Assisti A Pele de Vênus (2013) de Roman Polanski no TelecinePlay. É baseada na peça do austríaco Leopold von Sacher-Masoch. Pelo texto dessa peça de 1870 e pelo nome do autor é que foi nomeado o termo sadomasoquismo. O diretor atualizou.
Começa no teatro, o diretor intepretado pelo incrível Mathieu Amalric reclama que até aquele momento não apareceu uma única atriz que se encaixe no personagem e ele está indo embora. Chega então uma mulher, vestida como uma prostituta dizendo que veio ao teste. Ela é interpretada pela talentosa e lindíssima Emmanuelle Seigner, esposa do diretor. Ele não quer, quer ir embora, mas ela insiste que comprou o vestido em um brechó, que veio lendo o texto no caminho. E as surpresas vão aparecendo. Como ela teria todo o texto? Quem forneceu a ela.
Ela sobe ao palco, coloca o vestido, tira as lágrimas e de repente se transforma em uma mulher do tempo antigo. Impressionante! Ela insiste que o diretor faça o outro personagem e eles começam. O que seria o teste passa a ser a peça. Os dois estão maravilhosos. É incrível como o filme é sensual, quente, sem ter um toque, um beijo. O texto é absolutamente surpreendente! Uma aula de teatro, como vão transformando o palco na peça com apenas alguns artifícios, como a imaginação é mágica. Gostei muito. Roman Polanski ganhou César de Melhor Diretor por esse filme.
Assisti a entrevista do Willem Dafoe no Ofício em Cena da GloboNews. Quem entrevista é a Bianca Ramoneda. Nem sabia que foi a primeira entrevista da nova temporada. Não sei se agora vai ser sem plateia ou foi porque teve esse ator como convidado. Eu sou apaixonada por esse ator. Ele tem há anos um grupo de teatro e eu tive a oportunidade de vê-lo no teatro. E amo boa parte dos filmes que atua. Willem Dafoe estava no Brasil para o lançamento do filme Meu Amigo Hindu do Hector Babenco que não devo ver, ao menos por enquanto. É a história de um homem com câncer, não tenho estrutura para ver esse filme no momento.
Willem Dafoe falou do ofício de ator. Bianca Ramoneda lembrou uma declaração dele que dizia que se quisessem aprender a atuar saíssem das escolas. Ele disse que para ele o que funcionou foi o trabalho. Bianca Ramoneda lembrou grandes diretores que Willem Dafoe trabalhou. O ator contou que o diretor às vezes prepara tão bem tudo, caracterizações, cenários, parceiros de cena, que quando ele vai gravar tudo está ali, é só atuar, que auxilia muito todo o processo. Ele falou que era o caso de David Lynch em Coração Selvagem, que comentei aqui. O programa mostrou vários momentos de A Última Tentação de Cristo do Martin Scorsese, que não vi nem penso em ver, e Willem Dafoe disse que pelo fato de ir fazendo o filme, que era longo, a própria história ia fazendo ele entrar no personagem e sentir a emoção. Que nesse filme todas as cenas ele estava. Willem Dafoe disse que gosta de participar do filme, se possível ser protagonista, não por uma questão de ego, mas porque é mais fácil entrar no personagem. Que às vezes ele faz uma participação, vai só gravar aquela cena e que é mais difícil atuar, já que tem pouca informação de todo o contexto. Infelizmente ele nada falou de vários filmes que amei com ele, Tom e Viv, O Paciente Inglês e 4:44 O Último Dia na Terra do incrivel Abel Ferrara que vi e comentei aqui. Incrível a entrevista, amo esse programa. Já anunciaram que o próximo é com o Rodrigo Santoro que aguardo ansiosamente. Dá pra ver a entrevista aqui.
Eu já falei do Ofício em Cena no blog com uma entrevista com Thelma Guedes.
Assisti Qualquer Gato Vira-Lata 2 (2015) de Roberto Santucci no TelecinePlay. Eu tinha gostado bastante do primeiro que comentei aqui, muito bonitinho. Queria ver o segundo que também é uma graça. O casal protagonista vai para o Caribe. Ele dará uma palestra sobre o seu livro. Sua namorada aproveita para montar um esquema surpresa para pedir ele em casamento. Nada melhor que um lugar paradisíaco para fazê-lo.
Ela prepara um alto esquema, câmeras escondidas para amigos e familiares acompanharem o momento, a sogra vai escondida, tudo pronto e... Ele gagueja e diz se pode pensar. Imaginam a crise. Ela é interpretada pela Cleo Pires, o namorado que quer pensar pelo Malvino Salvador e o ex pelo Dudu Azevedo. Como foi em conferência, o ex viu por engano da amiga, e claro, resolve aproveitar o momento para reconquistar a amada e viaja para Caribe com o amigo.
O amigo do ex é interpretado por um ator que adoro, o Álamo Facó. A amiga da protagonista também é muito divertida interpretada pela Letícia Novaes. Sabe aquela amiga que acha que está ajudando?
Outro momento engraçado é a deliciosa participação da Mel Maia. Ultra politicamente incorreta a artimanha, a menina é contratada pelo ex para ele justificar estar no Caribe e enternecer o coração da amada. Ele descobriu que tem uma filha e viajou para conhecê-la melhor. Pagam a menina. Mel Maia é fofa demais, são os melhores momentos do filme. Muito engraçados também o trio do Cucurucucu que aparece nos momentos mais inoportunos. No trio está o ator Marcelo Escorel.
