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terça-feira, 23 de junho de 2009

A Romana

Terminei de ler A Romana (1947) de Alberto Moravia. Eu comprei esse livro no sebo por R$ 10,00, é daquela coleção da capa vermelha da Editora Abril, não essa que ilustra o post. No Brasil, esse livr parece só ser encontrado em sebos, está esgotado nas livrarias. Eu gostei demais dessa obra, antes de ler vi que esse autor escreveu também O Conformista, que o Bertolucci adaptou para o cinema e gostei muito. Alberto Moravia fala muito sobre divisão de classes. Que pobres não conseguem efetivamente mudar de nível social, o que não muda muito hoje também, com raras exceções. Nossa protagonista é belíssima, uma mulher como poucas, mora com a mãe que sempre sonhou um destino melhor para a sua filha, diferente do dela. Mas o livro mostra o tempo todo que não é possível essa mudança, só em um ou outro momento temporariamente, enquanto a juventude e a beleza nos acompanham.

Obra Via Crucis de Lucio Fontana

E embora nossa protagonista ache sempre que vai conseguir, nós ficamos sempre com a sensação que ela está enganada. Nossa protagonista tem dificuldade de perceber que muito do que ela imagina é ilusão, até mesmo a ascensão da amiga que no fundo só conseguiu ir para um bairro melhor, mas talvez temporariamente, já que ela vive de aluguel e é sustentada por um homem. E eu penso como será quando a juventude se afastar dessa mulher. Gostei demais de
A Romana, do estilo do autor, e da desilusão que vai nos invadindo. Nós torcemos pela protagonista o tempo todo, mas o texto é sutil em nos mostrar sempre que é bem possível que tudo não só não melhore, mas piore.

Obra Composição (1959) de Enrico Accatino

Anotei alguns trechos de A Romana de Alberto Moravia. Queria ter anotado muito mais, mas eram tantos trechos, que o melhor mesmo é devorar a obra inteira. Apaixonante!

“Aos dezesseis anos eu era uma verdadeira beleza.”

“Talvez não tivesse essa sensação de mundo feliz proibido, se mamãe, durante minha infância, não me tivesse mantido distante do parque, assim como qualquer outra diversão. Mas a viuvez de mamãe, sua pobreza, e, sobretudo, sua hostilidade para com as distrações que a sorte não lhe prodigalizava, não me permitiram pisar no parque, como, de resto, em todos os outros lugares de diversão, a não ser bem mais tarde, quanto fiquei moça e meu temperamento já estava formado. Deve ser por isso, provavelmente, que ficou para toda a vida uma espécie de suspeita de ter sido excluída do mundo alegre e cintilante da felicidade. Suspeita da qual não consigo libertar-me sequer quando tenho certeza de estar feliz.”

“Assim cada qual coloca o próprio paraíso no inferno dos outros.”

“Além disso, gostava de Nossa Senhora porque era tão diferente de mamãe, tão tranqüila e serena, ricamente vestida, com olhos que me olhavam carinhosos; e tinha a impressão de que fosse ela minha verdadeira mãe, e não a mãe que gritava sempre, ofegante e mal vestida.”


Música do post: nino rota amacord posible para final




Beijos,

Pedrita

sábado, 9 de fevereiro de 2008

O Conformista


Assisti O Conformista (1970) de Bernardo Bertolucci no Telecine Cult. Uma co-produção entre França, Alemanha e Itália. Resolvi no domingo de carnaval aceitar a sugestão do blog do Marcelo Janot e ver esse filme, amo esse diretor, vocês se lembram que recentemente vi dele O Céu que nos Protege. O Conformista não é o meu preferido, mas é genial. Estranhamente e coincidentemente o último livro e esses dois últimos filmes são do mesmo período. O Conformista é baseado no livro de Alberto Moravia.


Como disse Janot, esse filme tem uma visão mais intimista do momento político. O Conformista busca sua satisfação pessoal, alimentar sua curiosidade. Apesar de trabalhar para a política e para o regime fascista existente no seu país, a Itália, ele parece estar mais preocupado consigo mesmo, do que com as questões globais do momento que está inserido. Ele viaja com sua mulher para Paris para investigar e lá se aproxima de um professor e sua mulher.


O Conformista é de uma beleza estética arrebatadora, a direção de fotografia é maravilhosa. Nosso protagonista é interpretado pelo ótimo Jean-Louis Trintignant. As belas mulheres por Stefania Sandrelli e Dominique Sanda. O professor por Enzo Tarascio.

Música do post: Swing valse (1940) - Precisa clicar no play porque o AutoPlay não está funcionando.


Beijos,

Pedrita