Terminei de ler
Ruth Cardoso - Fragmentos de Uma Vida (2010) de
Ignácio de Loyola Brandão da
Editora Globo. Minha tia ganhou esse livro no aniversário, esperei um tempo e pedi emprestado. Uma amiga contou há muitos anos que a
Ruth Cardoso era mais respeitada intelectualmente que o
Fernando Henrique Cardoso por muitos da USP. Passei então a prestar a atenção um pouco na trajetória dela, mas foi o livro que aprofundou mais e me fez entender o que minha amiga havia dito.
Gostei da biografia, mesmo dizendo ser de fragmentos, trás muito da trajetória dessa socióloga e antropóloga. Ruth Cardoso nasceu em Araraquara, a mesma cidade de Ignácio Loyola Brandão. O escritor inclusive estudou com o pai da Ruth em uma escola na cidade. Os pais da Ruth eram professores. Ela que trouxe ao Brasil o conceito de voluntariado diferente do mais tradicional, o do comprometimento e envolvimento com a sociedade, não só o do assistencialismo, do enviar cestas básicas, bem materiais, mas de unir a comunidade para buscar soluções aos seus conflitos.

Ruth Cardoso nunca gostou do envolvimento político de Fernando Henrique Cardoso, mas quando ele foi eleito ela tinha se aposentado e aos poucos foi dando outro perfil ao antigo cargo de figuração anterior das Primeiras Damas. Ruth Cardoso - Fragmentos de Uma Vida mostra muito o lado cotidiano e feminino de Ruth, sua infância, vida profissional, sua paixão por cozinhar, ela acaba sempre ensinando os amigos a cozinharem, achava que todos precisavam saber cozinhar, Jorge Caldeira foi um desses alunos. Onde ia, conversava com todos, se misturava no cotidiano das pessoas, anotava o que podia, para seus estudos. Essas fotos estão no livro. São do acervo pessoal da família. Adorei o livro.
Trechos de Ruth Cardoso - Fragmentos de Uma Vida de Ignácio de Loyola Brandão:
“José dobrou a certidão,
colocou-a num envelope, junto com o recorte do jornal, enfiou no bolso, desceu
para casa.”
“Mariquita, na hora de
matricular a filha numa escola, decidiu sem hesitar pela escola pública. Apesar
de rodeada de todos os lados por parentes carolas e igrejeiros, ela
pessoalmente não suportava a ideia de ter a filha numa instituição católica,
daí o Colégio Progresso estar fora de questão.”
“Ruth nunca se preocupou com
a questão de notas e esse sempre foi um dos princípios que ela passou em
classe. Aprender e saber, conhecer e entender são uma coisa. Notas altas e
baixas, outra.”
“Descobriu-se que na
polícia havia inúmeras mulheres que tinham estudado, prestado concurso e não
chegavam nunca a delegadas, estavam designadas para serviços burocráticos,
encostadas pelos homens. Delegada mulher? Nem pensar. “
Beijos,
Pedrita