Assisti La Belle Époque (2019) de Nicolas Bedos na HBO Go. Tem tempo que vejo esse filme no streaming, mas como está catalogado em comédia adiava ver. Já tinha até começado e largado faz tempo, mas insistam, é um filme genial!
O casal é Fanny Ardant e Daniel Auteuil. Dá pra imaginar? Eles estão em crise. Ela, psicanalista, consegue por ele pra fora de casa. A situação dele é muito delicada, exímio desenhista vivia de fazer caricaturas de políticos para um jornal que acabou, foi pra internet e lá não se interessam mais as charges. Desmotivado, ele resolve aceitar um convite.
Ele ganhou uma experiência do filho (Guillaime Canet). Ele não gosta do que o filho inventou. O convidado escolhe que experiência quer viver. Tem quem goste de viver na época de reinados, outros de guerra. Sempre que o filho conta essas experiências, o pai, um homem brilhante, vê as loucuras das escolhas dos convidados, humilhar negros, cenas com Hitler. Ele não vê com bons olhos tanta aberração e o projeto. O filho está muito bem de vida porque o negócio é um sucesso. Mesmo que construir o sonho custe muito, empregue muita gente, ele consegue ganhar muito bem.
O pai só quer viver em 1974, quando encontrou o grande amor da sua vida. Ele leva seus maravilhosos desenhos daqueles dias e são com esses desenhos que os cenários são construídos. Quem não entendeu o ceticismo do pai não entendeu nada. E quem não acompanha o fim de algumas profissões maravilhosas, também não. Ele fica encantado com a produção, figurinos sob medida. Por ser um homem muito culto ele tem várias percepções incríveis, tem admiração pelo filho, mas tem um olhar muito crítico de como tudo é construído. O filme é bem crítico da sociedade atual. Sua amada foi interpretada por Dora Tillier. Ele acha engraçado que os atores o veem em 1974, jovem como era e não é mais. Para se preparar para viver ele mais jovem, o pai tira sua barba, arruma o seu cabelo exatamente como os seus desenhos.
Vou falar detalhes do final: O final não fica claro, mas eu achei que ele não voltou para a esposa. Os dois viveram com carinho a experiência do primeiro encontro, mas ele não pareceu que voltaria quando não segue pra pegar o echarpe e continua na mesa. E eu preferiria que não voltasse, ela vinha sendo horrível publicamente com ele há bastante tempo, sem falar na traição. Acho que não há conserto.
Assisti Kalinka (2016) de Vincent Garenq no TelecinePlay. Tinha tempo que queria ver esse filme, mas não tinha coragem pela sinopse. Sim, é um filme dificílimo de assistir mas fundamental. O pior é que é baseado em uma história real.
Os dois filhos pequenos de um casal são amigos de outras duas crianças de um pai que passa a dar em cima da esposa do outro. Ela resolve abandonar o amante e se mudar com o marido, mas o homem a persegue e insiste no romance, ela não resiste. Não gostei da forma como esse marido resolve a questão. Primeiro eles conversam, ele fala que se ela está apaixonada é melhor se separarem mas ela não quer. Quando ele descobre que ela continua com o amante ele chama a polícia por adultério. Gostei que o filme não mostra esse pai como um herói, mas é inegável a retidão dele.
8 anos se passam, os filhos estão adolescentes, Kalinka com 14, e eles vão passar um tempo com a mãe. Percebemos então que a família resolveu o conflito e passou a ter uma relação boa de convivência. O pai aproveita para fazer uma viagem com a mulher que está se relacionando até que recebe um telefonema que sua filha morreu. Começa então o tormento desse pai. Tudo é irregular. O padrasto é médico e diz que a menina teve um mal súbito do coração e que ele deu injeções para reanimá-la. O resultado da autópsia demora a chegar, e o pai procura tradutores porque ele vive na França e a ex-mulher na Alemanha e o laudo era em alemão. Além de tradutores procura advogados, especialistas e todos percebem que tudo foi irregular. Primeiro o padrasto médico participou da autópsia. Depois tinha uma substância na vagina da menina, mas não foi analisada, e as substâncias das injeções não pareciam ser para animar alguém que tinha morrido e sim atitudes insanas. O padrasto médico alega que entrou em pânico com o falecimento da menina e por isso se atrapalhou em reavivá-la. Mesmo com tantos indícios, a Alemanha arquiva o caso, nem manda em julgamento.
