Assisti o espetáculo Temos Vagas do Navega Jangada no Sesc Pinheiros. A direção é da Talita Cabral e a direção musical de Rodrigo Régis. Que delícia! Me diverti muito! E como estava lotado! Incrível como as pessoas procuram programações gratuitas, ainda mais quando é para crianças, já que você pode levar toda a turminha.
É tanto detalhe que amei que nem sei por onde começar. Bom, amei os dois atores Alef Barros e Thiago Ubaldo, engraçadíssimos. Os figurinos de Nagila Sanches são divertidíssimos. O cenário é do Zé Valdir. Os adereços da Palhassada Ateliê.
E é com música ao vivo, banda completa, com Rodrigo Regis (guitarra); Billy Magno (clarinete e flauta); Henrique Kedn (bateria); Danilo Vianna (baixo acústico) e Deivide Bubone (trombone). E não tem diálogos, são só cenas com música, fantástico! Adorei que tinha um banner que o apresentador mudava e eles tinham que fazer a apresentação do desenho, uma mais delirante que a outra. E as crianças? Pequenininhas, dando palmites, ajudando o apresentador a pegar o chapéu de volta. Percebi que as muito pequenas embarcam lindamente se ficam bem próximas do palco, as mais distantes acabam se dispersando. Foi demais!
Assisti Westworld - 4ª Temporada (2022) de Jonathan Nolan na HBO Go e HBO. A série demorava pra entrar no Now, gravei alguns capítulos, mas na metade um deles não exibiu mais, por sorte nesse momento já estavam os episódios no Now e pude ver. Eu amo essa série, entre as minhas preferidas, volte e meia estava nos trending topics quando passava ao vivo. Os outros episódios que comentei estão aqui.
Quando imaginamos que essa série não tem mais a capacidade de nos surpreender, vem mais um roteiro arrebatador. Esse é absolutamente diferente e metafórico. Qual a base da primeira temporada? Humanos criam um parque com anfitriões robôs para que passem os maiores absurdos para entreter os humanos pagantes. São mortos das formas mais absurdas, consertados e voltam ao parque. Qual a base da quarta temporada? A vingança! Como sofre o personagem do Aaron Paul.
É a temporada das mulheres mais lindas e talentosas que nunca: Tessa Thompson, Thandiwe Newton e Evan Rachel Wood. E surge ainda outra personagem importante da Aurora Perrineau. Angela Sarafayan aparece um pouco. E Ed Harris e Jeffrey Wright também estão no elenco em personagens fundamentais na trama. Mas essa temporada é praticamente essas mulheres e vamos tendo dificuldade de compreender as tramas de tão ilógico que construíram.
E quem é o grande protagonista do começo dessa temporada? Isso mesmo, moscas! Que aflição. Mas essa criação é muito inteligente, choca, aparece, mas depois muda o foco. Não é uma série que exauri as criações, é uma criação atrás da outra, mais inteligente que a outra. E qual o objetivo das moscas? Transformar os humanos em anfitriões, inverter a primeira temporada e se vingar dos humanos. Agora os humanos que passam a ser comandados. E como? Com moscas robôs que entram pelo olho, nariz, boca, se instalam no cérebro e por som comandam todos os movimentos dos humanos.
Os humanos passam a viver comandados por narrativas criadas por quem? Sim, Dolores que não se chama mais Dolores. É uma revelação mais surpreendente que a outra. De uma profundidade inacreditável. É muita loucura. Com tempos diferentes. Fui ficando em estado de choque a cada revelação. Que série!
Assisti Amor por Anexins de Artur de Azevedo no Teatro Eva Herz. E qual não foi a minha surpresa em descobrir, no começo da peça, que foi exatamente esse texto mencionado e encenado na novela Amor de Ilusão que queria tanto ver na íntegra. Anexins são ditados, provérbios, e claro, boa parte dos diálogos são anexins, divertidíssimo!
Foto Priscila Prade
A direção é do ótimo Elias Andreato. Adorei o elenco também com os talentosos Mariana Gallindo e Cláudio Lins.
Fotos: Rafa Marques
E o espetáculo é musical, com texto e canções tendo música ao vivo com os ótimos Jonatan Harold ao piano e Beatriz Pacheco no sopro. A temporada acabou no dia seguinte que eu assisti.
Assisti Amina (2021) de Izu Ojukwu na Netflix. Amina era uma princesa de Zazzau. Teria nascido em 1553. Depois de ver o filme fui ler sobre essa guerreira muito cultuada na Nigéria. O mais interessante que até há dúvida se ela existiu. Amina tornou-se uma lenda, muitas mulheres e lugares levam o seu nome. Mas tudo sobre a sua vida é difícil de saber.
