Terminei de ler O Enigma do Quarto 622 (2020) de Jöel Dicker da Intrínseca. Eu tinha adorado A Verdade sobre o Caso Harry Quebert e comprei esse. Eu gosto de ler livros extensos e se possíveis policiais no início de ano. Em geral tenho menos trabalho nessa época e uma leitura que preenche é delicioso! É muito linda essa edição e é um calhamaço, 526 páginas. Amo livros extensos porque aprofundam nos personagens, me acompanham por bastante tempo.
O marcador de livro de gatinho um amigo que me deu.
A caixinha de marcheteria foi outra amiga que me presenteou.
Obra O.T. (2001) de Alois Lichtsteiner
O livro começa com a morte no quarto 622 de um hotel. Segue para um escritor. Eu adoro que Jöel Dicker coloca sempre ele mesmo como escritor e investigador, ficamos sempre na dúvida sobre o que é verdade ou não. Ele acabou seu último livro, resolve ir para esse hotel da morte para espairecer. Lá ele vê um quarto 621 e ao lado o 621bis. Ele conhece uma fã dele no hotel e passam a falar desse mistério. E claro, passam a investigá-lo e ele a escrever.
Obra O.T. (1998) de Marianne Eigenheer
O livro é todo entrecortado, mistura os tempos, os personagens, é um verdadeiro jogo de xadrez delicioso. É sobre banqueiros suíços. Logo eu achei forçado o autor criar um sistema secreto que recruta um banqueiro para ser agente secreto. Em geral banqueiros são muito expostos para serem espiões. São celebridades mesmo. Mas o autor é tão genial, que tudo se encaixa no final.
Obra Mesa, Vista e Lustre (2011) de Caro Niederer
Macaire Ebezner é o filho do banqueiro, cotado para substituir seu pai. É uma besta! Ele faz uma porção de bobagens, cai em qualquer conversas. Está longe de ser o mais indicado para o cargo. A trama é bem complexa, cheia de detalhes e interessantíssima. Macaire volta para ser eleito o presidente do banco e descobre que muito provavelmente não será ele o escolhido, pela infinidade de desatinos que fez nos últimos anos. Como disse, o livro fica indo e vindo. Muito interessante quando bem depois, onde a leitura já está adiantada, o autor volta em um encontro no banco no hotel, e os personagens surgem nos seus lugares originais. Lev por exemplo, é funcionário de um hotel, filho de um ator. Ele e o pai só não são mais miseráveis porque o dono do hotel se afeiçoou a eles e lhes deu emprego. Lev é quem vai sar eleito presidente no lugar do Macaire no futuro e ficamos nos perguntando como ele foi de um funcionário de um hotel a braço direito do banqueiro. A trama toda é muito intrincada e deliciosa!
Obra Tanque de Água de Rosa Lachenmeier
Eu já estou sentindo falta dos personagens que povoaram por tanto tempo meus pensamentos. Ainda não consegui me desligar da obra, volte e meia me vejo pensando e repensando nela. Amei!
Assisti Rafiki (2018) de Wanuri Kahiu no TelecinePlay. Tem um tempo que eu vejo esse filme no Telecine, mas não com esse lindo cartaz. Se fosse eu já tinha visto faz tempo. É bem feio o cartaz que está por lá!
É a história de amor entre duas jovens. Achei que o filme ia falar da rivalidade política, já que os pais delas são candidatos rivais. Mas comecei a estranhar os diálogos, fui pesquisar e levei um choque. Sei que há muitos países que criminalizam o amor entre pessoas do mesmo sexo, mas nunca imaginei que o Quênia seria um deles. Há anos os quenianos são os vencedores na Corrida da São Silvestre, vejo tantas entrevistas, nunca imaginei que eles fossem de um país tão retrógado e preconceituoso. O país inclusive baniu o filme do conselho do Quênia "devido ao seu tema homossexual e clara intenção de promover o lesbianismo no Quênia, contrário à lei". Uma pessoa condenada por ter amor por alguém do mesmo sexo pode ser preso por 14 anos no Quênia. Tanta violência no mundo, inclusive no país, mas eles estão preocupados com quem uma pessoa beija na boca. A corajosa diretora processou o governo queniano.
