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quarta-feira, 28 de maio de 2025

Melhores livros brasileiros de literatura do século 21

A Folha convidou profissionais para escolher os Melhores livros brasileiros de literatura do século 21. Fizeram a seleção 100 especialistas entre editores, jornalistas, críticos, escritores. A matéria é fechada para assinantes e saiu no jornal impresso. Cada um tinha que escolher 10 livros brasileiros do século 21. Humildemente resolvi fazer minha lista e começo com o maravilhoso Um Amor Anarquista de Miguel Sanches Neto da Record que criou uma ficção baseada na comunidade anarquista que existiu no interior do Paraná. Cada livro terá o link correspondente ao texto que fiz no blog.
 

Em segundo o maravilhoso Becos da Memória de Conceição Evaristo da Pallas. Uma comunidade vai ser despejada, os moradores vão partindo aos poucos, com isso vamos conhecendo seus personagens. Que texto! A autora está na lista da Folha, mas com outra obra que não li.

Em terceiro o intenso Dois Irmãos de Milton Hatoum da Companhia das Letras. Com destinos diferentes, os irmãos se rivalizam. A seleção da Folha tem outro livro dele na relação que eu ainda não li.

Em quarto o delicado, nem sempre, Água de Barrela de Eliana Alves Cruz da Malê. Água de Barrela é o combinado que as profissionais fazem para lavar e clarear as roupas brancas. A história passa por várias gerações de mulheres.

Em quinto, Torto Arado de Itamar Vieira Junior da Todavia. Esse livro está na relação da Folha. Conta a história fictícia de Bibiana e Belonísia.

Em sexto, Deixei Ele Lá e Vim de Elvira Vigna da Companhia das Letras. Essa autora está na lista da Folha, mas com outra obra. São várias mulheres em um hotel.
O sétimo é O Sol se Põe em São Paulo de Bernardo Carvalho da Companhia das Letras. O autor está na lista da Folha, mas de novo com outra obra. Esse é uma história bem mágica em São Paulo, alguns momentos no bairro da Liberdade e seu universo japonês.
O oitavo é Sanga Menor de Cintia Lacroix da Dublinense. Esse eu acabei de ler, em realismo fantástico conta a história de uma cidade fictícia, Sanga Menor, e seus personagens, nem sempre mágicos.

O nono é Na Escuridão, Amanhã de Rogério Pereira da Cosac Naify. É sobre uma família disfuncional que vai desaparecendo.
Finalizando em décimo, Fantasma de José Castello pela Editora Record. O protagonista mora em Curitiba e é contratado para escrever uma obra ambientada na cidade.

Beijos,
Pedrita

quarta-feira, 6 de março de 2024

Americanah de Chimamanda Ngozi Adichie

Terminei de ler Americanah (2013) de Chimamanda Ngozi Adichie da Companhia das Letras. Eu queria muito ler esse livro depois de um comentário de um conhecido, só que lendo descobri que ele falava de outro livro, acho que ele confundiu o autor. Mas amei a obra! Eu comprei esse na pandemia, na Festa do Livro da USP virtual, com 50% de desconto. Demorei pra ler porque a obra é muito extensa, 513 páginas em letras pequenas. Eu já tinha lido dela Hibisco Roxo, que comentei aqui e tinha gostado muito! Americanah foi vencedor do National Book Critics Circle Award. E eleito entre os melhores livros do ano pela NYTimes Book Review.
 

O marcador de livros é da exposição Tim Burton no MIS

Obra Chinaza (2022) de Ganiyat Abdulazeez

 A obra é uma saga com a vida da nigeriana Ifemelu. Ela é de classe média, se apaixona na escola por Obinze. Na universidade, há conflitos políticos no país e por isso muitas greves de professores. Como a tia de Ifemelu estava nos Estados Unidos, ela consegue o visto e vai estudar lá. Obinze fica de encontrá-la depois. Ele nunca consegue o visto. O livro começa com Ifemelu nos Estados Unidos se organizando pra voltar a Nigéria. Está estabelecida, trabalhando, estudando, com namorado, mas ela quer voltar.

