Uma mulher tem que cuidar do seu marido vegetativo em meio a uma cidade que está sendo bombardeada. E ainda tem que cuidar de suas duas filhas pequenas. O entregador de água não tem aparecido, a farmácia não fornece soro sem ela pagar o que deve, ela faz então soro caseiro com a pouca água que sobra. A família do marido foi embora. A esposa está revoltada. O marido tem vários irmãos que o idolatravam, a mãe do marido tinha adoração pelo filho, mas não pensam duas vezes em largar essa mulher e o marido vegetativo a própria sorte, sem comida, água e dinheiro.
Com muita dificuldade, dias procurando, ela consegue localizar a tia que vive de dormir com homens em troca de pagamento. Ela deixa suas duas filhas com a tia e diariamente vai cuidar do marido na casa já parcialmente destruída. É desesperador quando um tanque aponta para ela e atira na casa. A veracidade dos conflitos no filme é aterrador, muito bem realizado.
Enquanto passa horas com o marido em coma, ela conta a sua história que é igualmente aterradora. Como o pretendente estava na guerra, a cerimônia de casamento é feita com ela e a adaga do futuro marido. Só muito tempo depois é que ela conhece o marido que casou. Para que a pureza dela fosse preservada ela dorme na cama da sogra até o marido que ela só conhece em foto chegue. A condição da mulher nessas sociedades é monstruosa. Ela anda nas ruas de burca. O religioso só vai na casa dela para exigir que ela continue rezando, mas não leva nenhuma ajuda. Ele deve até acreditar, mas de forma leviana diz que se ela rezar incessantemente por 15 dias, o marido acordará depois desse período. Ela acredita e praticamente larga as filhas para rezar direto ao lado desse homem. E claro que ele não acorda. Com o abandono ela começa a questionar e se irritar com esse religioso. Ela não diz isso a ele, mas fala nas conversas com o marido em coma. Essa mulher questiona também a guerra e matar em nome de Alá. Com os relatos dela vemos o quanto eles negam, mas agem escondidos, desrespeitam as mulheres, tudo é pecado, mas agem e pensam com muito pecado. Todos fingem que não percebem e acabam sendo cúmplices das maiores atrocidades cometidas contra as mulheres. A atriz lindíssima é iraniana Golshifteh Farahani. O marido é interpretado por Hamid Djavadan. A tia por Hassina Burgan. O jovem soldado por Massi Mrowat.
Beijos,
Pedrita