Assisti Amsterdam (2022) de David O. Russell na Netflix. Eu comecei a ver esse filme faz tempo, na casa de uma amiga em outro streaming. A conexão deu problema e não vi mais. Fiquei muito feliz quando entrou na Netflix. Adorei o filme! É confuso, rocambólico, mas delicioso! Acho que o que mais gostei é que cada hora que eles falavam um personagem e o ator aparecia era um susto. Só feras. Os três protagonistas também são geniais Christian Bale, Margot Robbie e John David Washington.
O filme é baseado em fatos reais. Robert De Niro interpreta Gil Dillenbeck. Ao final aparece lado a lado o discurso do personagem e de Dillenback avisando sobre uma conspiração anterior a Segunda Guerra Mundial principalmente com clínicas de esterilização que eu já tinha ouvido falar no filme Nunca Deixe de Lembrar. Os nazistas esterilizavam sem consentimento pessoas que eles achavam que não tinham a pureza da raça.
Para chegar nesse desfecho o filme dá muitas voltas. O protagonista vai para a guerra e lá fica amigo Harold. Muito acidentados eles conhecem no hospital Valerie. Interessante como a base do filme é amor e amizade. Como o mundo poderia mudar se tivesse mais amor e amizade. Os três se separam. Burt passa a ajudar veteranos de guerra a minimizar seus sofrimentos. Assusta como o roteiro é atual.
E vão aparecendo muitos personagens e atores incríveis como Michael Shannon e Mike Myers.
Rami Malek, Anya Taylor-Joy, Chris Rock, Andrea Riseborough, Zoe Saldaña, Alessandro Nivola e Taylor Swift. As músicas também são lindas e já estão no meu Spotify.
Assisti 3 episódios da série Na Trilha do Cinema no Curta! Agora há um recurso da ClaroTV que permite solicitar gravar todos os episódios de um programa, espero que repitam e eu possa ver os primeiros. Está disponível para assinantes do CurtaOn. André Abujamra que apresenta e ele também já fez várias trilhas pra filmes. É um tema que adoro, amei o programa. O primeiro que vi é com outro gênio das trilhas, o Antônio Pinto. Eu amo suas trilhas, a Eu na Rua de Nine Daysestá nas minhas playlists. É dele a trilha maravilhosa de Central do Brasil, Abril Despedaçado, Primeiro Dia, Marighella.
O segundo que vi foi com Flavia Tygel. Foi muito descobrir quais trilhas eram dela. Me emocionei muito com o relato de As Polacas que quero muito ver. Ela trabalha com uma diretora do meu coração, a Susanna Lira e fez a trilha para o impactante Torre das Donzelas.
O último foi muito divertido, Abu entrevistou Abu. Inclusive Abu é o responsável pela trilha de A Melhor Mãe do Mundo que acabei de ver e amei e de vários filmes da Anna Muylaert. O compositor falou em mais detalhes as trilhas de Carlota Joaquina que acaba de ser relançado e Carandiru.
Ouvi o álbum Ronaldo Miranda - Piano Concerto (2025) pela Naxos no Spotify. Que álbum! Absurdamente impactada! Que obras! Ronaldo Miranda está entre os maiores compositores da atualidade! Linda capa do álbum.
E a interpretação foi só com grandes artistas. Com a excelente Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, sob regência do ótimo maestro Fábio Mechetti e com o incrível Eduardo Monteiro ao piano. O resultado não podia ser mais maravilhoso!
Eu cheguei a acompanhar fotos e trechos pelas redes sociais na época das gravações, ansiava bastante pelo lançamento.
Lindíssima a obra Piano Concerto em 3 movimentos, Tenso, Grave e Lúdico. Embora muito diferente da obra Macunaíma do compositor, me lembrou bastante, pela força visceral. É algo que se sente no corpo e que interpretação dos músicos, orquestra e piano. Já ouvi inúmeras vezes. Horizontes tem também 3 movimentos, A Partida, A Espera e A Descoberta e é uma obra que causa desconforto, muito interessante! A que ficou mais conhecida e difundida do álbum foi Piano Concertino, em dois movimento, Alegro e Alegretto, mas foi mesmo a primeira que gerou críticas contundentes em elogios. Foi uma grata surpresa a Variações temporais (Beethoven). Não conhecia!
