terça-feira, 21 de dezembro de 2010

O Círculo

Assisti O Círculo (2000) de Jafar Panahi  em DVD na casa da minha irmã. Assim que vi esse filme entre os DVDs da minha irmã quis ver. Esse filme é iraniano, mas está censurado no país. Li uma entrevista do diretor onde ele diz que a maioria das produções iranianas são proibidas. É um filme difícil, que mostra a condição da mulher em um país onde elas não tem voz, liberdade e nem direitos. Para uma mulher no Irã ser presa não precisa muito e O Círculo mostra muito bem isso. Acabo de ler inclusive uma notícia de 20 de dezembro agora que fala que o diretor Jafar Panahi foi condenado há 6 anos de prisão no Irã por ter feito campanha contra o país nos seus filmes. O Círculo relata histórias de várias mulheres. A primeira mostra claramente o que é ser mulher nesse país. Começa com o nascimento de um bebê, a avó é informada que nasceu uma linda menina, a avó pergunta várias vezes se eles têm certeza de que é uma menina, já que o ultrassom dizia que era um menino. A avó fica desesperada e vai avisar outra filha para avisar a família e diz para a enfermeira que a família deverá pedir o divórcio porque nasceu uma menina. Divórcio em um país que mulheres não podem andar sozinhas. O Círculo ganhou Leão de Ouro no Festival de Veneza.


As mulheres não podem andar sozinhas nas ruas. Para viajar elas precisam de autorização dos pais ou marido. Enquanto os homens andam de camisa de manga curta, jeans, nas ruas, falam de negócios, as mulheres andam  com roupas em cima de outras, véus, escondidas, com medo, só falam entre si e são presas. A próxima história são de mulheres que foram soltas da prisão, estão com o passe de saída, mas sem identidade e querem viajar, a dificuldade para conseguir dinheiro. A mais nova que acaba de sair da prisão tem somente 18 anos. Uma amiga do trio é abordada por policiais e vai presa, as outras duas não entendem já que ela tinha o passe de saída. Nesse país sem direitos, esse passe parece não valer nada.  Depois é outra mulher que é expulsa pelo pai e irmãos, ninguém apoia uma mulher. Ela vai pedir ajuda a uma amiga enfermeira porque precisa abortar já que engravidou sem ser casada. No livro Infiel que li, a  autora Ayaan Hirsi Ali diz que em alguns países mulheres que andam sozinhas podem sofrer qualquer violência ou abuso sexual, já que mulheres sérias não andam sozinhas nas ruas. Em O Círculo elas ressaltam isso o tempo todo, quando não são os homens que questionam porque elas andam sozinhas sem os pais ou o marido. Mesmo para viajar, só podem fazer acompanhadas ou com autorização dos pais ou marido.

Depois vemos outra mulher que tenta largar a filha para ver se ela tem um destino melhor, já que ela e a filha não tem identidade. Essas mulheres que tem o passe de saída não tem mais identidade e com isso quase nada podem fazer, e os homens não querem falar com elas muito menos ajudá-las. O Círculo é um filme cruel e triste, que mostra um país onde as mulheres não têm direito algum, são presas por qualquer motivo, mesmo as livres não tem liberdade. Todas andavam nas ruas se escondendo, como bichos acuados, enquanto os homens andam normalmente, elas estão sempre com medo. O elenco é incrível, corajosas essas mulheres que aceitaram participar do filme, se elas ainda vivem no país, eu temo pela vida delas.





Beijos,

Pedrita

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

A Culpa é do Fidel

Assisti A Culpa é de Fidel (2006) de Julie Gavras no Max. Mais um filme que quis ver nos cinemas e não consegui. É da filha do Costa-Gravas. O filme é baseado no livro de Domitila Calamai. Uma família na França muda radicalmente. Bem nascidos, a vida muda quando um marido é assassinado na Espanha por fazer resistência a ditadura. O filme é todo sob o olhar de uma criança que sofre com as mudanças radicais da vida da sua família e com o pouco diálogo. Quando a irmã do pai chega da Espanha depois da morte do seu marido, o pai, um advogado, resolve mudar tudo para ajudar as pessoas que sofrem a opressão de regimes ditatoriais. Eles mudam de casa, passam a ter muita gente indo para reuniões no pequeno apartamento e tudo o que a menina sabe é de quem cuida dela e do irmão.

"A Culpa é do Fidel" surge exatamente da primeira babá das crianças. Cubana, ela conta que Fidel, um comunista, expulsa as pessoas de suas casas, que os comunistas mudam sempre e usam barbas. Os pais ficam tão envolvidos nas causas que abraçam que passam realmente a viajar muito e conversar pouco. Eles têm pouca habilidade para lidar com os filhos e adaptá-los a nova vida. Essa menina passa a ter muito medo das novas mudanças com tudo o que ouve de forma distorcida. Só quando ela começa a ter menos medo dos amigos barbudos do pai e conversar com eles é que começa a entender a escolhas dos pais e fazer menor resistência. A Culpa do Fidel é um filme lindo, bem realizado e muito original.


O elenco é ótimo. A menina está excelente interpretada por Nina Kervel-Bey. Os pais são Julie Depardieu e Stefano Accorsi. O irmão da menina é Benjamin Feuillet. O elenco é bem extenso já que há muitas pessoas que passam pela vida da menina e pelo apartamento. Alguns são: Martine Chevallier, Marie Kremer e Mar Sodupe.