Esse pai começa o seu calvário. Ninguém quer abrir o caso, insuportável a inoperância da justiça alemã. Inaceitável a postura da mãe que mesmo sabendo que a filha tinha substância suspeita na vagina continuou achando que nada estava errado na autópsia. Aos poucos vamos descobrindo que esse médico estuprou muitas meninas e descobrimos como fazia. Ele convencia as meninas a tomar injeções para bronzeamento, ou de ferro para fortalecer. Até que um dia em vez da injeção de vitima que colocava ele dava uma paralisante. Muitas vezes as vítimas, na maioria menores de idade, ficavam acordadas mas sem conseguir mexer o corpo e aí que ele as estuprava. O pai da vítima vai em um julgamento e descobre que a justiça alemã não junta todos os casos de mulheres estupradas pelo médico, com isso ele fica solto. Não deve ter sido fácil conviver com a obsessão desse homem. A atual esposa se separa, ela não aguenta a obsessão do marido, as ausências e se separa. Não deve ser fácil mesmo conviver com uma pessoa tão obstinada. Mas todas nós mulheres devemos muito a esse pai e nada as justiças da Alemanha e da França. Ele descobre conversas entre a justiça da França e da Alemanha, monstruoso como se referem a esse pai. Sem falar que esse médico levou 30 anos para ser preso. 30 anos de estupros em mulheres e menores de idade. Devemos muito a esse pai e nada aos juízes e decisores da Alemanha e França. Quem faz vista grossa aos estupros, não une casos e provas, não cumpre mandatos de prisão, são igualmente estupradores como esse médico. Falamos tanto da impunidade no Brasil, parece que outros países também protegem poderosos mesmo que sejam estupradores de meninas.
Daniel Auteuil está incrível como esse pai obstinado. Sua ex-mulher é interpretada por Marie Josée Croze. O médico por Sebastian Koch.
Assisti Além do Inverno (2013) de Philippe Claudel no Max. Eu falei desse filme para a Lilianedo Paulamare colocamos pra gravar. Ela viu antes, parecia não ter se animado muito, fui postergando ver. Um dia eu vi uma chamada e vi que era com o Daniel Auteuil que amo. Vejo tudo o que ele faz. Ele pode fazer um filme muito porcaria, que ganhe Framboesa de Ouro, mas eu vou querer ver. E depois que começou é com outra atriz que adoro Kristin Scott Thomas. O dois interpretam um casal que está junto faz muito tempo. Eles são se dão bem, tem uma vida muito confortável. A casa que escolheram é lindíssima, o jardim maravilhoso. Ele é médico e eu achei que a esposa fosse paisagista, mas depois ela conta que largou tudo para apoiar o marido na carreira difícil de médico, para dar suporte a ele. O casamento está desgastado. Eles vivem bem como amigos, mas os dois estão distantes um do outro.
Ele conhece uma linda moça e começa uma bela e terna amizade com ela. Eles não se envolvem. A esposa do médico tem uma irmã com problemas e quando ela precisa de ajuda procura o amigo do casal, não o marido médico. O médico tem muito stress e é afastado do hospital onde fazia numerosas cirurgias. Boa parte do stress é em decorrência de rosas vermelhas que incessantemente chegam pra ele no consultório e em casa e ele não sabe quem envia. Ele e a mulher desconfiam de muita gente. Todos negam. Linda a moça que ele conhece, interpretada pela Leila Bekhti.
Vou falar detalhes do filme: Há muito texto incrível. Em um momento a esposa fala que o marido teve licença para ficar em casa, na casa que ele estranha, que ele parece não pertencer. Os dois se dão muito bem com a nora e volte e meia ficam com a neta que adoram, mas o filho é um chato e eles não se entendem muito. No filme também eles contam que os três amigos se conheceram juntos. Ela era muito amiga dos dois e casou com um deles. O pai inclusive se entende muito mal com o filho economista. Também no final, bem no finalzinho uma frase passa quase despercebida. O filho chato pergunta a mãe quem está ganhando no tênis e a mãe diz, o seu pai, mas quem está ganhando é o amigo deles. E quem perceber, vai ver que na verdade o filho chato é filho do amigo do casal, não do marido, mas o filho acha que a mãe se enganou e nem percebe.
O final é bastante surpreendente. O amigo é interpretado pelo Richard Berry. A trilha sonora é muito bonita também. Desse diretor é já viHá Quanto Tempo Que Te Amoe comentei aqui.
Assisti em DVD A Vingança de Manon (1986) de Claude Berri. Minha amiga me emprestou uns DVDs. Vi Jean de Florette que comentei aqui e só depois que vi que ela me emprestou também a continuação. É igualmente genial. No making of no primeiro DVD eu vi que o diretor filmou os dois filmes juntos, primeiro Jean de Florette e depois A Vingança de Manon. Os dois são baseados no livro de Marcel Pagnol.
