Mostrando postagens com marcador Algol. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Algol. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Paciano Rizal - O Herói que Falta na Luneta

Terminei de ler Paciano Rizal - O Herói que Falta na Luneta (2012) de Gyorgy Miklós Böhm da Algol Editora. Esse escritor é húngaro e vive no Brasil. Paciano Rizal (1851-1930) é o irmão o José Rizal (1861-1896), herói da Independência das Filipinas. Gostei muito do livro! Adoro biografias e como vocês sabem, gosto muito de história de países que pouco ou nada conheço, o livro acertou em cheio na minha curiosidade. Outra questão que gostei muito é no fato do autor ser médico e o herói da independência das Filipinas também. Então o autor explica bem como era o estudo da medicina na época, diferente de hoje. Na época de José Rizal, haviam várias matérias e claro, tudo era ainda muito precário. José Rizal se especializou na cirurgia de catarata, mal de sua mãe e não só a curou, como ficou conhecido nas Filipinas pelas suas habilidades e muito procurado no pouco tempo que ficou por lá quando médico.


Foto de Paciano Rizal

Segundo o autor, Paciano Rizal foi uma influência muito importante para os ideais do irmão e que ele deveria estar na Luneta nas Filipinas onde estão representados os heróis das Filipinas. Eu não sabia que as Filipinas tinham sido possessão espanhola. E depois da Revolução, em um acordo bastante estranho, a Espanha vendeu as Filipinas para os Estados Unidos. Por terem vivido sob domínio espanhol, a maioria é católica e as terras eram dos jesuítas e padres, com algumas mudanças, as terras eram passadas igualmente de forma estranha e quem cuidava da terra costumava ficar só com os prejuízos. Com isso é monstruosa a forma que exploravam os nativos do país que viviam endividados. Paciano Rizal cuidava da terra. Quando o irmão foi preso e fuzilado, a família sofreu muito, e acabou perdendo tudo. Mas pelos relatos do autor, conseguiram depois de um tempo se estabelecerem de novo cuidando da terra. Achei interessante também o quanto eles não gostam de ser chamados de chineses.

Foto de José Rizal

Eu gostei muito do livro e achei interessante como um relato antropológico. O autor entrevistou vários parentes, leu várias cartas trocadas entre todos os familiares, algumas estão publicadas no fim do livro e há vários trechos durante a leitura. Mesmo sendo um livro histórico, pelo autor ser médico, ele acaba relatando muitos costumes da época, livros que estudaram, hábitos, que acaba traçando muito do cotidiano dos filipinos no período retratado Eu gostei muito desse aspecto.

Anotei muitos trechos da obra, vou ter que selecionar alguns.

Trechos de Paciano Rizal - O Herói que Falta na Luneta (2012) de Gyorgy Miklós Böhm:

Trecho do poema de José Izal, irmão de Paciano Rizal que escreveu na véspera de sua morte:

“Eu morro quando vejo que o céu se colora
E o fim anuncia o dia atrás lúgubre capuz;
Se carmesim necessitas para tua aurora,
Verte meu sangue, derrama-o em boa hora
Doura-o com o reflexo de sua nascente luz.”

“Foi um choque tremendo. Mesmo hoje, quando escrevo estas palavras, a recordação daquele momento me deixa emocionado. Pois foi aí que percebi que estava nos recintos onde uma pessoa extraordinária passou o s últimos dias de sua vida. Quem teria a serenidade para escrever assim na soleira da eternidade? Condenado à morte aos 35 anos por amar sua terra? Os versos não tem ódio, desespero, tristeza, amargor ou mágoa; das estrofes só desprende serenidade e paz das almas grandes, colocam quem os elaborou no rarefeito pináculo ético-moral da humanidade.”

“José Rizal é o Herói da Pátria das Filipinas, um gênio excepcional que sobressai entre seus mais ilustres pares do mundo. Foi morto aos 35 anos pelo governo espanhol por ter escrito o romance Noli Me Tangere, onde escancarou a miséria de seu povo. Paciano, seu irmão, foi o sábio orientador sem cujo apoio José não estaria hoje em destaque na Luneta, a praça em Manila dos heróis da independência das Filipinas. Mas Paciano viveu e morreu no esquecimento. Esta é a sua primeira biografia.”

“”Por que independência, se os escravos de hoje serão os tiranos de amanhã?”, escreveu José Rizal no Fili.”

