segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Lore

Assisti Lore (2012) de Cate Shortland no Max. É baseado no livro The Dark Room de Rachel Seiffert que quero ler. O livro e o filme ganharam vários prêmios. É impressionante, difícil, doloroso e profundo. A diretora é australiana, a autora alemã. É fundamental serem mulheres a contar essa história pelo olhar feminino e pelas as questões de maternidade. Uma alemã na Segunda Guerra vê seu pai chegar com um caminhão. A mãe avisa que eles precisam levar o que der no caminhão. Percebemos que o pai é alemão, a família reverencia Hitler. A mãe chama o pai de covarde. Eles viviam em uma casa grande e confortável.

Eles vão viver em uma casa no campo, a mãe diz que precisa se entregar e parte. Fica então essa adolescente e seus 4 irmãos, sendo que um bebê. Nenhum vizinho quer dar alimentos para eles, expulsos saem a caminhar com pouco dinheiro e algumas joias. É muito desesperador. Imagine caminhar dias e dias com 4 crianças, com fome, sofrendo todo o tipo de privação. E tem gente que desdenha alimentos. O bebê chora muito de fome, ela paga uma mulher que amamenta para dar leite ao seu irmão e vão andando, cada vez com mais fome e mais miseráveis. Assustador! Incrível como esse filme é atual, com países fazendo cercas e impedindo que outras pessoas sejam acolhidas. Fazendo com que tantos passem fome, frio e com crianças também. Como o ser humano é mal.

Sim, o pai tinha sido um soldado nazista, sim, eles cantavam as músicas de Hitler, mas eram crianças, negar alimentos as crianças, é cruel demais. Embora a maioria não tinha alimento também para eles mesmos porque tudo estava devastado pela guerra. É o fim da guerra, os americanos tomam a Alemanha que passa a ser dividida. Lore é muito profundo porque mostra a perversidade do ser humano independente dos povos. Alemães, até mesmo crianças eram massacrados pelos americanos. Sim, os alemães tinham massacrados outros povos, inclusive inocentes judeus, mas massacrar crianças, é se igualar a eles.

Todos estão contra todos, por ideologia ou por fome. Lore mesmo, em alguns momentos, mostra seu ódio aos judeus e os chama de imundos, mesmo que esse judeu esteja ajudando eles. Não quer chegar perto de judeus. Todos se odeiam, todos foram criados para odiar. Os alemães porque o pai parece ter deserdado. Todos se odeiam. Incrível como esse filme é atual. O que importa é de que país você é e não se é um ser humano com fome e pedindo abrigo.


Saskia Rosendahl está impressionante. Que atriz! Imagino a dificuldade que tenha sido filmar com tantas crianças. A irmã é interpretada pela Nele Trebs. Os irmãos gêmeos por André Frid e Mika Seidel. O judeu por Kai-Peter Malina. A mãe é interpretada por Ursina Lardi. O final é muito bem realizado, são poucas cenas, mas muito impactantes. Eles chegam a casa da avó, mas a avó ainda está na rigidez dos alemães na educação. Incrível a Lore defendendo o irmão em um pequeno gesto de indisciplina, seguido por outro, resumindo claramente a ironia de uma restrição depois de todos os abusos que sofreram na caminhada. A falta de compaixão da avó, a frieza. E a leoa que essa adolescente se tornou para defender seus irmãos. Impressionante.

Beijos,
Pedrita

16 comentários:

  1. Preciso conhecer Lore, só digo isso!!!

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  2. e eu por tudo que li e que vejo hoje nos noticiários so posso dizer que guerra é guerra. produto do próprio ser humano?

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    1. fatima, muito ser humano é mal e não faz o mínimo esforço para mudar.

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  3. Ainda não assisti. Impressionante como, apesar de tanto avanço no mundo, o ser humano continua igual.

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  4. Infelizmente esses tipos de filmes não tenho estrutura emocional pra ver.
    Big Beijos
    Blog LULU ON THE SKY

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    1. lulu, foi muito difícil assistir, parei várias vezes, acho que não conseguiria ver no cinema.

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  5. Boa dica para o feriadão de carnaval, eu fiquei curiosa pra ler
    o livro e assistir o filme tbm.

    Bjs ♥

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  6. Não conhecia, mas que sofrimento!! Acho que criança no mundo deve sofrer por atos dos adultos. Que filme atual. Deve ser muito doloroso assistir.
    Bjs
    Adriana

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    1. adriana, foi muito difícil. toda vez que vejo as grades impedindo os sírios e vejo as crianças penso nisso. qt crueldade.

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    1. maria, para variar e infelizmente não em o livro no brasil.

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  8. Oi, Pedrita,

    Diante das situações extremas é que a gente vê realmente o quanto o ser humano é cruel e insensível. As grandes religiões costumam dizer isso: que o homem foi criado bom, mas abriu mão da bondade e optou pelo egoísmo.Há sinais demais disso no mundo, infelizmente. Este filme faz bem o meu gênero, rsrs.



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    1. marly, eu acho que o homem é potencialmente mal e que é a educação e a cidadania que fazem ele respeitar o próximo.

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