Assisti L´Avenir (2016) de Mia Hansen-Love no Film&Arts. Eu adoro a Isabelle Huppert. A diretora também escreveu o roteiro livremente inspirado em sua mãe, uma professora de filosofia.
Muito bom ver o cotidiano de pessoas que leem, que falam de filosofia no cotidiano, livros em suas conversas, ouvem música clássica. Ela é casada também com um professor (André Marcon). Os filhos descobrem que ele tem outra mulher e pedem pra ele escolher. Ele escolhe o relacionamento mais recente.
A professora está naquele momento difícil da vida, repleta de demandas. Sua mãe cada vez mais doente, o marketing invadindo a filosofia. Isabelle Huppert está maravilhosa!
Ela acaba herdando a gata da mãe. Não sei se eu concordo que o neto acaba suprindo a vida amorosa.
Assisti Vale do Amor (2015) de Guillaume Nicloux no TelecinePlay. Tem tempo que vejo esse filme no Telecine. É um filme estranho. Isabelle Huppert e Geràrd Depardieu estão majestosos!
Um filho reúne os seus pais em uma missão. O filho se matou, mas antes deixou cartas para os pais. Bem macabro! Ele pede que os pais sigam para o Vale da Morte na Califórnia e façam cinco passeios turísticos pra que ele apareça em algum momento. Eles ficam em um hotel bem pavoroso, só a piscina parece aliviar o horror de tudo. Eles passam um calor infernal. Nunca passei tanto calor vendo um filme. Não só precisam ir aos passeios, como tem que ficar um tempo longo predeterminado na carta.
Eles parecem merecer esse castigo. A mãe largou o filho com 5 anos, o pai enfiou-o em um internato. No futuro, o filho se afastou de vez. Os pais refizeram suas vidas e tiveram outros filhos. Raramente falavam com esse filho. A mãe o visitou umas duas vezes. A mãe mora em Paris. O pai vive nos Estados Unidos, então viu o filho um pouco mais e falava um pouco mais com ele. Mas os dois mal sabem o que contar do filho, porque mal sabem o que o filho era, o que gostava ou fazia.
Assisti Greta (2018) de Neil Jordan na HBO Go. Eu adoro essas atrizes, Isabelle Huppert e Chloë Grace Moretz. No Brasil já resolveram dar spoiler no título, aqui chama Obsessão. Sutileza pra que né?
Quase larguei o filme. Na verdade parei de ver inúmeras vezes e pensei se deveria voltar. Faz muito tempo que comecei a assistir. Mas eu sou daquelas insistentes, que acha que tem que ver até o final. Não entendo essa mania. E também tinha uma certa curiosidade no que ia acontecer no final.
A jovem está no metrô e vê que alguém esqueceu uma bolsa. Ela pega, vê um cartão de identificação, liga, vai devolver e selam uma amizade. Até que ela acha uma porção de bolsas iguais prontas para o abate por aí. Ela se afasta e começa a ser perseguida pela dona da bolsa. Pode ser que Huppert aceitou o papel pelo dinheiro ou por ser um papel diferente do que já fez, mas o personagem é caricato e sofrível. O filme é sofrível. Não sai muito do lugar. Falta sutileza! Dá uma certa vergonha pelas atrizes terem que dar credibilidade a um roteiro tão frágil, over e óbvio.
Assisti Marvin (2017) de Anne Fontaine no Festival Varilux de Cinema no Looke. Eu queria muito ver esse filme porque tinha gostado muito de As Inocentes dessa diretora sensível. E que filme esse também. Essa diretora entrou para a lista dos meus diretores preferidos. Comentei no blog 4 filmes dirigidos por ela.