O filme procura contar uma dessas versões começando com a infância de Amina e mostrando a sua coragem desde cedo. Ela vê injustiça em uma luta. E salva uma jovem que voltaria a escravidão. O guerreiro que a salvaria vence a luta, mas não aceitam, então a jovem não seria livre. Amina liberta a jovem e impede que o guerreiro seja morto. Também pede ao seu pai para que ela e a irmã sejam treinadas como guerreiras. O pai reluta, a sociedade não gosta por ela ser mulher, mas ela consegue ser treinada por um grande guerreiro e torna-se uma grande guerreira.
São povos com muitas lutas, conflitos e traições. Amina consegue tornar-se rainha, a primeira rainha, reunou por 35 anos e falam que ela ampliou os seus territórios, que fazia abrirem poços, que era uma grande líder. Belíssima Lucy Ameh.
É muito interessante como a história é contada, quase mesmo como uma contação de histórias. É um estilo de diálogos pausados, interpretativos, próximo ao teatro. As lutas parecem danças. Gostei muito!
Assisti Além da Ilusão (2022) de Alessandra Poggi na TV Globo. Que novela! Fiquei muito feliz que o cineasta Jeferson De integrava a equipe de direção. Eu participo de um grupo de novela no Whatsapp e eram só elogios, bom, nem tanto, porque um dos prazeres do noveleiro é dar palpite e principalmente dizer como queria que tivesse sido, tanto que o bom de uma novela é ser uma obra aberta. Aguardo ansiosamente a nova novela dessa autora.
Começa com a história de Elisa, será o début dela. A mãe precisa ir embora porque o pai (Lima Duarte) está doente. Elisa se apaixona pelo mágico de sua festa, seu pai, um juiz, fica possesso e passa a fazer um inferno da vida da filha. Até ir armado pagar o mágico pra largar a filha dele, encontrar ela lá, atirar e matá-la por engano porque ia acertar o mágico. Ele coloca então a culpa no mágico, manobra tudo pra sumir com as provas que inocentam o rapaz que vai preso. Todos estão ótimos Larissa Manoela, Rafael Vitti, Antonio Calloni e Sofia Budke.
É linda demais a cena de avô e filha na vida real, Paloma e Lima Duarte. Eles são pai e filha na trama. Ele revela que sabe onde está a filha dela, mas morre antes de conseguir contar. Que cena difícil e imagino que mais difícil ainda ela esbravejar sob o próprio avô. Ela teve a menina que ninguém queria, uma bebê arrancada de seus braços e nunca mais soube de seu paradeiro. Ela também não conta quem é o pai. Tramas e tanto pra engatar a novela.
Dez anos se passam e aumenta o destaque da vila operária. Os protagonistas criam a tecelagem, alguns que trabalhavam na fazenda migram pra fábrica. Eu amei que cada personagem tinha o seu momento de história. Uma mais bem construída que a outra. Onofre (Guilherme Silva) era um homem rude, amava a esposa e as filhas, mas apronta um bocado na trama. Felicidade (Carla Cristina Cardoso) sofre um bocado. Que personagens! Até a pequena Madalena (Vivi Sabino) ganha o seu destaque. por saber escrever muito bem, ela passa a ganhar trocados escrevendo cartas de amor pra Arminda e consegue comprar sua bicicleta.
Eu amo os atores Olívia Araújo e Luciano Quirino, que emoção que eu fiquei quando a novela juntou os dois. Ela trabalhava na casa grande, era braço direito do Davi. Augusta era a amiga que todo mundo queria ter. O casamento dos dois foi lindo, mas eu amava um vestido marrom dela com bordados na manga. Os figurinos eram maravilhosos, alguns eram de Paula Carneiro, a direção de arte impecável. Abílio era viúvo, pai do Bento (Matheus Dias), personagem que eu e as minhas amigas odiamos, não queríamos de jeito nenhum que ele ficasse com a Letícia (Larissa Nunes). Achei que ela também iria concorrer a rainha do rádio já que a atriz canta maravilhosamente, mas focaram nela ser professora e tentar vaga em um colégio que foi muito bonita a trama, com bons questionamentos.
Gaby Amarantos que foi a rainha do rádio. Emilía, a personagem, teve uma trama bem tortuosa. Ela era empregada do casarão, mas sonhava em no futuro ter uma casa daquela. Infelizmente ela se une a um patife (Marcos Veras) e passa a fazer golpes no casino. Na época casinos ainda eram permitidos. Achei muito bonito mostrar que ela pagou pelos seus erros, foi presa e depois foi cantar na rua. Por uma sorte do destino, principalmente de novela, ela volta a ser rainha do rádio e aí sim tem seu sonho realizado. Muito lindo!
O marido de Emília (Cláudio Gabriel) não se conformava com o sonho de riqueza da esposa. Ele acaba se apaixonando pela viúva Giovanna, dona da venda na vila. Adoro a Roberta Gualda em um lindo personagem. Mãe do Lorenzo (Guilherme Prates).
