sexta-feira, 11 de julho de 2025

Sankofa

Assisti ao espetáculo Sankoffa de Andre D´Lucca no Espaço Parlapatões. A direção é de Mawusi Tulani.

André D´Lucca interpreta brilhantemente o Rei Fatumbi que quer acordar o seu povo. Com um texto repleto de ancestralidade, o ator fala de passado, presente e futuro. De fatos históricos, alguns desconhecidos.

A produção utiliza vários elementos para contar essas histórias. Canto, dança e música ao vivo. É um espetáculo bonito e intenso. Na percussão o ótimo Kandelê do Mundo.

Que incrível o trabalho de corpo de Débora Fernanda interpretando Nizinga. E ainda ao canto a ótima de Ana Cacimba como Akotirene. É um belo espetáculo com só mais três apresentações, hoje, sexta, sábado e domingo.

Beijos,
Pedrita

terça-feira, 8 de julho de 2025

Umma

Assisti Umma (2022) de Iris K. Shim na Netflix. Mais um filme de fantasminhas e que filme. Que grata surpresa!

Eu gosto demais da Sandra Oh, igualmente linda e talentosa a Fivel Stewart. Elas são mãe e filha, muito amorosas, o carinho das duas é lindo. Elas meio que se bastam, ou a mãe acha que se bastam. A mãe tem trauma de eletricidade, então elas vivem em uma pequena fazenda onde criam abelhas, fazem mel, tem árvores frutíferas e não tem energia elétrica. Até tem todos os equipamentos, mas eles ficam desligados. Só tem um amigo, Dermot Mulroney, o dono da venda, que tem uma filha, Odeya Rush. Eu fiquei pensando como a adolescente podia suportar viver naquele isolamento e o filme fala exatamente sobre isso. Apesar de amar a mãe, a fazenda, ela pensa em ir para uma universidade.
O filme tem fantasminha, mas é muito profundo na abordagem da relação mãe e filha. Elas se amam muito, mas a mãe deseja que a filha viva só ali, que as duas se bastem. O filme fala muito de posse, controle. Gostei demais!
Beijos,
Pedrita

segunda-feira, 7 de julho de 2025

A Spy Among Friends

Assisti a série A Spy Among Friends (2022) na Film&Arts. Essa série se arrasta tem anos, meses, nem sei quando tempo atrás eu comecei a ver. Só segui em frente porque estava curiosa, mas não muda muito, é logo o que se apresenta. A história é baseada no livro de Ben Macintyre.

