terça-feira, 3 de setembro de 2024

Passarinha de Kathryn Erskine

Terminei de ler Passarinha (2013) de Kathryn Erskine da Valentina. Esse livro chegou aqui de forma muito peculiar. Regularmente eu vou a Festa de Livro da USP e não estava achando o estande de uma editora que estava errado no mapa. Um responsável pela Valentina virou comigo o espaço perguntando pra amigos até chegar ao estande. Eu prometi voltar ao dele depois e escolher livros. Ele elogiou tanto esse que logo peguei e mais um outro a ler. Esse é maravilhoso! Daqueles livros que quero que o mundo leia. O livro é amplamente premiado. Tem uma página só com a relação dos prêmios que levou.

O marcador de livros foi presente de uma amiga.

A porcelana foi pintada por Peggy-Lou.

Obra (1950) de Jackson Pollock

Passarinha é um livro juvenil. Nós acompanhamos a história pelo olhar de Caitlin, uma menina de 10 anos com Síndrome de Asperger. Ela que fala o que vê e de vez em quando vemos alguns diálogos. Vemos tudo pelo olhar atento e específico de Caitlin. Com o tempo descobrimos o Dia em que a Nossa Vida Desmoronou. Esse dia foi quando o irmão de Caitlin foi assassinado com um tiro em um massacre em uma escola. Seu pai está catatônico e sem dinheiro para pagar alguém pra ajudar com as refeições, com a filha e pra fazer terapia. Caitlin consegue ajuda com a terapeuta da escola pública.
Obra de John James Audubron

Como todos nós, a autora ficou muito impactada com o massacre da Virgina Tech University onde morreram 33 pessoas. Ela passou a pesquisar e resolveu contar a história pelo olhar da Caitlin, uma jovem considerada diferente, quando todos nós somos diferentes. Outros colegas de escola dela são Michael, que teve a mãe assassinada nesse episódio e Josh, primo do assassino. No final a autora conta que quis mostrar o quanto todos nós somos intolerantes às diferenças e o quanto somos muitas vezes cruéis com pessoas fora do padrão. O desejo da autora é de todos nós, adultos e crianças, que passemos a refletir sobre o diferente, em vez de hostilizá-los, para ampliar a empatia, o acolhimento e tentar diminuir o ódio entre os semelhantes.
Obra de Lee Krasner

É incrível como a autora vai mostrando pela Caitlin as relações nos recreios, os pré-conceitos. Não só com ela, mas Josh sofre um bocado por ser primo do assassino e fica bastante violento pra se defender. Vamos vendo a dificuldade das pessoas, até mesmo do pai, que sem condições de ter apoio psicológico, tem que lidar com sua própria inatividade e ainda cuidar de uma criança. Me emocionei inúmeras vezes, fiquei profundamente abalada.
O vídeo de apresentação do livro é tocante também, espero que toque vocês.
Beijos,
Pedrita

10 comentários:

  1. Parece muito interessante, fiquei com vontade de ler. Mas, nesse instante, lendo a resenha e - claro - entendendo perfeitamente o contexto e o ponto de vista da autora (que é o meu, com relação à intolerância aos diferentes), fiquei pensando que o mundo terá também que vencer as intolerâncias com relação aos povos estigmatizados, como nós latinos, por exemplo, que somos sempre vistos pelos anglo-saxônicos como inferiores... e outros que tais.

    Beijo

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. marly, eu gostaria q o mundo lesse. sim, a autora fala sobre isso, sobre intolerância. eu me incomodo com essa ideia de fronteiras. como se o mundo não fosse de todos, animais e plantas inclusive.

      Excluir
  2. Percebo que como literatura juvenil seja bom

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. carlos, acho meio fundamental pra qq pessoa. eu achava q seria mais juvenil, mas me tocou em muitas questões. fiquei muito reflexiva. acaba sendo urgente pra qq pessoa.

      Excluir
  3. Não conhecia essa obra. Você vai à Bienal do Livro?
    big beijos
    www.luluonthesky.com

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. lulu, eu tb não conhecia. eu acho tudo caro na bienal, até pra chegar lá, então vou esperar a festa da usp q só gasto com livros.

      Excluir
  4. Esse livro é maravilhoso mesmo ❤❤
    Pra levar para a vida toda.
    Acho que tenho resenha dele no bloguinho.
    Se encontrar trago o link.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. ah, vou procurar, é lindo demais. e ontem teve outra tragédia em escolas. desmoronei.

      Excluir
  5. Li esse livro alguns anos atrás e fiquei muito emocionada. A realidade toda me tocou muito, esse é o tipo de livro que guardo com carinha na estante física e na estante do coração. Me dá uma sensação agridoce lembrar dele aqui e agora que tenho tantos anos de Ensino de História, que já perdi alunos para a violência, que convivo com os sobreviventes, que estou aqui vivendo essa vida de professora.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. pandora, q bom q leu. sim, no dia seguinte que terminei atiraram em uma escola. fiquei mais impactada ainda. livro urgente.

      Excluir

Cultura é vida!