O vídeo é a interpretação de uma obra de um compositor filipino, Nicanor Abelardo (1893-1934)


Beijos,
Pedrita

sábado, 7 de abril de 2012

CD Canção

Ouvi o CD Canção (2009) com o tenor Lenine Santos e o pianista Achille Picchi da Algol Editora. No repertório só obras brasileiras baseadas em poemas e textos de folclore. Alguns poetas são: Machado de Assis, Manuel Bandeira, Mário de Andrade e Paulo Bonfim. As canções são de Alberto Nepomuceno, Villa-Lobos, Francisco Mignone, Claudio Santoro, entre outros.

Segue o repertório completo:


1.
Canção 
Alberto Nepomuceno
02:51
2.
Coração Triste 
Alberto Nepomuceno
03:40
3.
Serenata 
Heitor Villa-Lobos
04:53
4.
Canção de Cristal 
Heitor Villa-Lobos
04:08
5.
Cantiga 
Sérgio Vasconcelos Corrêa
02:05
6.
O Trovador do Sertão 
Francisco Braga
03:32
7.
Solau do Desamado 
Francisco Mignone
04:10
8.
Confissão 
Nestor de Hollanda Cavalcanti
03:53
9.
Toada P’rá Você
Oscar Lorenzo Fernândez
02:53
10.
A Uma Mulher
Cláudio Santoro
02:51
11.
Toada da Canoa 
Altino Pimenta
01:43
Cinco Canções Nordestinas
Ernani Braga
12.
O’KINIMBÁ
02:30
13.CAPIM DI PRANTA02:25
14.NIGUE-NIGUE-NINHAS02:37
15.SÃO JOÃO DA-RA-RÃO03:33
16.ENGENHO NOVO!01:39

Beijos,
Pedrita

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Canções sem Palavras

Fui ao lançamento do CD Canções sem Palavras de Sonia Rubinsky na Livraria Cultura do Shopping Villa-Lobos. No evento ela interpretou algumas obras do belo CD. É um CD duplo com composições de Feliz Mendelssohn-Bartholdy lançado pela Algol Editora. No bis ela interpretou Villa-Lobos. Eu gosto muito dessa pianista que é radicada em Paris. Sempre que ela vem ao Brasil tento assistir as suas apresentações. A última apresentação foi com a OSUSP Orquestra Sinfônica da USP. Eu tenho também o CD Sonatas de Scarlatti, também da Algol Editora. Só não tenho a coleção inteira que ela gravou pela Naxos na França de Heitor Villa-Lobos que deu o Grammy Latino a ela.
Beijos,
Pedrita


quinta-feira, 14 de julho de 2011

XIV Prêmio Carlos Gomes de Ópera e Música Erudita

Fui a cerimônia de entrega do XIV Prêmio Carlos Gomes de Ópera e Música Erudita na Sala São Paulo. A realização é da Algol Editora. Fiquei muito feliz que o compositor Edmundo Villani-Côrtes ganhou o Troféu Guarany, o mais importante da noite, pela sua brilhante carreira. O concerto foi com a Orquestra Sinfônica de Santo André, sob regência de Carlos Moreno e com os solistas Rodrigo Esteves e Niza de Castro Tank. Começou com a bela abertura da ópera Fosca de Carlos Gomes, eu gosto demais dessa ópera. Nessa noite teve a estreia mundial de uma obra do Carlos Moreno, a Canção do Sentir que foi composta sob um poema de Fernando Pessoa. Belíssima obra! Rodrigo Esteves ainda interpretou da ópera Macbeth de Verdi a ária Pietà rispetto amore. O concerto terminou com a Niza de Castro Tank interpretando a ária Vitória de Carlos Gomes. A apresentação foi da Mônica Waldvogel. Eu gosto muito que esse prêmio sempre traz vídeos dos indicados, com trechos das óperas e dos profissionais dessas óperas que concorreram. O prêmio de Melhor Ópera do ano foi para O Barbeiro de Sevilha da Cia. Brasileira de Ópera que viajou e viaja ainda pelo Brasil todo, que eu vi no Teatro Alfa e comentei aqui.
Essa foto é da Luciana Aith e é do final, quando os vencedores subiram ao palco.