Como são lindas Samantha Mugatsia e Sheila Munyiva, além de excelentes, que atrizes. E como são corajosas também, falar de amor em um país que o proíbe e o pune é muito revolucionário. Apesar das personagens viverem em Nairobi, uma das maiores cidades do país, a comunidade que elas estão inseridas é bem provinciana. Um toma conta do outro para praguejar e fazer mal, jamais para construir. A protagonista é brilhante, e é sua amiga que a faz entender que pode ser mais que enfermeira, que pode ser médica com as notas que tem e é o que ela faz. Apesar da comunidade quase matar as duas jovens, vários batendo nelas, elas que são presas. Conseguem ser soltas pela influência de seus pais. Nada acontece com os que quase as mataram. Como disse, a violência contra os seus semelhantes é aceita, o amor não.
Assisti La Cocina (2024) de Alonso Ruizpalacios no Max. O streaming anunciou que esse filme ia estrear em breve. Não era com esse cartaz, mas com o abaixo e fiquei aguardando ansiosamente. Que filme desconcertante! Exatamente nesse época, de uma atualidade sufocante!
Começa com uma jovem atravessando Nova York até um restaurante. O estilo de filmagem é incrível. Ela passa por barco, trem, com um pequeno papel rasgado de um caderno, vai perguntando sobre o endereço. Quando chega são corredores e corredores, um verdadeiro labirinto, até a sala da entrevista. Ela conhece o protagonista, Pedro, interpretado maravilhosamente por Raúl Briones. Ele é um complexo cozinheiro. Visceral, violento, é também sensível. Ele é apaixonado por uma garçonete de Rooney Mara. Ela está grávida e decidiu abortar. Ele não quer porque quer a criança. O filme todo dói na alma. Vidas sem perspectivas, exploradas, exaustas. Os textos são inacreditáveis!
Fui procurar sobre as locações, é no enorme restaurante The Grill em Nova York. Tudo é gigantesco, a cozinha, o salão, os corredores. É funcionário que não acaba mais.
A maioria no filme é de imigrantes. Se fosse hoje o restaurante deixaria de existir com as deportações. É uma infinidade de idiomas e nacionalidades. Pessoas exploradas, maltratadas, humilhadas, enganadas, para aumentar o desempenho. Promessas mentirosas, são tantos desrespeitos que é revoltante. Que filme! Tinha tempo que não via um filme tão contundente sobre imigração. Cada um faz o seu trabalho extenuante, fala pouco, mas esse pouco é sempre muito, sempre doloroso. O filme já levou vários prêmios.
Assisti Os Observadores (2024) de Ishana Shyamalan no Max. Estava curiosa pra ver esse filme. Esse pôster é lindo! O filme é baseado no livro de A. M. Shine, que não tem livros traduzidos no Brasil. Só depois que assisti que vi que a diretora é a filha de M. Night Shyamalan.
Eu gosto muito de filmes que criam uma realidade própria para falar de várias questões. Uma jovem vai levar um pássaro, precisa passar pela floresta da Irlanda, onde foi realizada parte das filmagens. Que lugar deslumbrante! De repente tudo desliga, carro, celular. ela vai a pé, não acha mais o carro, mas encontra quatro pessoas que vivem em um bunker. Ela é informada que observadores vão sempre olhar o palco à noite. Eles não gostam de luz, então eles só podem sair do bunker de dia.
Eu gosto muito da Dakota Fanning. Fiquei muito preocupada que ela está fumando cigarro eletrônico que equivale a fumar 50 cigarros de uma vez e já tem duas jovens da idade dela aguardando transplante de pulmão após o uso. Pelo jeito a indústria do tabaco voltou a financiar artistas e filmes como fez na década de 50. Não é a primeira vez que vejo atores fumando cigarro eletrônico em filmes e séries. O resto do elenco também é ótimo. Excelente Olwen Fouéré. Os outros dois são Georgina Campbell e Oliver Finnegan.
