quinta-feira, 6 de janeiro de 2022

À Espera dos Bárbaros

Assisti À Espera dos Bárbaros (2020) de Ciro Guerra na HBO Go. Que filme! Em estado de choque! É baseado no livro do gigante Coetzee que quero ler. Li Desonra e como é indigesto. Esse também não deve ser uma leitura fácil, mas quero ler. É uma coprodução entre Itália e Estados Unidos. O diretor é colombiano e o escritor é da África do Sul.


 

O filme é o personagem do Mark Rylance, ele está impressionante. O filme é ele. O protagonista atua em uma posse colonizadora no deserto. Convive em harmonia com os locais, nômades e estrangeiros. Ele é um homem bom. Vem então um coronel interpretado pelo Johnny Depp. Ele acredita que com pressão, pressão, pressão, os bárbaros acabam falando. Claro, sob tortura uma pessoa pode inventar qualquer coisa, e inventa que os nômades preparam um ataque. Começa então um massacre aos povos originários da região. Muito semelhante a colonização no Brasil e em vários outros países. O colonizador se acha o dono do lugar e o que determina as regras, quem não obedece é punido severamente, ou entram em guerra. Ainda estão no elenco Robert Pattinson e Gana Bayarsaikhan.
O texto é filosófico e fundamental. O homem bom, com voz suave e sabedoria, tem as grandes falas do filme. Ele questiona quem são os inimigos, se os nômades ou os colonizadores. Questiona a tortura. Que filme impressionante!

Beijos,
Pedrita

terça-feira, 4 de janeiro de 2022

Grace

Assisti Grace (2014) de Jeff Chan na Netflix. Um clássico filme sobre possessão onde é o catolicismo que tenta resolver a questão. Até o demônio é católico, ele se incomoda com a quebra do celibato do padre, sendo que o celibato é uma regra mesquinha, com o único propósito de manter os bens da igreja na igreja.

O formato do filme é muito chato. O demônio entra na jovem logo no começo e passamos a ver o mundo pelo olhar dele. É muito cansativo. Só vemos a jovem quando ela se olha no espelho. Muito linda a atriz Alexia Fast. Essa ideia de inovar em filme mediano e previsível é bem sem sentido. Só continuei vendo porque estava curiosa, mas devia ter largado antes.
Começa com um parto. A mãe morre, a avó fica fascinada pela bebê e ignora a morte da mãe. A jovem faz 18 anos e vai para a universidade. Muito estereotipada a universidade. Só tem festa, baixaria, sujeira, sexo, bebidas, drogas, ninguém estuda, um antro de perdição. A insuportável da avó arranca a jovem da escola e fica empurrando padres monstros pra ela. Sem falar nos espancamentos. Parece que maltratou demais a filha. Vive falando mal da filha que dizia que não prestava. A avó é pior que o demônio. Ela é interpretada por Lin Shaye e os padres por Alan Daye e Joel David Moore. O filme é equivocadamente muito, mas muito moralista, o demônio também.
O trailer meio que resume o filme arrastado, já passa tudo, é só ver o trailer que está visto o filme.

Beijos,
Pedrita

segunda-feira, 3 de janeiro de 2022

Judas e o Messias Negro

Assisti Judas e o Messias Negro (2020) de Shaka King na HBO Go. Tecnicamente não chega a ser um grande filme, tem problemas de edição, mas é histórico e por isso torna-se fundamental. Conta a história de um líder do Panteras Negras, Fred Hampton e um infiltrado do FBI, Bill O´Neal.