Com narrativa entrecortada, o filme mostra dois momentos da vida de Marvin, criança e jovem. Excelentes os atores que interpretam Marvin: Jules Porier e Finnegan Oldfield. De uma família disfuncional, Marvin sofre com as brigas constantes, agressões verbais e intolerância familiar. Sensível e introspectivo, Marvin sofre na escola também com muita violência, assédio sexual e buylling. É uma professora (Catherine Mouchet) que leva o Marvin para o teatro, e vê nele uma possibilidade. Ela logo percebe os problemas familiares do garoto. É a professora que muda o destino desse rapaz. A família não incentivava os estudos, não tinham uma boa renda, a cidade era pequena e conservadora. A professora faz Marvin participar de um concurso para um internato onde teria teatro, assim ele sai daquele núcleo familiar nocivo, da escola opressora, e consegue vislumbrar um outro futuro.
Através de um relacionamento, Marvin conhece Isabelle Hubbert que atua como ela mesma. A atriz faz uma peça com o roteiro do rapaz que é autobiográfico. Sua família fica revoltada com o olhar do rapaz sobre a sua infância. Ironicamente é o pai que mais compreende e acolhe o filho. Ele tinha se separado e parece que com a nova família ganhou um olhar mais tolerante. Os pais de Marvin são interpretados por Grégory Gadebois e Catherine Saleé. O companheiro de Marvin por Charles Berling. O casal amigo do rapaz por Vincent Macaigne e Sharif Andoura).
Assisti Souvenir (2016) de Bavo Defurne no TelecinePlay. Não aconselho esse filme pra ninguém, minto, só pra quem gosta de comédia romântica previsível e ruim. Quem gosta da Isabelle Huppert é melhor não ver, dá vergonha alheia ela participando desse filme. Não entendo porque colocaram no cult.
O começo estava me agradando. A personagem da Isabelle Huppert trabalhava em uma fábrica de bolos. Ela recebia três bolos cozidos do forno e colocava os adereços, duas folhinhas e frutinhas. Vivia solitária de forma confortável, bebia e fumava. Até que um rapaz é empregado e é quem entrega os bolos aos funcionários.
Ele reconhece a funcionária como uma antiga cantora muito famosa de música pop que o pai é muito fã. Ela nega. Mas acaba aceitando por ele cantar em um clube. São muito cafonas as músicas e os movimentos. Souvenir era o nome da principal música. O filme passa então a ser um show de clichês de comédia romântica, muito cafona. O rapaz é interpretado por Kévin Azaïs.
Assisti Elle (2016) de Paul Verhoeven no Max. Eu queria muito ver esse filme. Sempre falam que é polêmico, confesso que não achei tão polêmico, gostei muito do realismo do filme que fala muito dos nossos lados escuros, sem filtros. De pessoas que não imaginamos que tenham histórias tão complexas. O filme é baseado no livro de Philippe Dijian.
Aos poucos descobrimos que Elle é uma mulher que veio de uma grande tragédia. E eu particularmente acho que muito do que achavam que podiam fazer com ela era porque sabiam do seu passado e a achavam um alvo fácil. Talvez por isso que ela tenha se tornado uma mulher dura, rude e de difícil convivência. Na infância o seu pai assassinou quase a vizinhança toda e junto com a filha queimaram a casa. Toda a mídia colocava a filha, uma criança, como psicopata também. Quanta crueldade. Poderia até ser, mas não pelo ato na infância. O filme começa com um estupro. Essa mulher está sendo atacada por um homem mascarado. Sim, é fria a forma como ela lida com a questão, mas parece sim se incomodar e muito. Ela é prática, vai fazer exames, troca as fechaduras da porta e vemos que de vez em quando tem medo. Mas para as pessoas que convivem com ela, parece que está muito tranquila. Gostei muito da fala da personagem: "Nós temos vergonha mas continuamos fazendo".
Todos os personagens tem muitas camadas. Ela mesma nos irrita muitas vezes. Achei um absurdo ela entrar na casa da mãe com quem não vive sem tocar a campainha. Como tem a chave abre e invade a intimidade da mãe sem a menor cerimônia. O fato dela ter a chave não lhe dá esse direito. Isabelle Huppert está incrível e desconcertante. Ela ganhou César e Globo de Ouro pelo filme. O filho dela também incomoda, aos poucos ela descobre que o filho queria um filho e mesmo vendo que o bebê era mais escuro que o casal não tava preocupado. E ele é muito imaturo pra tanto querer um filho, tem sub emprego, uma esposa possessiva, mas tudo fica como está porque sentimento não se explica. Tudo é complexo. Alguns outros do elenco são: Laurent Laffitte, Anne Consigny, Charles Berling, Virginie Effire, Christian Berkel, Judith Magre, Alice Isaaz e Jonas Bloquet.
