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terça-feira, 28 de janeiro de 2025

Poemaria

Assisti Poemaria (2024) de Davi Kinski no Canal Brasil. Como eu queria ver esse filme. É uma ode a poesia! Várias pessoas declamam e falam sobre poesia. O elenco é muito diverso! A estrutura é a usada por Eduardo Coutinho. Uma pessoa fica em uma cadeira e nós não vemos o entrevistador.


Adelia Prado é quem acaba resumindo brilhantemente o projeto. Ao falar de poesia, ela fala de toda a essência de Poemaria. Sem falar na camiseta dela com coruja que fiquei encantada. Seu carisma é tocante.

Disretmia

Os velhos cospem sem nenhuma destreza
e os velocípedes atrapalham o trânsito no passeio.
O poeta obscuro aguarda a crítica
e lê seus versos, as três vezes por dia,
feito um monge com seu livro de horas.
A escova ficou velha e não penteia.
Neste exato momento
 
 o que interessa
são os cabelos desembaraçados.
Entre as pernas geramos e sobre isso
se falará até o fim sem que muitos entendam:
erótico é a alma.
Se quiser, ponho agora a ária na quarta corda,
para me sentir clemente e apaziguada.
O que entendo de Deus é sua ira,
não tenho outra maneira de dizer.
As bolas contra a parede me desgostam,
mas os meninos riem satisfeitos.
Tarde como a de hoje, vi centenas.
Não sinto angústia, só uma espera ansiosa.
Alguma coisa vai acontecer.
não existe o destino.
Quem é premente é Deus.

Adélia Prado, Bagagem

Fiquei emocionada em ver a saudosa e talentosa Rosaly Papadopol.


Foi bem emocionante o relato da médica Ana Claudia Quintana Arantes. Ela é médica de cuidados paliativos e contou que estava muito difícil lidar com o trabalho e que foi a poesia que transformou esse momento. Ela encontrou na poesia um respiro e passou a levar também aos pacientes.

Gostei muito de conhecer poetas como Ingrid Morandian.

tu ficaste apenas uma noite
e antes de iniciar o reencontro com as ruas
tomei posse de todos os teus afetos e abraços
rompi com a loucura de subjugar olhares
o toque silencioso das mãos inaugurou a despedida
o afago
nalgum horário da infância, as mãos curiosas
tateavam a vida, as pequenas descobertas
os móveis, os brinquedos, os talheres
a aventura do riso
na puberdade, as mãos ansiavam o desejo
pelo outro, pelas camadas de pelos-bocas-voracidade
mundo habitável, tempestuoso
mais à frente, o muito caminhar, andante alguns anos
nas passagens de tempo e sobrevida
segurar a horda provocadora de tantas tempestades
chega um tempo, elas silenciam, os gestos são pequenos
quase esquecimento do lugar na terra
acompanham a coreografia de anunciação do desprendimento
Bashô sorri quando as folhas vermelhas caem
as mãos apagam as luzes
Nos créditos vem o nome de todos os que participaram e todos os poemas que foram declamados. Falaram e declamaram Alexandre Borges, Leona Cavali, Nilton Bicudo, Clarice Abujamra, Hamilton Faria, Martha Nowill, Nany People, Gero Camilo, Marilia Gabriela, Ignácio de Loyola Brandão, Claire Feliz Regina, Paula Valéria Andrade, Paula Cohen, Marcelino Freire, Guta Ruiz, Rosana Banharoli, Jean Wyllys, Fause Haten e Jorge Emil. Boa parte do elenco é de São Paulo. Seria uma delícia um poemaria em cada cidade, estado, por todo o Brasil.
Poemaria é um projeto. Há um site com textos, dados, não só sobre o filme. E um aplicativo, onde as pessoas podem declamar poemas e enviar os vídeos. Nos créditos do filme colocaram alguns desses vídeos.

Eu fiquei me imaginando participando do filme, logo eu que odeio aparecer e fiquei escolhendo o poema que gostaria de declamar. E escolhi uma do livro Invenção de Orfeu de Jorge de Lima que comentei aqui.

