sexta-feira, 30 de agosto de 2019

Recital do Centro de Música Brasileira

Assisti ao Recital do Centro de Música Brasileira no Centro Britânico Brasileiro. Primeiro tocaram dois músicos que adoro, Adelia Issa, soprano, e Edelton Gloeden, violão. No repertório várias canções compostas sob grandes poemas de Guilherme de Almeida, Mário de Andrade, Cecília Meireles, Ribeiro Couto, Vinícius de Moraes e Carlos Drummond de Andrade. Na apresentação estrearam a bela obra de Carlos dos Santos, um jovem compositor que estava na plateia, lotada inclusive. Eu adoro as duas últimas obras desse programa, muito espirituosas, também adoro os poemas de Ribeiro Couto.
A foto é de Gal Oppido

Programa


Osvaldo Lacerda
As Dádivas (Guilherme de Almeida)
Vácuo (Guilherme de Almeida)
Valsa para violão
Moda Paulista para violão
Ponteio para violão

Edmundo Villani-Côrtes
Rua Aurora (Mário de Andrade)
Imaginária Serenata (Cecília Meireles)

César Guerra-Peixe - Mãe D’Água

Carlos dos SantosDuas Canções Simples (Carlos Drummond de Andrade) - Ausência e Memória

Ernst Mahle
Queixa da Moça Arrependida (Ribeiro Couto)
Natal (Vinicius de Moraes)

Queixa da Moça Arrependida de Ribeiro Couto


A São Francisco de Assis
Fui pedir perdão na igreja
Por ter matado os ratinhos.

Meus brocados do Oriente!
Meus panos de seda antiga!
Tudo roíam, roíam...

Só São Francisco de Assis,
Que de bichinhos e panos
Desde menino entendia,
Só São Francisco de Assis
Me perdoar poderia.

Mas quando me ajoelhei
Junto aos pés do santo, vi
Que um rato os pés lhe roía.
O santo olhava e sorria.

Depois apresentou-se a Orquestra de Cordas Laetare sob regência de Muriel Waldman. As primeiras músicas tiveram a participação do Coral Vox Jubili. Adoro o Ponteio nº 1 de Claudio Santoro. Muitos espirituosos os Quatro Provérbios de Osvaldo Lacerda.

Programa

Claudio Santoro - Ponteio nº 1

Fábio Soldá -Not more of Light (poema de Florence May Holbrook; 1ª audição mundial)
Participação do Coral Vox Jubili

Osvaldo Lacerda - Quatro Provérbios (Quem com ferro fere, com ferro será ferido, Quando o dinheiro fala, tudo cala, Quem tudo quer saber, mexerico quer fazer e Quem tem janela de vidro, não deve atirar pedrada)
Participação do Coral Vox Jubili, da pianista Naara Santana e dos percussionistas Joaquim Abreu e Joachim Emidio

Jean Goldenbaum - Concertino para violino e orquestra de Cordas: “Hope lies in the Horizon” (A Esperança repousa no horizonte) (1ª audição mundial)
Violinista: Samuel Moreira de Mello

Heitor Villa-Lobos - Bachianas Brasileiras nº 9



Beijos,
Pedrita

quarta-feira, 28 de agosto de 2019

Minha Fama de Mau

Assisti Minha Fama de Mau (2015) de Lui Farias no TelecinePlay. Tinha muita curiosidade de ver esse filme. Concordo com uma entrevista que vi, que dizia que o Brasil vem se especializando em filmes musicais ou que contam a história dos músicos populares brasileiros. Esse é inspirado no livro homônimo de Erasmo Carlos.

Chay Suede interpreta Erasmo, Gabriel Leone, Roberto Carlos e Malu Rodrigues, Wanderléa. Os três cantam. O filme começa com o compositor jovem, tentando aprender a tocar violão, louco pelos grupos de rock internacionais. Roberto Carlos já cantava músicas na rádio de Carlos Imperial, interpretado por Bruno De Luca.

Erasmo morava com a mãe em uma casa de cômodos, a mãe foi interpretada por Isabela Garcia. A vida não era fácil, a família tentava arrumar um emprego pra ele, até que ele fica amigo de Roberto Carlos e consegue emprego de assistente de Carlos Imperial. Carlos impedia o que podia de Erasmo brilhar como músico, mas Carlos se mete em uma confusão, Erasmo assume Carlos na rádio, fingindo ser Carlos e passa a se promover. Acaba demitido, liga pra gravadoras, é chamado pela RGE, e seu sucesso, Minha Fama de Mau fica primeiro nas paradas. 

Daí a vida dele finalmente melhora e o trio, Roberto, Erasmo e Wanderléa são chamados para ter o programa Jovem Guarda na TV Record. O filme mostra o fim do programa, a dificuldade de Erasmo de se encontrar nos novos tempos, inclusive musicais, na década de 70. É um delicado filme sobre música, amizade, talento. O filme termina quando Erasmo conhece sua esposa Nara. E nos créditos passam imagens do Erasmo, da família, filhos nessa época. O filme é também mesclado com muitas imagens históricas do Rio de Janeiro da época, do programa, fãs, shows. Bela edição!
Vários atores aparecem no filme. Bianca Comparato interpreta as mulheres de Erasmo Carlos. Tim Maia é Vinicius Alexandre. Alguns outros são: João Victor Silva, Luca de Castro, Hugo Bonemer e Paula Toller.



