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terça-feira, 1 de abril de 2025

Camponeses

Assisti Camponeses (2023) de DK Welchman no Max. Não tinha ideia desse filme, fui até pesquisar antes. É literalmente uma obra de arte. As cenas do casamento são deslumbrantes! Há muita dança e música belíssimas que tem inclusive no Spotify.

O filme foi realizado, depois mais de 100 pintores fizeram a animação. Nos créditos vi que eram pintores da Sérvia, Ucrânia, Lituânia e Polônia. O efeito é inacreditável!

Fiquei atônita também em ver que o filme extremamente transgressor é baseado no livro homônimo (1904-1909) de Wladyslaw Reymont que ganhou Prêmio Nobel por esse livro que não tem no Brasil e é em vários volumes. Eu fiquei bem chocada do livro ser de 1900 e tão transgressor. Uma jovem é cobiçada por toda uma aldeia e tem má reputação. Um homem mais velho acaba de ficar viúvo e ela é obrigada a se casar com ele.
Mas ela está apaixonada pelo filho dele. Eles tem um romance, mas ele é casado e com filhos. A aldeia maltrata demais essa mulher, é um absurdo o que fazem com ela, mas os homens, esses não, a culpa é sempre dela. Como o filme é pintado posteriormente, há um ótimo elenco, ela é a belíssima Kamila Urzedowska, pai e filho são Miroslaw Baka e Robert Gulacyzyk.
Beijos,
Pedrita

terça-feira, 30 de abril de 2024

Mudança de Mo Yan

Terminei de ler Mudança (2009) de Mo Yan da Cosac Naif. Tenho amigas que recebem livros para doar, elas me passam as listas e eu escolho alguns. Esse foi um desses e eu não tinha ideia do que se tratava. Assim que comecei a postar a imagem da capa e avisar que estava lendo, vários conhecidos disseram já ter lido obras dele e adorado.

Marcador de livros magnético.

Mo Yan é um autor chinês, ganhador do Prêmio Nobel de Literatura. É uma belíssima edição da Cosac Naif. O livro é curtinho, com 8 capítulos, 7 sobre a história do autor. Ele conta que sugeriram que ele escrevesse sua história. Ele não escreveu. Até que a mesma pessoa disse que ele escrevesse o que viesse a cabeça. E ele escreveu então esses capítulos.


 

Obra de Wong Wai Win

Começa com o protagonista na escola, ele é expulso por uma questão banal. Por querer muito estudar, ele volte e meia entra na escola e assiste as aulas. Ele sabia que as oportunidades de trabalho seriam melhores concluindo os estudos.

Obra de Qiu Zhijie

Como isso não acontece, ele resolve entrar para o exército só que em uma unidade quase abandonada. Então ele almeja ser motorista de caminhão. Ele acaba participando de algumas seleções, estudando por conta própria e vira professor. Ele acaba conseguindo escrever para um jornal e a escrita passa a ser sua profissão. Até que consegue ser promissor e renomado na área de literatura. 

Obra de Zeng Fanzhi

O estilo dele é incrível. Econômico, conta só um viés do que vai se lembrando, e naquelas poucas palavras, vamos compreendendo sua vida. É incrível e brilhante! Que texto!
Beijos,
Pedrita

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2023

A Esposa

Assisti A Esposa (2017) de Björn Runge no TelecinePlay. Eu adiava ver esse filme porque me confundi com a sinopse. É excelente! E bem o gênero de filme que gosto. O filme é baseado no livro de Meg Wolitzer que quero muito ler.

O marido é um grande escritor e ganha o Prêmio Nobel de Literatura, o casal segue para a Suécia para ele receber o prêmio. Que filme genial! Eles são perseguidos sistematicamente por um homem (Christian Slater) interessado em escrever a biografia do autor, mas o casal se recusa sempre. O marido é bem grosseiro, além de ser muito, mas muito promíscuo. A esposa sempre fingiu não ver ou relevou as traições. Glenn Close simplesmente arrasa, gosto muito também do Jonathan Pryce. Gostei de uma crítica que diz que apesar de ser o marido o escritor, só pelo título entendemos que é nela que devemos prestar atenção. Exato, é isso mesmo!
Em um momento o ego do pai fica mais evidente. Eles vão conhecer o ganhador de Nobel de Física e a família dele. Esse vencedor é muito orgulhoso dos filhos, em cada apresentação enaltece a capacidade de cada um. Uma vai descobrir a cura do Alzheimer e para cada um dá poderes inacreditáveis para suas profissões. O escritor diz que o filho (Max Irons) é um escritor em aperfeiçoamento.
Beijos,
Pedrita