A ilha ninguém achou 
porque todos a sabíamos. 
Mesmo nos olhos havia
uma clara geografia. 

Mesmo nesse fim de mar 
qualquer ilha se encontrava, 
mesmo sem mar e sem fim, 
mesmo sem terra e sem mim. 

Mesmo sem naus e sem rumos, 
mesmo sem vagas e areias, 
há sempre um copo de mar 
para um homem navegar.

Beijos,
Pedrita

sábado, 28 de setembro de 2019

Orfãos da Terra

Assisti Órfãos da Terra (2018-2019) de Thelma Guedes e Duca Rachid na TV Globo. Eu adoro essas autoras. Fiquei bem chateada quando tiraram essa novela que iria estrear às 21h. Era, desde que começou, a melhor novela no ar.

A novela começou muito forte e com um tema muito espinhoso, a imigração. Povos que precisam sair do seu país pela violência, pela guerra, pela destruição. A casa da família de Laila é bombardeada na Síria. Eles andaram quilômetros atrás de algum campo de refugiados. Nessa longa e dolorosa caminhada, carregavam no colo o filho doente. Cenas de cinema e de cortar o coração. Impressionantes Julia Dalavia, Ana Cecília Costa e Marco Ricca.

Um sheik se encanta com Laila, promete pagar o tratamento do irmão dela. Todo esse núcleo com interpretações impactantes: Herson Capri (Sheik Aziz), Letícia Sabatella (Soraia), Alice Wegmann, Bruno Cabrerizo (Hussein) e Renato Góes (Jamil). Laila foge com a família para o Brasil. Assustadoras as cenas no bote inflável que atravessaria o oceano.

O núcleo da Síria passa a ser desativado. Com a morte de Aziz, começou a vingança de sua filha Dalila. Muitos críticos e público disseram que a novela ficou cansativa com essa "brincadeira" de gato e rato da Dalila, não sei, essas autoras trabalham como nunca as tramas paralelas. Novelas mais recentes e menos conservadoras são mais amplas de conteúdo. Talvez a pressão do script fizeram elas alongarem essa trama, mas as outras eram tão fascinantes, que novela, quantos temas profundos foram abordados. Primeiro sobre a força das mulheres. Soraia já era uma mulher com uma história trágica, forte e determinada, que foge com o seu amado que era o seu amante e é morta pelo Sheik. A própria Dalila, que mulher forte, e estudada, tinha feito faculdade na Inglaterra. E as vinganças permitiram falar de muitos temas como o tráfico de pessoas e a incapacidade de Dalila de se permitir de ser feliz. Mesmo amando Paul (Carmo Dalla Vecchia), ela não desistia da vingança e ainda o mata.
O centro de refugiados em São Paulo abriga a família da Laila. Nesse espaço então foi possível falar de inclusão, culturas diferentes, povos que fogem da guerra, fome. Além dos personagens volte e meia tinham depoimentos de refugiados que vieram ao Brasil. Tiveram atores falando do Congo, da Venezuela. Do Congo estava a família da Marie (Eli Ferreira). Seu namorado no começo da novela era interpretado pelo congolês Blaise Musipere. Seu personagem não administra a chegada do filho da namorada, Martin (Max Lima). Ele se separa e se apaixona pela cantora Teresa (Leona Cavalli). Ela segue carreira internacional e a novela debate várias questões, realmente ia ser difícil conseguir que espaços europeus fechassem show com um imigrante. Desiludido ele tenta fugir do Brasil, não consegue, o dinheiro acaba e vai viver nas ruas. O cuidado com que trataram do tema, o acolhimento de todos com a dificuldade do rapaz com a bebida e questões sociais.
Lindo o amor de Davi (Vitor Thiré) e Cibele (Guilhermina Libanio), fiquei muito triste que ele morreu, mas permitiu abordar tantos temas. Primeiro o ódio que o avô (Osmar Prado) incutiu no rapaz fazendo ele se alistar no exército judeu para defender o seu povo. Falou muito da projeção de pais, nesse caso do avô, no filho, para que ele realize os seus sonhos. Davi acaba se apaixonando exatamente por uma pacifista, a descendente de árabe, Cibele. Foi delicada a explicação da morte, para não projetar mais ódio por um tema tão espinhoso, ele teria morrido em treinamento, assim nenhum lado foi culpado. Mas mostrou a inutilidade da guerra. Achei que Davi ficou fantasminha por tempo demais e forçado o novo romance da Cibele.
Davi estava em um núcleo apaixonante. Duas famílias vizinhas, uma árabe e outra judia, tiveram que lidar com suas diferenças. Sara (Verônica Debom) e Ali (Mohamed Harfouc) se apaixonam. Seus avôs em pé de guerra. O grupo alternava em cômico e dramático: Mamede (Flávio Migliaccio), Eva (Betty Gofman) e Mona (Lola Fanucchi). Se uniu a esse núcleo depois Abner (Marcelo Médici), Latifa (Luana Martau) e Ester (Nicetti Bruno). Abner era muito mau caráter, mas ficou engraçado quando se apaixonou pela Latifa. Achei engraçado no twitter uma participante dizer que era muito surreal que, em plena crise de desemprego, o Abner conseguisse tanto trabalho. Achei essa repetição de perder emprego demasiada.