Beijos,
Pedrita

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Antonio Meneses arquitetura da emoção

Terminei de ler Antonio Meneses arquitetura da emoção (2010) por João Luiz Sampaio e Luciana Medeiros da Algol Editora. Eu gosto muito de biografia e de conhecer histórias. Infelizmente há poucas no Brasil e fiquei muito feliz que agora temos a do Antonio Meneses. Aos 11 anos Meneses ganhou um violoncelo do pai, não que tenha pedido, o pai, músico, tocava na Orquestra Sinfônica Municipal do Rio de Janeiro, desejava que algum dos seus filhos estudassem música. No início Meneses não gostou muito do curso, a professora só passava a parte teórica, mas assim que veio a primeira peça, se apaixonou pelo instrumento. Aos 17 anos veio a oportunidade de estudar no exterior e assim as dificuldades tradicionais dos músicos que vão para fora do país buscar o aperfeiçoamento. Até que Meneses não levou muito tempo para conseguir outro bom instrumento para se apresentar, só três anos, embora essa busca sempre continue a cada crescimento profissional, junto com os altos custos dos instrumentos. Nesse período de busca usou vários violoncelos emprestados ou alugados. A biografia relata ainda as participações do Meneses no Trio Beaux-Arts, os regentes que teve contato como Karajan. Com intensa carreira internacional, Antonio Meneses vive mais no exterior, vem ao Brasil esporadicamente para apresentações.

Além da biografia, o livro traz no final fotos da carreira do violoncelista e ainda um CD com um repertório escolhido pelo músico que retratasse o livro e que homenageasse aqueles que foram determinantes em sua vida e carreira. Há três músicas com o pianista Luiz Fernando Benedini e mais 5 solo com o violoncelista: Modinha de Francisco Mignone, O Cisne de Camille Saint-Saëns, Après um Rève de Gabriel Fauré, Bourrée I e II de Bach,  Estudo nº 8 em Ré Maior de Jean-Pierre Duport, Estudo opus 25 nº 7 em Dó Maior de  Alfredo Piatti, Estudo nº 9 de David Popper e Prelúdio Fantasma de Gaspar Cassadò.









Beijos,
Pedrita

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Prêmio Carlos Gomes, Uma Retrospectiva (1996-2006)

Terminei de ler Prêmio Carlos Gomes, Uma Retrospectiva (1996-2006) de João Luiz Sampaio. Esse livro é da Algol Editora e como o nome mesmo diz, fala de todos os vencedores desse prêmio nesses dez anos. Mesmo que não mostre todo o segmento clássico brasileiro, fala de alguns de nossos músicos. O livro é muito bonito e traz muitas fotos de vencedores, várias de cenas em apresentações. João Luiz Sampaio escolheu uma narrativa ácida onde faz elogios aos artistas e questiona algumas decisões dos prêmios. É um importante registro histórico do cenário musical clássico brasileiro.


Anotei alguns trechos de Prêmio Carlos Gomes, Uma Retrospectiva (1996-2006) de João Luiz Sampaio:


“Para que serve um prêmio? São muitas as respostas. De um lado, pode-se querer honrar alguém, concedendo, em seu nome, gratificações a membros dos mais diversos setores; de outro, há simplesmente a busca por estimular e compensar alguém ou algum setor, financeiramente ou em termos de prestígio e reconhecimento; e por que não usar um prêmio como chamariz, uma celebração – ou busca por perpetuação – de um momento histórico, de uma atividade específica, de uma determinada indústria? Foi com um pouco de cada um desses objetivos que, em 1996, surgia o Prêmio Carlos Gomes.”

"Se fazer música, arte em geral, é em certa medida dialogar com as questões propostas
por seu tempo, o artista deve estar em constante transformação. Nesse sentido, manter sua individualidade, uma personalidade bem definida e rica em possibilidades expressivas, é o grande desafio – e Gilberto Mendes passou por ele desde os primeiros passos como compositor."

"Conheci Lauro Machado Coelho nos primeiros meses de 2000, quando, recém-chegado à redação do Estadão, sugeri a meu editor uma entrevista sobre o livro que ele acabara de lançar, A Ópera Barroca Italiana*. Lembro de ter sido recebido em sua casa em meio a centenas de livros, CDs, LPs. Conversamos sobre o livro, mas também sobre a situação da ópera no Brasil e sua experiência como responsável pelos corpos estáveis do Municipal de São Paulo."






