Mostrando postagens com marcador peruano. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador peruano. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 23 de julho de 2024

Longa Pétala de Mar de Isabel Allende

Terminei de ler Longe Pétala de Mar (2019) de Isabel Allende da Bertrand Brasil. Na última Festa do Livro da USP fui no balcão dessa editora. Foi difícil decidir qual livro dessa autora que amo eu ia levar com 50% de desconto.

Obra The Lee Shore de Edward Hopper que veio em um calendário.

Marcador de Livros de golfinho

 

Obra Guernica de Picasso

Podem ver que pelas ilustrações com a capa do livro, eu não estava preparada para um livro de guerra. A obra começa na Espanha, em meio a Guerra Civil Espanhola. A leitura arrastou bastante. Eu tinha escolhido uma obra mais leve a ler.
Obra Castilo de Coca (1964) de Lucio Muñoz

O protagonista é Victor Dalmau. Na guerra, muito jovem, salva um rapaz já morto fazendo movimento no coração. Um médico vê, o rapaz conta que largou o curso de medicina porque não conseguiu pagar e passa a acompanhar os médicos e aprender o ofício na prática. Com a situação insustentável na Espanha, pede a um amigo que leve a pé a mãe grávida de seu sobrinho e sua mãe para fora da Espanha. Foram milhares de refugiados caminhando com fome e frio pelo país até a fronteira. Depois colocados em campos de concentração em situação miserável. 

Dalmau resolve então tirar a cunhada e o bebê da Europa e se inscreve para conseguir uma vaga no Winnipeg, navio de imigrantes que seguiria para o Chile. Isabel Allende ficou impressionada como eu com essa história. Pablo Neruda era diplomata, o que eu desconhecia. E resolve lotar um navio de imigrantes para o Chile. Os governantes e alguns chilenos não queriam, então ele não teve apoio, nem ajuda financeira. Conseguiu apoio de pessoas e comerciantes pra equipar o navio com cozinheiros e alimentos para a viagem. E selecionou quem poderia ir. Foram levadas mais de 2200 pessoas. Me emocionei demais! Desconhecia por completo essa história. O nome do livro é de um de seus poemas e as poesias de Neruda aparecem em todo o livro. 

Obra Paisagem 5 de Augustín Abarca

No Chile, Dalmau finaliza os seus estudos de medicina, com ajuda da esquerda do país. Além da amizade com Pablo Neruda, fica amigo de Salvador Allende. O livro chega  então na ditadura, ele vai a um campo de concentração. A obra termina na velhice de Dalmau, após seus 80 anos. Eu acho fascinante como Allende costura as histórias, as tramas, a quantidade de texto. Acho incrível como alguém escreve tanto e tão bem. Entre meus autores preferidos.



Beijos,
Pedrita

sexta-feira, 14 de abril de 2023

Qual Arte Que Te Habita?

Fui a exposição Qual Arte Que Te Habita? na Galeria Objectos do Olhar. São mais de 200 obras de vários gêneros, estilos, simplesmente inacreditável! Quanto talento em um mesmo lugar!

A obra pendurada é do peruano Adrián ILave Inca, especialista em obra andina. As telas são do incrível Zaqueu Pedrosa. Eu já tinha comentado de umas obras dele aqui e pra essa mostra trouxe outras bem diferentes das que tinha visto, incrível o estilo dele.

Essas são as outras obras dele, lindas demais.

Fiquei muito impactada com as fotos de Edson Prudêncio. Estou acostumada com outro tipo de trabalho dele, fiquei bem chocada. Fortes, contundentes e dilacerantes. Um lado são imagens no Nordeste.

Foto de Edson Prudêncio


Do outro lado, belíssimas fotos de indígenas.

Foto de Edson Prudêncio

Gostei demais das obras do Henri Liloko Art.


E as da Mariana Negrão.

Fiquei muito impactada com as fotografias de Charlot Rego. Me levaram as imagens do filme 9 Dias. Me senti novamente naquele universo.

Foram tantas obras que gostei que não consigo parar de olhar. Vendo de perto então é melhor ainda. Só consegui pincelar algumas na postagem, são muito mais. Essas que amei também são de Flávia Gomes da Olho de Tênis.

Essa belíssima é da fotógrafa e bióloga Sonia Sacco. A mostra Qual Arte Que Te Habita? fica em cartaz até 29 de maio e é grátis!