domingo, 23 de maio de 2021

O Falecido Mundo Burguês de Nadine Gordimer

Terminei de ler O Falecido Mundo Burguês (1966) de Nadine Gordimer da Art Editora. Comprei esse livro em um sebo! Nadine Gordimer é ganhadora do prêmio Nobel. Que impressionante! Grandes autores fazem milagres com a escrita. Nadine relata um dia da nossa protagonista, isso mesmo, o livro é um dia só. Começa de manhã no café e termina ela indo dormir de madrugada. Sim, um dia conturbado. E sim, conforme vai passando o dia, pelos acontecimentos, vai lembrando de sua história. É um livro culto, mas tão repleto de conteúdo, impressionante!

O marcador de livros ganhei de um amigo. são cartas antigas em cartolina.

Obra Bété Legends (2007-2011) de Fréderic Bruly Bouabré

A protagonista é avisada logo cedo que seu marido suicidou-se. Ela está tomando café com seu atual companheiro. Eles se encontram de vez em quando, não vivem na mesma casa. Ela então resolve seguir para contar ao seu filho que vive em um colégio interno. Com isso ela vai lembrando como começou o casamento e a questão política que envolvia a vida deles na época. O marido, um milionário, de uma família muito importante, entra na clandestinidade pra lutar pelos direitos de todos. Na época, ela trabalhava na parte interna do grupo. Eles tiveram um filho muito cedo, mas o marido não queria saber. Como ele começou a precisar entrar na clandestinidade, aos poucos foram se separando.

Obra Birds (1964) de Maggie Laubser

Depois a protagonista vai visitar a avó com problema de memória em um asilo. Enfim, o dia a dia vai passando e as memórias se misturando. Fantástico! Que capacidade de contar histórias, entrelaçar os fatos, misturar os tempos. 

Eu já havia lido dela um biográfico, Tempos de Reflexão - De 1954 a 1989 (2012).


 

Beijos,
Pedrita

terça-feira, 4 de maio de 2021

Radioatividade

Assisti Radioatividade (2019) de Marjane Satrapi na Netflix. Eu queria muito ver esse filme. A biografia da Madame Curie permeou a minha infância. O livro era da família e estranhamente não li. É muito bom ver filmes sobre cientistas e ciência. Madame Curie ganhou dois Prêmios Nobel, mas é menos lembrada que Einstein. Ela descobriu a radioatividade. Esse vidrinho do pôster ela carregava pra tudo quanto é lugar, levava na cama, pra ver no escuro o efeito, não se sabia ainda os riscos da radioatividade ainda.

O filme romanceia um pouco, eu achei uma matéria que esclarece o que foi de fato verdade e vou colocar aqui. Como acontece com muita mulher,  Maria Salomea Skłodowska, seu nome de solteira, foi retirada de um laboratório que trabalhava. Ela começa a procurar outro laboratório pra trabalhar e assim que conhece Pierre Curie. Ele era físico também e infelizmente era uma época que a mulher precisava do apoio de um homem. Ele era muito brilhante também, e leva Maria para o seu laboratório e lá que ela descobre a radioatividade. O primeiro Nobel é Pierre que ganha, outro erro monumental, ela ganharia em conjunto com ele, mas a pesquisa era dela. Ela não quis patentear o produto, quis que toda a humanidade pudesse se beneficiar da radioatividade, o que facilitou outras pesquisas, mas não rendeu lucros a cientista. O filme mostra os benefícios da radiologia, mas bem mais os malefícios como a bomba atômica. Infelizmente focam mais no pior. Sim, muita evolução da ciência pode ser usada para o mal, mas são fundamentais para o avanço da medicina e de outras ciências. E péssima a cena da Curie em transe, vendo os mortos do futuro que iria causar, culpando-a da má utilização de suas descobertas, quando ela nem era mais viva.
Seu marido teve uma morte trágica. Ela continuou com as pesquisas. Eles tiveram duas filhas, a mais velha foi enfermeira e continuou com seu marido as pesquisas da mãe e ela e o marido também ganharam Prêmio Nobel. Curie montou com a filha umas ambulâncias com raio-X para tratar de doentes nos campos de batalha. Curie nunca aceitou que a radiologia fazia mal. Já iniciam pesquisas sobre os malefícios, mas ainda não eram conclusivas. Curie morreu de anemia dos efeitos da radiologia que acaba com elementos do sangue. Rosamunde Pike está muito bem. Seu marido é interpretado por Sam Riley. Sua filha quando está mais velha por Anya Taylor-Joy.