Os dois atores estão incríveis, Daniel Kaluuya e Lakeith Stanfield. Kaluuya ganhou Oscar, 
Globo de Ouro e Bafta de Melhor Ator Coadjuvante
pelo filme. Como acontece muito hoje em dia, não só nos Estados Unidos, mas no Brasil, a violenta polícia mata, praticando pena de morte sem direito a julgamento. Se pena de morte é abominável e não diminui a criminalidade, imagine morrer só por existir ou pela cor da pele. Fred Hampton foi assassinado dormindo em sua casa. A polícia podia atirar sem saber quem era, invadir propriedades sem saber quem vivia lá, mas só os Panteras Negras é que eram acusados de violentos.
No final o filme fala de um documentário. Antes de ir ao ar entrevistaram Bill O´Neal sobre sua participação no Panteras Negras. Ele disse que seu filho teria orgulho de ver o pai braço direito do líder. Quando o documentário foi ao ar contando a história dele como infiltrado, ele matou-se logo em seguida.

Beijos,
Pedrita

domingo, 2 de janeiro de 2022

A Lavanderia

Assisti A Lavanderia (2019) de Steven Soderbergh na Netflix. Amo os atores e o diretor, quis ver. É baseado no livro homônimo de Jack Bernstein, jornalista investigativo americano. Apesar de uma empresa brasileira ser citada no final, o livro não tem tradução no Brasil.

Os personagens do Gary Oldman e Antonio Banderas, em paraísos fiscais, contam a história. O filme é muito bem realizado, entrecortado, muito inteligente as cenas, com metalinguagem. Os dois estão em um paraíso fiscal e contam as artimanhas pra ganhar muito, mas muito dinheiro com empresas fantasmas. O filme conta a história dos Panamas Papers, quando uma empresa de advogados, a Mossack Fonseca criou mais de 214 mil empresas em paraísos fiscais, as off shores, beneficiando milionários de mais de 200 países, inclusive o Brasil.
A personagem da Meryl Streep que mostra na prática algumas das consequências desses crimes. Ela vai fazer um passeio turístico com o marido em um barco que vira, muitos morrem, inclusive o marido dela. Os donos da empresa do barco descobrem que a empresa de seguros que era muito, mas muito mais barata que as outras, não existia de fato. A empresa tenta honrar como pode com algumas indenizações, mas não consegue muito. Essa personagem começa a investigar a empresa de seguros que oficialmente não existe e vai puxando o fio de novelo desses esquemas. 
Mas há vários outros núcleos que mostram as trambicagens. Gente que ganhava muito, mas muito dinheiro não fazendo nada, só gastando. No final, quando o esquema explode e todos os "investidores" querem satisfações, Odebrecht aparece em cena querendo explicações do dinheiro. Achei na internet que a Odebrecht pagou 30 milhões de dólares de subornos. Aparecem ainda no esquema profissionais da Fifa e da Petrobras. Mas o livro não tem tradução no Brasil, por que será?

Beijos,
Pedrita

sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

Saudade do Futuro

Assisti ao documentário Saudade do Futuro (2021) de Anna Azevedo no Festival de Brasília do Cinema Brasileira. Sim, é isso, só tenho saudade do futuro. Depois de tantas perdas, centenas evitáveis, tanto sofrimento, tanto desmatamento, tantas queimadas, tanta tragédia, só dá pra ter saudade do futuro. Que seja melhor!

O documentário foi o vencedor do Festival de Brasília. A diretora filmou em três países, Brasil, Portugal e Cabo Verde com entrevistados falando de saudade. Essa cena é a última e é com uma linda canção. Essas mulheres confeccionam esses instrumentos que estão entre as pernas, e mostram no documentário como são construídos.
Saudade do Futuro começa com as viúvas de pescadores no mar de Portugal. Mulheres que após as tragédias passam a vida de preto. Nesse núcleo pescadores falam de quando foram a guerra. Valter Hugo Mãe da estranheza de ver essas mulheres sempre de preto.

No Rio de Janeiro um grupo de crianças de uma comunidade brinca contando história. Na praia três mães falam da morte violenta de seus filhos. Os índios falam que vão ter que se mudar mais uma vez porque suas terras foram ocupadas. São muitas saudades.

Beijos,
Pedrita