Assisti Vermelho Monet (2022) de Halder Gomes no Canal Brasil. Queria muito ver esse filme! Fiquei eufórica quando estreou no canal e coloquei pra gravar. É muito lindo e poético! Fala de todo o tipo de arte, não só as artes plásticas. Música, teatro, arquitetura. E é cheio de metáforas. O Vermelho Monet impregnou-se na minha pele.
Chico Diaz é um pintor. Sua musa é a belíssima Samantha Heck Müller.
Ele vive com usa belíssima esposa, Gracinda Nave. Ela depende dele pra tudo. É lindo o cuidado dele com ela. Ela está sempre linda, bem vestida, penteada. Ele sai com ela em lindos passeios por Lisboa. O filme é pura poesia. Com uma trilha sonora inspiradora.
Maria Fernanda Cândido é uma marchant e tem uma galeria de arte. Ela e a jovem atriz se apaixonam. O tempo todo os personagens falam de arte, muito lindo.
Matamba Joaquim é um milionário que gosta de comprar obras de arte.
Assisti Os Belos Dias de Aranjuez (2016) de Wim Wenders no TelecinePlay. Que filme poético e bonito! Muito diferente também. Gosto desse diretor que ele sempre é imprevisível! O filme é uma adaptação da peça do austríaco Peter Handke.
Um escritor (Jens Harzer) imagina o seu livro. Eu amei a casa. Há livros por toda parte, embaixo do sofá, empilhados, nas estantes, parecem sempre estar em movimento, porque eles não estão organizados, estão colocados. Os livros daqui de casa são assim também, vão espalhando os seus tentáculos por onde passam. Tem também uma máquina de por o disco pra rodar. O escritor vai lá de vez em quando escolher uma nova música. Fiquei curiosíssima pra saber onde é a locação. Nossa, descobri, é na casa onde viveu Sarah Benhardt. Que incrível! Era o nome da minha gata inclusive.
O livro é um casal que conversa no jardim sobre suas experiências. Ela fala mais sobre seus experiências. O texto é todo muito poético. A vista é deslumbrante! Fiquei curiosa pra saber se os sons são do local mesmo ou feitos na edição, mas vemos o vento, um pouco deve ser do local mesmo. Os dois são Sophie Semin e Reda Kateb.
Nick Cave faz uma aparição mágica. Achei incrível como a câmera chega até ele e a surpresa de ver música ao vivo na casa. Magicamente some de novo. O filme é mágico, poético e genial! Bela trilha sonora também!
Fui a exposição Fotografia Habitada - Antologia Helena Almeida, 1969-2018 no Instituto Moreira Salles. Depois da exposição no Sesi, eu e o 007 seguimos para o IMS. Gostei demais dessa mostra. A curadoria é de Isabel Carlos. Helena Almeida (1934-2018) era portuguesa.
Além de ver a exposição, eu gosto muito de ver como a mostra interage e reflete nas outras pessoas. O que mais gosto na arte é que cada um tem uma sensação diferente. Eu ficava muito incomodada com a ordem das obras, eu achava que estavam sempre do fim pro começo. Parecia spoiler eu ver o fim antes. O 007 achou que tanto faz, que a obra dava pra ver tranquilamente de um lado ou outro, de uma sequência ou outra. Eu já ficava incomodada por achar que estava ao contrário.
São 120 obras. Gostei muito da exposição Fotografia Habitada que fica em cartaz até 24 de setembro e é gratuita.
Assisti A Viagem de Pedro (2022) de Laís Bodansky no TelecinePlay. Fiquei eufórica quando vi que já estava disponível no canal. Que filme! Eu amo essa diretora, é genial e esse filme igualmente incrível. Cauã Reymond arrasa como Pedro I.
O filme é ambientado em uma lacuna da história, pouco se sabe sobre a ida de Dom Pedro I a Portugal. Não deve ter sido uma viagem fácil, primeiro porque essas viagens de navio eram muito longas, já deviam ser difíceis naturalmente, imagine nesse contexto histórico.
Dom Pedro resolve levar a sua filha para assumir o trono de Portugal. Seu irmão ia assumir o trono e Dom Pedro acha que é por direito dele e de sua família estar no trono de Portugal. Aquele Dom Pedro que deu o grito de independência de Portugal, achava que ainda tinha direito ao trono. Pra isso larga no Brasil seu filho de 5 anos, que assume o trono por aqui, na verdade terceirizando o trono por seus tutores. Pra ver como Pedro I não estava nem aí pro Brasil e para seus filhos.
Laís Bodansky cria um Dom Pedro atormentado. Deve ter sido uma viagem difícil por inúmeros motivos. Imagino como deve ser difícil pra Pedro a viagem, um homem demasiadamente agitado, com muitos conflitos internos. Pra piorar, ele estava com sífilis e com problemas de ereção. Para um homem compulsivo sexualmente devia ser insuportável. Nos delírios, ele tem recordações do passado.