Beijos,
Pedrita

terça-feira, 25 de setembro de 2018

Istambul de Orhan Pamuk

Terminei de ler Istambul (2003) de Orhan Pamuk da Companhia das Letras. Eu adoro esse autor, sempre ouvi elogios desse livro, fiquei bem eufórica quando vi um exemplar no sebo aqui perto de casa. Eu não costumo ler detalhes dos livros antes de ler para não saber segredos, então se soubesse que Istambul era autobiográfico não sei se teria lido. Esse livro me lembrou algo que me disseram faz tempo que é melhor não conhecermos as pessoas atrás dos artistas que admiramos, e esse é o caso.

Obra Riberas del Bósforo de Eugène Degand

Não sei se foi uma escolha do autor fazer um olhar turístico por Istambul, para expor menos as mazelas do mundo e as intimidades de sua família. Também Pamuk diz na obra que não devemos confiar em tudo o que ele diz, que nem sempre foi exatamente daquela forma e que ele inventa bastante. Quando Pamuk era criança o médico aconselha passeios em Bósforo, antes mesmo da cidade virar um grande ponto turístico. Ele, seu irmão e sua mãe viajavam constantemente para lá para aproveitar o dia. 
Obra Istambul de Celal Günaydin

A família de Pamuk vivia em um prédio, lá ele tinha contato com todos, sua avó vivia no andar de cima. Seus pais viajavam muito a trabalho. Pamuk gostava muito, mas muito mesmo de matar aulas e quando seus pais viajaram mais tempo deixando-o com sua avó que esse costume se intensificou. Pamuk conta que sua família vivia muito confortável, que era muito abastada, mas que perdeu dinheiro com o tempo, embora tenham continuado com posses. 

Eu não tinha ideia que Pamuk tinha sido um artista plástico na adolescência. Nas fugas da escola ele passeava por Istambul, lia clássicos da literatura e pintava. Não sei o quanto é verdade, ele mesmo dá a entender que não disse os fatos como foram, mas sua primeira paixão aconteceu quando ele tinha 19 anos. Tinha me esquecido que Pamuk vem de um país retrógrado e conservador. Ele se coloca como uma criança aos 19 anos, mas poderia ter mentido a idade. Sua amada seria menor de idade. O pai dela, preocupado com a aproximação da filha com um artista,  afasta-os. Em Istambul passam a falar dela que vivia passeando com o rapaz, . O pai não queria a filha próxima de um rapaz artista. Fico imaginando o que o pai da moça deve ter pensando uns anos depois quando Pamuk tornou-se escritor e mais futuramente um escritor famoso e ganhador de Nobel. O livro termina exatamente quando Pamuk decide que não será pintor e sim escritor.

Beijos,
Pedrita

domingo, 14 de janeiro de 2018

Refrão da Fome

Terminei de ler Refrão da Fome (2008) de Jean-Marie Gustave Le Clézio da Cosac & Naif. Quando essa editora disse que encerraria as atividades, seus livros foram colocados baratissimos à venda mesmo com edições primorosas como essa. Refrão da Fome é um livro curto, mas editado de uma forma que não parece ser menor em texto.

Obra de Hans Hartung

É uma das últimas obras escritas por Le Clézio que ganhou Prêmio Nobel. Ele conta a história de Ethel que viveu antes, durante e depois da guerra. Começa ela com 12 anos e sua amiga russa Xênia que tem uma história dramática. Sua família veio fugida da Rússia, sem bens, passam fome, então Ethel acha que seus dramas são menores e os esconde. Ethel tem uma avô bem de vida, que tem uma belíssima casa onde ela leva Xênia. Seu avô morre, seu pai, um inconsequente, consegue uma procuração de plenos poderes de Ethel que ficou com a herança e destrói tudo o que elas tem. Pelo seu sobrenome precisam fugir e ficar se escondendo. Passam muitas dificuldades, mas menos fome que outras pessoas que vão morar às ruas.

Obra It´s All Over (1946) de Wols

Logo no início da obra, ainda adolescente, Ethel se perde de Xênia. Na guerra conhece seu futuro marido e depois segue para o Canadá. Nós só conhecemos a história de Ethel enquanto ela está na França.