Ronaldo Miranda na foto de Vânia Laranjeira
Foto do acervo pessoal do compositor feita na época da gravação do álbum que está disponível em todas as plataformas. Da esquerda para a direita, Fábio Mechetti, Eduardo Monteiro e Ronaldo Miranda.
O álbum Ronaldo Miranda - Piano Concerto da Naxos está disponível nas plataformas de streaming.
Assisti Coringa: Delírio a Dois (2024) de Todd Phillips na HBO Max. Nossa! Que filme! Absurdamente desconcertada. O primeiro já falava de saúde mental, esse vai tão profundamente no tema, que nos vira do avesso. Porque não é só sobre a saúde mental do Coringa, mas de toda uma sociedade delirante e dilacerante.
Coringa está no presídio depois de todas as barbaridades que fez. Enquanto ele diverte a todos com piadas, está tudo bem. Ele é humilhado, forçado a agradar, desrespeitado, mas enquanto a plateia ri, está tudo bem. Quando ele resolve se rebelar, falar tudo o que está engasgado, ele é violentamente espancado, estuprado e violentado. A advogada (Catherine Kenner) tenta tirá-lo do presídio e levá-lo para uma prisão psiquiátrica, mas a sociedade ensandecida não acha que ele tem graves problemas mentais. A advogada acha que na prisão psiquiátrica ele será tratado melhor, tenho minhas dúvidas. Relações de poder são sempre perversas, ele ia mudar de uma violência para outra.
Joaquim Phoenix está impressionante, que ator, que entrega. Nesse aparece a igualmente maravilhosa Lady Gaga. O filme é musical! Ela canta demais, mas Phoenix também nos arrebata. As faixas foram pras minhas playlists. Eram músicas incríveis, conhecidas, na versão deles. Eles nos arrebatam. Muitos números musicais são só na cabeça do Coringa, muito bem feitos os cortes, achamos que está acontecendo, até que tudo foi só na cabeça dele. Em alguns momentos até achei que a personagem da Lady Gaga só existia na cabeça dele. O trabalho corporal do Phoenix pro filme é impressionante!
As cenas do tribunal incomodam um pouco, mas acabam sendo fundamentais pra mostrar essa horda de fanáticos por celebridades. Dessa sociedade delirante pelo show, pouco importa se seu ídolo sofre ou não. E achei coerente o dolorido final, não tinha muita saída para o filme porque tudo é trágico. Que filme!
Assisti Beleza Fatal (2025) de Raphael Montes no Max. A direção é de Maria de Médicis. Que novelão!!! Em entrevistas, alguns atores disseram que sabiam que a novela iria bem porque o autor é ótimo, mas não tinham ideia que iria viralizar. Foi meme até não acabar mais, vivia nos trending topics. Foi tanto sucesso que a TV Bandeirantes comprou e está passando, já nas últimas semanas. Beleza Fatal teve 40 capítulos. Uns atores também disseram que preferem atualmente participar de projetos com menos capítulos. O tamanho da novela foi perfeito. O sucesso foi tanto que deixaram o último capítulo para ser ao vivo. Vários lugares promoveram festas para assistir ao último capítulo. Eu queria muito ter participado, mas estava atrasada nos capítulos, com muito trabalho, acabei vendo depois.
É uma clássica história de vingança. Vanessa Giácomo participa da primeira fase. Ela e sua filha pedem ajuda a prima que em um primeiro momento não quer acolhê-las, mas ela brigou com a empregada, vê uma boa oportunidade em ter uma empregada só dando casa e comida para mãe e filha e instala-se o trabalho análogo a escravidão. Melissa Sampaio está incrível. Camila Pitanga é a arquivilã da novela, a famosa Lola. Ela mata o marido policial e implora pra prima assumir, que vai proteger a filha. Até nós nos convencemos dos argumentos. A mãe é presa, a prima tira a menina da escola e a coloca nos trabalhos domésticos pra substituir a mãe.