A estrutura do filme é muito boa. Fica o tempo todo se transformando. O final é bem surpreendente! Gostei muito!
Assisti a série A Menina Invisível (2023) da Hulu na Disney. Tinha tempo que os algoritmos me sugeriam essa série espanhola inspirada no livro de Blue Jeans, que é uma trilogia. São só 8 episódios. Gostei muito!
Uma jovem, Marta Vallés, aparece assassinada. O policial mudou com a filha há pouco tempo na cidade. A casa da família é de lá, mas tinha muito tempo que eles não iam lá. O filme é ambientado em Carmona. A fotografia é linda, a cidade é praticamente um personagem. Lindo o lugar. A jovem morta é da mesma classe da filha na escola e é a menina invisível. Cada vez mais reclusa, tem pouco contato com outras pessoas. Ela só se abre mais com a professora de literatura, Rebecca Matellán, que está ótima.
O pai se irrita que a filha investiga por conta própria. Alguns investigações são inofensivas, ela fica tentando decifrar, ver vídeos da festa. Só me irritou quando ela arma um encontro com um possível assassino, aí passou do ponto. Zoe Stein está ótima. A série é praticamente ela. O pai é Daniel Grao.
Outra jovem aparece morta e depois a professora. A filha do policial tem dois amigos com quem se relaciona, Jávier Córdoba e Hugo Welzel. Ela não gosta muito dos dois. Gostei que o pai decide depois ir embora com a filha da cidade. Realmente eles não tinham muito o que fazer ali.
Assisti Poemaria (2024) de Davi Kinski no Canal Brasil. Como eu queria ver esse filme. É uma ode a poesia! Várias pessoas declamam e falam sobre poesia. O elenco é muito diverso! A estrutura é a usada por Eduardo Coutinho. Uma pessoa fica em uma cadeira e nós não vemos o entrevistador.
Adelia Prado é quem acaba resumindo brilhantemente o projeto. Ao falar de poesia, ela fala de toda a essência de Poemaria. Sem falar na camiseta dela com coruja que fiquei encantada. Seu carisma é tocante.
Disretmia
Os velhos cospem sem nenhuma destreza e os velocípedes atrapalham o trânsito no passeio. O poeta obscuro aguarda a crítica e lê seus versos, as três vezes por dia, feito um monge com seu livro de horas. A escova ficou velha e não penteia. Neste exato momento
o que interessa são os cabelos desembaraçados. Entre as pernas geramos e sobre isso se falará até o fim sem que muitos entendam: erótico é a alma. Se quiser, ponho agora a ária na quarta corda, para me sentir clemente e apaziguada. O que entendo de Deus é sua ira, não tenho outra maneira de dizer. As bolas contra a parede me desgostam, mas os meninos riem satisfeitos. Tarde como a de hoje, vi centenas. Não sinto angústia, só uma espera ansiosa. Alguma coisa vai acontecer. não existe o destino. Quem é premente é Deus.
Adélia Prado, Bagagem
Fiquei emocionada em ver a saudosa e talentosa Rosaly Papadopol.
Foi bem emocionante o relato da médica Ana Claudia Quintana Arantes. Ela é médica de cuidados paliativos e contou que estava muito difícil lidar com o trabalho e que foi a poesia que transformou esse momento. Ela encontrou na poesia um respiro e passou a levar também aos pacientes.
Gostei muito de conhecer poetas como Ingrid Morandian.