Obra Shantavia Beale de Kehinde Wiley

É nos Estados Unidos que Ifemelu conhece o racismo. É lá também que passa a escrever em um blog e acompanhamos alguns textos. Ela relata fatos que presenciou, questões curiosas que viu. Ela não nomeia as pessoas que menciona, mas os separa em categorias. Negro americano, negro não americano, e vai mostrando as diferenças. O blog dela fica muito conhecido e ela passar a dar palestras. Ela comenta que o negro americano sempre acha que seus descendentes foram reis e rainhas, porque desconhecem os seus antepassados, já que foram escravizados. Ela já conhece seus descendentes que em geral são pessoas comuns, como seus pais. O texto do livro é muito inteligente. Em alguns momentos até eu me incomodava com uns comportamentos meus que ela relata no blog, falando de uma dona de casa de uma casa em que ela trabalhou. Na Nigéria Ifemelu não trabalhava, só estudava. Nos Estados Unidos ela precisa trabalhar para se sustentar no país, enquanto estudava, trabalha como babá e alguns outras funções. O racismo nos Estados Unidos é parecido com o do Brasil. Embora aqui sempre teve casamentos e envolvimentos interraciais, desde a escravidão, muitas questões vividas por Ifemelu acontecem aqui. Obinze consegue ir para a Inglaterra, mas depois de um tempo é deportado algemado por ser imigrante ilegal.
Obra Pão Nosso de Cada Dia de Grace Ighavbota

No final do livro ela retornou a Nigéria, muito tempo depois. Nos Estados Unidos ela teve relacionamentos. Na Nigéria Obinze está casado. Fiquei só curiosa como Ifemelu vai lidar com o trabalho de Obinze. Ele enriqueceu porque entrou em esquemas fraudulentos no setor imobiliário. Ifemelu tem dificuldade de se readaptar, tanto que entra em um grupo de nigerianos que voltaram ao país. A sensação de não-pertencimento, seja nos Estados Unidos e na Nigéria são bem aflitivos. O texto é incrível, vários olhares, pontos de vista. Um livro e tanto.
Beijos,
Pedrita

sábado, 9 de dezembro de 2023

Úrsula de Maria Firmina dos Reis

Terminei de ler Úrsula (1859) de Maria Firmina dos Reis da Penguin & Companhia das Letras. Queria muito ler um livro dessa autora. Maranhense e professora, é considerada a primeira escritora negra do Brasil. Estou até hoje impactada! Que obra!
Comprei esse livro faz tempo em uma Feira do Livro virtual.
O quadro é de Peggy-Lou. 
O marcador de livros da Lemos.
 

Obra Romãs (1891) de Estevão Silva

A obra conta a história de Úrsula, bela jovem que vive com sua mãe paraplégica. Um negro salva um homem que caiu do cavalo e leva a casa da mãe de Úrsula porque está delirando. Lá o cavaleiro e a jovem se apaixonam. Os dois tem histórias trágicas. Fica claro que as vidas difíceis já vinham de muito longe. Grato pelo negro Túlio que o salvou, Tancredo o liberta. O vocabulário é riquíssimo! Que texto belíssimo!

Obra Paisagem de Horacio Hora

Úrsula e a mãe vivem sozinhas. A mãe conta o infortúnio das duas. Odiadas pelo irmão dela vão viver sozinhas nessa casa. Luiza conta sobre seu grande amor que morreu. Um homem bom e que foram muito amados. Interessante como a trama é contada. Susana, mãe de criação de Túlio, conta que o marido de Luiza era cruel com os escravizados que eram torturados, maltratados, que era um homem muito violento. Susana tem um capítulo só pra ela contar a sua história e de seu filho adotivo.

Obra Natureza-morta de Pedro Alexandrino

Em delírio Tancredo clama por Adelaide e Úrsula quer saber. Vem então outra história de traições. É um livro muito triste!

Beijos,
Pedrita

sexta-feira, 8 de setembro de 2023

She Said

Assisti She Said (2022) de Maria Schrader no TelecinePlay. Eu sabia que teria que ter coragem de ver esse filme. É sobre jornalismo investigativo realizado por duas jornalistas do New York Times, Jodi Kantor e Megan Twohey sobre os abusos cometidos por Harvey Weinstein, que atualmente está preso com pena de 23 anos.