Os mocinhos são a família Paixão. Trambiqueiros até. Brilhante colocar os mocinhos como verdadeiros trabalhões. O amor deles é lindo! O elenco então. Os pais são Giovana Antonelli e Augusto Madeira. Eles vivem de pequenos golpes, muito divertido. E é exatamente por serem craques nos truques, que ele se juntam a Sofia para vingar o que fizeram com ela e com a filha deles. Sofia agora é Camila Queiroz que está inacreditável e o irmão, Breno Ferreira. Acolhedores, os pais não param de acolher as pessoas. Sempre dividem o pouco que tem.
Lola percebe que terá mais dinheiro e futuro se juntando a família Argento, casa-se então com Benjamin, um dos grandes personagens de Caio Blat. Cirurgião plástico, ele tem muita dificuldade em convencer o pai do seu talento, já que se mete em muita confusão e questões éticas. A novela fala muito de falta de ética, inclusive na indústria estética.
Outro que se casa com um Argento é o Dr. Peitão de Marcelo Serrado. Ele arrasa a pouco autoestima da inacreditável Julia Stockler, que personagem. E a novela passa a falar sobre relações abusivas.
O patriarca Argento é o incrível Herson Capri em um de seus melhores personagens. São tantos segredos que estamos o tempo todo curiosos. Ele teve uma filha sequestrada e todo aniversário dela, ele recebe um lírio e um cartão assustador.
O moralista Argento tem um romance secreto com o gato Dr. Marcelo de Drayson Menezzes. Argento não deixa o genro operar trans em sua clínica, mas é gay de armário.
Murilo Rosa é o genro, ele que teve a esposa sequestrada e congela sua vida pessoal. Sua filha também é cirurgiã e é a bela Manu Morelli. Como é novela todos vivem na mansão dos Argento, até mesmo o genro não segue para uma vida independente.
É dele o casamento mais lindo da novela, com a bela Andrea, Kiara Felippe.
Outro lindo romance era de Lola e seu braço direito da incrível Naruna Costa. O tempo todo nos confundimos com os personagens. Naruna era policial e trabalhava com o marido da Lola, nós achamos que ela vai desvendar os horrores, mas ela se vende e se une a família Argento por muito dinheiro e por amor a Lola.
Eu demorei muito pra aceitar que Julia/Sofia tinha se perdido. Os personagens já falavam isso, mas eu relutava em aceitar, fiquei em negação por bastante tempo. Achava que ela tinha um plano, que todos iam entender depois, ela mesma dizia isso, mas era cada vez mais difícil bancar a personagem. Ela ganha roupas da Lola, passa a se vestir como ela, não só quando está com ela. Fiquei bem triste com o arco da personagem. O grande amor dela é o filho da Lola, do gato Enzo Romani. A novela alterna o tempo todo grandes atores de televisão e teatro e atores menos conhecidos. O elenco é estrelado e gigante: Marat Descartes, Patrícia Gaspar, Fernanda Marques, Georgette Fadel, Luciano Chirolli, Mariana Molina, Santiago Acosta, Bruna Luísa Gön e Mônica Torres. Em participações estão Martha Meolla, Rei Black e Leonardo Miggiorin. A trilha sonora é ótima e tem no Spotify.
Assisti Camponeses (2023) de DK Welchman no Max. Não tinha ideia desse filme, fui até pesquisar antes. É literalmente uma obra de arte. As cenas do casamento são deslumbrantes! Há muita dança e música belíssimas que tem inclusive no Spotify.
O filme foi realizado, depois mais de 100 pintores fizeram a animação. Nos créditos vi que eram pintores da Sérvia, Ucrânia, Lituânia e Polônia. O efeito é inacreditável!
Fiquei atônita também em ver que o filme extremamente transgressor é baseado no livro homônimo (1904-1909) de Wladyslaw Reymont que ganhou Prêmio Nobel por esse livro que não tem no Brasil e é em vários volumes. Eu fiquei bem chocada do livro ser de 1900 e tão transgressor. Uma jovem é cobiçada por toda uma aldeia e tem má reputação. Um homem mais velho acaba de ficar viúvo e ela é obrigada a se casar com ele.