É inspirada na história real de dois espiões Nicholas Elliott and Kim Philby. Depois de décadas de amizade, Elliott descobriu que o Philby era um espião russo. Será mesmo? É o que a série tenta mostrar. Elliot é investigado se foi enganado mesmo por décadas ou não. Chegaram a conclusão que não, mas será mesmo? Ou Elliot se enganou direitinho? Ou preferiram fingir que se enganaram. A premissa é essa, termina chegando a "conclusão" que Elliot não sabia, mas sinceramente, acho que continuaremos sem saber. Espiões sempre foram mestres na arte de enganar. Histórias de espiões dão bons produtos, livros, filmes, mas na prática é tudo uma grande bobagem. Os países gastaram fortunas em mão-de-obra, equipamentos e armamentos, enquanto podiam investir na miséria humana, no meio-ambiente, enfim, em algo que realmente a humanidade precisasse. A série meio que mostra isso. O que mudou para os países descobrir que um agente era espião duplo? Para uma maioria privilegiada pode ter mudado algo, mas pra a população, foi dinheiro gasto com algo desnecessário. Damian Lewis e Guy Pearce estão ótimos. A amizade deles emociona, isso sim muda o mundo, amizades genuínas. Inteligentes, tinham ótimas conversas culturais, o que é um deleite.
A melhor personagem da série é Lily Thomas, da ótima Anna Maxwell Martin, mas ela não existiu hahahaha, isso mesmo, a melhor personagem é ficcional. Ela é designada para ouvir as gravações de escuta para saber se Elliot sabia ou não do amigo espião russo. Interessante que quase nada se perdeu das gravações. Era uma época que os aparelhos eram muito precários, muito se perdia, mas na série nada se perde. Fizeram mágica. Além de ouvir as gravações, tentar interpretar as conversas, ela tinha que interrogar Elliot e eles criam uma bela relação de amizade. Culta, brilhante, ela gera fascínio nele. Ela é bem realizada profissionalmente e pessoalmente. É bem casada com um médico, que claro, não sabe do trabalho da esposa e respeita, bem ficcional mesmo. Criteriosa, ela demora pra dar pareceres da investigação e é maltratada por outra agente que critica o jeito despojado da investigadora. Pra ela, a profissional não conseguiu nada com Elliot porque é desprovida de encantos, não se veste adequadamente, não usa maquiagem, não é sedutora. Como se a aparência fosse mais importante que os conhecimentos. É um dos melhores diálogos da série, muito atual, onde acham que o que importa em uma mulher é a sua capacidade de sedução e não o seu conhecimento.
Na verdade, se é que há alguma verdade, só deixam nós mortais sabermos de espiões por algum interesse político. Provavelmente queriam mostrar que não é possível amizades entre espiões, olha o perigo, mas o fato é que também tinham espiões estrangeiros infiltrados na URSS. Há um interesse político em vilanizar os russos, mas espião era tudo igual não importa o país de origem. Viviam vendo pelo em ovo em qualquer conversa, gastavam rios de dinheiro com a melhor tecnologia da época para escutas, rios de dinheiro com mão-de-obra, que na maioria das vezes servia pra nada ou pra justificar compras absurdas de armamentos. A literatura e o cinema tentaram mostrar que isso tinha alguma função importante, mas no fundo só servia para uma maioria privilegiada. Qual era o intuito da história? Mostrar que um amigo foi décadas enganado por um espião russo e o que isso na prática implicou? Nada né? O russo deve ter passado informações sigilosas, mas também devia ter um espião inglês infiltrado em algum lugar fazendo o mesmo, era o jogo.
Beijos,
Pedrita

domingo, 6 de julho de 2025

Pedro Páramo

Assisti Pedro Páramo (2024) de Rodrigo Prieto na Netflix. Nunca tinha ouvido falar e é baseado no livro de Juan Rulfo. Não é de terror, mas tem fantasminha que não acaba mais, é só ver o pôster. É de realismo fantástico que amo e quero muito ler o livro.
 

Um filho, Tenoch Huerta, vai a uma cidade fantasma saber de seu pai. É em uma cidade fantasma e ele encontra poucas pessoas pra conhecer a história do pai que teve inúmeros filhos, com inúmeras mulheres.

O pai, Manuel Garcia-Rulfo, enriqueceu e manda na cidade. Faz inúmeros absurdos, manda matar, não costuma sujar suas próprias mãos. O que faz com as jovens mulheres é absurdo. Um monstro.

São lindas demais as mulheres que o cercam. Ele vive rodeados de mulheres já que ele governa em casa, os seus homens que vão fazer o que tem que ser feito. Então tem a esposa, filhos e funcionárias. São poucos filhos que ele registrou, a maioria é bastarda. A primeira esposa é interpretada por Ishbel Batista.
O padre. Roberto Sosa, é uma das pessoas mais abjetas. Como Pedro, vive rodeado de mulheres e fazendo um inferno na vida delas. Sim, todas vão ao inferno segundo seus preconceitos, mas acho que ele é o primeiro a chegar lá, tão monstruoso que é. Cheio de moral é o que menos a pratica. Pedro pode ter todos os pecados, ouve barbaridades no confessionário sobre o líder da cidade, mas o padre sempre crucifica as mulheres. Ambicioso e ávido por dinheiro, faz o que pode para conseguir mais cobres, principalmente encobrindo as vilanias de Pedro Páramo.

O grande amor de Pedro na adolescência, Sarah Rovira, foi Susanna. A vida os separa e ele consegue aproximá-la no futuro, mas ela já está abalada mentalmente, entre delírios e muito sofrimento. Pedro paga em vida todo o mal que fez só vendo o sofrimento dessa pobre alma. Ilse Salas está maravilhosa.
Que filme belíssimo! Fotografia, edição, história, elenco. Maravilhoso!

Beijos,
Pedrita