Assisti A Pianista (2001) de Michael Haneke na Claro TV. Eu não tinha acesso a esse canal no Now. Aí veio o aviso que um pacote tinha acesso. Ainda não fui ver se mudou algo na fatura, preocupada, mas se não, gostei de ter mais esse canal de filmes para ver. E o acervo é bem interessante. Com filmes famosos de vários diretores e países. Uma boa seleção. Muitos já vi, mas tem um bom acervo, bem diferente dos outros, ampliando minhas possibilidades.
O nome original é A Pianista. Incrível que os americanos e os brasileiros reduziram a pianista em professora. Esse diretor é sempre contundente e com esse filme não é diferente. Equivocadamente está em Romance na Claro TV. Na verdade o filme é sobre violência e perversidade. Nossa protagonista é uma pianista austera que vive com sua mãe controladora e violenta. A parte musical é muito bem realizada. Fiquei pensando se eram montagem, se a Huppert toca um pouco piano. Foram muito bem feitas as audições, o estágio avançado dos pianistas, da excelente pianista que a protagonista é.
Ela é uma professora bastante cruel, mas muito precisa. O aluno que souber lidar com a austeridade dela vai se desenvolver muito bem ao piano. Ela tem uma relação infantil com a mãe, mente para a mãe como uma adolescente e vai viver as suas perversões. As mais leves são ir a uma cabine ver filmes eróticos e cheirar os lencinhos que os homens deixam lá. Ela gosta de ver casais transando em carros em drive in. Mas ela também sente prazer com mutilações. Ela se corta nas partes íntimas com gilete. Como a filha atrasa dos compromissos mentirosos, elas se espancam quando chegam, a mãe corta suas roupas, é um ambiente muito violento. O apartamento tem dois quartos, mas estranhamente elas dormem em camas grudadas em um único quarto.
Um rapaz se apaixona por ela, tenta ser seu aluno. Ele é um grande pianista. A maldade dos dois beira o insuportável. Ele é interpretado por Benoit Magimel e a mãe por Annie Giradot. É um filme bem indigesto. Benoit Magimel e Isabelle Huppert ganharam prêmio de Melhor Ator e o Haneke de Melhor Diretor no Festival de Cannes. Realmente os dois estão excelentes, desconcertantes. E Annie Girardot de Melhor Atriz Coadjuvante no César Awards.
Assisti A Religiosa (2013) de Guillaume Nicloux no Telecine Cult. É baseado no livro de Denis Diderot que li faz muito tempo, acho que de alguma biblioteca. É sobre uma jovem e a impossibilidade de escolher o seu destino. Enquanto ela tocava piano ela é cortejada por um rapaz. Pelo rigor e medo da época, ela mente a mãe o possível interesse e diz que sempre pensou em ser religiosa. Ela se vê então nessa arapuca. Quando ela tenta se desvencilhar do fardo de fazer os votos, é persuadida pela mãe que conta a sua real história.
Só um convento a aceita de volta, ela tinha desistido dos votos na cerimônia. Essa jovem é bem religiosa, ela não conseguiu fazer os votos porque não conseguia mentir a deus. Ela retorna ao convento de onde saiu e onde adorava a madre superiora, mas a madre morre, outra madre é eleita e começa toda a sorte de infernos a essa jovem. A madre, sádica, adora provocar o sofrimento as pessoas, torturas. A protagonista consegue então que alguém leve fora do convento o pedido de anulação de votos por um advogado que não consegue, mas consegue que ela seja transferida.
