Assisti Golda (2023) de Guy Nattiv na Prime Video. Assisti na casa da minha amiga. Queria ver apesar das críticas negativas. O roteiro é de Nicholas Martin.
O filme se passa um pouco antes da Guerra do Yom Kippur, quando já tinham boatos que os egípsios iam atacar, até a morte de Golda Meir, que foi a primeira mulher a ocupar o cargo de Primeira-Ministra em Israel. Ela já estava muito doente, com câncer, fazendo radioterapia, enquanto tinha reuniões exaustivas com os chefes do exército e líderes dos Estados Unidos. Como o filme fala de Golda, mostra só esse lado do conflito. Mostra também o trabalho exaustivo das mulheres que ajudavam Golda, iam com ela nos procedimentos médicos. O quanto as mulheres são fundamentais na prática do cuidado.
O filme mostrou o encontro histórico entre Golda Meir e Anwar Sadat, inclusive com vídeos e imagens históricas.
Helen Mirren está incrível como Golda. Alguns outros do elenco são Camille Cottin e Liev Schreiber.
Assisti Oslo (2021) de Bartlett Sher na HBOGo. Eu demorei pra ver esse filme. Sei o quanto esse tema é complexo, sei que precisam de muitos cientistas políticos analisando. E que por mais que eu venha a compreender é sempre pouco diante da complexidade do tema.
O filme é baseada na peça premiada de J.T. Rogers sobre os encontros secretos para definir os termos do Acordo de Paz entre o governo israelense e organizações palestinas. Interpretam os negociadores: Salim Dau, Itzik Cohen, Jeff Wilbusch, Doval´e Glickman, Waleed Zuaiter e Rotem Keinan.
Um casal norueguês resolve reunir em Oslo líderes e estudiosos desses poderes pra escrever um acordo de paz. São conversas tensas, com solicitações de outros mediadores, até chegar o acordo aos líderes e fazerem os últimos ajustes. Eu falei de uma peça sobre esse tema aqui.
Ruth Wilson e Andrew Scott fazem os intermediadores.
Assisti ao documentário Vita Activa - O Espírito de Hannah Arendt (2015) de Ada Ushpiz na Philos TV. Esse canal abriu o sinal e vi que tinha esse documentário que fui logo ver. Não pretendo pagar mais nada na NET, já acho o serviço caro demais, não vou acrescentar nenhum canal que deva pagar mais, acho que pelo que a NET vem perdendo de assinante deveria ou baratear ou incluir mais canais expressivos na grade.
Esse documentário fala muito das guerras mundiais, com filósofos e narradores lendo cartas de filósofos, inclusive da Hannah Arendt. Infelizmente e com muita vergonha que confesso que ainda não li nada de Hannah Arendt, está na lista há anos, mas ainda não adquiri suas obras. Eu tinha visto o filmeHannah Arendt que fala muito sobre a banalidade do mal, esse documentário começa com esse tema, mas se desdobra sobre as guerras, fanatismo, nacionalismo, ascensão de Hitler, judeus. Enquanto filósofos falam sobre as ideias da Arendt, narradores leem as cartas, passam imagens monstruosas das guerras, do nacionalismo, da ascensão de Hitler, dos campos de concentração. Inclusive o documentário lembra que só quando os portões de Auschiwtz foram abertos é que souberam da extensão dos horrores do nazismo. Claro, todos sabem que em guerras há campos de prisioneiros, que são maltratados e trabalham em campos, mas ninguém imaginava que os que não iam para as câmaras de gás, viravam cobaias de médicos monstros, passavam todo o tipo de provação para experimentos e muito, mas muito sadismo e perversão.
O que mais me assustou foi a semelhança com os dias atuais. O nacionalismo para se fortalecer baseia-se em mentiras. Hannah Arendt fala muito dos adeptos que só cumpriram funções monstruosas e sem julgamentos. Hoje acho que há uma compreensão maior sobre o que ela dizia. Sim, há inúmeros nazistas sádicos, violentos, assassinos pela defesa de uma raça superior. Mas há uma leva de multidão que o seguiu, que fez barbaridades pelo que acreditava. A perseguição aos judeus porque incomodavam, porque dominavam a economia soa como inveja e por despeito apoiaram monstros. Os monstros, sádicos, perversos são presos, são identificáveis, mas o que cumprem ordens, seguem lunáticos estão misturados na população e continuam praticando maldades até mesmo por omissão. Eu tenho muito medo dos camuflados, dos omissos, acho-os muito perigosos. O documentário mostra quando Arendt participa do Congresso Sionista que larga um tempo depois, vendo que os judeus, por ódio justificado de tudo o que sofreram, passaram a achar todos que não eram judeus eram inimigos, e que isso se parecia muito com sistemas violentos. O filme mostra então as violências que os judeus praticaram e praticam com os palestinos. Um filósofo fala que Arendt sempre se manteve distante dos movimentos e correntes, sempre teve liberdade de pensamento.