Beijos,
Pedrita

domingo, 16 de junho de 2019

A Floresta de Pigmeus de Isabel Allende

Terminei de ler A Floresta de Pigmeus (2004) de Isabel Allende da Bertrand Brasil. Eu queria muito ler esse livro, achei em um sebo. É o último da trilogia As Aventuras da Águia e do Jaguar. Os anteriores eu comentei aqui: A Cidade e a as Feras e O Reino do Dragão de Ouro.

O marcador de livro é de couro e do Peru. A autora nasceu no Peru, mas é considerada chilena por ter ido logo morar no Chile. Mas por viver nos Estados Unidos também é considerada americana. Os pintores da postagem são chilenos.
Obra Painel Floresta Mágica de Enrique Rodriguez

Agora a jornalista Kate é designada  pela International Geographic a fazer uma matéria na floresta africana. Ela diz que só pode ir com o neto e a amiga. Eles seguem então para uma aventura. Lá conhecem uma aviadora até que um missionário pede que essa aviadora o leve ao meio da floresta para resgatar dois missionários desaparecidos.

Obra O Rei do Bosque (1982) de Patricio de la O 

Antes da obra começar a autora fala do seu compromisso com as florestas. É perceptível na obra, em meio as aventuras, o cuidado com os animais, as florestas e as pessoas. E Isabel Allende escreve muito bem aventuras. Gosto muito de toda a trilogia.

Obra Reconstruindo pela Água (2016) de Alejandro Escribano

A autora é muito irônica. O tempo todo ela questiona o missionário e a não aceitação as crenças das aldeias e sobre a arte também. 

Trecho de A Floresta de Pigmeus de Isabel Allende:

"Para Kate, formada na sobriedade de uma igreja protestante, o culto católico parecia tão pitoresco quanto as cerimônias religiosas dos povos africanos.
-Eu também tenho um amuleto, mas não creio que ele seja capaz de me salvar dos dentes de um crocodilo - disse Angie, mostrando sua bolsinha de couro.
-Não compare seu fetiche de bruxaria com um escapulário! -irmão Fernando protestou, ofendido.
-Qual é a diferença? - Alexander perguntou com muito interesse.
- O primeiro representa o poder de Criso, o segundo é uma superstição pagã.
- Às nossas crenças chamamos de religião, às dos outros, superstição - Kate comentou.
Sempre que surgisse uma oportunidade, ela repetia essa frase em presença de seu neto, para que ele aprendesse a respeitar as culturas diferentes da sua. Outras frases favoritas de Kate eram as seguintes: "Falamos um idioma, os outros falam dialetos"; "O que os brancos fazem é arte, mas o que as pessoas de outras raças fazem é artesanato"."


Beijos,
Pedrita

terça-feira, 22 de agosto de 2017

Filha da Fortuna

Terminei de ler Filha da Fortuna (1999) de Isabel Allende da Bertrand Brasil. Que edição linda, que capa de Raul Fernandes maravilhosa, que livro espetacular! Acho somente que o livro poderia ser menor pela edição, não em texto. Há várias páginas em branco, letras bem grandes, um pouquinho só menor e menos espaços faria o livro ser menor e menos pesado.

Obra Paisagem de La Hacienda Aculeo de José Gandarillas

O livro começa em 1843 e fala bastante do início do Chile colonizado. Dois irmãos vivem com uma moça que não sabem quem são os pais. A irmã tem uma rara beleza, mas não quer casar. Há vários personagens, navios, mercadorias. É muito interessante como ela mostra costumes do Chile e povoados. Que a escravidão não vingou no país porque eram pequenas extensões de terra. Eu conhecia muito pouco do início do Chile.

Obra de Xavier Martinez

A jovem se apaixona por um rapaz pobre, tem um romance escondido e eu ficava pensando onde o livro seguiria. Estava no meio, tinha muito texto ainda e o livro dá simplesmente uma reviravolta, impressionante. Chega no Chile a notícia de ouro na Califórnia e todas aquelas lendas sobre enriquecimento rápido. O rapaz, querendo dar uma vida melhor a mãe miserável e ser digno da sua amada, rouba para conseguir viajar. A jovem descobre-se grávida e segue clandestinamente em um navio atrás do amado. Incrível como o livro passa a ter tantos contornos diferentes. Quem coloca a jovem em um navio clandestinamente é um chinês, que era cozinheiro do navio e amigo da família dela. A relação entre eles é de uma beleza incrível.