Gosto muito como as autoras trabalham com atores que não são conhecidos da televisão. Elas apostam mesmo em seus personagens. Foi assim com o grande Faruq (Edu Mossri). Médico, ele não podia exercer a profissão no Brasil, conservador, de cultura antiquada, tinha muita dificuldade de aceitar o acolhimento da namorada (Paula Burlamaqui). Ela era médica também. As mulheres eram fortes e determinadas. Ótimos diálogos. Lembro de um com a psicóloga (Carol Castro), que também namorou um sírio, da dificuldade delas de lidar com o machismo deles.
Muito bem feitas as amizades masculinas, mesmo as machistas como de Norberto (Guilherme Fontes) e Gabriel (Anderson Mello). Os conselhos pessoais do advogado para o empresário eram absurdas e conservadoras, mas muito realistas. Eram muitas amizades de confidência entre personagens como Elias e Caetano (Glicério Rosário), Zoran (Angelo Coimbra) e Rogério (Luciano Salles). Fiquei triste que Missade não assumiu o amor com o Zoran e seguiu com o marido para a Síria, mas foi coerente. De criação conservadora, mesmo eles sendo cristãos, seria muito difícil para ela ter outro relacionamento. Eram muitas histórias maravilhosas, tramas com grandes atores: Eliane Giardini, Paulo Betti, Rodrigo Simas, Filipe Bragança, Danton Mello, Emmanuelle Araújo, Simone Gutierrez, Gabriela Munhoz e Yasmin Garcez.

Eu e minhas amigas não ligamos quando Kaysar Dadour foi cotado para o elenco. Não era um participante que gostávamos. Mas ficamos impressionadas com o desempenho dele. Chegamos a esquecer que ele era o Kaysar e só lembrávamos do personagem, o Fauze. No começo ele interpretava o capanga do Aziz, quase não abria a boca, a internet delirava a cada frase que ele dizia. Quando o personagem veio para o Brasil integrou o núcleo cômico com a Santinha (Cristiane Amorim) e passamos a torcer pelo casal.
Foi uma grata surpresa o romance da Valéria (Bia Arantes) com a Camila (Anaju Dorigon). Duas trambiqueiras que queriam se dar bem, a amizade delas floresceu. Aos poucos elas foram se regenerando enquanto curtiam a vida e se apaixonavam. A direção da emissora vetou o beijo em uma data que não poderia ser pior, quando o prefeito do Rio de Janeiro enviou agentes de censura a Bienal do Livro para vetar um livro de quadrinhos juvenil que tinha um beijo entre pessoas do mesmo sexo. O público esperneou o que pode nas redes sociais e a emissora resolveu permitir vários beijos entre pessoas do mesmo sexo em várias novelas na semana que terminou a novela. Viva o amor!

