domingo, 19 de agosto de 2007

O Véu Pintado

Terminei de ler O Véu Pintado (1925) de William Somerset Maugham. Comprei esse livro em um sebo por R$ 6,00, já que tinha lido uma obra desse autor e gostado muito. Não é da edição da capa ao lado. É de uma edição do Círculo do Livro. O Véu Pintado é simplesmente maravilhoso e surpreendente!

Começa com nossa protagonista praticando adultério e ela tem a impressão de que alguém abriu a porta do quarto. Ela acaba relembrando porque casou com o seu marido. Ela sempre foi belíssima, muito desejada e queria continuar seduzindo a tudo e a todos. Mas sua irmã mais nova, considerada feia, marca a data do casamento e pra ela casar antes, aceita o partido que está mais a mão e que menospreza. Ela se muda com o marido para a China e é lá que o trai.

Tela O jardim de Vaucresson de Edouard Vuillard

A mudança dessa personagem, dos seus sentimentos são surpreendentemente complexos. Maugham parece realmente compreender a alma feminina. Me surpreendi com a profundidade da obra. Mesmo quando nossa protagonista muda, ela não se torna óbvia como nossa imaginação poderia prever. Ela não segue o caminho mais óbvio. Ela continua tendo comportamentos complexos e surpreendentes, seja em atitudes louváveis ou condenáveis socialmente.

Fala muito da hipocrisia da sociedade que vê o casamento como a única razão de uma mulher na sociedade. As falsas aparências. É muito complexo como Maugham descreve o ódio e a expressão desse sentimento, nem sempre clara e muitas vezes por subterfúgios, ações agressivas em outros segmentos, para extravazar a raiva ou se consumir na raiva.

Tela de Renoir

Eu devorei O Véu Pintado de tanto que queria saber qual o destino daquelas vidas tão complexas. Fiquei imaginando como Maugham teria criado todo aquele universo tão complexo. O mais estranho é que ele viveu a hipocrisia na publicação de O Véu Pintado. Primeiro ele foi processado por familiares Lane e precisou mudar o sobrenome do protagonista. No prefácio ele diz que alguns colecionadores tem os poucos que foram adquiridos antes de serem recolhidos e os vendem a peso de ouro. Depois ele teve que criar uma cidade fictícia já que recebeu processo de um político de Hong Kong. Isso porque no prefácio ele conta como criou o enredo e não tem relação nenhuma com essas pessoas e sim com um clássico que ele leu na Itália.

Anotei alguns trechos, mas O Véu Pintado é para ser lido na íntegra, seus parágrafos não fazem muito sentido sem o contexto:

“Assustada, ela gritou.”

“Sabe por que me casei com você?
- Porque queria casar-se antes de sua irmã Doris... Eu não tinha ilusões a seu respeito. Sabia que era tola, frívola e que tinha a cabeça vazia. Mas eu a amava. Sabia que seus ideais e objetivos eram vulgares. Mas eu a amava. Sabia que era uma pessoa de segunda classe. Mas eu a amava."




Beijos,

Pedrita

4 comentários:

  1. São muitos e muitos os livros que (ainda) não li. "O vé pintado" é um deles. Aliás, conheço muito pouco a obra de Maugham. Falha minha, provavelmente. Um beijo.

    ResponderExcluir
  2. Oi! Na verdade separar os livros por categoria foi uma das formas que achei de fazer com que os leitores do blog pudessem se interessar mais pelo menos por algum deles... De qualquer sorte, assim como você, acho que deixei bons livros de fora... Beijos!
    aqueta-2.zip.net

    ResponderExcluir
  3. Tive a honra de assistir ao filme (O despertar de uma paixão) baseada nessa obra fantastica de Maugham, que é uma verdadeira obra de arte, que retrata bem uma época bastante rigida!Recomendo a todos que não só leiem o livro mas também assista ao filme digno de oscar, pela excelente interpretação do elenco e também por todo o resto!Assistam, é um filme que agrada a todos os gostos!

    ResponderExcluir
  4. eu assisti o filme depois, e comentei aqui no blog mesmo em abril http://mataharie007.blogspot.com/2008/04/o-despertar-de-uma-paixo.html

    ResponderExcluir

Cultura é vida!