Beijos,
Pedrita

segunda-feira, 26 de agosto de 2019

Zibaldone

Assisti a peça Zibaldone na Oficina Oswald de Andrade. O texto é do poeta italiano Giacomo Leopardi (1789-1837), que vergonhosamente eu não conhecia. A dramaturgia e direção é de Aimar Labaki. Lindos os atores Adriana Londoño e Clovys Torres. Sou fã do trabalho da Londoño, grande atriz, não conhecia o Clovys Torres, mas igualmente impactante. Os dois tem um belo trabalho físico e intenso durante o espetáculo!

No cenário, criado por Murilo Carraro, uma porção de livros transformam-se para as cenas, fantástico! A peça tem muito trabalho corporal, os livros interferem bastante na luta pela locomoção. Os primeiros textos falam de mar, vento, natureza.

As fotos são de Gal Oppido.

Há belas músicas que os atores entoam. Tudo muito lindo! Belos figurinos de Fábio Namatame. Zibaldone fica em cartaz até 12 de setembro e o mais incrível é que é de graça.

Beijos,
Pedrita

sábado, 24 de agosto de 2019

Arranha-céu

Assisti Arranha-céu (2015) de Ben Wheatley no TelecinePlay. Fiquei um tempão tentando descobrir  no que já existia, um filme pra ver. Esse pôster e o nome no Brasil, No Topo do Poder sempre me desanimaram, mas resolvi arriscar e que filme genial! Perde um pouco o prumo, ou sai completamente do prumo no final, mas é interessantíssimo! É baseado no roteiro de J. G. Ballard.

O protagonista muda-se para um Arranha-céu, ele vai morar bem no alto e é interpretado genialmente por Tom Hiddleston. O autor cria a sociedade de castas no Arranha-céu. No topo, o arquiteto que construiu o projeto interpretado por Jeremy Irons, podre de rico tem todos os luxos e excentricidades de quem não sabe o que fazer com tanto dinheiro, sua esposa também, Keeley Waves.

O protagonista é rico também, então mora no 20º andar. Ele utiliza o supermercado do 15º andar, destinado aos ricos. Quanto mais para baixo, mais pobres são os moradores. Os problemas no prédio começam, primeiro com constantes faltas de luz, depois de água.

Cada grupo social faz sua própria festa. Com a falta de luz as festas vão perdendo o controle. Tudo vai perdendo o controle. na verdade. A surrealidade do filme é desconcertante. O elenco é enorme. Um ator (Luke Evans) é o bode expiatório, tudo de ruim que acontece é atribuído a ele, é fato que ele promove vários dos conflitos, mas as atrocidades são realizadas por muitos, pra não dizer, por todos.

Elisabeth Moss está no elenco. Dá muita agonia ela bebendo e fumando muito com o barrigão do seu terceiro filho. E andando com seus filhos no meio dos escombros. Todos fumam e bebem demasiadamente. Uma graça o garotinho que faz o filho da personagem da Sienna Miller, Louis Suc. Na verdade são muitas crianças no meio daquela balbúrdia e animais também, bem angustiante. Alguns outros do elenco são: James Purefoy, Peter Ferdinando, Sienna Guillory, Stacy Martin e Bill Patterson.



Beijos,
Pedrita

quinta-feira, 22 de agosto de 2019

Invocadxs

Assisti a peça infantil Invocadxs da República Ativa de Teatro no Teatro Alfredo Mesquita. Que genial! O espetáculo busca ampliar o diálogo sobre educação, professores, família e alunos. A direção é de Marcelo Soler. E o elenco é formado por Leandro Ivo, Rodrigo Palmieri, Thiago Ubaldo e Vivi Gonçalves. Com o aumento da tecnologia, as árduas jornadas de trabalho dos professores e familiares, as crianças tem mais dificuldade de compreender o mundo em que vivem.

As fotos são de Fernanda Oliveira
A peça mostra também a dificuldade dos professores de lidar com esse novo modelo, tudo parece defasado, desatualizado, dificultando a comunicação. A distância entre professores e alunos parece só aumentar, sem falar na sobrecarga deles nesses tempos atuais.

Muito interessante que todas as conversas são debaixo pra cima. A montagem utilizou o recurso de colocar vozes vindas praticamente do além pra conversar inicialmente com os alunos. Mas os professores passam pelo menos processo quando vão falar com o diretor, e o diretor com os seus superiores. Sempre de cima pra baixo, de modo autoritário. Os alunos resolvem montar uma banda, a Invocadxs. Além de ótimos momentos, de risadas, a peça me emocionou demais.

Eu gosto muito da República Ativa de Teatro. Eles criam peças para pensar, para promover o diálogo. Essa peça integra o projeto Sonhos em Tempos de Guerra que vão realizar vários espetáculos sempre com temas atuais para provocar conversas. E ainda transitam em escolas. Invocadxs fica em cartaz até 8 de setembro no Teatro Alfredo Mesquita e o mais incrível, é de graça.

O vídeo não é desse espetáculo, mas é de outro do grupo que eu amo.

Beijos,
Pedrita