Beijos,

Pedrita

sábado, 16 de maio de 2009

Entrelinhas

Assisti ao programa Entrelinhas na TV Cultura. Há umas semanas eu zapeava na TV Cultura e dei de cara com o programa Entrelinhas. Estava em uma matéria incrível sobre os poetas da Inconfidência Mineira. Era uma matéria cuidadosa, com imagens lindas de Minas Gerais. Vi outro programa recentemente que falava da Literatura Indígena. Uma autora disse que muitos questionam se há literatura indígena. Essa autora comentou que os índios resolveram colocar no papel histórias que passavam entre as tribos só da forma oral. Aí a matéria mostrou um evento na Casa das Rosas, entrevistou várias pessoas, entre poetas indígenas e uma antropóloga. Um autor indígena, que pelas histórias que ouviu, criou várias outras e mostrou vários livros em exposição. Depois o programa seguiu para uma matéria sobre Anna Akhmátova. A escritora Andrea Del Fuego falou dessa poeta, mostrou fotos, contou um pouco da história e mostrou o livro que foi lançado pela Algol Editora, Anna, a Voz da Rússia de Lauro Machado Coelho. Ainda passaram trechos de poemas declamados pela poeta e traduzidos para o português pela Beatriz Segall. As matérias estavam muito bem editadas, gostei muito. A apresentação do Entrelinhas é feito pela Paula Picarelli. O Entrelinhas vai ao ar todos os domingos, às 21h30, com reapresentação: quinta-feira, às 00h10.

Youtube: Caio Fernando Abreu - Entrelinhas TV Cultura






Beijos,
Pedrita

quinta-feira, 14 de maio de 2009

XII Prêmio Carlos Gomes de Ópera e Música Erudita

Fui a cerimônia de entrega do XII Prêmio Carlos Gomes de Ópera e Música Erudita na Sala São Paulo. Teve um concerto com a Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas com a regência da ótima Ligia Amadio. No programa eles interpretaram trechos das óperas de Carlos Gomes, Fosca, Il Guarany e Lo Schiavo e algumas árias com interpretações do tenor Marcello Vannucci, e as sopranos Niza de Castro Tank e Rosana Lamosa, foi um belíssimo concerto.

Os premiados da noite foram: Solista Instrumental - Sonia Rubinsky
Regente - Fábio Mechetti
Conjunto de Câmara - Quinteto Villa-Lobos
Orquestra Sinfônica - OSESP
Cantor Solista: Leonardo Neiva e Rodrigo Esteves
Cantora Solista - Denise de Freitas
Regente de Ópera- Luiz Fernando Malheiro
Direção de Cena - André Heller-Lopes
Figurino - Fábio Namatame
Cenário – Daniela Thomas
Iluminação - Caetano Vilela
Espetáculo de Ópera - O Castelo do Barba-Azul
Troféu Guarany - John Neschling



Música do post: Carlos Gomes - Quem Sabe (Francisco Petrônio)



From Mata Hari e 007

Beijos,

Pedrita

terça-feira, 7 de abril de 2009

No Calor da Hora

Terminei de ler No Calor da Hora (2008) de João Marcos Coelho. Esse livro é da Algol Editora e traz entrevistas do autor que ele escreveu para os jornais O Estado de S.Paulo, Folha de S.Paulo, Valor Econômico e para a revista Veja. Muitas entrevistas foram realizadas com grandes músicos e intelectuais nas décadas de 70 e 80. Gostei muito! Mapeia bastante o pensamento dessa época. Alguns trechos são datados, mas mostram historicamente aquele período. O subtítulo do livro é Música & Cultura nos Anos de Chumbo.

São entrevistas com Gilberto Mendes (foto), Willy Corrêa de Oliveira e Almeida Prado. No bloco de entrevistas com personalidades do jazz estão Sarah Vaugham e Betty Carter. Entre os intelectuais entrevistados alguns são: Antonio Candido, Alfredo Bosi, Sérgio Buarque de Holanda (foto abaixo), Florestan Fernandes e Antonio Callado.


Eu anotei vários trechos de No Calor da Hora de João Marcos Coelho, vou selecionar alguns:
“A marginalizada, frequentemente atacada e sempre desconhecida música nova – a que está sendo criada em alguns poucos centros com muito esforço e quase sem apoio algum de qualquer ordem – saiu de seus subterrâneos nesses últimos dois meses, para um confronto de resultados imprevisíveis com o público.”

“A ideia deste livro é apenas documentar a resistência tal como praticada nos anos de chumbo pelos músicos e compositores brasileiros contemporâneos.”

Caio Pagano: “A partir de 1972, entendi que o único caminho para o músico atual está em praticar a música contemporânea.”


