terça-feira, 29 de março de 2022

A Máquina de Madeira de Miguel Sanches Neto

Terminei de ler A Máquina de Madeira (2012) de Miguel Sanches Neto da Companhia das Letras. Que preciosidade! Vocês sabem como eu gosto de objetos e esse livro fala do criador da primeira máquina taquígrafa na época de Dom Pedro II. É um livro ficcional inspirado na história do padre Francisco João de Azevedo. Eu comprei esse livro em uma feira virtual no ano passado.

Marcador de Livros da exposição Pelos Séculos d'Sêculo - Torre do Tombo- Lisboa

O livro começa com o padre levando o seu invento para a Exposição Nacional Brasileira, em 1861. Um invento enorme, que precisava de vários carregadores e que teve pouca atenção na feira. Todos queriam ver os inventos que aumentassem a produtividade no campo. Era na época que o Brasil vivia da extração e da agricultura. Apesar de Dom Pedro II amar inventos e modernidades, ele não deu a mínima para essa máquina que não foi selecionada como outras pra ir a outro evento do gênero em Londres.
Na segunda parte os capítulos se misturam entre passado, presente e futuro do padre. Ele voltou a sua cidade, continua trabalhando na máquina, mas o tempo passou e ele está envelhecido. São nesses capítulos que conhecemos um pouco sobre ele e as pessoas no seu entorno.
O estilo de escrita é maravilhoso, além de excelentes parágrafos, há uma ironia clássica no autor. Por ser Engenheiro Agrônomo, o autor fala bastante sobre madeiras, a chegada do aço, a transformação de Recife com o aço e como o aço provavelmente chegaria a máquina. Para variar o crédito da invenção da máquina ficou para outra pessoa um tempo depois e fabricada inicialmente pela Remington. Quando passou a ser fabricada era uma máquina de escrever e não mais uma máquina taquigráfica, mas muito semelhante a criada anteriormente. O padre foi ludibriado e perdeu os créditos de sua invenção.
Incrível escolher essa história esquecida e transformar em um lindo livro de ficção. Belíssima obra, excelente texto!

Eu li e comentei aqui outras obras desse autor que gosto tanto.
Beijos,
Pedrita

10 comentários:

  1. Acredito que seja um bom livro de ler.
    Cumprimentos

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  2. Um estilo de ficção que costumo gostar

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  3. Já fiquei interessada, pois acho que a "sabotagem" com relação ao patenteamento dos nossos inventos e criações é intencional.

    Beijo

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    Respostas
    1. marly, hj é um pouco mais difícil, mas imagino que antigamente era bem mais fácil "pegar" a ideia do outro. acho q vai gostar do livro. é genial. que texto!

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  4. Amo MUITO ficções inspiradas em biografias, inventos e objetos.
    Quase que somos inseridos no contexto e nos maravilhamos com outras épocas e suas criações que nos trouxe até aqui.
    Além de dar aquela espiada em como as pessoas e fatos ocorriam no passado.
    Já levo a indicação.

    Bjs Luli

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