Terminei de ler A Caixa-Preta (1987) de Amós Oz da Companhia das Letras. Comprei esse livro em um sebo. Sempre quis ler uma obra desse autor e peguei o livro assim que vi. Coloquei na prateleira de livros a ler, um tempo depois escolhi, e só quando fui começar a ler é que vi que tinham anotações nele. Não prejudicam a leitura. Eu nunca rascunhei em livros porque li muito de bibliotecas e livros emprestados, então sempre achei sagrado nada marcar, nem mesmo em dobras. Mas achar livros com passado é fascinante. Tenho uma profunda curiosidade sobre quem escreveu, porque sublinhou aquelas frases. No começo, as anotações tem a lista dos personagens.
Obra de Moshe Castel
A Caixa-Preta é toda em cartas. Começa com a carta da ex avisando que o filho que ele não reconheceu está dando problema e que ela quer a interferência dele. Logo percebemos o quanto os exames de DNA foram importantes. O exame de sangue não foi conclusivo, e a ex não aceitou fazer um exame de pele. Portanto o ex passa a não considerar o rapaz como seu filho. Pelas cartas percebemos que o filho ficou revoltado com tudo, com toda essa história, completamente compreensível e passa a brigar nas escolas e aprontar. A ex casou-se novamente e tem uma filha.
Obra Estilo de Vida de Marcel Janco
Logo percebemos as animosidades em todas as cartas, e como eles escrevem e se ofendem. E muitas vezes de modo sutil. O atual marido é muito religioso e conservador e tenta impor ao enteado os preceitos religiosos. Apesar do pai não assumir a paternidade ele manda sistematicamente dinheiro para resolver as enrascadas que o rapaz se mete. Nas cartas não há agradecimento algum, só cobranças, mas as cartas do ex marido também são invasivas, cheias de mágoas e cobranças.
Obra Café em Tibérias de Nahum Gutman
É inacreditável a capacidade que cada um tem, inclusive o rapaz, de se meterem uns na vida dos outros, imporem regras e condenações. E no meio dessas conversas os costumes aparecem.
Os artistas são israelenses. O marcador é da Origirl.
Assisti a peça Meu Saba de Daniel Hertz no Teatro Sérgio Cardoso. O texto é baseado no livro Em Nome da Dor e da Esperança de Noa Ben Artzi-Pelossof neta do judeu Yitzhak Rabin ganhador de Prêmio Nobel da Paz juntamente com Yasser Arafat pelos Acordos de Oslo, uma série de resoluções para selar a paz entre os povos israelenses e palestinos.
Em 1995, Yitzhak Rabin foi assassinado por um judeu extremista após um de seus discursos. Clarissa Kahane interpreta a neta de Yitzhak Rabin, Noá Ben Artzi-Pelossof que precisa discursar sobre o avô. Ela vai lembrando de seu avô, de sua história e falando da dificuldade que será discursar. Afinal todos lá conheciam os trabalhos políticos de Rabin, enquanto ela conhecia o avô.
É uma peça muito triste e contundente. Belíssimo espetáculo! Incomoda muito o microfone do discurso, inteligente demais ser uma grande arma. A cenografia é de Bia Junqueira. Tudo é muito bonito. A iluminação além de linda é muito funcional, é a iluminação de Aurélio de Simoni que divide os momentos da narrativa. Tudo é muito preciso. Triste momento de nossa história. Noá fica indignada de ter sido um judeu que matou o seu avô. Além de falar de um fato histórico muito triste, a peça fala de intolerância, tema tão atual nos dias de hoje.
Assisti Criminal (2016) de Ariel Vromen no TelecinePlay. Quando vi esses nomes no elenco: Kevin Costner, Gary Oldman e Tommy Lee Jones quis ver. O diretor é israelense. Não chega a ser um grande filme, mas tem uns assuntos interessantes para debate sobre a mente e seus mistérios. E também Kevin Costner está impressionante!
Um agente da CIA é morto com uma informação importante logo no início do filme. Um médico é procurado para tentar transferir a mente do agente para outra pessoa para que a CIA tenha a informação. Essa técnica só foi testada em ratos, o médico tem receio de testar pela primeira vez em humanos, mas por pressão acaba aceitando. O médico escolhe um presidiário que tinha perdido parte do cérebro em um acidente na infância e não tem sentimento algum. É aqui que começa a parte interessante do filme. Seria muito bom pegar pessoas perigosas, sem sentimentos, e colocar no cérebro informações que a humanizassem.