O tempo de investigação foi muito longo. Começa com uma das jornalistas que tem duas filhas pequenas, a outra está grávida e cuidando de outras pautas. Até que elas são unidas pela direção do jornal. Quando elas passam a trabalhar juntas, a outra já teve o bebê. Harvey Weinstein era um grande produtor de filme americanoA grande dificuldade foi conseguir provas, elas localizam várias mulheres, algumas não queriam falar e elas descobrem que elas fizeram acordos antes mesmo da denúncia ir à polícia. Elas ganhavam dinheiro e assinavam um documento onde se comprometiam a nunca mais falar do assunto com quem quer que seja. Pra piorar, elas não ficavam com cópia do acordo. Era muito difícil provar já que parte dos crimes eram cometidos entre quatro paredes, a palavra de um famoso e poderoso, contra as atrizes e profissionais do segmento.
O filme foca na investigação, nas cenas no jornal, nas conversas com as entrevistadas. O filme só mostra objetos que simbolizam os locais dos abusos. Gostei da condução do roteiro. Em geral o produtor assediava mais jovens atrizes, que tinham mais o que perder se denunciassem. Mas ele era tão perverso que se alguma conseguia se livrar do assédio, ele entrava em contato com outras produtoras e ela não conseguia mais trabalho. Sempre comento que há pessoas perversas, mas que há uma teia enorme de quem se silencia ou acata absurdos. Ele era poderoso, mas outra produtora aceitar não contratar uma atriz porque ele interferiu, é assustador. É uma teia de violência, desproteção, abandono e vulnerabilidade à mulheres. Os diretores do jornal são Patricia Clarkson e Andre Braugher.
Carey Mulligan e Zoe Kazan estão ótimas. Gostei que o filme mostra a vida pessoal das jornalistas. Elas tinham maridos incríveis que seguravam a onda no período de investigações. São telefonemas de madrugada, muitas entrevistas, solicitações. Viviam fora. A que tem filhas maiores precisa viajar, seria impossível pra outra, mas não é fácil porque ela também tem filhas pequenas. Mostra o quanto é difícil conciliar trabalho e maternidade.
As jornalistas Jodi Kantor e Megan Twohey. A matéria que elas publicaram. Depois elas lançaram um livro She Said que quero ler e no Brasil foi lançado pela Companhia das Letras.

Beijos,
Pedrita

sábado, 19 de agosto de 2023

As Brasas de Sándor Márai

Terminei de ler As Brasas (1942) de Sándor Marai da Companhia das Letras. Comprei esse livro em uma feira virtual com 50% de desconto. Essa capa belíssima tem a obra de Mark Tansey, Julgamento de Paris (1987). É um livro clássico sobre o encontro de dois antigos amigos 41 anos depois.

O marcador de livros é uma imagem do Museu Hermitage de São Petersburgo na Rússia que ganhei de uma amiga.


 
Obra Viragók de Frygies Frank

O General está com 75 anos e se encontra 41 anos depois com quem foi seu melhor amigo. Os dois e mais a esposa dele eram inseparáveis. Os dois queriam ser músicos, eram talentosos, mas a pressão familiar os tornaram militares infelizes. O General é um homem pavoroso e muito rico. Ele tem uma prazer abominável com caçadas, quando está entediado ou estressado vai caçar. São capítulos do prazer pela caça, do erótico que o cheiro do sangue provoca. O texto é incrível, Márai usa as palavras brilhantemente, tudo é milimétrico.
Obra Nude Brushing Hair de Karoly Patko

Eu fiquei com muita pena das mulheres da obra. Nini é a ama de leite do General. Ela perdeu seu filho e logo passou a amamentar o General. Quando ele vai ter esse encontro com o amigo, ela, aos 95 anos, é quem coordena a preparação da casa para o reencontro. Ela continua em total servidão aos 95 anos. Não tem vida própria, viveu para esse egoísta toda uma eternidade. A esposa do General é outra vítima, dessa vez dos dois amigos egoístas. O General sempre duvidou da fidelidade dela. O amigo desaparece. O General resolve punir a esposa e nunca mais a vê, mesmo sabendo que ela está com uma doença terminal. Abandonada, passa anos sendo cuidada por empregados até a morte.
Beijos,
Pedrita

sexta-feira, 30 de dezembro de 2022

Retrospectiva 2022

Sempre tenho muita emoção em montar a Retrospectiva 2022 do blog e esse ano foi mais impactante ainda com a volta dos eventos presenciais. Antes até tiveram alguns, mas bem pontuais, poder voltar e ver eventos foi indescritível. Por esse motivo vou começar com o teatro que tiveram peças incríveis, várias entre as melhores peças que já vi na vida. Eu separo por temas, então cada um pode olhar só o segmento que interessa. 

