domingo, 19 de outubro de 2025

O Último Azul

Assisti no cinema O Último Azul (2025) de Gabriel Mascaro na Espaço Petrobras de Cinema. Às terças e quartas é meia entrada pra todo mundo, só R$ 14,00. Queria muito ver esse filme, acompanha há muito tempo. Merecidamente, o filme ganhou Urso de Prata no Festival de Cinema de Berlim.

O Último Azul é Denise Weinberg, que atriz, que personagem, que filme. No futuro, o sistema decide que pessoas mais velhas, com mais de 80 anos, vão pra colônia, é obrigatório. 

A protagonista é Tereza. Ela trabalha em um frigorífico, tem amigas, mora sozinha em uma casinha simpática, cuida das plantas, das suas coisas, é independente, ativa. Até que começa a ser abordada pelo governo. Ela diz que tem 77 anos, que falta ainda 3 pra ir pra colônia, mas avisam que mudaram, agora é 75. A filha de Clarissa Pinheiro já recebe um auxílio pra ser a tutora da mãe. A filha não está nem aí pra mãe. Tereza é demitida sem querer do emprego, adora o que faz. Ela resolve realizar o sonho de viajar de avião, vai para a agência de turismo, quer uma passagem ida e volta no mesmo dia, o primeiro voo que tiver, mas ligam pra filha tutora que não autoriza.
Ela fica sabendo que existe ultraleve em uma cidade, que voa também, resolve procurar um barco pra viajar até a cidade que a indicam. Ela tem uma dificuldade enorme de encontrar quem aceite levá-la clandestinamente. É muito perigoso, podem ser multados. É quando surge Rodrigo Santoro que faz uma participação. É linda a viagem dos dois pelos rios da Amazônia, é poesia pura. E também é quando surge o último azul. Santoro acha o caracol Barba Azul que diz que é o contrário, o caramujo que acha a pessoa, que é o último azul. Ele pinga o azul dele nos olhos e tem alucinações e febre por dias. Diz que foi uma experiência inesquecível.
O filme é praticamente um boat movie, lindo demais. Depois de muitas andanças ela encontra Roberta de Miriam Socarras. Ela tem um barco e vende bíblias virtuais. Também mais velha como Tereza, ela fica distante da fiscalização e jura quem tem uma autorização que comprou, Tereza também quer, mas é muito caro. A cena final do filme no barco com a música Rosa dos Ventos na voz de Maria Bethânia é de rasgar o coração. Fiquei muito emocionada! Que filme lindo! Inesquecível!



Beijos,
Pedrita

sexta-feira, 17 de outubro de 2025

Silo - 1ª Temporada

Assisti a Primeira Temporada (2023) de Silo de Graham Yost na AppleTV+. Essa série vem sendo muito elogiada, já tem disponível a segunda temporada que logo vou começar. Está confirmada até a 4ª temporada É inspirada na trilogia de Hugh Howel que fiquei curiosa. Eu amei esse pôster. Os cenários são incríveis!

Com características próprias, Silo é bastante parecida com Paradise, então volte e meia vou comparar as duas séries. Eu gostei das duas, mas amei Paradise. Silo às vezes não gostava. O mundo ficou inabitável. Em Paradise milionários e seus serviçais vão pra baixo da terra, em uma cidade idílica e luxuosa. Em Silo, os habitantes vão viver em um Silo infinito de escadas. Quem vivia na mecânica, na base, às vezes nunca conhecia quem vivia na parte superior. Há andares de plantações, residências, tudo é de metal. Os cômodos como casas são confortáveis embora escuros, com sala e cozinha, quarto e banheiro. Diferente de Paradise, já são mais de 100 anos vivendo dessa forma. 

Os dois primeiros episódios falam de personagens que querem sair. Há todo um ritual macabro, vestimentas e aparentemente todos morrem assim que saem, é praticamente um suicídio assistido, um pavor. O xerife sai no segundo episódio e designa a engenheira que trabalha na mecânica para ficar no lugar dele. Ela raramente subiu as escadas e é uma incrível mecânica. Ela, Juliette, é a incrível Rebecca Fegurson. David Oyelowo só participou desses dois episódios.