Ela passa a ter uma vida melhor, não passa mais frio e fome, mas começa a ser assediada sexualmente pela madre superiora. Ela, em confissão, conta ao padre. Depois de um tempo ela consegue ajuda para fugir. Mais uma trama que mostra a sordidez de muitos religiosos. Sobre a quantidade de religiosos por falta de opção, por extrema pobreza, preferem o convento a miséria, mesmo sem nenhuma vocação religiosa. A maldade das religiosas, do poder. E a coragem dessa personagem que não se curva mesmo sendo o tempo todo torturada. Essa obra mostra a hipocrisia das instituições religiosas. A mãe fala que a filha não conheceu a miséria e acha sinceramente que a filha estará protegida no convento, mas ela não tem ideia da crueldade que existe atrás daquelas paredes onde o silêncio é a principal regra.
Incrível a interpretação da jovem atriz belga Pauline Etienne. Impressionante a entrega da Isabelle Huppert na madre superiora lésbica. A madre superiora que a religiosa adorava é interpretada por Françoise Lebrun. A sádica por Louise Bourgoin. O padre que a ajuda por Fabrizio Rongione. O bispo por Marc Barbé. Há um outro filme na década de 60 sobre essa obra. Diariamente eu olho os filmes que vão passar, se algum me interessa coloco para gravar como fiz com esse.
Assisti Meu Pior Pesadelo (2011) de Anne Fontaine no Max. Eu estava zapeando, esse filme estava começando nos letreiros e apareceu a incrível Isabelle Huppert. Adoro essa atriz. Comecei a ver e foi uma grata surpresa. Os minutos iniciais são chatinhos, a protagonista está discursando contrária aos testes vocacionais e de Qi. Depois em casa ela vai conversar com o filho e se surpreende com a inteligência do amigo dele.
O pai desse menino é um homem todo atrapalhado. Ela já é uma mulher bem sucedida, bem casada. Ela é produtora de exposições e o marido editor de livros de sucesso. Os dois tem muitas afinidades intelectuais e uma vida financeira muito confortável. O pai do colega do filho pode perder a guarda do filho porque não tem dinheiro, morou em uma van um tempo com o filho. Atualmente mora em um buraco no prédio. Ele começa a consertar o apartamento do casal, acaba indo morar no quarto de empregada. O pai do garoto é interpretado por Benoît Poolvoorde.
O filme é muito engraçado e bem pouco convencional. Apesar da identificação intelectual do casal, eles vivem como pinguins, como diz o marido. São frios nas relações entre si, inclusive com o filho. O marido é interpretado por André Dussolier. Outra do elenco é Virginie Efira. Os meninos são interpretados por Corentin Devroey e Donatien Suner.
Já esse homem atrapalhado é mais afetivo, mas também instável. O que mais gostei é que os defeitos e qualidades continuam. A aproximação desse pai e filho muda a vida deles, ela fica mais sensível, o marido resolve procurar afeto, mas eles continuam quem são. Ela continua mais fria, o pai do rapaz continua atrapalhado e sumindo sempre que faz algo errado. Eles são imperfeitos e é essa imperfeição que faz o filme tão real. Adorei!
Assisti White Material (2009) de Claire Denis no Max. É um filme difícil, traduzido, Minha Terra, África. Ouvi uma entrevista do Luiz Carlos Merten sobre esse filme depois de assistir. Ele contou que a Isabelle Huppert queria trabalhar com a Claire Denis e sugeriu um livro sobre a África, ela sabia que a Claire Denis tinha vivido um tempo na África. A Claire Denis acabou preferindo desenvolver outro roteiro com Marie N´Diaye. White Material é um filme trágico, violento e desesperançoso.
Há uma região na África em conflito, os brancos partiram, os que não partiram estão sendo mortos. Essa corajosa mulher interpretada maravilhosamente por Isabelle Huppert se recusa a abandonar as suas terras. Logo o café poderá ser colhido e ela quer ficar. Os rebeldes são quase só jovens e crianças, contam no filme que a maioria viu os seus pais serem mortos, então são muito agressivos e revoltados. Mas os guardas do governo são igualmente violentos. Nenhum dos lados pergunta ou prende, só matam. Alguns outros do elenco são Christopher Lambert, Nicolas Duvauchelle, Isaach De Bankole e Wililam Nadylam.