Beijos,
Pedrita

sábado, 30 de junho de 2018

Apocalipse

Assisti a novela Apocalipse (2018) da TV Record. Eu tenho o hábito de ver novelas que estão começando. Algumas vezes só vejo um capítulo, outras uma semana. Gosto de saber quem são os atores, qual a concepção. Não gosto das novelas religiosas em geral, mas estava curiosa sobre Apocalipse. Esse cartaz, que foi o de divulgação da novela, é da fase final quando Sérgio Marone interpreta o Anticristo e seus opositores são interpretados por Juliana Knust e Igor Rickli.

Logo no primeiro capítulo eu não queria perder mais nada. Não deixei de ver um único capítulo. Claro, isso só foi possível porque conseguia gravar quando ia perder algo. Infelizmente a novela não foi bem de ibope e eu tenho uma teoria. Eu acho que Apocalipse tinha textos muito complexos, elenco extenso para o público habituado a novelas bíblicas. Eu sempre dou uma olhada nas novelas bíblicas que passam e os textos são bem simples, com vocabulário fácil, muito explicadinha, maniqueístas, o que não aconteceu com Apocalipse que tinham textos densos, ótimo vocabulário e não claros em relação aos comportamentos, todos tinham vários lados. Os personagens eram complexos, cheios de camadas. Só mesmo o Anticristo era mal, o resto tinham atitudes conflitantes. Debora sofreu demais na primeira fase . Sonhava com uma vida diferente da sua religião, era de uma família de judeus ortodoxos, mas o diferente era estudar, viver no Ocidente, ser livre. E como Manuela do Monte estava maravilhosa. E que lindo o ator que fizeram pra contracenar com ela, Felipe Cunha. Na segunda fase Debora era claramente má, amargurada uma grande personagem para a excelente Bia Seidl. Adriano então foi uma surpresa, mulherengo, irresponsável, passa a ajudar os bons mesmo pondo em risco a sua vida. Ótimo personagem também para Eduardo Lago. O público ficou procurando Adriano no céu no final e reclamaram que não acharam, muito justo. 
Na primeira fase eu comecei a ter dificuldade de entender a trama, muitos personagens. E uma pessoa no twitter me informou que porque a novela ia mal do ibope e que por isso começaram a correr e a picotar a trama, uma pena. Por isso estava tão confusa. Eu tinha que vir ao computador para ver que personagem era e que ator seria ele na fase seguinte. 

Gostava muito das tramas de tecnologia, muito bem feitas. As explicações tenológicas também eram ótimas. E adorei a androide interpretada por Giselle Batista, só perto do final é que descobri que ela interpretou as duas androides, achei que uma tinha sido a irmã gêmea dela.

Gostei que na trama tinham também judeus ortodoxos, mas depois soube que tinham na bíblia também. Mas independente disso os textos eram muito bons, colocaram as tradições. Me aborreci quando na abdução muitos bons ficaram só porque não eram cristãos, como se deus diferenciasse as pessoas pelo livro sagrado que leriam e não por seus atos. Judeus bons não seriam abduzidos porque eram judeus, inclusive uma pesquisadora que estava quase descobrindo a cura do câncer não foi abduzida interpretada por Mônica TorresMuitas mulheres da trama eram fortes e bem sucedidas. Nessa equipe de pesquisa ainda estavam duas outras cientistas interpretadas por Carla Marins e Thaís Pacholek. Lizandra Souto interpretou uma grande médica diretora do hospital.
Uma das minhas personagens preferidas era Bárbara, interpretada por Li Borges. Ela era uma âncora de televisão, tinham várias cenas no telejornal, muito bem feitas também. E por ter focado na carreira adiou a maternidade e tentava de modo independente ter um filho. Seu pai era um grande arqueólogo que vai trabalhar em Jerusalém, ele foi interpretado por Edson Montenegro. A própria Zoe era uma mulher forte, uma importante repórter da TV e depois lutou para proteger seu filho.
Outra atriz que adoro e estava no elenco é Samara Felippo, uma policial destemida que tem um romance com um colega de trabalho casado interpretado pelo ótimo Fernando Pavão. Gosto muito dos atores que estavam nesse núcleo: Roberto Birindelli, Augusto Zachi e Igor Cosso. O serial killer foi interpretado por Jaime Periard.