Outra questão interessante é a abordagem de quem é o vilão da história. Se um fanático que matou o agente da CIA que tenta descobrir. Ou se o chefe da CIA que é um monstro também. Pelas informações não é menos monstro que o fanático. Kevin Costner está incrível porque o personagem muda com a cirurgia. Era inumano e aos poucos vai se tornando sensível por influência dos sentimentos do homem que colocaram no cérebro. Alguns outros do elenco são: Jordi Mollà, Ryan Reinolds, Gal Gadot, Michael Pitt, Amaury Nolasco e Alice Eve.
Assisti O Congresso (2013) de Ari Folman no HBO On Demand. Eu vi esse filme no Now, mas não com esse pôster. Gosto de ficção científica e um dia comecei a ver. Uma atriz estava em reunião com seu agente e uma produtora de filmes. Estava esquisito, precisei parar de ver e estava na dúvida se continuava. Fui olhar na internet e levei um susto porque vi que tinha animação no meio. O diretor é israelense.
Voltei a ver, é bem interessante. É baseada na obra do polonês Stanislaw Lem. Essa atriz vinha fazendo filmes duvidosos. Tinha tido uma carreira maravilhosa, mas andava aceitando filmes ruins. Ela tem a chance agora de aceitar em contrato ser escaneada e ser feito uma cópia dela. Essa cópia poderá ser feita uns 10 anos a menos. Ela está com 44 anos. E ficar por anos jovem e talentosa. E a atriz poderá viver fora dos holofotes, inclusive é uma regra do contrato. Robin Wright interpreta essa atriz. Ela tem um filho doente, que ficará surdo e cego, ela vê uma boa oportunidade para cuidar dele. O contrato é assinado por 20 anos. No contrato sua cópia não poderá fazer uma série de filmes como pornográficos. Apesar da resistência, ela aceita que sua cópia faça ficção científica porque o valor do contrato fica bem melhor. A produtora tem o símbolo muito parecido com a Paramount. O dono da produtora é interpretado por Danny Huston, que aparece depois como desenho animado. O agente por Harvey Keitel. O filho por Kodi Smit-McPhee.
20 anos se passam e ela vai a um congresso. Sua cópia é uma grande heroína de filmes de ação. No congresso a atriz deveria assinar novo contrato. É tudo muito maluco. Ela vai participar como animação no congresso. Toma um frasco e vira uma animação. É tudo muito genial, impressiona bastante, muitos questionamentos. A animação lembra um pouco filmes antigos, há vários personagens de filmes antigos. Desse momento em diante não sabemos o que realmente está acontecendo, nem ela. Ela nem sabe se é tudo da cabeça dela, se as animações que ela interage ela criou ou existem. É fantástico! Desconfortável! Quando ela vai assinar o novo contrato, outro ator como anime está lá também. Ele informa que os dois são os últimos com matrizes que existem realmente. Que todos os outros atores agora são criados sem matriz real. Segundo o que ela está vivendo, que não sabemos se é real ou imaginação, ela aspira uma bomba, fica congelada um tempo.
Quando acorda ela quer voltar a virar gente para reencontrar o filho. Anos se passaram, no mundo real tudo é miséria, sujeira, fome e doença. Só alguns tem uma vida melhor e claro, são os militares. Lá ela acha o médico do filho e descobre que o filho cansou de esperá-la. O médico é interpretado por Paul Giamatti. O filho esperou 19 anos e resolveu ser animação. Ela resolve voltar mesmo sabendo que dificilmente eles irão se encontrar. O filme fica muito melancólico, muito triste, dói muito. Não sabemos que o que ela passa a viver como animação ela criou na cabeça dela, ou se realmente está acontecendo.
Assisti O Lagosta (2015) de Yorgos Lanthimos no Max. Em uma chamada vi que é com um elenco que adoro. Uns dias depois, não lembrando mais do que se tratava, vi e coloquei pra gravar. E avisei a Liliane do Paulamar. Me perdoe amiga, é um filme surreal, e você prefere histórias mais lógicas. O diretor é grego.
É simplesmente genial, mas profundamente indigesto, difícil mesmo de assistir. Nosso protagonista interpretado por Colin Farrell chega em um hotel. Ele e outras pessoas ficam só de roupas de baixo. Ele se separou da mulher. Os solteiros tem alguns dias para escolher algumas das mulheres que estão no hotel. Caso não localizem ninguém em alguns dias, eles são transformados em animais que definiram quando chegaram. Eles sempre vão caçar e atiram tranquilizantes entre eles. A cada humano abatido com tranquilizante eles ganham mais dias para tentar tornar-se casal. Nosso protagonista será uma lagosta, porque vive muito. Eu adoro os atores que ficam amigos: John C. Reilly e Ben Whishaw. Todos atuam sérios, ninguém é feliz, raramente sorriem. Toda aquela loucura e eles sérios, sem mexer um músculo do rosto. Os atores estão incríveis.