Beijos,


Pedrita

domingo, 19 de dezembro de 2010

O Banheiro do Papa

Assisti O Banheiro do Papa (2007) de César Charlone e Enrique Fernándeno Max. É outro filme que queria muito ver quando esteve nos cinemas, foi muito elogiado, mas não consegui. É uma co-produção entre Uruguai, Brasil e França. Eu gosto muito que o HBO-Max passe esses filmes que quis tanto ver nos cinemas e não são tão fáceis de encontrar. Relata a vida de uma cidade pequena no Uruguai na época da vinda do papa ao Brasil e ao Uruguai. A cidade acompanhou pela televisão a multidão que acompanhava essa visita ao Brasil. A cidade é muito pobre e resolveu ganhar algum dinheiro com a multidão. O filme mostra a cidade se mobilizando para receber o papa e a multidão.

Muitos da cidade vivem do contrabando na fronteira. Eles vão de bicicleta buscar produtos para abastecer os pequenos mercados da cidade. Se eles passam na fronteira os produtos são confiscados, se eles passam ao lado, raramente são pegos. Só se um vai de vez em quando de carro pará-los. Todo mundo sabe, faz vista grossa, só agem se passam pela fronteira. O filme foca em uma família, o pai sonha ter uma moto para carregar mais produtos. Ele que sonha fazer  O Banheiro do Papa. Na verdade ele pensa mais na multidão. Ele tem um banheiro de madeira precário, resolve construir um melhor e cobrar. Um vende a casa pra comprar duas vacas,outros  compram máquina pra fazer linguiça, fazem muitos pães, doces, comidas, mas o Papa vem perto mas não vai até a cidade. O Banheiro do Papa é um filme sensacional,  mereceu todos os elogios que li. O Banheiro do Papa ganhou  prêmio de Melhor Roteiro no Festival de Cinema Latino-Americano de Huelva, entre outros prêmios.

Alguns do elenco são: César Troncoso, Virgínia Mendez, Virgínia Ruiz, Mario Silva e Henry de Leon




Beijos,

Pedrita

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Minha Vida

Terminei de ler Minha Vida (1896) de Anton Tchekhov. Tenho esse livro que comprei em um sebo, não é o dessa capa, é da Editora Abril que vem junto com A Estepe que já tinha lido. Gosto muito desse autor. Em Minha Vida nosso protagonista rompe com suas origens nobres. Apesar da nobreza ele não se acerta nos empregos que o pai arranja, resolve então trabalhar em serviços braçais. O livro é dividido em três partes, na primeira ele faz vários trabalhos e apesar de toda a sua filosofia sobre trabalhos manuais, ele aceita ajuda financeira e alimentos que recebe de amigos em melhores condições, os mesmos amigos que tentam dissuadi-lo de continuar com aquelas funções.

Obra Dacha in a forest clearing (1905) de Yuli Yulevich Klever

Na segunda parte ele se casa, vai viver em uma grande casa e passa a lavrar a terra, o que não lhe dá prazer e não se sente útil nem capaz para tais funções. Na terceira parte ele vai viver com a irmã.


Obra Fir Trees in a Winter Landscape (1913) de Aleksandre Alekseevich  Borisov

Trechos de Minha Vida de Anton Tchekhov:

“O chefe da repartição disse-me: “Fique sabendo que o vou mantendo aqui unicamente por respeito para com o seu venerável pai. Se não fosse isso há muito já que teria voado daqui pra fora”.”

“Trabalhamos muito, pensamos muito, por isso ficamos melhores, merecemos que nos seja reconhecida honra e glória, aperferiçoamo-nos individualmente. Mas, será que estes nossos êxitos influenciaram perceptivelmente a vida à nossa volta, terão eles ao menos sido úteis a alguém? Não. A ignorância, a sujeira física, a embriaguez, a elevada mortalidade infantil, tudo isso continuou tal como era antes, e o fato de tu teres semeado e colhido e eu ter gasto dinheiro e lido livros, em nada melhorou o que já existia. Pelo visto trabalhamos apenas para nós próprios e pensamos muito, mas unicamente para nosso benefício.”

“Era impossível convencê-la que ninguém se interessava por pessoas tão insignificantes e sem interesse como eu e ela.”

O blog Mata Hari e 007 faz no dia 15 de dezembro 9 anos de existência! 





Beijos,









Pedrita

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

O Quarto Poder

Assisti O Quarto Poder (1997) de Costa-Gravas no Maxprime. Sempre quis ver esse filme, tinha visto o trailer no cinema na época e fiquei instigada. Gosto do diretor e do elenco. Realmente John Travolta e Dustin Hoffman arrasam. É um tema tão atual, a imprensa é o grande protagonista desse filme. Um homem perturbado resolve voltar a um museu decadente pressionar para ter o seu emprego de volta. Ele vai armado. No banheiro está um jornalista que resolve se aproveitar da situação para ter a matéria exclusiva e a melhor matéria do dia. No museu há crianças que ficam reféns. O texto de O Quarto Poder é sensacional, profundo, ambíguo, uma aula de sensacionalismo e jornalismo oportunista que está tão em alta hoje em dia.

No elenco estão: Mia Kirshner, Alan Alda, Blythe Danner, Ted Levine e  Tammy Lauren.










Beijos,










Pedrita