Dois personagens eram cientistas da Nasa interpretados pelos ótimos Emilio Orcciolo Neto e Marcello Valle. Como tiveram fases, e com a abdução muitos personagens sumiram, o elenco era enorme e famoso: Nina de Pádua, Jussara Freire, Selma Egrei, Flávio Galvão, Castrinho, Sidney Sampaio, Leona Cavalli, Beth Zalcman, Henri Pagnocelli, Claudio Gabriel, Jonatas Faro, Lu Grimaldi, Raphael Sander, Murilo Grossi, Luiza Tomé, Marcos Winter, Adriana Prado, ZéCarlos Machado, Pérola Faria, Paloma Bernardi, Sandro Rocha, Thaissa Carvalho, Jandir Ferrari, Junno Andrade, Flávia Monteiro, Juliana Silveira, Lucinha Lins, Marcelo Argenta, Bruno Daltro, Adriana Londoño, Rafael Sardão, Norival Rizzo, Joana Fomm, Carolina Oliveira, Miguel Roncato, Adriano Garib, Renato Livera, Maitê Pirajibe, Cacau Melo, Brendha Haddad e Juliana Xavier. Gostei demais de alguns atores que não conhecia: Thuany Parente, Andrey Lopes, Fran Elmor e o angolano gato Fredy Costa

Já estou em crise de abstinência dessa novela e de seus personagens. Fiquei inconformada que não mudaram o final e não fizeram uma continuação. 



Beijos,
Pedrita

sábado, 9 de janeiro de 2010

Dalva e Herivelto

Assisti Dalva e Herivelto (2010) de Maria Adelaide Amaral na TV Globo. A direção é de Dennis Carvalho. Queria muito ver essa mini-série, gosto muito de histórias de grandes artistas brasileiros e embora conhecesse muito as belíssimas canções do Herivelto Martins e algumas interpretações da Dalva de Oliveira, pouco conhecia a história.

Dalva de Oliveira era de origem humilde, quando conheceu Herivelto é que ingressou no Trio de Ouro e começaram a fazer sucesso. Também era uma época muito promissora para grandes cantores, a era do rádio, dos cassinos. A
reprodução de época da mini-série estava majestosa. Tinha estranhado que o Herivelto chamava a Dalva de neguinha e fui procurar fotos e levei um susto com a caracterização da Adriana Esteves, idêntica. Os trejeitos já me surpreendiam, havia um jeito de cantar, um jeito de interpretar muito da época e ela estava impecável. Fábio Assunção também está excelente. É muito triste a separação do casal, além de ser barulhenta como foi a relação, eles ainda se deixaram usar pela mídia e gravadoras que gostavam do embate musical que faziam. Herivelto é o que mais foi influenciado.
Ele descobriu na época da separação que a Dalva o traiu, embora ele tenha traído ela sistematicamente, até na casa deles, o rancor que ele adquiriu por descobrir que ela também traiu no final da relação beira o insuportável. A atitude dele só ajudou o talento de Dalva, que ganhou fãs e apoiadores. Ele passou a se incomodar profundamente com o sucesso que ela faz. Ele acreditava que ela não iria sobreviver musicalmente sem ele e sem o Trio de Ouro e fica com muita raiva que ela faz muito sucesso, inclusive internacional.