O filme mostra toda a arrogância real, rara na cultura e na história que aprendemos, que em geral romantiza a monarquia. O jeito de superioridade com os negros na viagem, negros que tinham que ser livres porque na Inglaterra não tinha mais a escravidão. O elenco é inacreditável e diverso em culturas e idiomas. O filme tem vários idiomas com legendas. Dois atores que amo e são lindíssimos estão no elenco: Welket Bunguê de Guiné-Bissal e Isabel Zuáá de Portugal. Outros são, Victoria Guerra e João Lagarto de Portugal, Luise Heyer da Alemanha, Calvin Denangowe do Congo, Frances Magee da Irlanda, Sergio Laurentino, Rita Wainer, Luiza Gattai, Isac Graça e Celso Frateschi. Fiquei muito emocionada de ver a Sonia Guedes em uma participação. Imagino que tenha sido um de seus últimos trabalhos. Essa diversidade de nacionalidade no elenco foi fundamental para o filme, deu muita veracidade.
Terminei de ler A Casa Grande de Romarigães (1957) de Aquilino Ribeiro da Livraria Bertrand. Eu vi uma resenha desse livro no Geocrusoé. Um amigo então comprou em um sebo em Portugal pra mim. É uma edição mais antiga que a que o Geocrusoé leu.
O marcador de livros magnético foi presente de outra amiga e veio da lojinha do Theatro Municipal do Rio de Janeiro.
Foto da Casa Grande de Romarigães
Na edição que li há um prefácio de Aquilino Ribeiro onde ele conta que quando foram reformar a casa, acharam em uma parede, papéis velhos. O autor pegou esse material e criou a obra com personagens ficcionais. São várias histórias de pessoas que teriam passado pela casa. O vocabulário é muito rico e desconhecido, precisei várias vezes recorrer a um dicionário virtual português.
Trecho de A Casa Grande de Romarigães de Aquilino Ribeiro: "Traziam um nebri e um esmerilhão ensinados na caça de volatareia, mas ainda não houvera ensejo de largá-los. Obra de meia manhã um javali saltara aos alões de uma moita de codessos."
Obra A Avó (1856) de António José Patrício
Gostei muito da história da portuguesa que não conseguia engravidar. Ela procurou uma curandeira, como chamamos no Brasil, que deu até conselhos realizáveis. Primeiro ela e o marido deveriam ir em uma procissão e depois namorar embaixo de uma árvore específica. A mulher explica que isso é no caso do problema ser com a mulher. Quando ela então pergunta se for com o homem, a mulher orienta a portuguesa a procurar primos.
Eu uma das histórias um personagem está indignado com a fuga do rei ao Brasil.
A última história fala do mulherengo Telmo que acaba tendo um envolvimento bem tórrido.
Aquilino Ribeiro é um dos grandes escritores portugueses. Não localizei edições no Brasil. Não sei se já não são mais encontradas, ou se não foi editado por aqui.
Assisti a 1ª Temporada da série Glória (2021) de Pedro Lopes na Netflix. Foi o Augusto Madeira que comentou da série no Instagram e fui ver. É a primeira série original portuguesa pra Netflix. Gostei muito!
É uma trama sobre espionagem, ambientada na Guerra Fria em uma estação de retransmissão em Portugal onde eles tentam interceptar informações russas. São os tempos escuros e ditatoriais de Salazar. Chega um momento que nos perguntamos quem não é espião. Muito bem construído o protagonista. Ele é filho de um torturador, vemos que quando criança o pai levava o garoto as torturas e punha ele para torturar também, uma criança!!! Ele vai a guerra na possessão de Angola e volta comunista, portanto é espião russo. Ele é engenheiro e vai trabalhar na estação. Como o pai torturador (Marcello Urgeghe) torna-se ministro, o filho fica muito protegido. Inclusive ele fica no bairro nobre da região, com todos os privilégios. Miguel Nunes está muito bem. Outro engenheiro é Afonso Pimentel.
A jovem que vive na pequena cidade é a bela Carolina Amaral. O casal de americanos é interpretado por Matt Rippy e Stephenie Vogt. Augusto Madeira interpreta o médico brasileiro. O elenco todo é muito bom: Adriano Luz, Victoria Guerra, Ana Neborac, João Pedro Vaz, Leonor Silveira e Jimmy Taenaka.
Assisti ao documentário Saudade do Futuro (2021) de Anna Azevedo no Festival de Brasília do Cinema Brasileira. Sim, é isso, só tenho saudade do futuro. Depois de tantas perdas, centenas evitáveis, tanto sofrimento, tanto desmatamento, tantas queimadas, tanta tragédia, só dá pra ter saudade do futuro. Que seja melhor!
O documentário foi o vencedor do Festival de Brasília. A diretora filmou em três países, Brasil, Portugal e Cabo Verde com entrevistados falando de saudade. Essa cena é a última e é com uma linda canção. Essas mulheres confeccionam esses instrumentos que estão entre as pernas, e mostram no documentário como são construídos.
Saudade do Futuro começa com as viúvas de pescadores no mar de Portugal. Mulheres que após as tragédias passam a vida de preto. Nesse núcleo pescadores falam de quando foram a guerra. Valter Hugo Mãe da estranheza de ver essas mulheres sempre de preto.
No Rio de Janeiro um grupo de crianças de uma comunidade brinca contando história. Na praia três mães falam da morte violenta de seus filhos. Os índios falam que vão ter que se mudar mais uma vez porque suas terras foram ocupadas. São muitas saudades.