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domingo, 31 de agosto de 2025

In on It

Assisti a peça In on It no Tucarena. Queria muito ver esse espetáculo pelos prêmios e elogios que recebe. Gostei bastante!

O grupo diz "entender não é fundamental e sim a experiência".

O texto é do canadense Daniel Maclvor. A direção é de Enrique Diaz. No palco dessa vez Fernando Eiras e Emilio de Mello. Os três se alternam nas produções. In on It estreou em 2009 e desde então vem se apresentando e viajando. Eu adoro os três atores. Eiras começa um drama sobre a imprevisibilidade da vida. Mello está na plateia vendo. Ele para o texto de Eiras e pergunta se é assim que ele quer começar o espetáculo, de modo tão trágico. Dá-se então o tom da peça. O tempo todo eles alternam entre personagens e conversas sobre escolhas dramáticas, muito bom.
Entre as discussões sobre escolhas dramáticas, surgem personagens, como o homem que descobre que vai morrer. Dramas familiares, traições, despedidas. A linguagem corporal é incrível. No formato de arena eles sobem e descem na plateia, discutem na coxia, ficam sozinhos ou em duplas, fiquei cansada só de ver os dois ágeis em ação. Sem falar nas dancinhas que amei, ainda mais ao som de Sunshine, Lollipops and Rainbows de Lesley Gore, que amo. Adorei as conversas sobre música. Eiras começa ao som de Maria Callas, Mello fala se o fato dele gostar de erudito ou dizer que gosta de ópera é verdade, ou só pra mostrar erudição. Eles fazem o público dar palpites, é bem divertido.

In on It está nas últimas apresentações, até 28 de setembro.






Beijos,
Pedrita

domingo, 18 de agosto de 2024

Cano Serrado

Assisti Cano Serrado (2019) de Erik de Castro no Canal Brasil. Descobri esse filme por um acaso, estava procurando outro, quando vi que é com o saudoso e maravilhoso Rubens Caribé, resolvi ver. É o último trabalho do ator. É um filme violento demais, forte demais, mas urgente demais! Que roteiro incrível! O trailer tem spoiler, nem vou colocar. O bom é descobrindo aos poucos. O trailer conta o final logo no começo.

Dois amigos vão em um encontro da igreja, junto segue um outro ônibus com homens para o encontro também. Os veículos se desencontram e os dois amigos desaparecem. Só nós sabemos o que está acontecendo. Adoro Jonathan Haagensen, Fernando Eiras, Naruna Costa e Milhem Cortaz. O filme foi rodado no Distrito Federal. 
Ainda no elenco estão Silvia Lourenço, Cesario Augusto, Sergio Cavalcante, Mariana Molina e Cibele Amaral. O filme é um verdadeiro bang bang. Ninguém está protegido. As polícias brigam entre si, cometem crimes, escondem os crimes, montam esquema, é um grupo querendo esconder os atos ilícitos dos outros. O roteiro é insuportavelmente surpreendente. Nós não estamos protegidos. Sim, é ficção, mas é difícil não imaginar que seja bem realista.
Beijos,
Pedrita

sábado, 10 de fevereiro de 2018

Real - O Plano Por Trás da História

Assisti Real - O Plano Por Trás da História (2017) de Rodrigo Bittencourt no TelecinePlay. O filme é baseado no livro 3.000 dias no bunker – Um plano na cabeça e um país na mão de Guilherme Fiuza que quero muito ler. Acho fundamental filmes que contem parte de nossa história independente da política. Os filmes são feitos para contar histórias e as análises ficam para os historiadores e educadores. Mas só de provocar o pensamento, de conhecer a história, de estimular a procura por informação, já é fundamental. E gostei demais!

A edição é incrível, elenco excelente. Sim, não é um tema fácil, são muitas vertentes. Real - O Plano Por Trás da História conta o período que foi formada uma equipe econômica muito diversa, com grandes economistas para estudar mais um plano que diminuísse ou até mesmo parasse a inflação, o que sempre pareceu utópico. 

Era governo de Itamar Franco (Bemvindo Sequeira). O Brasil estava com hiperinflação de 80% ao mês, fazem uma ideia do que é isso? O país tinha vindo de planos econômicos fracassados como o criminoso de Fernando Collor de Mello que confiscou as poupanças levando de um dia para o outro milhares de pessoas à miséria e muitos suicídios. Itamar Franco procura Fernando Henrique Cardoso (Norival Rizzo)  para que monte uma equipe econômica para estudar um novo plano.
Fernando Henrique Cardoso busca uma equipe com vários acadêmicos e profissionais de economia significativos, mesmo que divergentes entre si. Gustavo Franco, interpretado maravilhosamente por Emilio Orciollo Netto, acaba liderando e sendo o principal responsável pelo Plano Real, mas todos foram determinantes para tirar o país daquele caos econômico e dando finalmente poder de compra a população. Claro que no Brasil tudo o que se resolve tem consequências, a corrupção é algo complicado no país, mas é fato que até 2008 o brasileiro teve condições de viver com mais dignidade.