Obra de Xu Gu

O livro segue para o passado então para contar a triste história desse chinês. Ele era o quarto filho, passavam muita fome. Ele é vendido como escravo, mas acaba virando um aprendiz de um médico e ficando com suas agulhas de ouro quando ele mora. Ele vira cozinheiro do navio porque é sequestrado, prática comum na época. Acaba indo parar no navio. Vem ao Chile e ajuda a jovem a ir para a Califórnia clandestinamente. A jovem para sair do navio sem levantar suspeitas veste-se de chinês e passa muitos anos vestida como homem, só mudando o personagem que ela criava. Só prostitutas iam aquele lugar, demorou para chegarem mulheres com outras profissões, construíram famílias. É muito interessante também como Eliza começa a amar essa liberdade, de viajar, de ir a onde queria, principalmente porque vestia-se de homem. Ela não se via mais com outra vida. Algumas pessoas perceberam que iriam ganhar dinheiro não com o ouro, mas com tudo o que seria necessário para as pessoas que lá passaram a viver. Sim, prostituição, livros eróticos, mas também alimentos, estalagens. Quem enriqueceu foi com o que conseguiam fornecer aos novos moradores e não com o ouro. Absolutamente fantástico! Filha da Fortuna é incrivelmente feminista.

Obra Sherman House de M. Evelyn McCormic

O livro todo é incrível, foi difícil me despedir dele e daqueles personagens. Na Califórnia, o texto fala muito de preconceito, dos nomes pejorativos aos chineses, aos chilenos. Do trabalho escravo na extração do ouro. A lei não defendia os chineses que criavam regras próprias e bastante cruéis. 

Beijos,
Pedrita

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Música Sul Americana do Século XVIII

Ouvi o CD Música Sul Americana do Século XVIII (1965) da Gravadora Eldorado. Essa capa é do LP, recentemente passaram para CD essa belíssima obra. Entre os excelentes intérpretes estão a Orquestra de Câmara de São Paulo, sob regência de Olivier Toni e a soprano Marília Siegl.

No repertório uma obra anônima da Bahia de 1759, uma do peruano Orejon y Aparicio, a cantata Mariposa e a última de Lobo de Mesquita (foto), o Ofertório de Nossa Senhora. Essa com o Grupo Coral do Instituto Cultural Ítalo-Brasileiro.

Beijos,
Pedrita

quinta-feira, 26 de julho de 2012

A Cidade das Feras

Terminei de ler A Cidade das Feras (2002) de Isabel Allende da Bertrand Brasil. Eu tinha comprado em um sebo o livro seguinte a esse, O Reino do Dragão de Ouro, esses livros são de uma trilogia infanto-juvenil de aventura da autora. Só com o anterior desse é que descobri que a Isabel Allende, entre meus autores preferidos, tinha escrito livros juvenis. Raramente leio ao contrário, mas só depois de um tempo que li é que fui adquirir esse, o primeiro da trilogia. Quero ler o último agora, O Bosque dos Pigmeus. O post de O Reino do Dragão de Ouro eu comentei aqui.

Obra Calabazas Verdes (1992) de Claudio Bravo

As aventuras de A Cidades das Feras se passam na Amazônia. A avó de nosso protagonista vai fazer uma matéria sobre as Feras da Amazônia para a International Geographic. O neto não quer ir, sua mãe está doente, suas irmãs vão ficar com uma avó e ele vai ficar com essa que mora nos Estados Unidos. Mas ele acaba adorando a aventura. Enquanto Isabel Allende relata essa aventura ela fala de família, ecologia, respeito as diferenças, aos costumes indígenas e a natureza.

Primeira frase de A Cidade das Feras de Isabel Allende:

“Alexander Cold despertou ao amanhecer sobressaltado por um pesadelo.”

Tanto o pintor como o compositor são chilenos.



Beijos,
Pedrita

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Transição

Fui a exposição Transição na Galeria Leme. É a primeira exposição no novo espaço. Vocês se lembram que eu tinha ido na última exposição no antigo espaço e comentei aqui. O projeto é do mesmo arquiteto, Paulo Mendes da Rocha, com a mesma concepção. Agora o espaço tem um formato mais retangular. Alguns desses artistas convidados falaram desse processo de mudança. Me diverti com a Caçamba (2012) com luz neon de David Batchelor. Nós paulistanos estamos, mais do que deveríamos, acostumados com essas caçambas por toda a cidade.