Gilberto Mendes: “Inclusive, eu não me canso de repetir, a gente não faz esse negócio com o objetivo de conquistar o público, de encher salas. Esse é sempre o problema quando vamos buscar patrocinadores, seja a Secretaria de Cultura de Santos ou a Funarte. Esses patrocinadores querem público. Então a gente tem que explicar que este é um festival de uma música muito reservada, uma música muito impopular. Se a música erudita em si não tem o grande público que possui a música popular, imagine então a música erudita nova, de pesquisa, que está no estágio mais atual do processo de linguagem da música do Ocidente. Essa música não pretende atingir o público. Por isso não nos desaponta ver uma sala vazia.”

Youtube: ÚltimoTango em Vila Parisi - Gilberto Mendes



Beijos,

Pedrita

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Sonatas de Scarlatti

Fui ao recital Sonatas de Scarlatti com Sonia Rubinsky ao piano no Teatro Arthur Rubinstein de "A Hebraica". Era a noite de lançamento desse CD pela Algol Editora com essa pianista brasileira maravilhosa, que vive em Paris. Ela já gravou uma caixa com obras de Villa-Lobos pela Naxos. O CD é igualmente maravilhoso! Não páro de ouvir. Ela gravou nesse CD 16 sonatas de Domenico Scarlatti (1685-1757). Ela comentou que depois de ter gravado Villa-Lobos, resolveu gravar dois CDs com outros compositores que tanto gosta, Mozart e Scarlatti. No Brasil por enquanto só foi lançado o do Scarlatti.

Domenico Scarlatti por Domingo Antonio Velasco

Domenico Scarlatti compôs mais de 555 sonatas. Sonia Rubinsky comentou o quanto elas são diferentes entre si, o quanto esse compositor diversifica seus estilos. E realmente o recital foi muito bonito com uma interpretação majestosa da pianista.

Youtube: Sonia Rubinsky plays more Villa-Lobos
"Fete in the Heartlands" from Ciclo Brasileiro (1936) by Villa-Lobos, played by Sonia Rubinsky at a recital at the Jerusalem Conservatory in February 2008.




Beijos,


Pedrita

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Safo Novella

Terminei de ler Safo Novella (2008) de Silvana Ruffier Scarinci pela Algol Editora e Edusp. O sub-título é Uma poética do abandono nos lamentos de Barbara Strozzi, Veneza, 1619-1677. Essa obra foi uma pesquisa da autora realizada pela Fapesp sobre essa compositora, a Barbara Strozzi. A capa do livro é de uma tela feita da compositora, pelo seu irmão. Eu fiquei fascinada em conhecer a história dessa mulher que por ser filha bastarda, não tinha dote e não podia se casar. Mesmo assim ela teve quatro filhos ilegítimos. No final do livro há um CD belíssimo com composições de Barbara Strozzi interpretado pela autora na teorba, a soprano Marília Vargas, na viola de Gamba, Sérgio Álvares, e nos violinos, André Cavazotti e Luis Otávio Santos.

Obra The Penitent Magdalene de Francesco Furini

Pouco se sabe sobre Barbara Strozzi, mas há indícios de que teria sido uma cortesã. A autora pesquisa e mostra a condição da mulher em Veneza, ainda mais aquelas que não tinham a proteção de um dote ou um nome nobre. Por sorte o pai de Barbara Strozzi era um homem culto, que criou uma academia onde se reuniam os principais intelectuais da época, o que deve ter ajudado a Barbara Strozzi ter se tornado uma grande compositora de cantatas e lamentos. Safo Novella é um livro musicalmente bastante teórico, entremeado estão os estudos sobre o período em que Barbara Strozzi viveu e principalmente a condição das mulheres da época. Um dos capítulos que mais me atraiu foi: Barbara Strozzi e as Mulheres de Veneza. A autora fala bastante também sobre a influência dos poemas de Safo, que foi uma poetisa lírica da Antigüidade, que era voga na época de Strozzi e sobre o maneirismo que influenciou também a música e a poesia da época da compositora. Há vários poemas no livro.

Obra Sansão e Dalila de Luca Giordano

Eu anotei muitos trechos de Safo Novella de Silvana Ruffier Scarinci. Vou selecionar alguns:

“Filha ilegítima de Giulio Strozzi – por sua vez filho ilegítimo de uma importante família florentina – Barbara Strozzi não receberia um dote, talvez por sua condição de ilegitimidade, ou talvez pelas convicções libertinas de seu pai, membro da Academia veneziana onde mais ferozmente se discutiam questões relativas à mulher. O valor dos dotes, subin­do consideravelmente no final da Renascença, era indicador de status social, e servia de base para o sucesso econômico da nova família. O casamento era a única posição social plenamente aceita para uma mulher."