Mas ela está apaixonada pelo filho dele. Eles tem um romance, mas ele é casado e com filhos. A aldeia maltrata demais essa mulher, é um absurdo o que fazem com ela, mas os homens, esses não, a culpa é sempre dela. Como o filme é pintado posteriormente, há um ótimo elenco, ela é a belíssima Kamila Urzedowska, pai e filho são Miroslaw Baka e Robert Gulacyzyk.
Assisti no cinema Emilia Pérez (2024) de Jacques Audiard. Eu quis aproveitar a Semana no Cinema que acaba dia 12 de fevereiro com ingressos a R$ 10,00. Queria no cinema aqui perto e esse que era no horário que gosto, logo depois do almoço. Como não falam bem do filme, estava com pé atrás, mas que grata surpresa. Gostei demais!
Antes de ver eu tentei fugir dos spoilers e das polêmicas, independente disso tudo, o filme é muito bom. O filme é Zoe Saldaña, como eu amo essa atriz. Ela é a protagonista, apesar da personagem de Karla Sofía Gascón levar o nome do filme e ser indicada a Melhor Atriz. É Zoe que protagoniza, que aparece o tempo todo. Karla é linda e talentosa, a personagem é interessante, mas eu fiquei fascinada pela personagem de Zoe, a Rita. Ela é uma grande profissional, advogada, subordinada ao chefe que leva os créditos. Rita é contratada para ajudar um líder de um cartel mexicano a fazer cirurgia de redesignação. Ele quer ser Emilia, mas ninguém pode saber.
Ele terá que morrer para Emilia surgir. É Rita que cuida de todo esse processo, escolher cirurgião, todos os segmentos para ele poder ser ela. A documentação falsa.
Pra piorar ele tem mulher e filhos que não vão poder saber, ninguém pode. Eles vão ter que ser afastados, vão para a Suíça, e devem acreditar que ele morreu. A esposa é Selena Gomez.
O filme é transgressor, não só por incomodar o sistema, mas porque incomoda também em vários segmentos como o fato de ser francês e não mexicano. Será que um filme para falar do crime no México só pode ser mexicano? Emilia Perez descobre o amor em uma mulher, já que o amor é complexo, o que se sente é diverso. O filme é um ótimo musical, muito diferente dos tradicionais, a trilha tem no Spotify e é ótima. Zoe Saldaña canta demais, mas longe de ser no lugar tradicional de subir voz e som para emocionar. Duas faixas usam um pouco esse recurso, mas na maioria a música desconcerta, tem uma mistura de ritmos, estilos, com texto afiado. A cançãoEl Mal ganhou Melhor Música no Critics Choice Awards 2025. É quando Zoe Saldaña canta e dança uma incômoda canção que fala da ligação do crime com os políticos e com os ricos. O filme me lembrou muito o Brasil, com a criminalidade unindo todas as esferas, inclusive política, porque há muito dinheiro. Outra semelhança de espelhamento ruim, é que as duas resolvem montar uma sociedade para ajudar a localizar corpos de pessoas desaparecidas, exatamente como em Ainda Estou Aqui. No filme é o crime que desova os corpos, no Brasil foi a ditadura e atualmente é o crime e a polícia. Emilia fala que não é para investigar, nem julgar, mas para dar alento aos familiares com seus desaparecidos. A sociedade passa a encontrar lugares com inúmeros corpos e encerrar os processos doloridos com os familiares.
Emilia Perez veio para ficar, é um filme para se pensar e questionar por muito tempo porque mexe nas estruturas da sociedade, da corrupção de toda uma sociedade que gosta de dinheiro, luxo e flerta com a criminalidade. Merece prêmio de Melhor Fotografia? Não! Mas é um filme importante, desconcertante e transgressor por incomodar inúmeros segmentos. O filme Emilia Perez veio para incomodar e esse é o seu grande valor.