tu ficaste apenas uma noite e antes de iniciar o reencontro com as ruas tomei posse de todos os teus afetos e abraços rompi com a loucura de subjugar olhares o toque silencioso das mãos inaugurou a despedida o afago nalgum horário da infância, as mãos curiosas tateavam a vida, as pequenas descobertas os móveis, os brinquedos, os talheres a aventura do riso na puberdade, as mãos ansiavam o desejo pelo outro, pelas camadas de pelos-bocas-voracidade mundo habitável, tempestuoso mais à frente, o muito caminhar, andante alguns anos nas passagens de tempo e sobrevida segurar a horda provocadora de tantas tempestades chega um tempo, elas silenciam, os gestos são pequenos quase esquecimento do lugar na terra acompanham a coreografia de anunciação do desprendimento Bashô sorri quando as folhas vermelhas caem as mãos apagam as luzes
Nos créditos vem o nome de todos os que participaram e todos os poemas que foram declamados. Falaram e declamaram Alexandre Borges, Leona Cavali, Nilton Bicudo, Clarice Abujamra, Hamilton Faria, Martha Nowill, Nany People, Gero Camilo, Marilia Gabriela, Ignácio de Loyola Brandão, Claire Feliz Regina, Paula Valéria Andrade, Paula Cohen, Marcelino Freire, Guta Ruiz, Rosana Banharoli, Jean Wyllys, Fause Haten e Jorge Emil. Boa parte do elenco é de São Paulo. Seria uma delícia um poemaria em cada cidade, estado, por todo o Brasil.
Poemaria é um projeto. Há um site com textos, dados, não só sobre o filme. E um aplicativo, onde as pessoas podem declamar poemas e enviar os vídeos. Nos créditos do filme colocaram alguns desses vídeos.
Eu fiquei me imaginando participando do filme, logo eu que odeio aparecer e fiquei escolhendo o poema que gostaria de declamar. E escolhi uma do livro Invenção de Orfeude Jorge de Lima que comentei aqui.
Assisti O Homem do Labirinto (2019) de Donato Carrisi na GloboPlay. É um ótimo filme de suspense italiano.
Eu confesso que assim que começou eu desconfiei. Dustin Hoffman é o médico que cuida da jovem. Ela foi sequestrada aos 13 anos e ficou presa em um labirinto 25 anos. Logo vemos a matéria na TV então duvidei da minha desconfiança. O filme é muito bem realizado. A jovem é Valentina Bellè. Ele avisa que o sequestrador a drogou, que ela vai ter dificuldade de lembrar, mas que ela precisa, porque outras jovens precisam ser salvas.
Um detetive particular tinha no passado sido contratado para tentar localizar a jovem. Ele então volta a tentar a localizar o sequestrador. Os pais da jovem já morreram. Insuportável como ele é destratado e ridicularizado pelos policiais. Toni Servillo está incrível. Ele descobriu que vai morrer. que teria só mais dois meses e quando ele retoma a investigação está exatamente no último dia desse prazo. Muito triste quando ele está nesse departamento de desaparecidos e diz que a maioria nunca será encontrada. O mesmo acontece no Brasil com os desaparecimentos.
Pra piorar o deboche, ele descobre que tudo é culpa do Bunny. Que é um coelho que sequestra as jovens. O roteiro é muito bom. Um especialista em quadrinhos mostra a artimanha na revistinha que o detetive encontrou e diz que serial killer mata, mas que esse perfil do Bunny gosta de jogos, se uma jovem foi encontrada, outra já estará no seu lugar, porque ele gosta é dos jogos. E que o detetive deve ter entrado no jogo. E infelizmente é o que acontece, coisas absurdas começam a acontecer com ele e com pessoas que ele conhece.
Assisti a série A Testemunha de Acusação (2016) no Film&Arts. Eu descobri por um acaso e só tinham disponibilizado dois episódios, fui ver quantos eram e qual não foi a minha surpresa que são só dois mesmo. Quase um filme de longa duração. Agatha Christie sempre rende bons produtos. Eu li a obra há muitos anos. A produção impecável é da BBC.
Eu adoro Toby Jones e ele está maravilhoso. Ele é um advogado e vai defender um rapaz acusado de matar uma mulher rica com quem tinha um envolvimento, Kim Catrall. Ele era casado não no papel com outra mulher, que conheceu na guerra. E pedem que essa mulher afirme que estava com ele na noite do assassinato. Billy Howle é o acusado, a testemunha é Andrea Riseborough. O elenco é inacreditável de bom. A esposa do advogado é Hayley Carmichael. A empregada ciumenta, Monica Dolan.
Não lembrava o quanto essa obra é pessimista e trágica.
Eu vi o filme do Billy Wilder há um tempinho e comentei aqui.