Gustavo Franco agiu como poucos decisores, mexeu com poderosos. Quando ele viu que poderosos estavam querendo faturar com o real comprando dólar antes, o famoso jeitinho brasileiro de se dar bem não importa a quem, ele mandou os bancos serem fechados. Quando um político quis fazer um projeto no Irã e que o dinheiro não iria retornar ao Brasil, ele vetou. Gustavo Franco poderia não ser perfeito, foi acusado de corrupção pela venda do Banestado, mas não vacilou frente as pressões. Antes da reeleição de FHC, Gustavo Franco não queria desvalorizar a moeda, sim havia desemprego, juros altos, mas olhando o Brasil daquela época com os dias de hoje, eram bem melhor estar lá do que estar aqui nessa crise monstro sem perspectivas futuras.
O elenco impressiona. Além desses grandes nomes que mencionei ainda participam: Guilherme Weber, Tato Gabus Mendes, Cássia Kiss, Fernando Eiras, Mariana Lima, Paolla Oliveira, Juliano Casarré, Wladimir Candini, Arthur Kohl e Ricardo Kosovski
Beijos,
Pedrita

segunda-feira, 25 de abril de 2016

Nise - O Coração da Loucura

Assisti no cinema Nise - O Coração da Loucura (2016) de Roberto Berliner. Eu contava os dias para esse filme estrear. Desde que começaram as matérias sobre a sua confecção queria ver. Fico sempre muito envergonhada de conhecer tão pouco a história de brasileiros ilustres e fico buscando informações na cultura que preencham minhas lacunas. Minha vergonha aumentou no final do filme quando vi que o diretor Leo Hirzman teria feito três documentários sobre pacientes da psiquiatria na década de 80.

O filme relata o período que a médica vai trabalhar no Engenho de Dentro. Ela vai para uma demonstração das eficácias da lobotomia e dos choques elétricos. Dois médicos vaidosos contam orgulhosos esses "avanços" da psiquiatria. Não sei se os leitores do blog sabem, mas sou há anos contra os manicômios desde que assisti Bicho de Sete Cabeças. Nunca fui a favor dos choques elétricos até porque soube deles pela ditadura militar que utilizavam em seus presos políticos em torturas. Nise diz ao diretor do hospital que não vai conseguir enviar pacientes para esses procedimentos, muito menos realizá-los. Ele diz que só há vaga no setor de terapia ocupacional que ficam enfermeiros, paga mal e não é a altura dela. Nise acaba aceitando. O filme mostra que os médicos acreditavam que a lobotomia e os choques levavam a cura. Nise da Silveira nunca achou que o seu trabalho curaria, mas sim integraria melhor as pessoas no meio que vivem.

Começa então um trabalho muito diferente do que vinha sendo ministrado. Um profissional do hospital sugere aulas de pintura. Nise diz que não há verba para o material. E ele consegue. Os internos começam então a se revelar nas artes, a chamar a atenção de críticos de arte. Os médicos do hospital não gostam do trabalho dela, veem com maus olhos. Glória Pires arrasa como Nise da Silveira, uma mulher de atos contidos, circunspecta. Nise da Silveira foi a única mulher que se formou naquela turma de medicina quando poucas mulheres se formavam no ensino superior. Todos os atores estão impressionantes, inclusive os que interpretam os loucos. Roney Vilela arrasa como Lúcio. Flávio Bauraqui e Fabricio Oliveira também está excelentes. Simone Mazzer está incrível como Adelina, difícil personagem de tanto desprendimento. Alguns outros igualmente brilhantes são interpretados por Julio Adrião, Bernardo Marinho e Claudio Jaborandhy.

Roberta Rodrigues faz a enfermeira, o enfermeiro é interpretado por Augusto Madeira. O que pintava por Felipe Rocha. A estagiária de artes plásticas por Georgina Góes. O diretor do hospital por ZéCarlos Machado. Outros médicos por Michel Bercovitch e Tadeu Aguiar. O marido de Nise por Fernando Eiras. Zezeh Barbosa, Eliane Costa e Perfeito Fortuna fazem uma participação.

