Calvino:

“O mar está levemente encrespado e pequenas ondas quebram na praia arenosa. O senhor Palomar está de pé na areia e observa uma onda. Não que esteja absorto na contemplação das ondas. Não está absorto, porque sabe bem o que faz: quer observar uma onda e a observa. Não está contemplando, porque para a contemplação, nenhuma daquelas três condições todavia, se verifica para ele. Em suma, não são “as ondas” que ele pretende observar, mas uma simples onda e pronto: no intuito de evitar as sensações vagas, ele predetermina para cada um de seus atos um objetivo limitado e preciso.”

“O senhor Palomar, a quem os pingüins causam angústia, a segue a contragosto, e se pergunta o porquê de seu interesse pelas girafas. Talvez porque o mundo à sua volta se mova de modo desarmônico e Palomar espere sempre descobrir nele um desígnio, uma constante.”

“Se o modelo não consegue transformar a realidade, a realidade deveria conseguir transformar o modelo.”

Beijos,

Pedrita