“Barbara Strozzi permaneceria circunscrita no espaço semi-doméstico da academia criada por seu pai. Continuam misteriosas as razões pelas quais ela não teria encontrado acesso ao mundo verdadeiramente público da grande novidade musical do momento – a recém-criada ópera.”

“Estupros em Veneza faziam parte do macabro cenário da vida das mulheres da Sereníssima, onde a violência sexual era fato comum, algo quase esperado e inevitável para as mulheres de classes inferiores. Pouca esperança teriam elas de que fosse feita justiça contra as agressões – muitas vezes cometidas por grupos de homem – uma vez que era aceita a idéia de que o corpo feminino podia ser violado. “

“A música de Barbara limitou-se, portanto, ao gênero mais restrito da Cantata. Con­siderada um gênero menor, a Cantata foi negligenciada pela musicologia, provavel­mente por causa da atração exercida pela ópera, desde seus primórdios, sobre público e teóricos. No entanto, a produção de Cantatas na Itália seiscentista é imensa, e a maio­ria dos compositores dedicou-se a ela. Absorvida avidamente por uma sociedade que praticava a civil conversatione, a Cantata pode ser mais bem compreendida ao exami­narmos os hábitos deste ambiente do ócio cortês, no qual o gosto pela arguzia e pela arte da finzione se tornaram modus vivendi do homem de sociedade.”

Barbara Strozzi

“Escutai, amantes, a razão, oh, Deus,
Que me traz o pranto:
No adorado e belo ídolo meu,
que tão fiel cria, a fidelidade está morta...

Mas se a fidelidade me é negada
Por aquele inconstante e pérfido,
Que ao menos fiéis se conservem
Até à morte, as lágrimas!”

Música do post: Hor Care Canzonette Monteverdi canta Ensemble Barbara Strozzi


Youtube: Strozzi-Giusta negativa & Monteverdi-Pur ti miro



e

Beijos,
Pedrita

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Recital de lançamento do livro Anna, a voz da Rússia

Fui ao recital de lançamento do livro Anna, a voz da Rússia - Vida e obra de Anna Akhmátova por Lauro Machado Coelho no Theatro São Pedro, em São Paulo. Anna Akhmátova foi uma importante poeta russa que viveu entre 1889-1966. O livro foi lançado pela Algol Editora. Foi uma belíssima apresentação, teatro lotado, platéia ilustre e acalorada.

No recital foi com os ótimos, a soprano Adélia Issa e o pianista Ricardo Ballestero. O programa tinha um difícil e belo repertório: Cinco Poemas de Anna Akhmátova opus 27 de Serguêi Prokofiev e Akhmátovoi (Para Akhmátova) – a última das Canções de Marina Tsvetáieva, opus 143a de Dmitri Shostakóvitch. Vocês sabem o quanto sou fã de Shostakóvitch e amei essa obra, de uma beleza incrível. Ainda interpretaram a obra inédita Música de Gilberto Mendes composta sob o poema de Anna Akhmátova. O compositor estava na platéia e estava muito emocionado.

Entremeando as canções tivemos a leitura do Réquiem, um Ciclo de Poemas de Anna Akhmátova, por Beatriz Segall. Na abertura, Sergio Casoy contou um pouco sobre a vida da poeta russa. Seu primeiro marido foi morto. Depois seu filho passou anos preso e esses poemas lidos falavam desse período que Akhmátova ficava por anos nas filas para visitar o filho na prisão. Os poemas são densos, tristes e conseguimos sentir o frio da Rússia, os portões, as chaves e os cárceres, inclusive os da alma.

Poema de Anna Akhmátova

À MUSA
Quanto, à noite, espero a tua chegada,
a vida me parece suspensa por um fio.
Que importam juventude, glória, liberdade,
quando enfim aparece a hóspede querida
trazendo nas mãos a sua rústica flauta?
Ei-la que vem. Soergue o seu véu,
olha para mim atentamente.
E lhe pergunto: "Foste tu quem a Dante
ditou as páginas do Inferno?". E ela: "Sim, fui eu".

Música do post: Prokofiev Sarcasms Op.17




Youtube: Анна Ахматова
e


Beijos,

Pedrita