Teatro

Terremotos no Teatro Sesi
Longa Jornada de Uma Noite Adentro no Tucarena
Mary Stuart no Teatro Sesi
Cortejo Encantado
Awá Tecendo Fios de Ouro
Jardim de Inverno no Teatro Faap

Por uma coincidência estranha, dois músicos que amei suas interpretações chamam-se Jakub.

Música

Ópera Aída no Theatro Municipal de São Paulo
Il Pomo d´Oro com o contratenor Jakub Józer Orlinski da Cultura Artística na Sala São Paulo
Jakub Kuszlik no Festival Chopin no Theatro São Pedro
Maria José Carrasqueira e na flauta, a americana Wendy Rolfe e Lucas Gonçalves ao piano no Centro de Música Brasileira no Mackenzie Higienópolis


Exposições

Três foram no Sesi, uma na Galeria Leme.


Foi um ano de grandes livros, 18 ao todo. Um Lugar Bem Longe Daqui está entre os melhores livros da minha vida.

Livros

Maria Bonita de Adriana Negreiros da Objetiva

Torto Arado de Itamar Vieira Junior da Todavia

 A Máquina de Madeira de Miguel Sanches Neto da Companhia das Letras

A Verdade sobre o caso Harry Quebert de Joël Dicker da Intrínseca

Um Lugar Bem Longe Daqui de Delia Owens da Intrínseca

O Assassino Cego de Margaret Atwood da Rocco Editora

Um Grão de Trigo de Ngugi Wa Thiongo da Alfaguara

Mas o streaming foi ainda predominante companheiro. O trabalho retomando devagar, vi inúmeros filmes. Os melhores foram os brasileiros, uma lista infindável com os melhores filmes que já vi na vida. Inclusive foi difícil definir quais eram os que mais gostei pra por na imagem, porque são muitos.

Cinema

Globoplay

Canal Brasil

Mas vi alguns estrangeiros incríveis também:

Achei que não teriam novelas, já que não estou vendo nenhuma atual. E sim, e excelentes:

Novelas


E séries inacreditáveis como Irma Vep.

Séries


Que 2023 seja um ano melhor pra todos, com muito mais cultura e investimento em cultura!
A Arte Salva!
Beijos,
Pedrita

sábado, 3 de setembro de 2022

Hotel Mundo de Ali Smith

Terminei de ler Hotel Mundo (2001) de Ali Smith da Companhia das Letras. Comprei esse livro em uma feira de livros virtuais. As editoras disponibilizam alguns títulos que podem ter 50% de desconto, então nem sempre encontramos os livros que pensávamos em ler. Eu fico olhando as possibilidades, pesquisando, e escolhi esse no escuro. Foi uma grata surpresa. Adorei essa capa com foto de Peter Marlow.

O marcador de livros ganhei de presente de um amigo, é uma caixinha que vem com vários marcadores. Adoro objetos de papelaria, na foto tem alguns, que caíram em desuso até mesmo aqui, inclusive, achei ao acaso, um postal de Londres que me enviaram faz tempo. 

Obra da série Synesthesia de Daniel Mullen

O melhor dessa obra é não ler nada a respeito como sempre faço. Pra escolher o livro eu li sobre a autora. Só depois que terminei que li a orelha que conta muito mais do que devia. O bom é ir unindo as pontas. Amei que no começo tem uma fantasminha. Vamos sabendo o que aconteceu bem aos poucos. Foi uma morte pra lá de besta.

Obra Hood (2003) de Alison Watt

As histórias são fragmentos, já que são pensamentos dessas cinco jovens. Vamos unindo ou não os pontos. Triste demais a história da que mora na rua. E surpreendente os pensamentos da recepcionista que ofereceu uma noite no hotel para jovem. A que ofereceu queria na verdade a rebeldia, driblar o hotel, bem que a que mora na rua ficou desconfiada da oferta, deve ter intuído que algo estava estranho. Elas tem uma ou outra relação com as outras, mas tudo é de passagem, como as pessoas que passam pelo hotel. A diferença é que a vida da maioria é bastante precária. Só uma hóspede tem uma vida melhor, também é muito interessante como age com a moradora da rua, ela não sabe que a jovem mora na rua, mas percebe que ela tem uma situação precária. No tempo que ficam juntas ela ajuda, mas se arrepende logo depois, sem motivo aparente, e desfaz o feito. O livro é muito interessante e angustiante. Fala do quanto olhamos ou não ao outro, se realmente os vemos, sobre precariedade da vida, sobre passagem rápida da vida, egoísmo, egocentrismo. Muito interessante!

Beijos,
Pedrita