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segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025

A Semente do Fruto Sagrado

Assisti A Semente do Fruto Sagrado (2024) de Mohammad Rasoulof no Telecine Premium. Esse filme concorre ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro junto com Ainda Estou AquiPor esse filme, o diretor foi condenado a 8 anos de prisão, chibatadas e confisco de seus bens. Depois de uma longa fuga, ele conseguiu ficar na Alemanha.

O que provocou a condenação é que o diretor utilizou vídeos reais de manifestações no Irã. A imprensa censurada acabava mostrando a versão do governo que uma jovem morreu de AVC e não porque foi espancada. Então os jovens passaram a gravar e disponibilizar vídeos mostrando a violência da polícia, as prisões arbitrárias, adolescentes de 14 anos sendo presos. A pena de morte é banalizada, com decisões precipitadas. Para contextualizar os vídeos, o diretor cria um microcosmo do país em uma família. O pai trabalha há 20 anos na polícia e é promovido. Só a esposa sabe um pouco melhor a função, mas mesmo assim ele não conta porque não pode falar. Com os protestos o pai chega cada vez mais tarde e passa a não ver mais as filhas. O pai parecia amoroso, que a família tinha diálogo e ele tinha uma boa relação com a esposa. Todos muito carinhosos.
Uma filha é adolescente, a outra está na faculdade. Elas começam a receber os vídeos sobre a verdade dos fatos. E pra piorar, a escola e a faculdade são fechadas, elas ficam nas ruas, no meio das manifestações e uma amiga delas é alvejada com chumbinho. A mãe fica de mediadora de tudo. O pai aconselhou todas de se afastassem das amizades, que o cargo agora o expunha muito, que elas tinham que ficar mais resguardadas. Com os conflitos, não é o que acontece. A mãe pede pra filha se afastar da amiga machucada, mas acaba cuidando da jovem, é de cortar o coração a cena. Todos estão excelentes: Missagh ZarehSoheila Golestani, Masha Rostami e Setareh Maleki. Todos muito corajosos em participar de um filme que denuncia o sistema.

É quando a arma dele desaparece que tudo desanda. Ele pode ser preso se a arma não aparecer. É quando começamos a nos perguntar se esse homem é o verdadeiro e o carinhoso era o falso. Sem conflitos, todos viviam em harmonia. A mãe pede que o pai volte a conviver com as filhas, converse com elas, que elas cresceram e que tem suas opiniões agora. O filme entra em uma catarse assustadora.
Beijos,
Pedrita

quarta-feira, 21 de agosto de 2024

Nós e Eles de Bahiyyih Nakhjavani

Terminei de ler Nós e Eles (2019) de Bahiyyih Nakhjavani da Dublinense. Eu tinha amado Alforje da autora, entre meus livros prediletos, então não pensei duas vezes em adquirir esse na Festa do Livro da USP do ano passado com 50% de desconto. É bem diferente! Gostei muito!

O marcador de livros foi pintado por uma amiga artista, a Fatima Pombo, que teve no passado blogs muito inspiradores. Incrível que o marcador tem as mesmas cores da edição da obra, que grata surpresa.

E que belíssima edição. A capa e o projeto gráfico é da Luisa Zardo. Muitas páginas com desenhos, flores, em tons verde e o bege do papel. Não cansava de olhar, que perfeição.

A trama central é a história de três mulheres, mas há vários capítulos com desconfortos da imigração, sobre a dificuldade de adaptação, de viajar, lidar com as diferenças. É um livro que sem ser didático, só com relatos, vai mostrando muitas das árduas relações em cada país.

Obra Série Varal de Zeynab Movaheb

 A mãe tem que se dividir em duas casas das suas duas filhas, uma nos Estados Unidos e outra na França. A que mora na França está mais ambientada, vive em um apartamento minúsculo, não tem relações com os vizinhos. A mãe fica horrorizada com os moradores.

Obra A Cortina Laranja (2022) de Arghavan Khorsaravi

Nos Estados Unidos a iraniana está em processo de separação. Vive em uma mansão à venda. A obediência familiar iraniana é muito nociva as mulheres. O ex-marido usou e abusou do dinheiro dela, fazendo ela perder quase tudo.


Obra Pessoas Ocupadas de Golsa Gochini

São muito impactantes as cenas do aeroporto, a dificuldade de idioma pra mostrar que só estava em viagem de lazer. Sem saber data pra voltar, a desconfiança que gera. Uma idosa sendo questionada incessantemente por uma fria atendente.
É um livro muito curioso, incômodo e importante.

Beijos,
Pedrita

quinta-feira, 15 de junho de 2023

Todos Já Sabem

Assisti Todos Já Sabem (2018) de Asghar Farhadi no Paramount+. Eu gosto muito desse diretor iraniano e o elenco desse impressiona. O filme é espanhol.

