sábado, 4 de julho de 2020

Diário do Hospício e O Cemitério dos Vivos de Lima Barreto

Terminei de ler Diário do Hospício e O Cemitério dos Vivos (1956) de Lima Barreto da Cosac Naify. Esse é mais um dos livros que comprei após o fechamento dessa editora há alguns anos. Vários lugares colocaram os livros com mais de 50% de desconto. É uma edição belíssima, caprichadíssima. Há páginas bege e brancas. As duas obras são inacabadas e publicadas postumamente.
O marcador de livro é magnético com trecho da obra de Tarsila do Amaral, a embalagem vem com 3 marcadores, que juntos, completam a obra.

Atualmente essa edição está com a Companhia das Letras com essa capa. Não sei se o conteúdo está parecido. A edição que li tem várias fotos do acervo do Instituto Moreira Salles, do IPHAN e de outras fontes. Em Diário do Hospício, Lima Barreto relata a sua segunda estada em um hospício. Alcoólatra, ele acabou sendo levado novamente a instituição. Na época, essas instituições misturavam pessoas com problemas mentais e alcoólatras, até separavam por departamentos. Lima Barreto conhecia muita gente, médicos, internos e parecia ter uma convivência pacífica no local. Gostava de ir a biblioteca e sentiu que dessa vez não tinham mais volumes de obras de Dostoiévski e de outros títulos que gostava. Ele pode sair no carnaval, mas achou arriscado sair nessa época, e ficou até depois do carnaval.

O Cemitério dos Vivos é uma obra inacabada que foi inicialmente publicada em jornal. Fala de um homem que nunca pensou em se casar, mas acaba casando porque a mãe da moça pede. Eles tem um filho com problemas de alfabetização, a mãe morre, a sogra fica ruim da cabeça, e o personagem foge para a bebida, já bebia bastante antes, mas o vício se intensifica, até ser internado em um hospício. A edição procura mostrar o olhar de outros autores da época sobre o hospício e coloca ainda crônicas de Machado de Assis, Olavo Bilac e Raul Pompéia. Os olhares desses autores é do lado de fora do hospício, bem diferente do olhar do Lima Barreto não só porque conheceu internamente o hospício mais de uma vez, mas porque viveu lá dentro. O Prefácio é de Alfredo Bosi.

Beijos,
Pedrita

14 comentários:

  1. Eu tenho um certo fascínio pelo Lima Barreto. Ele teve vida curta, porém, atenta, e testemunhou grandes fatos históricos (com as suas contradições, das quais ele mesmo foi vítima). Negro, mas educado de forma esmerada (tendo chegado, inclusive a iniciar o curso de engenharia), acabou por cair no alcoolismo, que foi o que o levou ao hospício.
    A compreensão do Brasil passa pela leitura atenta dos livros desse autor.

    Beijo e bom dia

    P.S: Sinto muito pela perda dos seus amigos/conhecidos, vitimados pela COVID 19. Poucos dias atrás o meu marido também perdeu um amigo (enfermeiro com quem ele lidava, há muitos anos, no local de trabalho)

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    1. marly, nos primeiros parágrafos já entendemos o fascínio. lima barreto tinha um olhar muito perspicaz sobre o q via. sim, acabei não colocando, mas ele menciona q lia muito na infância.
      ps obrigada, sinto muito pelo amigo de vcs tb.

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  2. Já ouvi várias vezes falar de Lima Barreto, inclusive este ano noutros blogues de livros, espero ainda ter a oportunidade de o conhecer.

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    1. carlos, que sabe os livros mais conhecidos estejam disponíveis em portugal. eu quero ler a biografia dele q saiu recentemente.

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  3. Duas ótimas leituras... ah, o acervo do Instituto Moreira Salles.. . que saudade de visitar as exposições por lá. Sempre riquíssimas.
    beijos
    Chris


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  4. Nossa fiquei MUITO curiosa com esse livro.
    Moro em Pirituba e perto do Terminal de ônibus e fica o Pinel.
    Quando era pequena nem passava em frente de medo de algum interno passar pela portaria rsrs
    Depois que cresci sempre que o ônibus passa em frente penso em como deve ser aquele universo paralelo.
    Esse olhar de um autor sobre o tema deve ser riquíssimo em observações que nós nunca poderíamos sequer imaginar.
    Levo a indicação.

    Bjs Luli
    https://cafecomleituranarede.blogspot.com.br

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    1. luli, eu sou da luta anti manicomial. e acredito nos estudos da nise da silveira. o que o lima barreto ficava parecia mais tranquilo.

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  5. Entrou imediatamente na minha lista, acabei de conhecer mais coisas sobre um autor que gosto. Não sabia o tanto de coisa que compunha a história desse homem genial que foi Lima Barreto, vou atrás dos livros lindamente.

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