Apesar das semelhanças também amei a série e o roteiro é muito bom e ligado a nossa realidade brasileira , infelizmente. Logo no início o prédio desaba como aconteceu com o Palace 2 por motivos muito semelhantes, ganância de construtoras. Há tantos anos tivemos o incidente do Palace 2 e as construtoras continuam fazendo o que querem com o Brasil em parceria vergonhosa com políticos. Sim, os motivos do engenheiro chefe e da diretora financeira eram nobres. O dono da construtora tinha morrido e eles queriam levantar dinheiro para comprá-la. Muito provavelmente não conseguiriam honestamente pelo volume de dinheiro e eles tem a infeliz ideia de fazer um prédio com redução de 20% do material. Já é horrível essa decisão, mas a ganância vai mais longe e o engenheiro chefe vai reduzindo mais ainda a compra de material como ferros que foram reduzidos em 40%. Bastou uma chuva forte para o prédio desabar, antes mesmo de ser inaugurado. Déborah Bloch está incrível, outra personagem cheia de camadas. Ela fica possessa com os exageros do engenheiro, mas aceitou antes a redução de 20% do material. Muito triste a cena do pai dela na estrada, interpretado pelo incrível Emiliano Queiroz. Nada justifica o que ela fez, mas a solidão dessa personagem corta o coração.
Como em Supermax, os que ficam no subsolo precisam lidar uns com os outros em situações limites. Incrível a construção dos personagens, muito ricos em características e ótimos atores. Além dos atores que adoro e mais conhecidos como Selton Mello, Carolina Dieckman, Lima Duarte, Maria Manoella, Enrique Diaz e Teca Pereira. Incríveis os outros, principalmente os operários. Bem complexos os operários, inclusive os que eram um casal interpretados brilhantemente por Démick Lopes e Pedro Wagner. Se amavam muito, mas eram agressivos com o mundo externo duas pessoas de difícil socialização. Os atores estão incríveis. Gostei que os personagens tinham vários lados. Como o chefe de obra, Antônio Fábio, que era respeitado por todos, inclusive pelo engenheiro chefe, mas abandonou anos a filha, Camila Márdila, sem ligar para ela.
Fabrício Boliveira merece um bloco só sobre ele. Entre os melhores atores de sua geração, entre meus atores preferidos, brilhou como o chefe dos bombeiros. Ele teve um incidente anterior de fracasso, está de licença, mas o enviam para liderar o grupo. Está nas buscas por sobreviventes, mas outro superior chega, Eucir de Souza, e diz que estão encerradas as buscas. É emocionante quando ele descobre que há pessoas no subsolo, ou mesmo quando fazem contato por um equipamento eletrônico. Fabrício arrasa em todos os momentos.
Gostei do desfecho. O Brasil é um país que faz uma construtora ainda ter alto valor de venda no mercado mesmo depois de um fracasso e de tanta corrupção. O herdeiro, Paulo Vilhena, consegue vender a construtora por um bom valor para um ávido interessado, Luciano Chirolli, até porque logo esquecem o absurdo do desabamento, farão um marketing que agora a empresa será séria pra tudo continuar mais do mesmo e com alto apoio político e alta corrupção política. Construtoras estão no topo com todo tipo de regalia. Qualquer empresa por muito menos teria falido, mas no Brasil construtoras são objeto de luxo.
Beijos,
Pedrita