Vai acontecer um casamento em uma pequena cidade na Espanha. A personagem Penélope Cruz vive na Argentina e viaja com os dois filhos para a data. O marido argentino não pode ir. Há o casamento e a filha dela desaparece. 
Depois ela começa a receber pedidos de resgate no celular. O filme tem muitas camadas e é muito interessante. Eu gostei muito que fala dos detalhes das famílias. Parece que conhecemos os parentes, mas será mesmo? Javier Barden interpreta um antigo namorado. O marido acaba aparecendo e é Ricardo Darín.
É muito interessante porque eles procuram um policial reformado. Com os detalhes que passam pra ele, ele começa a desconfiar que alguém muito próximo fez tudo, porque tinha acesso a locais da casa que só os parentes mais próximos iam. Sim, há o suspense, mas é interessante como ele vai mostrando que os segredos de família nem sempre são segredos e que todos sabem, só ninguém fala abertamente, mas cochicham aqui e ali. Tanto que ele sugere que passem a impressão que estão levantando o dinheiro, enquanto ele investiga.

É esse policial que vai mostrando como as famílias e vilarejos funcionam, e foi o que mais me atraiu no filme, pela semelhança que as famílias espanholas tem com as brasileiras. Os segredos que todos acham muito bem guardados, mas todos já sabem. E também as aparências, que nem tudo é bem o que acham.

Beijos,
Pedrita

quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

Retrospectiva 2021

Nesse ano dificílimo, as séries e filmes foram mais presentes na Retrospectiva 2021

Foi difícil selecionar algumas séries, porque as que amei foram muitas.

Squid Game
Cidade Invisível
O Hóspede Americano
Mare of Easttown
Handmaid´s Tale 4
Lupin 1 e 2 
Dark 2 e 3

Em cada atração o link da postagem no blog.

Música também só foi virtual:

Show Somos Um de Maria Rita Stumpf

CD Psallo Trio Josani Pimenta, e dois outros músicos excelentes, Eduardo Minczuk na trompa e Marcelo Pimenta 

As Duas Sonatas para Viola e Piano de Brahms com Horácio Schaefer, viola, e Sergio Melardi, piano

Novela só teve uma:

Amor de Mãe

Peças foram duas virtuais da Cia Navega Jangada



Foi difícil selecionar os filmes, gostei de muitos:



Livros também foram grandes companheiros, igualmente difícil selecionar alguns:

O Alforge de Bahiyyih Nakhkavani
Madame Oráculo de Margaret Atwood
Uma Menina Está Perdida no Seu Século À Procura do Pai de Gonçalo M. Tavares
Minha História por Michelle Obama
Sem Gentileza de Futhi Ntshingila
Holocausto Brasileiro de Daniela Arbex











Feliz 2022! Que seja um ano melhor pra todos!

Beijos,




Pedrita

quinta-feira, 5 de agosto de 2021

O Alforje de Bahiyyih Nakhjavani

Terminei de ler O Alforje (2000) de Bahiyyih Nakhjavani da Dublinense. Nossa!!! Absolutamente impactada!! Que livro, que narrativa, que autora!!! Daquelas obras que queremos que todos leiam também. Absolutamente fantástico!

O marcador de livros é magnético com um trecho de uma obra de Tomie Ohtake.

Comprei esse livro na feira virtual da Unesp com 50% de desconto.
 

Obra Água do Poço de Tilly Willis

Há uma viagem pelo deserto e vários personagens, cada parte é um personagem que relata. Como viajar pelo deserto é muito perigoso, grupos muito diversos unem-se para a travessia. Então há pessoas de várias culturas, idiomas e países. Cada um tem um olhar pelos mesmos fatos e as histórias vão se explicando. é inacreditável. Com o olhar de cada um a autora mostra várias culturas, muitos preconceitos, fala ainda de escravidão, servidão, religião, é uma gama imensa de temas a cada perspectiva e narrador. No final há um Glossário pra auxiliar na leitura, mas mesmo assim o vocabulário é muito rico, precisei várias vezes usar um dicionário. Gosto muito de livros que me instigam, que ampliam meu universo e meu vocabulário. A edição da Dublinense é belíssima! Há um mapa com os locais no deserto e desenhos belíssimos! A capa e o projeto gráfico são de Luísa Zardo.

Bahiyyih Nakhkavani é iraniana, cresceu na Uganda e estudou em vários países: País de Gales, Estados Unidos e Inglaterra. Leciona literatura na Europa e Estados Unidos. Atualmente vive na França.

Beijos,
Pedrita

terça-feira, 4 de maio de 2021

Radioatividade

Assisti Radioatividade (2019) de Marjane Satrapi na Netflix. Eu queria muito ver esse filme. A biografia da Madame Curie permeou a minha infância. O livro era da família e estranhamente não li. É muito bom ver filmes sobre cientistas e ciência. Madame Curie ganhou dois Prêmios Nobel, mas é menos lembrada que Einstein. Ela descobriu a radioatividade. Esse vidrinho do pôster ela carregava pra tudo quanto é lugar, levava na cama, pra ver no escuro o efeito, não se sabia ainda os riscos da radioatividade ainda.

