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quarta-feira, 14 de outubro de 2015

O Hipnotizador

Assisti a série O Hipnotizador (2015) de Alex Gabassi e José Eduardo Belmonte na HBO. Que obra de arte! Foram oito episódios. Assisti também o especial por trás da série onde falam que foi baseada em uma história em quadrinhos de Pablo de Santis e Juan Saénz Valiente. Uma co-produção entre Brasil, Argentina e Uruguai. A primeira série falada em dois idiomas. Os personagens contracenam cada um no seu idioma. Rapidamente o estranhamento desaparece e descobrimos uma série original e maravilhosa. Eu adoro textos mágicos, e tudo é mágico nessa série, direção, elenco, iluminação de Pedro Luque, cenários, efeitos e figurinos de Andrea Simonetti. A começar pela cidade mágica, um misto de cenários dos filmes do Tim Burton, com vários zepellins ao céu. Nosso protagonista, o hipnotizador Arenas, interpretado brilhantemente pelo argentino Leonardo Sbaraglia, chega em um hotel. Ele consegue emprego no Teatro Rex. Fiquei fã desse ator, agora quero ver outros trabalhos dele. Nesse blog achei um filme que vi com ele, Plata Queimada.

Enquanto Arenas ajuda pessoas com seus tormentos, a sua história caminha. Alguns episódios ele ajuda algumas pessoas, mas depois a trama de Arenas ocupa magnificamente os episódios. Seu antagonista é igualmente um ator maravilhoso, o Chico Diaz. O assistente do Diaz é interpretado por Miguel Lunardi.

No hotel estão os maravilhosos Cézar Troncoso e Bianca Comparato. A personagem da Bianca é uma graça, figurinos lindos, ela sempre pensa em ajudar o Arenas que não consegue dormir. Tudo o que descobre arruma pra ele. Nos sonhos do Arenas aparece sempre a misteriosa interpretada pela linda Juliana Didone. O cientista é intepretado pelo Ruy Guerra. No hotel há um ajudante interpretado pelo argentino Chino Dárin, filho do famoso ator Ricardo Dárin.
Fantástico também a equipe do teatro. O dono interpretado brilhantemente pelo espanhol Zemanuel Piñero. Adorei a personagem da Zoraide, interpretada pela bela Ondina Clais, ela lia o futuro pela água e ajuda muito o Arenas. Adoro a atriz Marisol Ribeiro que interpretava a bela e desafinada Carolina. Linda também a Margarida, a uruguaia Stefanie Neukirch, que fazia um número com o atirador de facas. O traiçoeiro é interpretado por Rodrigo Garcia.

Tudo é muito mágico já que as lembranças de Arenas são confusas, metafóricas. O lado metafórico da série é incrível. Ambientado no passado, mas sem época definida, fala do começo de uma ditadura, algo tão próximo a infeliz realidade dos países que estão em co-produção.

Vários atores fazem participações: a argentina Marilú Marini, a portuguesa Maria de Medeiros, os brasileiros Gero Camilo e Daniel Infantini. A encantadora de cobras pela bela Mel Fronckowiak. A trilha sonora de Guilherme Gustavo Garbato também é incrível.


Beijos,
Pedrita

quarta-feira, 8 de maio de 2013

O Veneno da Madrugada

Assisti O Veneno da Madrugada (2004) de Ruy Guerra no Telecine Cult. Que filme incrível, fiquei impactada, que surpreendente, que dilacerante e angustiante. O Veneno da Madrugada é baseado no livro A Má Hora de Gabriel García Marquez que quero muito ler agora. O Veneno da Madrugada é uma co-produção entre Brasil, Argentina e Portugal. É todo surreal! O filme acontece em um vilarejo que só chove, dá uma agonia ver todos molhados, com cabelos ensebados e cheios de barro. O texto é todo metafórico, O Veneno da Madrugada é um grande suspense, sem a certeza de ser desvendado. Todo imprevisto. Obra de arte! Toda a fotografia é feita em sépia.

Leonardo Medeiros está incrível e irreconhecível com um alcaide, sujo, ensebado e estúpido. Ele passa parte do filme com uma dor de dente insuportável, deitando sangue, mas não aceita tratar com o dentista do vilarejo porque ele é da oposição, dá uma agonia ver ele dobrar de dor.

 No vilarejo, duas famílias são rivais e o alcaide só faz piorar os conflitos no vilarejo. Todos vivem com medo. Angustiante também a casa paroquial e a igreja infestada de ratos. Alguém vive colocando pasquins pelo vilarejo promovendo mais desconfiança e discórdia. O elenco está majestoso, surpreendente com atores maravilhosos: Fabio Sabag, Emílio de Melo,  Juliana Carneiro da Cunha, Amir Haddad, Zózimo Bulbul, Rejane Arruda, Nilton Bicudo, Murilo Grossi, Fernando Alves Pinto, Rui Resende, Tonico Pereira e Maria João Bastos.