O crítico Mário Pedrosa por Charles Fricks. A trilha sonora é de Jacques MorelenbaumNise - O Coração da Loucura ganhou inúmeros prêmios nos festivais internacionais, acompanhei cada prêmio com muita emoção: Melhor Filme e Melhor Atriz - Festival de Tóquio, 2015
Melhor Filme Juri Popular - Festival do Rio, 2015
Melhor Filme Juri Popular, Melhor Trilha Sonora e Melhor Direção de Arte - Fest Aruanda, João Pessoa, 2015
Seleção Oficial - Festival de Gotemburgo, 2016 
Seleção Oficial - Festival de Glasgow, 2016 
Filme de Encerramento - Festival Pachamama, Rio Branco, 2015
Seleção Oficial - Mostra Internacional de São Paulo, 2015

Nise da Silveira adorava gatos. Ela insere cães no hospital para auxiliar no tratamento e estimular a sensibilidade dos pacientes.  Trocava correspondências com Carl Yung. Escreveu vários livros, inclusive o livro Gatos, a Emoção de Lidar que quero ler. Em 1952 fundou o Museu da Imagem e do Consciente no Rio de Janeiro.


Beijos,
Pedrita

terça-feira, 26 de agosto de 2014

Getúlio

Assisti Getúlio (2014) de João Jardim na TV Globo. Eu quis muito ver esse filme nos cinemas, mas não consegui. Cheguei até a ir ver que horário passava, mas era um único horário que eu não podia ir. Gostei que a TV Globo já passou o filme em sua programação. A TV Globo quis passar perto do dia 24 de agosto, data que a morte de Getúlio completa 60 anos. Tony Ramos está excelente como Getúlio. É um filme dos últimos dias do presidente. Começa com o atentado a Carlos Lacerda até o suicídio.

O filme está muito bem realizado, a reconstituição de época, dos fatos. Drica Moraes faz a filha. Eu conheço essa parte da história, mas não sabia o quanto Alzira Vargas era uma mulher forte, atuante, braço direito do pai. Ela está sempre com ele. Em uma reunião com militares, ela acaba interferindo e se posicionando de forma contundente. Fiquei curiosa em conhecer a vida dessa mulher. 

O elenco todo é excelente e estão ótimos. Tancredo Neves é interpretado por Michel Bercovitch. Também não sabia que o Tancredo Neves era tão próximo de Getúlio, ele era ministro do governo Vargas, mas também era muito próximo. Também não sabia que Getúlio Vargas tinha escrito a carta de suicídio com tanta antecipação e passado para uma pessoa de muita confiança datilografar, para o redator dos discursos de Vargas. Alguém que guardou o segredo do suicídio. Esse personagem foi interpretado por Fernando Eiras. A esposa de Getúlio foi interpretada por Clarice Abujamra, o filho por Marcelo Médici. O Gregório Fortunato foi interpretado por Thiago Justino

Alexandre Borges interpreta Carlos Lacerda, ele está excelente. Jackson Antunes interpreta Café Filho. O policial que investiga o atentado por Alexandre Nero. Ainda estão no elenco: Daniel Dantas, Murilo Elbas, Leonardo Medeiros, Adriano Garib, Cláudio Tovar, Gilray Coutinho, Luciano Chirolli e Murilo Grossi.

Beijos,
Pedrita

sábado, 9 de janeiro de 2010

Dalva e Herivelto

Assisti Dalva e Herivelto (2010) de Maria Adelaide Amaral na TV Globo. A direção é de Dennis Carvalho. Queria muito ver essa mini-série, gosto muito de histórias de grandes artistas brasileiros e embora conhecesse muito as belíssimas canções do Herivelto Martins e algumas interpretações da Dalva de Oliveira, pouco conhecia a história.

Dalva de Oliveira era de origem humilde, quando conheceu Herivelto é que ingressou no Trio de Ouro e começaram a fazer sucesso. Também era uma época muito promissora para grandes cantores, a era do rádio, dos cassinos. A
reprodução de época da mini-série estava majestosa. Tinha estranhado que o Herivelto chamava a Dalva de neguinha e fui procurar fotos e levei um susto com a caracterização da Adriana Esteves, idêntica. Os trejeitos já me surpreendiam, havia um jeito de cantar, um jeito de interpretar muito da época e ela estava impecável. Fábio Assunção também está excelente. É muito triste a separação do casal, além de ser barulhenta como foi a relação, eles ainda se deixaram usar pela mídia e gravadoras que gostavam do embate musical que faziam. Herivelto é o que mais foi influenciado.
Ele descobriu na época da separação que a Dalva o traiu, embora ele tenha traído ela sistematicamente, até na casa deles, o rancor que ele adquiriu por descobrir que ela também traiu no final da relação beira o insuportável. A atitude dele só ajudou o talento de Dalva, que ganhou fãs e apoiadores. Ele passou a se incomodar profundamente com o sucesso que ela faz. Ele acreditava que ela não iria sobreviver musicalmente sem ele e sem o Trio de Ouro e fica com muita raiva que ela faz muito sucesso, inclusive internacional.