Eles vão a um quarto de solteiros, todos vestem-se iguais. As pessoas precisam se escolher por afinidades. A que sangra o nariz tem que encontrar alguém que sangre também. Todo metafórico fala muito da impossibilidade de ficar sozinho em uma sociedade. Há bailes cafonas, treinamentos. Se acham alguém semelhante, vão para um quarto de casal, se tudo dá certo, seguem para um iate onde passam dias, se continua dando certo voltam a cidade. O Lagosta acaba escolhendo uma mulher fria e ele finge ser frio para conseguir ficar com ela. Só que ela para testá-lo mata cruelmente seu cachorro que é na verdade o seu irmão. Ele a transforma em um animal e foge para a mata.
Ele se une a um grupo no bosque. Tudo melhorou? Não, tudo continua insuportável. Regras igualmente horríveis para controlar as pessoas. A líder é outra atriz que adoro, Léa Seydoux. Lá ele encontra a personagem da Rachel Weisz, finalmente ela apareceu. Ela é míope como ele, então os dois chegam a conclusão que podem ficar juntos, mas nesse grupo isso é proibido. Como as pessoas se tornam animais porque não conseguiram um par compatível, há muitos animais na floresta entre eles. Tudo é muito trágico. O quanto todos são manipulados e obedientes a regras odiosas. Será que não passamos por isso também? Será que nossa sociedade também nos impõe regras odiosas? Será que estamos tão acostumados que nem percebemos tanta perversidade? Será que só nos incomoda porque é muito diferente de nossas regras, mas será que nossas regras não são perversas também? O Lagosta é simplesmente genial.
Assisti De Amor e Trevas (2015) de Natalie Portman no Telecine Play. É baseado em um livro do Amos Oz sobre suas memórias. É inacreditável mas nunca li nenhum livro desse autor. Meus amigos já leram, mas eu ainda não. Nesse livro Amos Oz conta a trágica história de sua família. A sinopse conta o final do filme.
Quem relata a história é o garoto. Tudo é visto pelo olhar do garoto. Ele começa contando a história da mãe quando criança, ela vinha de uma família de posses e viviam confortáveis. A mãe se casa e tem seu único filho. Judeus, eles inicialmente fogem da Ucrânia, depois na Segunda Guerra Mundial fogem para o Mandato Britânico na Palestina. É época de muita tristeza, fome e miséria. O pai é escritor, fiquei curiosa para conhecer o livro do pai de Amos e trabalha em uma livraria. A mãe adora contar histórias para o filho, interessante que não são histórias infantis, algumas são bem trágicas. Histórias de tradição oral. O menino é louco pela mãe.
Os ingleses tiram a posse da terra, é criado o Estado de Israel, o pai fica eufórico, a mãe nem tanto e é quando o casal começa a se descompassar. Os palestinos são segregados e começam a se confrontar com os israelenses. Há muita sutileza em falar dos confrontos. Na narração falam que palestinos e israelenses passaram a se atacar quando na verdade quem sempre atacou os judeus e os palestinos foram a Europa e em vez deles lutarem com quem os massacrou, eles passaram a brigar entre si. O pai vai a luta armada, o garoto passa a colaborar procurando objetos, tudo com muito risco, bombas e violência.
Pela casa deles ser mais segura, eles abrigam várias famílias separadas por lençóis. Uma amiga da mãe é morta. A mãe vai se silenciando em uma dor sem fim. É lindo demais como o garoto cuida da mãe, de cortar o coração. Gostei demais do filme, da delicadeza como é retratado. O garoto cuida muito da mãe, com uma dedicação que emociona. É no garoto que a mãe se ampara. Lindinho quando o garoto imagina várias formas de salvar a mãe como se fosse um super herói. Com a desilusão, o garoto vai viver no Kibbutz Hulda e muda de nome. Gostei da direção, da delicadeza em mostrar o universo feminino e suas sensibilidades, pouco visualizadas pelo perfil masculino. Natalie Portman está maravilhosa e como é fofo o ator que faz o garoto, Amir Tessler, é o único filme que ele atuou. O marido foi interpretado por Gilad Kahana. O filme é falado em hebraico, não sabia que Natalie Portman fala em hebraico, nem que ela é judia, nem que nasceu em Jerusalém. A família dela se mudou para os Estados Unidos quando ela era bebê. Minha admiração por essa atriz aumentou mais ainda após esse filme.