Essa obra Floaters (2011) é de João Pedro Vale. Há uma obra em vídeo (2011) de Patrícia Osses com dois violonistas tocando Vivaldi nos dois espaços. O mecanismo elétrico de papel, alumínio em madeira de Milton Marques é um filminho, divertido filminho.

Esse bloco de concreto sobre duas pequenas telas é a obra da peruana Sandra Gamarra e intitulada  Alguns usos práticos para a arte em desuso (2012). Outros artistas que estão expondo são Andre Komatsu, Elaine Tedesco, Felipe Cama, Joao Loureiro, Marcelo Cidade, Marcelo MoschetaRogerio Canella. Essa mostra é gratuita e fica até 15 de fevereiro. A próxima está prevista para o fim de março.

Escolhi um compositor brasileiro, Edson Zampronha, para ilustrar esse post com uma obra que me lembra muito essa Transição .
Beijos,
Pedrita

domingo, 22 de maio de 2011

A Ilha Sob O Mar

Terminei de ler A Ilha Sob o Mar (2009) de Isabel Allende da Bertrand Brasil. Eu adoro essa autora. Minha irmã ficou felicíssima quando ganhou de aniversário essa obra e adorou a leitura. Amei quando ela me emprestou. Essa capa de Ana Juan é lindíssima e vou sentir falta dela ilustrando o meu blog no que eu estou lendo. Amei essa obra. É profunda, informativa, intensa e apaixonante. Fala da época que alguns países tinham colônias em ilhas como a de Saint-Domingue que depois passou a ser o Haiti. Dá pra entender um pouco porque esse país tem tanta dificuldade financeira ainda hoje. Após as rebeliões dos negros, todos foram fugindo do país. Os países cortaram relações comerciais e ficaram a própria sorte. Os anos de conflitos entre negros e brancos, excessivas queimadas destruindo as plantações, a destruição de tudo, deve ter sido difícil reconstruir.

Obra Rara (1960) de Xavier Amiama

A Ilha Sob o Mar conta a história de Zarité, escrava de Saint Domingue, de possessão francesa, que é comprada por um francês para cuidar de sua esposa espanhola. A obra é dividida em partes, ou Zarité conta sua história ou a autora. Vamos assim vendo por dois pontos de vista. Fantástico! Dessa forma Isabel Allende conta um pouco a história dessa ilha e depois da Louisiana. Eu nem sabia que a Louisiana tinha sido também de possessão francesa.  A Ilha Sob o Mar reforça o quanto achavam que os negros eram animais, propriedade e objetos. É uma obra extensa, detalhada, que fala muito da cultura e tradições afro. Fico imaginando que tipo de estudo a Isabel Allende fez para contar em tantos detalhes essas histórias. A Ilha Sob o Mar entrou para a lista dos livros inesquecíveis e melhores livros que já li.


Obra Arca de Noé (1964) de Andre Normill

Enquanto eu lia eu pensava em algumas questões nossas atuais, algumas pessoas preocupadas em trocar por um carro melhor, se irritaram com os pais porque não tem um apartamento melhor. Querer usar a roupa daquela celebridade. E via a vida dessas pessoas escravizadas, que a luta era para viver, para ficar com a criança que criou como filho no lugar da liberdade. Ter que escolher entre amor, liberdade e cuidado com o filho que criou para que não morra. Pensei o quanto muitos de nós pensamos e valorizamos questões tão fúteis. É bom melhorar, lutar por algo melhor, conquistar, mas viver só com objetivos materiais fica tudo muito vazio. 

Obra As Mulheres no Mercado de Alberoi Bazile

Anotei alguns trechos de A Ilha Sob o Mar de Isabel Allende:

“Eu, Zarité Sedella, do alto dos meus quarenta anos, posso dizer que tive mais sorte do que as outras escravas.”

“...reduziu os castigos e contratou um veterinário que passou dois meses em Saint-Lazare tentando devolver um mínimo de saúde aos negros.”

“Parecia um homem de poucas luzes, com mentalidade de subalterno e sem ambição, porque era preciso carecer completamente dela para ter se casado com uma mulher de cor.”

“Não dava conselhos porque, segundo a sua experiência, era uma perda de tempo; cada um comete seus próprios erros e aprende com eles.”

Tanto os pintores como o compositor são do Haiti.



Beijos,
Pedrita