Beijos,

Pedrita

domingo, 3 de setembro de 2017

Meu Saba

Assisti a peça Meu Saba de Daniel Hertz no Teatro Sérgio Cardoso. O texto é baseado no livro Em Nome da Dor e da Esperança de Noa Ben Artzi-Pelossof neta do judeu Yitzhak Rabin ganhador de Prêmio Nobel da Paz juntamente com Yasser Arafat pelos Acordos de Oslo, uma série de resoluções para selar a paz entre os povos israelenses e palestinos.

Em 1995, Yitzhak Rabin foi assassinado por um judeu extremista após um de seus discursos. Clarissa Kahane interpreta a neta de Yitzhak Rabin, Noá Ben Artzi-Pelossof que precisa discursar sobre o avô. Ela vai lembrando de seu avô, de sua história e falando da dificuldade que será discursar. Afinal todos lá conheciam os trabalhos políticos de Rabin, enquanto ela conhecia o avô. 

É uma peça muito triste e contundente. Belíssimo espetáculo! Incomoda muito o microfone do discurso, inteligente demais ser uma grande arma. A cenografia é de Bia Junqueira. Tudo é muito bonito. A iluminação além de linda é muito funcional, é a iluminação de Aurélio de Simoni que divide os momentos da narrativa. Tudo é muito preciso. Triste momento de nossa história. Noá fica indignada de ter sido um judeu que matou o seu avô. Além de falar de um fato histórico muito triste, a peça fala de intolerância, tema tão atual nos dias de hoje.

As fotos são de Pedro Fulgêncio. 
Beijos,
Pedrita

segunda-feira, 26 de junho de 2017

A Guerra Não Tem Rosto de Mulher

Terminei de ler A Guerra Não Tem Rosto de Mulher (2016) de Svetlana Aleksiévitch da Companhia das Letras. Mais uma autora que só teve obras traduzidas no Brasil depois de ganhar Prêmio Nobel. O mundo já tinha acesso às suas obras para poder votar e nós não tínhamos um único título para conhecer. Comprei esse livro na Feira do Livro da USP com 50% de desconto. Essa capa de Daniel Trench é linda.

Atiradoras do Exército Vermelho (08 de janeiro de 1943 - Foto de P. Bernstien

Svetlana acabou vindo a Flip. Com as publicações dos livros foram muitas matérias e entrevistas. E no início do livro também a autora fala que as bibliotecas  ucranianas estavam repletas de livros e filmes de guerra. Que era e é um assunto recorrente na Ucrânia. Como países vivem realidades tão diferentes da nossa. O Brasil tem muita violência urbana, mas nossas bibliotecas não estão repletas de livros sobre o tema. Então a jornalista resolveu entrevistar mulheres que tinham participado da Segunda Guerra Mundial. Não tinham mais homens para ir a guerra e as mulheres foram convocadas. As adolescentes sonhavam em lutar na guerra. O patriotismo era muito forte, mas também a violência nazista as impulsionavam. Fizeram o que podiam e o que não podiam para serem convocadas ou irem ao campo de batalha mesmo sendo menores de idade. Forjavam identidades, se infiltravam. Foram franco atiradoras, pilotos, tanquistas e claro, enfermeiras, médicas, comunicadoras e escrivãs. Ao final de cada relato há o nome e a função de cada entrevistada. Algumas não queriam o nome completo por motivos variados. Porque seus filhos não sabiam que tinham matado tantas pessoas, porque não falavam disso em casa. Boa parte vivia sem falar no passado, deixando escondido.
Lyudmila Pavlichenko

A Ucrânia sofria com a fome. Uma sobreviveu comendo estrume de cavalo. Muitos morreram de fome. Várias tinham graves problemas nos pés, perdiam pedaços, os pés congelavam porque não haviam coturnos para elas. Svetlana conta que em muitas casas eram os maridos que queriam ser entrevistados, só eles poderiam falar da vitória e mandavam suas mulheres para a cozinha. Poucas militares casaram. A maioria vive com dificuldade em alojamentos coletivos sozinhas. Os homens não queriam casar com mulheres que tinham sido militares. Não queriam casar com mulheres que poderiam mandar neles. 

Natalia Kovshova

Svetlana teve dificuldade de encontrar uma editora que publicasse o livro. Diziam que era muito triste e que as pessoas não iam querer saber de tanta tragédia. Só anos depois é que ela conseguiu. Os relatos dilaceram, são trágicos, deprimentes, violentos. Algumas desiludidas, outras orgulhosas, outras passando dificuldades. E a solidão!

A Adriana Balreira também fez uma resenha desse livro aqui.

Beijos,
Pedrita