Concordo quando o Fábio Assunção diz que para entender o Herivelto precisamos entender o período. Ele era muito mulherengo, mas também devia ser muito assediado quando começou a fazer sucesso. Muitas cantoras que queriam o estrelato deviam assediá-lo. Nada justifica ele se envolver com a maioria, mas concordo que para um homem que ascendeu financeiramente, devia ser um deslumbramento ser procurado por tantas belas mulheres. E enquanto o Fábio Assunção é belíssimo, o Herivelto não era tão estonteante assim. A Dalva e o Herivelto tinham um relacionamento muito conturbado, cheio de ciúmes e brigas. Depois ele se apaixonou por uma aeromoça e foi viver com ela. Dalva desgostosa, se viciou em bebidas o que acabou matando-a muito jovem. Achei lindo o relacionamento que ela teve com um barman, seu último amor. Até brigaram bastante no começo, mas a maturidade trouxe a serenidade e parece que foram muito felizes.

O elenco é excelente, mas apesar dos negros terem papel de destaque, tanto nos créditos como no site seus nomes ficam em segundo plano e próximos dos que tiveram participações. O ator negro que interpreta o integrante do trio de ouro é Maurício Xavier. Adoro o ator que interpretou o Grande Otelo, Nando Cunha, eu já tinha adorado o trabalho dele em Desejo Proibido, apesar dele ser bastante alto, a caracterização e a interpretação foi idêntica. A atriz que interpreta a mãe da Dalva é Denise Weinberg. A Lurdes é interpretada pela Maria Fernanda Cândido. Os filhos da Dalva adultos são interpretados por Thiago Fragoso e Thiago Mendonça e a amiga por Leona Cavalli. O Ricky Valdez é interpretado por Pablo Belini. O barman Dorival por Leonardo Carvalho. Fernando Eiras faz Francisco Alves, Claúdia Netto faz Linda Batista, Soraya Ravenle, Emilinha Borba e Fafy Siqueira, Dercy Gonçalves. Outros do elenco são: Jackson Costa, Yaçanã Martins, Mayara Neiva, Jandir Ferrari, llen Roche, Emílio de Mello, Janaína Prado, Adriana Sales, Fernanda Curi, Luciana Fregolente e Susana Ribeiro.



Youtube:

Youtube: Dalva de Oliveira canta "Estrela do Mar" (1952)





Beijos,

Pedrita

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Cafundó

Assisti Cafundó (2005) de Paulo Betti no Canal Brasil. Eu queria muito ver esse filme, tinha acompanhado matérias e entrevistas com o Paulo Betti, mas me decepcionei. É um bom filme, mas cometeu alguns pecados irreparáveis. O pior dele está no roteiro de Clóvis Bueno que utilizou aquela técnica etérea de rebuscamento de texto que não diz nada. Querer falar difícil pra mostrar erudição e transformar em cult. Ficou forçado e ruim. A edição do filme também não é das melhores. E o início e o final nos dias de hoje é uma total viagem de mal gosto e falso intelectual. O 007 não gostou do final e disse que teve a sensação de que o dinheiro acabou e resolveram acabar ali mesmo. Também no final vem um texto que fala do João de Camargo, mas além de ficar pouco tempo na tela, não é visível na televisão, provavelmente só na tela grande, erro comum em filmes brasileiros, não pensar na visualização posterior da abertura e final para a televisão.

A história central é interessante, é ficcional baseada na verídica de um ex-excravo do interior de São Paulo que logo após a abolição fundou uma igreja que atendia aos pobres e negros. Incluvise eu já tinha visto uma das imagens desse santo em lojas afro com o nome de O Preto Velho, João de Camargo. Lázaro Ramos está muito bem como João de Camargo.

Alguns outros do elenco são: Leona Cavalli, Leandro Firmino, Flávio Bauraqui, Ernani Moraes, Valéria Mona, Luís Melo e Chica Lopes. O Paulo Betti faz uma pequena participação. Vários grupos atuam em Cafundó: Congada Da Lapa, Ka-Naombo, Art Negra e Banda Lyra. Cafundó foi gravado nas cidades de Lapa, Ponta Grossa, Paranaguá e Curitiba.

Música do post: Caboclo - Caboclo Da Moruganda (É preciso clicar no play porque o Auto Play não está funcionando por enquanto).


Beijos,


Pedrita