O terceiro episódio é muito, mas muito chato. Juliette diz só aceitar ser xerife depois que autorizem ela parar um gerador para conserto. Todo o sistema vive do ar de geradores, seja pra ar, luz, energia. O episódio inteiro é a equipe consertando naquele formato de chato americano. Até o último segundo nada dá certo, Juliette quase morre afogada e queimada na água quente, pra tudo dar certo no último segundo. É uma chatice sem fim, demorei muito tempo pra ver esse episódio e quase desisti.
A prefeita de Geraldine James que convida Juliette pra ser xerife porque aceita o pedido do xerife anterior. Ela se encanta com a força da mecânica e com o entendimento do todo do Silo. Logo que Juliette assume, várias mortes acontecem, inclusive da prefeita. e do amor de Juliette de Ferdinand Kingsley. Ela resolve então aceitar ser xerife pra investigar.
Forma-se então o núcleo dessa temporada. O vilão é Common. Me incomodou o modelo mocinha e vilão de produções americanas. E a apatia da sociedade. Morrem seus líderes, ok, eles não sabem que foram assassinados, mas amavam a prefeita. O xerife e a esposa morrem lá fora, mas os integrantes do Silo costumam aparecer só como figuração, sem nomes, histórias. A sociedade não questiona, não se indignam é apática. Fica tudo concentrado na mocinha fugindo do vilão. 

As abordagens são ótimas, os assuntos levantados muito bons, mas essa apatia da população me incomodou bastante. Tim Robbins aceita a prefeitura, diz o tempo todo que não queria, que assim que escolherem outro ele sai de bom grado. Como entra um baita suspense de quem matou, não sabemos em quem confiar. Como Paradise, os líderes do Silo resolveram matar quem descobre segredos. Passam a tentar matar a xerife. 
Iain Glen faz o médico e pai da xerife. Eles estavam 10 anos sem se ver porque ele mora lá em cima e cuida do hospital. O Silo tem uma obsessão com relíquias, ninguém pode ter relíquias. Óbvio que na mecânica há muitas relíquias malocadas. 

Juliette mesmo é fã delas e sua mãe adotiva, Martha, também pela ótima Harriet Walters. São ótimos os personagens dos atores mais velhos. Martha nunca mais saiu de seu apartamento. Ela tem rádio, é ótima em equipamentos como Juliette e tem uma consciência de todo o Silo impressionante, mesmo nunca tendo saído de casa. Confesso que achei fraco o que tinha no drive que a Juliette consegue e passa a ser perseguida por isso. Era uma imagem do lado de fora lindo, árvore, pássaros, mas era só dizer que era de antes de tudo ser destruído, não tinha porque tanto stress atrás do troço. 
Mesmo que fraco o segredo, é interessante a abordagem do controle do pensamento das pessoas. Tudo é feito para não se questionar, para enaltecer o lugar. No momento da série, ninguém mais viveu lá fora e não sabe como era, então tentam o total apagamento do que foi para controlar as pessoas e as mentes. Pena que só Juliette se rebele.

Beijos,
Pedrita

quarta-feira, 15 de outubro de 2025

Citation

Assisti Citation (2020) de Kunle Afolayan na Netflix. Esse filme está na lista dos que vão expirar. Ele fica disponível até 5 de novembro. É um filme desnecessariamente longo, mas muito importante. É livremente inspirado no documentário Sex For Grade da BBC Africa Eye onde jornalistas se infiltraram como universitários pra denunciar os abusos sexuais por professores que trocavam prazeres por notas.

O filme conta a história fictícia de Moremi, uma excelente aluna universitária que desejava ser uma integrante da ONU. Temi Otedola arrasa. Chega um professor igualmente brilhante, com currículo internacional de Jimmy Jean-Louis. Ele vai fisgando a jovem com o interesse da ONU, leva o grupo em uma viagem ao Senegal, enfim, vai jogando a teia. Até que tenta estupra-la, mas ela consegue fugir.
Ela leva o caso então ao conselho da universidade, já que ele começa a reprová-la sistematicamente e deixa claro que vai impedir ela se formar. O filme passa o tempo todo entre as lembranças e o "tribunal". Uma boa edição ajudaria bastante. 