Vou falar detalhes do filme: Passaram-se 11 anos e a pequena Manon cresceu. Ela quis continuar vivendo na casa na pequena cidade e quer se vingar de todos por terem escondido uma mina d´água levando o pai à morte. A bela Manon é interpretada pela Emmanuélle Béart. O texto tem um viés moralista. Ela acha e fecha a mina da cidade. Todos da cidade começam a sofrer o que o pai dela sofreu já que não só os vizinhos fizeram mal ao pai dela, como a cidade sabia mas foi omissa e se silenciou. O moralismo fica por conta do desfecho, o mal que fizeram foi muito pior porque não sabiam do grau de parentesco do pai.
O filme mostra também a hipocrisia da cidade que só vai à missa quando fica sem água. O padre mesmo critica os moradores pela súbita fé egoísta. Todos estão ótimos. Daniel Auteuil continua maravilhoso, seu tio é interpretado por Yves Montand. Surge no elenco o professor da cidade interpretado por Hyppolite Girardot. Emmanuélle Béart ganhou César de Melhor Atriz Coadjuvante pelo filme.
Assisti em DVD Jean de Florette (1986) de Claude Berri. O filme é baseado no livro de Marcel Pagnol, autor que agora quero ler. Impressionantemente atual. Daniel Auteuil está irreconhecível tanto visualmente como na interpretação. Ele mora nas terras de um tio que não tem herdeiros. Ele volta da guerra e resolve cultivar cravos, pra isso precisa de muita água. É um lugar que raramente chove, faz um ano que não chove, mas há uma mina d´água no terreno vizinho e eles desejam comprar as terras ao lado. O tio é interpretado por Yves Montand e é o grande mentor do sobrinho.
Insuportáveis as armadilhas politicamente incorretas que os dois fazem para conseguir as terras. Primeiro em uma briga com o louco proprietário, o matam, depois começam a enganar o herdeiro que vem com a família. O herdeiro é interpretado por Gérard Depardieu e sua esposa, por sua esposa na vida real, Élisabeth Depardieu. Manon por Ernestine Mazurowa, a menina nunca mais atuou em filmes. Foram filmados ao mesmo tempo esse filme e a continuação, Manon que agora quero achar para ver. Daniel Auteuil ganhou Cézar por sua interpretação.
Assisti Meu Melhor Amigo (2006) de Patrice Leconte na TV Globo. Isso mesmo, vi um filme dublado. Estava no começo, vi que é com esse diretor que adoro, achei melhor ver porque filmes desse diretor não são muito fáceis de encontrar pra assistir. Claro que é dificílimo aguentar a voz dublada do majestoso e lindo Daniel Auteuil, mas fiz esse sacrifício. Mesmo não sendo o meu preferido desse diretor, gostei muito. Pode parecer inicialmente um filme simples sobre amizade, mas Patrice Leconte sempre vai além do que mostra na superfície.
O Daniel Auteuil interpreta um colecionador de arte. Ele compra por um preço absurdo uma peça que fala de amizade e quer guardar na casa dele. Sua sócia irritada por ele ter usado sem consultá-la o dinheiro da galeria para algo pessoal faz uma aposta, se ele em um período não apresentar o seu melhor amigo a peça é da galeria deles. Aposta e desafio é o que mais gosta nosso protagonista que começa insistentemente procurar antigos conhecidos que na maioria se desentenderam com ele. Leconte mostra muito o quanto as pessoas acham que podem comprar as outras, como alguns acham que as relações afetivas são conquistadas pelo dinheiro. Ainda no elenco estão: Dany Boon, Julie Gayet, Julie Durand, Henri Garcin, Jacques Mathou, entre outros.
Assisti ao filme francêsPor Gentileza (2003) de Pierre Salvadori no Cinemax. Tive uma surpresa agora na biografia do diretor, ele nasceu na Tunísia. Eu não sei se sabem, mas sou fã do Daniel Auteuil. Vivia perdendo esse filme porque esse nome não me chamava a atenção. Até que enfim conseguir ver. É uma comédia deliciosa, ri muito, ótimo texto, ótimo elenco, muito bom.
No início eu achava que o personagem do Daniel Auteuil era dono de um restaurante, mas depois vi que ele era um garçom. Ele tem um jantar do outro lado da cidade, resolve cortar caminho por um parque fechado e se depara com um homem se suicidando. Ele salva o homem, vê que ele está muito desequilibrado emocionalmente, e o leva para a sua casa, onde mora com essa mulherque não gosta nada da idéia. Nosso protagonista se sente responsável por esse homem perturbado e resolve ajudá-lo. Só que esse homem está muito fora do eixo totalmente deslocado, amalucado e cria uma série de confusões para o seu salvador.
O elenco é excelente. Junto com Daniel Auteuil contracenam José Garcia, Sandrine Kiberlain e Marilyne Canto. Daniel Auteuil ganhou prêmio de Melhor Ator no Étoile d'Or. Música do post: Ma Solitude