As desculpas são muitas para vários atores bacanas estarem no Caribe. Ou trabalham no resort, ou foram para lá por motivos diversos. A ex do protagonista está lá e é interpretada pela Rita Guedes. A sogra é interpretada pela Stella Miranda, a personagem está doida para se relacionar no resort, nem que precise pagar um garoto de programa. Ele é interpretado por Marcelo Saback. Fábio Jr. dá um jeito de aparecer como pai da protagonista. Nem vi que o diretor faz uma participação, curiosa agora em ver novamente e achá-lo.
Terminei de ler A Letra Escarlate (1850) de Nathaniel Hawthorne da Martin Claret. Eu queria muito ler esse livro e comprei essa edição que é bem acessível. É muito bonita a capa mas não tem nada a ver com a obra. Eu sempre quis ler desde que soube dos filmes sobre ele. O maravilhoso do Wim Wenders eu vi em 2011 e coloquei aqui. A Fátima do Abkadraba - Coisas da Vida comentou que leu desse autor A Casa das Sete Torres, eu também li esse e comentei aqui. O post da Fatima sobre esse livro fica aqui. Eu tinha gostado muito desse livro e do estilo do autor.
Obra Autumn on the Deleware de Thomas Worthington Whitredge
Uma mulher é obrigada a andar com a letra A escarlate na roupa porque ela engravidou com o marido ausente há anos. É impressionante o quanto essa obra é feminina, o quanto parece que foi escrita por uma mulher. O livro começa com a filha do adultério bebê, a mãe presa com a bebê, sendo pressionada a dizer quem foi o homem que pecou com ela. E essa mulher nada diz.
Obra Menina do Camponês de William Morris Hunt
Essa mulher é condenada a viver com a letra A escarlate bordada no peito.Ela usa roupas austeras para que não chamassem a atenção, só a letra vermelha destoava da tentativa de invisiblidade. Ela leva a filha em tudo quanto é lugar, já que pega trabalhos para bordar, é exímia bordadeira. Aos poucos a cidade vai se acostumando com essa mulher e sua filha. A menina é hostilizada por outras crianças da cidade que repetem o que os pais dizem e passa a revidar, assustando as outras crianças que passam a ter medo de hostilizá-la. A mulher ajuda os mais pobres, ouve os problemas dos outros, dá conselhos e aos poucos ela e a letra escarlate passam a ser vistas como um consolo, como algo bom. O quanto o tempo muda a percepção das pessoas e tudo se atenua. É uma bela e sensível obra!
Nessa edição há uma biografia do autor. A Letra Escarlate é o seu primeiro livro, ele já tinha trechos de livros escritos guardados, mas trabalhava muito. Quando perdeu seu emprego foi incentivado por sua esposa a debruçar na obra. Foi só depois de outras obras publicadas é que começou a ter mais visibilidade. A Letra Escarlate é considerada a sua obra-prima.
Assisti Mr. Turner (2014) de Mike Leigh no Max. Uma vez zapeando vi que era um filme de época. Fiquei prestando atenção quando passaria de novo para gravar. Só depois assistindo é que descobri que é um filmes sobre o pintor William Turner. Que obra de arte o filme, as pinturas, a direção, as interpretações. Magnífico!
Timothy Spall está impressionante como William Turner. Esse pintor era muito, mas muito reservado. Vivia com o pai que era barbeiro e uma empregada. Fazia várias viagens, ficava tempos fora, analisando a natureza para as suas pinturas.
O capricho desse filme com a reconstituição de época é estarrecedora. Eu sou fã de filmes de época, fico imaginando a dificuldade de transformar lugares atuais, com tanta tecnologia em locais sem energia elétrica, sem calçamento. Os pintores se encontravam e expunham em uma academia. É fascinante ver esses encontros. Alguns pintores ainda trabalhando no local, suas conversas. Os pintores ficavam muito irritados quando algumas de suas obras iam para a ante-sala, onde eram enviadas obras que achavam menos expressivas. Alguns pintores foram interpretados por Tom Edden, Mark Stanley, Clive Francis, Robert Portal, Simon Chandler, Roger Ashton-Griffitts e James Fleet.
William Turner tinha muita dificuldade de demonstrar os seus sentimentos. Escondia que já tinha sido casado, que tinha filhas. Relatava pouco de suas viagens. Quando seu pai morre ele acaba viajando constantemente para se relacionar com uma dona de um pequeno hotel do porto. Ela se muda para uma casa na cidade que ele vivia e ele passa longos períodos lá. Mas não avisa ninguém. Reservado demais ele escondia inclusive quem era, dizia que era oficial de justiça e dava outro nome. William Turner morreu jovem, tinha problemas de coração. Ficou muito doente nessa casa que ninguém sabia onde era, sua empregada que acaba descobrindo a casa e o seu paradeiro, mas pelo filme mantém o sigilo. A empregada foi interpretada por Dorothy Atkinson. O pai por Paul Jeeson.
Muitos filmes de época atuais tentam limpar as cenas, escolher atrizes que hoje são consideradas bonitas, excessivamente magras. Gostei demais que em Mr. Turner tentaram ser o mais fidedigno a esse período. Pessoas com o que era belo na época, mais roliças, cabelos que hoje parecem enfeiar, e era o que definiam como bonito na época. A dona do hotel foi interpretada por Marion Bailey. A primeira esposa por Ruth Sheen. Timothy Spall ganhou Prêmio de Melhor Ator em Cannes e em outros vários festivais, realmente ele está incrível.
Obra The Fighting Temeraire (1839) de William Turner