No Brasil também há denúncias de assédio sexual em universidades. No filme, ficam claras as diferenças culturais dos dois países. O professor pede que Moremi o chame pelo primeiro nome, ela diz que estão na Nigéria, que então vai continuar chamando formalmente. No Brasil, a informalidade pode confundir como convite. E nos dois casos, a jovialidade juvenil, os sonhos, também podem confundir. Muito horrível usar dos sonhos dos jovens para tirar a força favores sexuais.
Beijos,
Pedrita

terça-feira, 14 de outubro de 2025

A Mulher da Cabine 10

Assisti A Mulher da Cabine 10 (2025) de Simon Stone na Netflix. Eu queria ver desde que avisaram que em breve esse filme entraria no streaming. Eu adoro Keira Knightley e filmes de suspense. O filme é inspirado no livro de Ruth Ware que quero muito ler.

Keira interpreta uma brilhante jornalista. Daquelas que faz só pautas complexas, de grandes dramas mundiais. Na redação ela recebe muitos elogios da sua última matéria. Na reunião de pauta, com sua editora, ela sugere aceitar o convite de uma milionária que ela conhece. As locações são belíssimas e foram na Ilha de Portland na Inglaterra.

A jovem, Gitt Witti, está com câncer na fase terminal e resolve doar toda a sua fortuna para pessoas que não tem acesso a tratamentos e a pesquisa. Ela chama a jornalista para escrever sobre isso porque quer estimular outros milionários a fazer doações expressivas.
A jornalista segue para o iate ultra luxuoso, com muitos milionários arrogantes. Logo já falam mal pelas costas porque a jornalista estava de jeans. Se ela não tinha sido informada do protocolo. Gente que se acha acima dos outros. A personagem de Hannah Waddingham é que fala mal pelas costas da jornalista. Seu marido é David Morrissey.
O marido da milionária doente é Guy Pearce. O elenco é todo ótimo. Christopher Rygh faz o músico mais velho.
O ex da jornalista está no iate, David Ajala. A jornalista fica na cabine 8 e vê que alguém caiu da cabine 10 na água, mas ninguém acredita nela. O ex inclusive, que está completamente vendido pelos milionários. Ele entrega várias informações e prejudica cada vez mais a jornalista. Essa temática é bem usual, tem vários livros e filmes que usam. Uma mulher ser desacreditada o tempo todo do que viu. Acho que o mais engraçado é que a Keira é possivelmente a mais milionária de todo o grupo.
Beijos,

Pedrita

segunda-feira, 13 de outubro de 2025

Pequena Coreografia do Adeus de Aline Bei

Terminei de ler Pequena Coreografia do Adeus (2021) de Aline Bei da Companhia das Letras. Sempre quis ler um livro dessa autora elogiada. Era o que tinha disponível na Black Friday da Amazon. Bela edição, bela capa. Gostei muito!

O marcador de livros é uma pintura de Fátima Pombo. 

Obra Saboneteira Rosa (2020) de Ana Elisa Egreja

A protagonista é Júlia, que tem uma infância dilacerante. Sofre violência sistemática da mãe e abandono do pai. O estilo é muito interessante, as palavras parecem ter sentidos, expressar, dor, medo. Tem horas que parecem poemas. O texto só tem parágrafo quando Júlia escreve em seu diário e quer ser escritora. Só ao final a personagem parece ter algum sonho. Até então ela só arrasta a vida.
Obra Desbundo-me (2019) de Monica Piloni

A leitura me causou estranhamento. Em vários momentos eu me perguntava como ela sabia. Por que ela escrevia a minha história. Claro, não tudo, mas a violência, o pai que nada quer ver, o balé, a pensão, foi tudo muito esquisito. Mas Júlia tinha algo muito diferente, ela não tinha perspectivas, profissão, trabalhava em um bar, vivia na pensão, só existia. Isso só muda um pouco depois. Bela obra!

Beijos,
Pedrita