Concordo quando o Fábio Assunção diz que para entender o Herivelto precisamos entender o período. Ele era muito mulherengo, mas também devia ser muito assediado quando começou a fazer sucesso. Muitas cantoras que queriam o estrelato deviam assediá-lo. Nada justifica ele se envolver com a maioria, mas concordo que para um homem que ascendeu financeiramente, devia ser um deslumbramento ser procurado por tantas belas mulheres. E enquanto o Fábio Assunção é belíssimo, o Herivelto não era tão estonteante assim. A Dalva e o Herivelto tinham um relacionamento muito conturbado, cheio de ciúmes e brigas. Depois ele se apaixonou por uma aeromoça e foi viver com ela. Dalva desgostosa, se viciou em bebidas o que acabou matando-a muito jovem. Achei lindo o relacionamento que ela teve com um barman, seu último amor. Até brigaram bastante no começo, mas a maturidade trouxe a serenidade e parece que foram muito felizes.

O elenco é excelente, mas apesar dos negros terem papel de destaque, tanto nos créditos como no site seus nomes ficam em segundo plano e próximos dos que tiveram participações. O ator negro que interpreta o integrante do trio de ouro é Maurício Xavier. Adoro o ator que interpretou o Grande Otelo, Nando Cunha, eu já tinha adorado o trabalho dele em Desejo Proibido, apesar dele ser bastante alto, a caracterização e a interpretação foi idêntica. A atriz que interpreta a mãe da Dalva é Denise Weinberg. A Lurdes é interpretada pela Maria Fernanda Cândido. Os filhos da Dalva adultos são interpretados por Thiago Fragoso e Thiago Mendonça e a amiga por Leona Cavalli. O Ricky Valdez é interpretado por Pablo Belini. O barman Dorival por Leonardo Carvalho. Fernando Eiras faz Francisco Alves, Claúdia Netto faz Linda Batista, Soraya Ravenle, Emilinha Borba e Fafy Siqueira, Dercy Gonçalves. Outros do elenco são: Jackson Costa, Yaçanã Martins, Mayara Neiva, Jandir Ferrari, llen Roche, Emílio de Mello, Janaína Prado, Adriana Sales, Fernanda Curi, Luciana Fregolente e Susana Ribeiro.



Youtube:

Youtube: Dalva de Oliveira canta "Estrela do Mar" (1952)





Beijos,

Pedrita

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Quase Dois Irmãos

Assisti Quase Dois Irmãos (2005) de Lúcia Murat no Cinemax. Quis muito ver esse filme nos cinemas, mas não consegui. É excelente! Fala da trajetória de dois grandes amigos que começa na infância e segue até os dias de hoje. Mostra a complexidade dos seres humanos, das questões políticas e financeiras no Brasil. De pobreza, ditadura, projetos políticos e vidas divergentes.


O pai do negro era um grande sambista do morro. O pai do outro vivia nos bares tocando samba e a família vivia em dificuldade. O branco se torna um líder revolucionário e por um acaso os dois vão parar na prisão juntos. A edição de Mair Tavares é toda entrecortada. Caco Ciocler narra que há duas vidas, a que vivemos e a que sonhamos, portanto não sabemos o quanto a infância é romanceada na lembrança dele.
Nos dias de hoje o branco se torna um rico deputado e o negro um líder do tráfico na favela, que comanda em Bangu pelo celular. E seus filhos acabam se envolvendo na favela. É uma trama bastante complexa.

Na cadeia, após alguns anos, como presos políticos, começam a chegar os bandidos, desinformados, pela decadência do ensino no Brasil, com outro discurso. Os grupos se dividem e entre os bandidos a liderança é pela força, por espancamentos e morte. Matar para dominar. Mas o discurso dos presos políticos também começa a mudar. Para garantir a sobrevivência, eles se dividem de forma elitista, os presos comuns dos políticos. E há fortes debates sobre essas determinações.

Caco Ciocler está maravilhoso como o branco e Flávio Bauraqui arrasa como o negro. Nos dias de hoje eles são interpretados por Werner Shünemann e Antônio Pompeo. O elenco é extenso por passar em vários anos: Marieta Severo, Fernando Alves Pinto, Maria Flor, Renato de Souza, Babu Santana, Luís Melodia, Cristina Aché, Fernando Eiras, entre muitos outros.
Quase Dois Irmãos ganhou Melhor Edição Melhor Trilha Sonora no Festival de Havana, Melhor filme do público e Prêmio especial do Júri no Festival de Marseille, Melhor filme do Público no Festival Brasileiro de Paris, Melhor roteiroLucia Murat e Paulo Lins pela Associação Paulista dos críticos de Arte e Melhor Diretor, Lúcia Murat e Melhor Ator, Flávio Bauraqui, no Festival do Rio.

Beijos, Pedrita