O filme romanceia um pouco, eu achei uma matéria que esclarece o que foi de fato verdade e vou colocar aqui. Como acontece com muita mulher,  Maria Salomea Skłodowska, seu nome de solteira, foi retirada de um laboratório que trabalhava. Ela começa a procurar outro laboratório pra trabalhar e assim que conhece Pierre Curie. Ele era físico também e infelizmente era uma época que a mulher precisava do apoio de um homem. Ele era muito brilhante também, e leva Maria para o seu laboratório e lá que ela descobre a radioatividade. O primeiro Nobel é Pierre que ganha, outro erro monumental, ela ganharia em conjunto com ele, mas a pesquisa era dela. Ela não quis patentear o produto, quis que toda a humanidade pudesse se beneficiar da radioatividade, o que facilitou outras pesquisas, mas não rendeu lucros a cientista. O filme mostra os benefícios da radiologia, mas bem mais os malefícios como a bomba atômica. Infelizmente focam mais no pior. Sim, muita evolução da ciência pode ser usada para o mal, mas são fundamentais para o avanço da medicina e de outras ciências. E péssima a cena da Curie em transe, vendo os mortos do futuro que iria causar, culpando-a da má utilização de suas descobertas, quando ela nem era mais viva.
Seu marido teve uma morte trágica. Ela continuou com as pesquisas. Eles tiveram duas filhas, a mais velha foi enfermeira e continuou com seu marido as pesquisas da mãe e ela e o marido também ganharam Prêmio Nobel. Curie montou com a filha umas ambulâncias com raio-X para tratar de doentes nos campos de batalha. Curie nunca aceitou que a radiologia fazia mal. Já iniciam pesquisas sobre os malefícios, mas ainda não eram conclusivas. Curie morreu de anemia dos efeitos da radiologia que acaba com elementos do sangue. Rosamunde Pike está muito bem. Seu marido é interpretado por Sam Riley. Sua filha quando está mais velha por Anya Taylor-Joy.


Beijos,
Pedrita

segunda-feira, 19 de outubro de 2020

Uma canta, a outra não

Assisti Uma canta, a outra não (1977) de Agnes Varda no Telecine Cult. Desde que essa grande diretora faleceu começaram a programar os filmes dela. Uma pena que não tenham programado antes, queria muito ter conhecido a obra dela enquanto ela era viva. Tem muito filme e diretor que quero ver, espero que programem mais. Que diretora! Que filme!

Uma jovem de 17 anos se encanta com o trabalho de um fotógrafo, com isso conhece a companheira dele. Ele não se divorciou porque não tem condições financeiras. Ela tem 22 anos, dois filhos e conta para a jovem que está grávida de mais um. A adolescente resolve ajudar, mente ao pai para conseguir um dinheiro e orienta a jovem a ir para a Suíça, lá o aborto é permitido e se ela contar sua história, poderá conseguir gratuitamente. Seu pai fica possesso com a mentira da filha. Ele adora dar tapas na cara da menina por qualquer motivo, um verdadeiro monstro. Eu teria orgulho de uma filha que abrisse mão de um dinheiro para ajudar uma amiga. Se eu não concordasse com o motivo, conversaria com ela. As duas estão excelentes: Valérie Mairesse e Thérèse Liotard.

O fotógrafo se suicida. Um horror no enterro. Todos ignoram aquela jovem e seus dois filhos, mesmo sabendo que o filho era do fotógrafo e portanto parente deles. Desamparada, ela vai morar no interior com os pais dela. A adolescente já tinha saído de casa e vive de teatro e música. E a amizade das duas continua. 

O filme debate temas muito profundos. Com o tempo a que canta também precisa abortar. Em uma sala, com várias mulheres que aguardam o triste momento. O filme mostra a tristeza de todas elas, não desespero, mas tristeza. A jovem faz inclusive compõe uma canção para falar sobre o aborto. Quanta profundidade e clareza na letra. Ela agenda para o grupo um passeio de um barco, mas elas não estão felizes. É lá que a jovem conhece quem vai amar, um iraniano (Ali Rafie), ele é igualmente iraniano, diretor e ator de filmes. Ela acaba seguindo com ele para o Irã, mas não se acostuma, já que lá não pode cantar, nem trabalhar com arte, torna-se dona de casa. A outra amiga passa a trabalhar em um centro de acolhimento de mulheres. Elas orientam as mulheres a tomar pílulas e se irrita com uma que, mesmo sabendo de tudo o que tem que ser feito, mesmo ganhando as pílulas, não as toma. Uma outra profissional do lugar orienta a jovem a não julgar as dificuldades dos outros. Que filme profundo.
O filme também fala muito sobre maternidade. A que canta volta para o seu país e lá tem o seu filho. O marido quer muito o filho  e ir com ele de volta ao Irã, então ela combina que ele fique mais um pouco e faça outro filho nela. Assim ele leva um, e ela fica com o outro. Fiquei muito surpresa com o avanço do filme na abordagem dos temas. Fico pensando onde nos perdemos nas narrativas.


Beijos,
Pedrita