Eu amava o casal Heloísa e Leôncio (Eriberto Leão). E com ele e com o Mathias, falou-se muito da luta antimanicomial que eu sou devota e que acabou coincidindo com as discussões em voltar com os manicômios hediondos do passado. E o assunto foi discutido sem ser didático. Até Nise da Silveira aparece na trama. Chamaram a Glória Pires que viveu a personagem no cinema, foi emocionante. A autora foi muito corajosa em abordar temas tão complexos na novela. Achamos muito coerente o desfecho do Mathias. Quantas pessoas que perdem a sanidade e vão viver com seus objetos nas ruas
Foram tantas tramas que vou acabar sendo injusta com alguns personagens. Amava a família do Xuxu, quer dizer, do Constantino (Paulo Betti). Ele dono de casino, casada com uma viciada em jogos (Alexandra Richter), uma combinação que não dá certo. O amor deles era contagiante. Como gosto da Caroline Dallarosa e que personagem encantador, outra que queria como amiga. Arlette Salles era a matriarca da família e aparecia de vez em quando. Viúva, ela vivia intensamente e nunca desistia do amor. Juntam-se a esse núcleo a divertida e alucinada Mariana (Carol Romano) e o crupier Geraldo (Marcello Escorel).
Malu Galli tinha uma linda e forte personagem. Leal ao marido que enlouqueceu, ela sofre muito por se apaixonar por seu sócio Eugênio (Marcello Novaes). A novela fala muito da época onde mulheres só podiam trabalhar com permissão do marido, relações trabalhistas da época, mulheres não poderem votar.
Gostei muito que a autora investiu em cultura na novela. Começou e terminou com shows de ilusionismo. Teve show de vedetes com as ótimas Marisa Orth e Duda Brack. Inclusive no final encenaram Vestido de Noiva, mas só vimos os aplausos. Teve uma outra peça, Amor por Anexins de Artur de Azevedo. Sempre nas festas da vila tinha grupo de músicos, alguns entre os próprios do elenco como o Claudio Jaborandy, e canto. Criaram um cinema na vila operária que estreou com o Mágico de Oz. Teve a rádio, a Novela de Rádio. Momento tão fundamental em falarmos de cultura.
"Comigo não tem lorota". Que personagem maravilhoso da Mariah da Penha. Amei que a Manuela virou celebridade. Cozinheira de mão cheia passa a ter programa na rádio e ter uma legião de fãs. Li que a autora estudou as expressões da época, tem até matéria no Gshow sobre isso, usaram quiprocó, sabão, gabiru, pombas, gastar os tubos, papagaio e muitas outras.
Como eu torci pela Olívia e pelo Tenório. Débora Ozório e Jayme Matarazzo estavam ótimos. Ele padre e ela se apaixona, foi muito linda a história deles. Ele inclusive funda um jornal na vila e passa a falar de política, mesmo com a censura e opressão de Getúlio.
Foi lindo o amor de Leopoldo (Michel Bois) e Plínio (Nikolas Antunes). Um filho de um rico empresário conservador (Shimon Namias) e o outro o galã de novelas de rádio. O público ficou indignado com o corte do beijo gay que acabou acontecendo no final da novela. Os atores emocionaram! Foi muito bom ver uma diversidade de atores no elenco, nem sempre tão conhecidos do público, abrindo espaço para outros talentos, alguns outros são Patricia Pinho, Ricky Tavares, Luciana de Rezende, Jorge Lucas, Alex Brasil, Thayla Luz, Patrick Sampaio, Fabrício Belsoff, Nicolas Parente, Andrea Dantas, Maria Luiza Galhano, Pia Manfroni, Pablo Moraes, Clara Duarte e Maria Manoela.
Bárbara Paz e Danilo Mesquita estavam excelentes como os vilões. Achei cansativas as idas e vindas das armações, que encolheram outras tramas como a competição da rainha do rádio, a peça Vestido de Noiva, mas eles estavam ótimos e a complexidade dos seus personagens eram muito interessante.
Luciano Quirino escreveu um lindo texto no instagram dele que foi reproduzir aqui e finalizar essa postagem:
"Álbum de Família - Família aumentou
Hoje vai ao ar o ultimo capítulo de Além da Ilusão , uma História que alegrou e emocionou Milhões de Brasileiros. Fomos lindamente representados por personagens que fazem parte da história e da cultura desse país. Foi uma responsabilidade e um presente . Término esse trabalho feliz com a sensação de missão dada é missão cumprida. Muito grato a toda equipe produção, elenco , direção e técnicos, levo um pouquinho de cada um de vocês comigo. Foi SENSACIONAL estar com vocês nessa jornada . Até a próxima ❤️😉🙌🏾🍀🌻💥💔