Beijos,
Pedrita

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Os Cafajestes

Assisti Os Cafajestes (1962) de Ruy Guerra no Canal Brasil. Obra-prima! Simplesmente maravilhoso! Fazia tempo que queria ver esse filme e não conseguia. Que fotografia! A direção de fotografia é de Tony Rabatoni. O roteiro é do próprio diretor que apesar de algumas questões típicas da década de 60 é muito atual quando mostra essa juventude sem rumo, abusando de mulheres para conseguir dinheiro com extorção e as mulheres, mesmo sofrendo violência, se aliando para ajudar em outros golpes. Claro, na década de 60, fotos de mulheres nuas, mulheres que não casavam virgens, eram um escândalo e famílias honradas pagavam qualquer coisa por essas fotos. Mas pagar por fotos e evitar escândalos é uma prática muito usual hoje, mesmo que tenha mudado o motivo.
O elenco é excelente. Os cafajestes são interpretados maravilhosamente por Jece Valadão e Daniel Filho. A mulher principal é a maravilhosa Norma Benguell, inclusive ela aparece no primeiro nu frontal do cinema brasileiro, uma das cenas antológicas da história do cinema. Esses dois cafajestes levam essa mulher a uma praia, ela acha que foi com um só, ela vai nadar nua, estimulada por quem a levou e eles passam a fotografá-la, tiram totalmente a sua dignidade. É uma cena filmada incrivelmente e dificílima de ver pela violência com que ela é tratada mesmo que eles não cheguem perto dela. É a lente da câmera que a violenta. Ela passa então de abusada a abusadora. Para se livrar do problema, ver seu pai sendo chantageado e sofrer represálias, ela sugere que eles façam isso com outra mulher mais rica. Há um texto incrível depois dela passar por tudo aquilo, ela pergunta para o personagem do Jece Valadão quanto ele ganhou para fazer aquilo e ele diz: Um velocípede. Ela então acha que ele fez um bom negócio. Um velocípede vale mais que o respeito a uma mulher. Tudo é deprimente em Os Cafajestes, um filme maravilhoso e contundente.

Os Cafajestes passa em um único dia, em uma época em que haviam praias desertas, lugares belíssimos, fotografia majestosa. O som infelizmente está bastante prejudicado, legendas ajudariam bastante. O texto é maravilhoso!

Outros que aparecem no elenco são: Lucy de Carvalho, Glauce Rocha, Hugo Carvana, Germana Delamare, Fátima Sommer, Aline Silvia e Mariana Ferraz.


Beijos,

Pedrita

terça-feira, 28 de agosto de 2007

Casa de Areia

Assisti Casa de Areia (2005) de Andrucha Waddington no Canal Brasil. Sempre quis ver esse filme, inclusive quanto esteve em cartaz nos cinemas. Sou fã incondicional desse trio: Andrucha Waddington, Fernanda Torres e Fernanda Montenegro. O quando um casamento pode fazer bem a alguém e ampliar o seu talento. Os dois se completam e a união com a mãe, essa grande atriz, só aumentam as maravilhas que compartilhamos com eles. Casa de Areia é belíssimo em tudo, direção, fotografia, interpretação, roteiro, uma perfeição.

Começa com nossas protagonistas chegando nos Lençóis Maranhenses em 1910. Elas estão exaustas com um grupo liderado pelo marido da filha. Um homem grosseiro que deixa claro a esposa que pagou muito caro por ela pagando todas as suas dívidas. Ela está grávida desse homem horroroso. Eles são então roubados pelos que os levaram e ficam os três na região. O marido logo morre em um acidente e essas duas mulheres ficam abandonadas a própria sorte. Se não são alguns moradores locais, nem conseguiriam sobreviver. Passam-se as gerações. E Fernanda Torres e Fernanda Montenegro alternam suas personagens e o envelhecimento delas.
Me lembrou bastante O Piano onde uma mulher bem criada é levada a um lugar ermo e tem que viver em condições precárias. Em Casa de Areia a precariedade é no limite. Elas vivem no meio da areia, daquele clima complexo e sem o mínimo de conforto. Sempre sujas, sem conforto, sem roupas, sempre aos trapos. Nós que estamos tão acostumados a tecnologia esquecemos as dificuldades que viviam as pessoas em lugares pouco colonizados. Nós que sentimos falta de um computador que quebra esquecemos que algumas pessoas ficam anos sem ver alguém diferente. Elas passaram dez anos até ver alguém que fosse da cidade e conhecesse um pouco os seus hábitos E para conhecer essas pessoas elas andaram dois dias. E ficaram de voltar para partir com essas pessoas, o que significaria 4 dias depois. Dois de ida e dois de volta a pé. O quanto nós não temos essa noção desde que toda a locomoção e comunicação ficou mais fácil e ágil a vida.

As duas Fernanda Torres e Fernanda Montenegro arrasam. Ainda estão no elenco: Ruy Guerra, Seu Jorge, Luiz Melodia, Enrique Diaz, Stênio Garcia, João Acaiabe, Emiliano Queiroz, Camilla Facundes.

A direção de fotografia de Ricardo Della Rosa é maravilhosa e as imagens dos Lençóis Maranhenses é um sonho. A idéia do filme veio de uma narração de uma foto por Luiz Carlos Barreto sobre uma casa abandonada na areia. Casa de Areia ganhou merecidamente 3 prêmios no Grande Prêmio Cinema Brasil, Melhor Figurino, Melhor Maquiagem e Melhor Direção de Arte.




Beijos,

Pedrita